O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, está pedindo à Câmara autorização para contrair mais um empréstimo de R$30 milhões. É para obras, justifica ele mais uma vez. Agora é perante a Caixa Econômica. Em abril, ele pediu e viu aprovado outros R$30 milhões numa linha de crédito disponível no Banco do Brasil.
Desde que assumiu em 2017, Kleber já conseguiu dos vereadores – como ou sem muitos questionamentos, com ou sem duras polêmicas – à aprovação para acessar R$206,6 milhões em empréstimos, segundo o que embasava os Projetos de Lei, para diversas obras, como lembrou na sessão de terça-feira desta semana da Câmara o único vereador de oposição, Dionísio Luiz Bertoldi, PT.
Mas, vejam a incoerência de tudo isso.
A maior parte dos empréstimos autorizados pelos vereadores para Kleber ele nem os tomou nos bancos, ou nem está usando nas obras que prometeu executar com essa dinheirama toda.
E por quê?
São diversas razões e desculpas mal explicadas, entre elas, estão à falta de capacidade de endividamento da própria prefeitura, ou porque o próprio governo Federal impede acesso a determinadas linhas de créditos, como aconteceu recentemente com os R$30 milhões aprovados para se requerer no Banco do Brasil, como tentou se explicar ao ser cobrado na sessão, o líder em exercício do governo Kleber, o vereador Ciro André Quintino, MDB.
No fundo, o que incomoda muito determinados vereadores que resolvem pedir simples esclarecimentos sobre esses projetos de autorização, e que chegam às vezes incompletos na Câmara, não é a enrolação do governo de Kleber e seus vereadores obrigados a defendê-lo no Legislativo gasparense. É sim à forma como Kleber e suas lideranças na Câmara os intimidam perante o eleitorado desinformado, ou manipulado por lideranças comunitárias e políticas nos bairros e até mesmo na mídia local.
Sempre quando a coisa aperta contra o governo Kleber nestas situações, afirma-se que se não aprovada a autorização do empréstimo pelos vereadores, determinadas obras não serão realizadas, ou estarão comprometidas.
Tem-se isso, para esses vereadores, como manipulação e constrangimento propositais e articulados do prefeito Kleber e dos vereadores da sua base contra os que pedem explicações, ou seja, exercem o papel de fiscal e esclarecimento do vereador, perante a cidade e o eleitorado.
Aprovados sob discussão e desgastes, os empréstimos acabam não sendo tomados nas instituições financeiras e as obras, por sua vez, não são realizadas. Quase tudo engavetado. Ou seja, os argumentos usados por Kleber e seus aliados para aprovação ou para constrangimento se tornam letra morta.
Alguns vereadores acham se tratar apenas de um jogo proposital de desgastes intencionalmente provocado pelo governo Kleber a quem queira dar transparência ao grave processo de endividamento da prefeitura de Gaspar.
Na última sessão por exemplo, o vereador Alexsandro Burnier, PL, em aparte, lembrou que, recentemente os vereadores aprovaram a pedido de Kleber, o remanejamento de verbas do Orçamento destinadas à educação infantil para cobrirem juros de empréstimos. Agora, neste novo empréstimo, Kleber está pedindo dinheiro justamente para supostas obras na área da educação infantil.
Pelo conjunto da obra é que Dionísio, Alexsandro e Amauri Bornhausen, PDT – e supostamente pertencente à Bancada do Amém, e obrigado, mesmo na falta de pernas, neste caso, a se ajoelhar para Kleber – assinaram um requerimento pedindo mais explicações sobre este assunto e este novo pedido de autorização para empréstimo.
Vão chover no molhado. Kleber e seus “çabios”, como fizeram das vezes anteriores, vão mandar bananas e espalhar pela cidade que os três vereadores estão atrapalhando as obras que o prefeito que fazer, mas, na realidade, não tem competência, apesar dos empréstimos aprovados pelos vereadores e supostamente com dinheiro à sua disposição do prefeito.
É uma história velha, repetida e com final conhecido, inclusive à falta de projetos, domínio da burocracia e liderança na execução deles. Para quem não consegue há quase um ano colocar uma simples passarela de pedestres na ponte nas confluências das ruas Itajaí, Industrial José Beduschi e Aristiliano Ramos, e acabar com o martírio do gargalo no trânsito pela região, R$236,6 milhões é muita farinha para pouco saco. Acorda, Gaspar!
Eis o requerimento que o governo de Kleber precisa responder sobre este assunto:
1- Apresentar documentos discriminando todos os financiamentos/linhas de crédito disponíveis e aprovados para investimentos no Município de Gaspar, a partir do 2017;
2- Apresentar documentos informando os valores efetivamente utilizados dos financiamentos/linha de crédito e discriminar onde foram investidos;
3- Qual é a capacidade de endividamento do Município de Gaspar, neste momento?
4- Quanto está previsto para pagamento dos financiamentos adquiridos e juros para os anos de 2021, 2022, 2023 e 2024?
5-Qual o superávit de recursos próprios que o Município de Gaspar tem, até o momento?
6- Os financiamentos serão pagos pela gestão que assumirá a Prefeitura a partir do ano de 2025? Em caso afirmativo, discriminar o percentual dos financiamentos que serão pagos até o dia 31/12/2024 e aqueles que serão pagos a partir da próxima gestão.
7- Encaminhar cópia de todos os contratos de financiamentos/linhas de crédito a partir de 2017;
8- Quanto foi investido, efetivamente, desde 2017, na iluminação Pública, através dos financiamentos? Encaminhar documentos comprobatórios.