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VOCÊ SABIA QUE A “ESCULTURA” DE PEDRA DA PRAÇA EGON BOHN É UMA HOMENAGEM A JORGE LACERDA?

A minha ignorância sobre este fato não permitiu saber disso por estes anos todos. Nem a muitos que consultei por aqui para confirmar a veracidade e se ter mais detalhes do que ouvi. Vai para o debate.

Pois é. Coincidentemente no sábado – dia da inauguração da praça do Bela Vista – ouvi um áudio – surpreendente para mim e ao mesmo tempo esclarecedor. Nele, o ex-secretário de Turismo de Blumenau e ex-presidente da Acib, Ricardo Stodieck, gravou ao Airton Floriani, dono do jornal A Voz da Razão, de Blumenau, parabenizando o jornal impresso – um dos raros de lá – na publicação que fez de um artigo sobre o ex-governador Jorge Lacerda.

E naquele áudio, Ricardo, recordando o seu avô Ernesto – o proprietário de uma distribuidora de tecidos então afamada, um dos sócios da ex-Moellmann, em Blumenau e dono da Ilha de Porto Belo -, diz que o “monumento” – ou escultura de pedra bruta – na praça maestro Egon Bohn, foi “criado” em homenagem ao ex-governador Jorge Lacerda, inaugurada em 17 de setembro de 1960, depois de iniciada em 1954 e seu traçado ter sido mudado diante de pressões políticas para passar pelos centros urbanos de Gaspar e Ilhota e assim, supostamente, favorecerem o crescimento das cidades.

Esta ligação rodoviária, em parte, ainda leva o nome de Jorge Lacerda, de Itajaí a Blumenau, e que hoje exatamente naquele trecho municipalizado da praça, se chama Anfilóquio Nunes Pires.

O “monumento”, segundo Ricardo, simboliza o raio que atingiu, no Paraná, o avião de carreira onde estava o governador Jorge Lacerda, vitimando-o com outros políticos símbolos do poder barriga-verde.

Por isso, o dia 16 de junho de 1958 é marcante e dito como trágico na história de Santa Catarina. O avião Convair 440, da Cruzeiro do Sul, prefixo PP-CEP caiu em São José dos Pinhais.

Entre os passageiros e tripulantes do voo 412, que nasceu em Porto Alegre com destino ao Rio de Janeiro – a capital Federal da época – com escalas em Florianópolis, Curitiba e São Paulo, estavam o ex-presidente da República e ex-governador, Nereu Ramos ( Aliança Liberal), o go­vernador Jorge Lacerda (PRP) e o deputado federal Leoberto Leal (PSD).

Nereu e Lacerda eram simplesmente as duas principais lideranças políticas do Estado – e de maior prestígio nacional. Já Leal era cotado para disputar o governo do Estado em 1960 por seu partido. Os três haviam em­barcado em Florianópolis com destino a São Paulo e Rio de Ja­neiro. No acidente morreram 18 pessoas.

Relatos da época dão conta que chovia muito. E a aeronave teve problemas para pousar na escala de Curitiba. Sobrevoou a capital paranaense a espera de uma oportunidade para isso. E no final da tarde, aconteceu o desastre.

Há controvérsias sobre as reais causas do acidente. Vai desde falha mecânica, falta de combustível, até à imperícia do piloto. A derrubada por um raio, não é citada nos relatos da época como uma possibilidade real, mas foi mencionada por Ricardo para explicar a “coluna de pedra” como sendo o raio que partiu as asas do avião, e assim, supostamente derrubando-o.

Talvez também isso, seja algo simbólico.

Pois a morte destes três personagens políticos, abriu, de certa forma, caminho para o industrial lageano Celso Ramos, PSD, filho de Vidal e irmão de Nereu, liderar o processo político e dar um dinamismo administrativo no governo catarinense nunca visto antes. Celso Ramos fez Santa Catarina pujante, desenvolvida e diversificada nos polos industriais, além de iniciar a integração rodoviária.

Talvez tenha sido esse o verdadeiro raio que ao privar Santa Catarina de influentes políticos no cenário local e nacional da época, ao mesmo tempo mudou o curso de uma história oligárquica e de atrasos nos cenários político, administrativo e produtivo. Heriberto Hülse, UDN, fez o mandato tampão de Jorge Lacerda.

Eu não sabia desta homenagem.

Consultei algumas pessoas ligadas à história de Gaspar. Também não confirmaram. O que é certo, que aquela área está abandonada pelo poder público gasparense, e os andarilhos a encontraram livre para a ocupação. Precisamos de mais Jorge Lacerda e Celso Ramos a nos iluminar. E menos marketing e orações a nos enrolar.

A foto abaixo, mostra como a praça Maestro Egon Bohn parece que foi destruída por um raio. Ela expõe o verdadeiro desastre social promovido por políticos gasparenses contra os mais vulneráveis, na maioria sem título de eleitor. Ou seja, sem valor para essa gente. Acorda, Gaspar!

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