O experimentado e ex-presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, diz agora – como recado – que vai a Brusque conhecer uma lei recém aprovada por lá. Ela proíbe o vereador eleito de exercer cargo no Executivo, se antes ele não desprezar os votos recebidos de representação de parte da população e com isso, renunciar ao mandato e à função de vereador.
Ciro está certo. Só se espera que ele faça isso sem se lançar mão das diárias nas quais ele é campeão há anos.
Por que? Porque para saber disso, Ciro não precisa ir à vizinha Brusque, basta acessar o site da Câmara de lá e acompanhar a propositura bem como a tramitação dela.
Porque para saber disso, basta Ciro dar um telefonema, ou pedir isso à sua assessoria, ou para a assessoria técnica da própria Câmara de Gaspar e que é bem paga para esta finalidade.
E finalmente, porque Ciro basta olhar o que já se fez aqui. Ele já teve a oportunidade de fazer o mesmo na legislatura passada. Emendou e faltaram votos.
Ou seja, Ciro já teve esta história nas suas mãos para fazer o que se fez em Brusque e com a sua liderança mostrar à sua independência de propósitos. Mas, vacilou.
Escorregadio, ele preferiu o muro e no fundo, alinhar-se aos interesses do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, que não queria isso.
E por que não queria? Exatamente para não ver o mais longevo dos vereadores José Hilário Melato, PP, de desastrosa gestão no Samae – inspirador da CPI da drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho, que levou ao desgaste ao governo Kleber para enterrá-la -, voltar a ser vereador na Câmara e de lá querer quebrar acordos, orquestrar uma suposta oposição que se ensaiava naqueles tempos, fazia Kleber se coçar e se explicar.
Agora, cifradamente, aparentemente do nada, ninguém mais, ninguém menos do que Ciro, resolveu desenterrar o que aparentemente já estava morto.
O assunto é bom, necessário e interessante para ser debatido pela sociedade, a que banca os vereadores, a que os elege e a que os vê em desvio de função e representação quando deixam a Câmara para serem um dos Executivo, a quem justamente estariam obrigados à fiscalização em nome do povo Inversão, ou cooptação de papéis.
Entretanto, a pergunta que todos fazem em Gaspar neste momento é: qual exatamente à razão desse oportunismo de Ciro neste momento.
É claro que Ciro não está pregando prego sem estopa.
Primeiro estamos em ano de campanha eleitoral. Segundo estamos em ano de supostas mudanças partidárias e isso pode até acontecer fora da Câmara, usando-se vereadores com mandato, e se esta lei estiver vigente, sancionada pelo prefeito, corre o vereador o risco de perder o mandato.
Terceiro porque o vereador Ciro, espaçoso, anunciou isso na Câmara fora de um contexto, sem detalhar a razão disso, como um aviso cifrado, ou como uma advertência, com endereço certo para não sofrer pressões neste momento, ou então, criar dificuldades para vender facilidades.
Quarto: com a desistência do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, de ser candidato a deputado estadual, pendurado no pincel, terno novo que mandou cortar Marcelo de Souza Brick, PSD, mofando, virão mudanças e pressões. E Ciro não quer perder a sua parte neste novo sanduíche.
Ninguém em e na política é ingênuo. A ingenuidade está somente no eleitor e eleitora, os eternos enganados e os que sustentam tudo isso com votos, com pesados impostos e longas esperas pelas promessas que nunca se cumprem.
Este assunto “prendendo” o vereador à Câmara aparece exatamente quando várias promessas de campanha do poder de plantão precisam ser cumpridas e a primeira delas foi para o espaço: a de dar a prefeitura ao vice.
A segunda, é de dar titularidade a suplentes da Base – como Norberto dos Santos, o Betinho MDB, em manobras para novas composições de poder. E isto está demorando e incomodando gente fiel.
Quem viver, verá.
O PASSADO PERDIDO
Recordar é viver. O que aconteceu dia 26 de setembro de 2017, primeiro ano do primeiro mandato de Kleber? O Projeto de Emenda à Lei Orgânica 2/2017 foi arquivado por sete votos a seis. O projeto, de autoria do Bloco Democrático e da Bancada do PT, proibia a nomeação de vereadores para cargo no Executivo. Eram necessários nove dos 13 votos votos para a aprovação. O voto de Ciro pouco adiantou.
Diante da polêmica e do desgaste público, os governistas – entre eles Ciro – até emendaram, desfigurando o projeto original, para que esta proibição só valesse para seis meses depois da nomeação do vereador e que passasse vigorar só em 2019, ampliando a vida de Melato no Samae.
Mas, até esta emenda também foi derrotada por oito a cinco. Ciro entre os oito.
Então as perguntas que não querem calar é: o que mudou na cabeça de Ciro de setembro de 2017 para cá? Ou Ciro já combinou com os russos do MDB e de Kleber?
Quem foram os autores daquela proposta rejeitada por orientação do MDB, PSDB, PP e PSC e o governo Kleber?
Ela foi encabeçada por Rui Carlos Deschamps, PT, que não foi à reeleição. Mas, ela recebeu aval de co-autores como Cícero Giovane Amaro, então do PSD e não reeleito; Daniel Fernandes dos Reis, PT, e não reeleito; Dionísio Luis Bertoldi, PT, e atual vereador; Roberto Procópio de Souza, PDT, que liderava a então oposição, mas que um ano depois se bandeou in condicionalmente para o lado de Kleber e não foi reeleito; e Wilson Luís Lenfers, no então PSD, não reeleito, e hoje no governo de Kleber cuidando de obras que não saem nos bairros.
E qual foi a justificativa da época dos autores do referido projeto e que não prevaleceu?
“Permitir que Vereador abandone seu cargo político e passe a ser subordinado aos comandos dos Executivos [local ou não] é algo inadmissível, enfraquece a ordem constitucional quanto às funções precípuas de legislar e fiscalizar atribuídas ao Legislativo.
Ademais, bom é lembrar que os eleitores são os mais desrespeitados, uma vez que são visitados por candidatos à Câmara de Vereadores e que depois de eleitos deixam a Edilidade para ocupar cargos fora do Legislativo Municipal.
A grosso modo, é sim traição ao eleitor, que deposita todas as expectativas naquele candidato à Câmara mas que, após eleito, passa a exercer funções fora da Edilidade, subordinando-se aos comandos dos Executivos [junto à Prefeituras; Autarquias; Fundações; Secretarias Estaduais etc].”
A derradeira pergunta é: Por que, logo Ciro, tenha voltado à carga com esse projeto que não combina com o seu jeito político de ser e num partido que não quer esse tipo de algemas? Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
“O senhor é meu pastor e nada faltará”, Salmo 22 nos Católicos e 23 nos Evangélicos, cai bem no escândalo de verbas liberadas para pelo Ministério da Educação com intermedição de pastores lobistas. O MEC é tocado por um pastor.
O escândalo pode custar a cabeça de Milton Ribeiro, pastor presbiteriano, teólogo, advogado e professor. Saiu do âmbito da mídia e entrou nos interesses dos políticos em ano de campanha eleitoral. Milton é o terceiro ministro de Educação de Jair Messias Bolsonaro que foram engolidos por outros escândalos.
Este e outros escândalos no MEC são fichinhas ao que acontece na secretaria de Educação de Gaspar recheada de afirmações preconceituosas, merenda terceirizada cara e de qualidade duvidosa, bem como o cerco que se faz as reclamações.
Ou seja, tem método. Aqui a secretaria de Educação é tocada por um curioso, vindo de Blumenau para a vaga do PSD daqui, o jornalista Emerson Antunes, aparentado e indicado pelo deputado Ismael dos Santos. Ou seja, a quem se subordina ao pastor, nada lhe faltará. E Kleber ainda diz não saber a razão do tamanho da sua rejeição, mesmo com uma ação marqueteira cara a lhe dar lustro.
Ressaca no paço municipal e na imprensa de Gaspar. Viúvos da realidade que enxergavam bem o que acontecia nos bastidores, mas vendiam, sob paga e afinidade, ouro de tolo à cidade, aos cidadãos e cidadãs.
Agora, apareceu uma lista de candidatos de Gaspar a deputado estadual. Só falta eles se saírem bem nas urnas para a humilhação do poder de plantão e seus “çábios” ser completa.
Quem não conhece o mais longevo dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP, compra-o de primeira. Ele já está em campanha e agora aliviado com a desistência de Kleber Edson Wan Dall, MDB, para que possa puxar votos para o sulista José Hamilton Schaefer.
Melato está desdenhando o Plano 1000 do governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, o qual “está dando R$1.000,00” por habitantes para obras estruturantes nos municípios catarinenses, desde que os prefeitos e esses municípios tenham projetos comprovadamente viáveis do ponto de vista técnico.
Gaspar por exemplo, em cinco anos vai receber algo em torno de R$71 milhões. Melato acha que isso é uma lábia, discurso de palanque em tempo de campanha eleitoral. Disso Melato deve entender. Dai a sua insistência nesta régua que ele mede os outros.
Tanto entende, que o discurso é orientado. Ele vem do medo que embutido na proposta do governador Carlos Moises aos possíveis adversários. O sucesso da proposta pode afetar a coleta de votos do PP de Melato e dos eternos donos do partido em Santa Catarina, a família Amim. E a família está mais uma vez de olho nesta corrida eleitoral pelo Centro Administrativo. E Carlos Moisés é um problema para eles.
Melato que já teve como padrinho o deputado Federal João Alberto Pizzolatti Júnior – quem se lembra dele? – que até quis patrocinar no passado o Melato numa corrida a prefeitura de Gaspar e ele não teve coragem para isso, sabe do que fala quando diz que nestas contas do Plano 1000 tem muitos bilhões de reais, supostamente irreais.
Melato sabe que são esses bilhões de reais – e são mesmos – que movem os moinhos das alianças, votos e resultados entre os políticos. Ou não? Só que os bilhões do Carlos Moisés traduzem em obras para as cidades, cidadãos e cidadãs. Melato inventou mais esta estória como se fantasia fosse. E por que° E Gaspar que faltam projetos viáveis – até agora – para pegar esta grana de Carlos Moisés.
Dois pesos. Duas medidas. Uma é moral. A outra de gestão dos recursos públicos. Todas de fundo ético. O candidato do MDB ao governo do estado, o empresário bem sucedido e prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Aleixo Lunelli, está se inviabilizando depois que se desenterrou do seu passado um caso conhecido de assédio sexual.
Por outro lado, começou a crescer a candidatura de João Rodrigues, PSD, prefeito de Chapecó, ao mesmo Centro Administrativo pela ala bolsonarista. Até o ex-governador Raimundo Colombo, enfraquecido nos votos, devido a opaca gestão que teve, está avalizando esta ideia.
Para os de memória curta ou que apontam o dedo para igual defeito dos outros. João Rodrigues era deputado Federal de dia por Santa Catarina e presidiário à noite em Brasília. Tudo porque não conseguiu se livrar de uma má compra de equipamento quando assumiu a prefeitura de Pinhalzinho, no Oeste do estado.
E para completar, é possível que nesta aliança de PSD, Aliança Brasil e PSDB na federação com o Cidadania, esteja Gean Loureiro, que na reeleição para a prefeitura de Florianópolis em 2020, foi pego num vídeo íntimo dentro da própria prefeitura. Então é gente embalada na mesma gracinha e exposto ao discurso de gente moralista, mas pecadora.