Tem sido avassaladora, sóbria e didática a exposição da doença crônica – que se acomete e não é de hoje, mas agravada no atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB – contra o Hospital de Gaspar – o que está há décadas pedinte em perpétuo socorro para si – as exposições do vereador Amauri Bornhausen, PDT.
Você leitora e leitor sabem qual será o rombo do Hospital neste ano? Cerca de R$30 milhões. E por quê este número é assustador? Porque é algo em torno de dez por cento do Orçamento de Gaspar para este 2021 fixado em R$307 milhões. Incrível, não?!
Impressionante é saber que o Hospital de Gaspar – cujo dono não se sabe quem é – sozinho consumirá quase ou talvez mais de 60% do terceiro maior orçamento de Gaspar que é a Saúde que foi inicialmente aprovado em R$50,5 milhões. Impressionante!
Até agosto, quando foram dadas as respostas ao vereador, o Hospital sozinho já tinha engolido sem qualquer transparência R$23 milhões.
Entende-se muito bem pelos números estratosféricos, a razão pela qual os políticos e os gestores vão até a Justiça para tentar impedir ou calar os questionadores sobre como se criam despesas e se aplicam os recursos públicos, particulares e as doações.
Retomo
Em tese, o vereador que é servidor público municipal e também da Bancada do Amém, a que reúne onze dos 13 vereadores – MDB, PP, PSD, PDT e PSDB – a favor do puxadinho que o prefeito Kleber e seus “çábios”, montaram para se protegerem na Câmara de Gaspar.
Diferente dos demais, Amauri, corajosamente, resolveu não passar recibo de bobo neste assunto crucial para a comunidade que precisa de um Hospital como referência técnica, eficaz na gestão e por usar essencialmente recursos públicos, transparente.
Eu e a rádio comunitária Vila Nova – a que também não usa recursos de publicidade da prefeitura de Gaspar, ou da Câmara – temos sido os únicos a reportar as falas, análises e observações de Amauri, que só as faz, usando, vejam só, os dados oferecidos pelo próprio Hospital numa resposta a dois requerimentos que ele fez ao Hospital.
E o Hospital caiu no seu próprio enredo.
Então, o prometido rebate oficial foi adiado – seja do governo, seja da gestão do Hospital ou da Comissão Interventora tocada por Jorge Luiz Prucínio Pereira, ex-chefe de gabinete de Kleber, agora na interinidade da secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, presidente do PSDB.
Na última sessão, o líder do governo, o experimentado e mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, “anunciou” um acordo de cavalheiros com Amauri, para o rebate só acontecer na semana que vem. É que nesta terça o vereador promete dar mais corda ao enforcado e encerrar, se não provocado, a série de quatro exposições, questionamentos e pronunciamentos sobre o assunto.
Melato, Kleber e o Hospital sob intervenção sabem que a tática de desacreditar seus próprios números não dará certo. Então, evitou ao menos até aqui, a polêmica e para não ser desmoralizado de vez naquilo que não tem explicações, mas justificativas.
O governo de Kleber e o Hospital vão aguardar o desfecho e aí terão três caminhos: fazer a “mea culpa” que lhes cabem e dizer claramente quais serão as medidas de contenção para reverter o quadro caótico em que está metida a Saúde Pública de Gaspar como um todo – tocada por curiosos – e que o Hospital faz parte. O Hospital é reflexo desse caos, desta falta de rumo e planejamento.
Ou, vai se esgrimar mais uma vez, tentando desacreditar quem quer ajudá-lo de verdade, dando corda aos que acreditam que a confusão e o caos são propositais, pois poderiam haver – que não são os doentes e vulneráveis – beneficiários com tudo isso, decorrente do descontrole, da falta de transparência e da inconsistente missão do Hospital.
Alguém pode duvidar e ser contra quando o vereador Amauri diz que “o Gestor dos recursos tem obrigação de aplicar de forma correta e consistente” os recursos e resultados sob a responsabilidade gerencial do Hospital, do Fundo Municipal de Saúde e da secretaria de Saúde?
E ele responde: “Aliás é algo que este vereador vai lutar para que seja implantado no hospital.
1. Obrigatoriedade do Hospital ter um portal de transparência, mostrando as aplicações e desembolsos dos recursos de forma segregada. Se existe uma ‘comissão de intervenção’ é obrigatório e notório saber na área que atua [e foi contratado] e por isso explique seus atos. Chega de Curiosos [e empreguismo].
2. Um setor de compras no Hospital disciplinado nas práticas públicas e na legislação que rege este setor.
3. Um fluxo financeiro adequado formatado com equipe técnica e as respectivas projeções.
4. Contratação de funcionários por concurso e não apadrinhados de bandeirinhas (sic).
5. Gestão hospitalar da nossa cidade, que conheça a nossa gente, a nossa cultura, as nossas rodovias! Não podemos ter um Hospital loteado” Ulalá!
Para o vereador há vícios que precisam ser sanados.
Para ele, o decreto nº8.427/2018 – ou seja, coisa do governo de Kleber que herdou a intervenção marota de Pedro Celso Zuchi, PT – e suas alterações, “é literalmente um ‘cheque em branco’ e quem assina o cheque é o Executivo, e quem paga a conta os gasparense. Neste Decreto, estão obrigações imperativas para tais funções, que estão sendo negligenciadas“. Ai, ai, ai.
Alguma novidade daquilo que há anos venho escrevendo e ao mesmo tempo sendo encurralado e desmoralizado por não tem rabo preso com esses desatinos? Lembrem-se: conheço as entranhas, as agonias e esperanças do Hospital desde 1984, que nunca se livrou do uso político, ou de grupos de interesses de poder.
Ao provar na última sessão de que o Hospital de Gaspar está sem missão – e eu iria bem mais longe, a Saúde de Gaspar está sem propósitos claros – Amauri promete nesta terça-feira apresentar, no entender dele, as metas do Hospital.
“Repito, temos um conselho fiscalizador, temos uma controladoria, uma procuradoria municipal, temos uma auditoria de controles internos?” questiona Amauri diante de tantos disparates que pinçou das respostas que o próprio Hospital deu aos seus requerimentos.
“Temos um contrato de gestão que tem por obrigação constatar os fatos. Este contrato não é beneficente. Tem um custo por mês R$ 25 mil. Além de, uma contadora interna, uma contabilidade externa, imagine o custo disso tudo? As justificativas são inócuas. E por mais que se tente faze-las, não prosperaram. Senhores não tentem justificar o injustificado”, desafiou o vereador.
O que se pode acrescentar depois dessa aula? Falta gestão, sobra dinheiro e politicagem com algo essencial aos mais vulneráveis, a Saúde. Acorda, Gaspar