Pesquisar
Close this search box.

UMA PAIXÃO GASPARENSE UNE COMUNIDADE, ATRAI FIÉIS E ENFRENTA A CHUVA DA SEXTA-FEIRA SANTA NO BAIRRO LAGOA

Hoje é sábado, não costumo publicar. Mas vale a pena. É de Aleluia, pelo calendário dos cristãos. E o será o da ressureição do filho e enviado do Senhor para nos salvar ou nos livrar dos pecados, segundo os escritos sagrados. Amanhã será a Páscoa, o renascer. E este blog não é para temas religiosos, mas, infelizmente sobre os bem feitos, mas principalmente das mazelas políticas e dos políticos.

Então, o que faz este tema excepcionalmente por aqui neste sábado? O reconhecimento de uma abnegação comunitária de mais de 30 anos, dos quais 20 anos de apresentações, interrompidas pela Covid e uma feita on-line, a qual, valeu pela intenção, mas não possuiu a alma, sensibilidade e a emoção transmitida presencialmente do que se vê lá no pátio da Capela São Braz, no bairro da Lagoa, e se confraterniza. Ontem, a chuva intermitente não foi suficiente para afastar “atores”, fiéis e expectadores.

São dias e dias de ensaios – conciliando horários dos participantes – e preparação com e na comunidade. São dias de pires na mão e promoções, sim, porque apesar do voluntariado, sacrifícios e doações, há custos. São dias de ansiedade.

E onde a política se entrelaça naquilo que beira o sagrado representado pela comunidade da Lagoa de uma importante passagem cristã? No enredo.

Há quase dois mil anos (sim, se estamos em 2023 e Jesus morreu aos 33 anos, esta história não tem ainda dois mil anos) Jesus entrou em Jerusalem aclamado como rei (Domingo de Ramos), no Lavapés ensinou à humildade indistinta e advertiu que um deles, mesmo no gesto, estava lhe traindo, e para contentar o povo ávido por circo , salvar a pele do mandatário de plantão, foi a um julgamento armado, exposto, penalizado e morto pela crucificação.

Então, estes fatos narrados na Bíblia não é bem atual e não lembra personagens que estampam manchetes ou se escondem delas calando opositores ou imprensa? Acorda, Gaspar!

Compartilhe esse post:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Email

5 comentários em “UMA PAIXÃO GASPARENSE UNE COMUNIDADE, ATRAI FIÉIS E ENFRENTA A CHUVA DA SEXTA-FEIRA SANTA NO BAIRRO LAGOA”

  1. Para ler – se é que esse pessoal consegue ler mais que duas linhas que dão títulos as fotos das suas redes sociais, incluindo os vestidos de candidatos a prefeitos – e refletir: por que Gaspar possui tem um, título fake e vizinhos como Blumenau, Brusque, Itajaí avançam? Porque falta o essencial: gestão e sobra politicagem e marquetagem barata

    O SEGREDO DAS CIDADES EMPREENDEDORES, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O que torna as cidades amigáveis ou hostis ao empreendedorismo? Quais cultivam ambientes de negócios promissores, quais estão defasadas? Para responder a estas questões, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) avalia há 10 anos os 101 municípios mais populosos do Brasil, indexando evoluções e retrocessos em um ranking.

    O ecossistema do empreendedorismo é mensurado por sete fatores: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso ao capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.

    Um bom ambiente regulatório depende tanto de uma burocracia ágil quanto de volumes simples e suaves de tributos associados a gastos públicos de qualidade. Estratégias digitais são imensamente eficazes para facilitar a vida dos empreendedores. A qualidade dos gastos públicos está associada a quatro fatores: autonomia (a capacidade de financiar a administração com receitas locais); gastos equilibrados com pessoal (deixando margem a investimentos); liquidez (recursos em caixa); e investimentos (focados no bem estar da população).

    Além do ambiente regulatório, os negócios prosperam em bons ambientes físicos, ou seja, infraestrutura que garanta conectividade física e virtual com outros mercados e condições financeiras e humanas para operações de produção. Além de acesso a rodovias, portos e aeroportos, uma internet veloz é crucial.

    Cidades com boas taxas de crescimento, renda, gastos e sofisticação mercadológica oferecem maiores potenciais de clientela e também de parcerias com outros empreendedores.

    O empreendedorismo também prospera quando uma cidade oferece acesso ao capital. Populações com altos índices de poupança geram oportunidades de investimentos diretos. Se não forem suficientes, é preciso boas instituições financeiras para operações de crédito. Por último, os empreendedores podem financiar seus negócios vendendo ações ou parte da empresa. Metrópoles como São Paulo, com seus hubs de corretoras, fundos e fintechs, são especialmente propícias.

    A revolução industrial 4.0 exige condições favoráveis não só a novos empreendimentos, mas a empreendimentos inovadores, através dos chamados Sistemas de Hélices Quíntuplas: governo, universidade, indústria, sociedade civil e meio ambiente. A proporção de acadêmicos, profissionais e investimentos ligados à ciência e tecnologia é decisiva, assim como o é o capital humano. Empreendedores com maior nível educacional têm mais chance de sobreviver e prosperar. O ecossistema urbano ideal é aquele que oferece boa educação básica e superior, além de cursos técnicos e de capacitação através de sinergias entre o mundo empresarial e o educacional.

    A confluência desses fatores leva ao cultivo das crenças e valores do empreendedorismo, como a disposição a assumir riscos e a sede por inovação.

    Mas essa cultura pode ser galvanizada por iniciativas municipais, como agências de fomento.

    No ranking, São Paulo e Florianópolis mantêm-se estáveis na liderança. Mas ele mostra que intervenções focadas podem produzir resultados imediatos. Com investimentos em estrutura física e tecnologia, em 10 anos o judiciário de Goiânia passou de um dos mais morosos a um dos mais ágeis do País. Brasília, Boa Vista (RR) e Aparecida de Goiânia (GO) foram as cidades que mais subiram. A primeira, por simplificações tributárias e burocráticas; a segunda, por criar uma agência de fomento a pequenos empreendedores; e a terceira, por uma conjunção desses dois fatores.

    Comparativamente, o ambiente de negócios no Brasil é notoriamente ruim. Não há muito a esperar de um governo federal atavicamente hostil à iniciativa privada. Mas as prefeituras, mais próximas dos cidadãos e com poder de resolver problemas concretos dos empreendedores, podem, numa pressão difusa, de fora para dentro e de baixo para cima, colaborar para reverter esse quadro.

    Nessa missão, o Índice da Enap oferece dados valiosos para os governos emularem as melhores práticas, para os empresários buscarem as melhores oportunidades e para os cidadãos cobrarem seus gestores e incentivarem seus empreendedores.

  2. ISABEL E LUIZ GAMA SÃO PARTE DA HISTÓRIA, por Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    O Ministério dos Direitos Humanos extinguiu a Ordem do Mérito Princesa Isabel e, no mesmo dia, criou o prêmio Luiz Gama. À primeira vista, acabou com um crachá criado por Bolsonaro e exaltou a figura de um abolicionista negro. Com a simultaneidade, o governo praticou um ato mesquinho e inútil. Bolsonaro gostaria de ver um Brasil sem Luiz Gama. O comissariado quer um Brasil sem o crachá de Isabel. Os dois fazem parte da mesma História. Mutilando-a, ninguém ganha.

    Uma coisa sé criar um prêmio para exaltar a memória de Gama, um negro vendido em 1840 pelo próprio pai branco. Ele fugiu, formou-se em Direito, e lutou pela abolição, conseguiu a libertação de centenas de negros e morreu em 1882, sem vê-la. Bem outra é cassar a Ordem do Mérito de Isabel. Nenhum poder da República poderá apagar o fato de que foi ela, como regente durante viagens do pai, quem assinou as leis do Ventre Livre, em 1871, e da abolição, em 1888. As duas iniciativas haviam sido aprovadas pela Câmara e pelo Senado.

    Isabel foi uma princesa carola, apagada pela figura de D. Pedro II. Salvo um acidente ocorrido na sua juventude, quando furou um olho de uma amiga, nunca fez mal a ninguém. Para horror de alguns cortesãos, era amiga do engenheiro negro e abolicionista André Rebouças. Ele registrou em seu diário que no dia 4 de maio de 1888, a princesa mandou construir um abrigo para 14 negros fugidos. (Em maio de 88, a Abolição era fava contada. Vale lembrar que, em março, fazendeiros paulistas espancaram e mataram o promotor Joaquim Firmino de Araújo Cunha diante de sua família, por proteger negros fugidos.)

    Se o comissariado petista não gostou da criação da Ordem do Mérito Princesa Isabel, bastava que a esquecesse, não concedendo o crachá.

    A simultaneidade da cassação da Ordem com a instituição do prêmio Luiz Gama foi uma mesquinharia. Eles pertencem a mundos diferentes, a princesa viveu no andar de cima. Gama batalhou no de baixo. Defendia escravizados, denunciava os crimes de fazendeiros. Foi um radical.

    No abolicionismo branco de figuras ilustres como Joaquim Nabuco há o combate à escravidão. No de Luiz Gama estão negros de carne e osso, como Brandina, Antonio e Raimundo.

    Seus radicalismos estavam todos certos. Não só na abolição, mas também na República. Foi profético quando lembrou a D. Pedro II que o povo, num “cântico à liberdade” poderia repetir o 7 de abril de 1831, repetindo o “sinistro banimento” de seu pai. (Oito anos depois, sem que o povo entrasse na cena, Pedro e Isabel foram banidos. Eles morreriam na França).

    Em 1881, um grupo de admiradores de Luiz Gama formou uma comissão para custear o pagamento de um quadro retratando-o. Eis sua resposta:

    “(Empreguem) o dinheiro colhido, com algum auxílio, se precisão houver, na libertação de um escravo, que indicarei. Assim prestaremos todos à humanidade um relevantíssimo serviço, merecedor de melhor apreço, do que a tela, na qual pretendem imortalizar-me a óleo.”

    Nos dias de hoje, o advogado Luiz Gama incomodaria as autoridades denunciando as sortidas policiais que matam “suspeitos”, quase sempre negros, nos bairros pobres das cidades.

    Serviço: A obra completa de Luiz Gama, com 11 volumes, foi organizada e anotada pelo historiador Bruno Rodrigues de Lima. Publicada pela editora Hedra e está à venda na rede.

    BOGHOSSIAN DISSE TUDO

    O repórter Bruno Boghossian disse tudo:

    “O governo quer enfrentar o fantasma da naftalina.”

    Encrencando com a lembrança do então juiz Sergio Moro e com a princesa Isabel, não haverá naftalina que chegue quando a briga chegar a D. João VI.

    EXECUTIVO PRESIDENTE

    Ainda não se conhecem os nomes dos diretores da rede varejista Americanas que venderam cerca de R$ 240 milhões de ações da empresa no ano passado, quando já sabiam que o negócio estava emborcado com um rombo bilionário.

    Sabe-se, contudo, que pelo menos um deles transferiu o ervanário para as contas de familiares no exterior.

    PAX AMERICANAS

    O anúncio de que os três grandes acionistas da rede Americanas colocarão até R$ 12 bilhões no poço da empresa esfriou o fervor de pelo menos um banqueiro contra o trio.

    AVISO AMIGO

    De um parlamentar que já viu de tudo:

    —O melhor que o Senado ou a Câmara poderiam fazer por Lula seria derrubar logo uma de suas indicações ou projetos. O resultado serviria para mostrar a fragilidade de sua base parlamentar.

    SOPRANDO A INFLAÇÃO

    Durante quatro anos, Bolsonaro sonhou com cataclismas que nunca vieram.

    Com menos de cem dias de governo, Lula está soprando as brasas da inflação ao brigar com o Banco Central e ao dizer que “se não pode cumprir (o teto de 4,75%), é melhor mudar.”

    Com esse tipo de declaração ele estimula as expectativas inflacionárias e aí fica uma questão: o que ele pretende com isso.

    Bolsonaro sonhava com um caos que lhe permitisse tentar um golpe. Esse sonho não está no acervo de Lula.

    GENTILIZA ESQUECIDA

    Lula vai à China levando uma arca de Noé de empresários, ministros e parlamentares. Perdeu a oportunidade de incluir o ex-senador Tasso Jereissati.

    Noves fora o fato de o tucano ter ajudado sua eleição, Tasso conheceu o presidente Xi Jinping em 1996, quando ele era vice-governador de sua província e visitou o Ceará à frente de uma delegação. Xi tinha muitos quilos a menos.

    CAMPOS E SUA COMUNICAÇÃO

    Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, admitiu que “às vezes eu me vejo com alguma deficiência na comunicação” e prometeu melhorar.

    Basta não agredir a inteligência de quem o ouve. Na sua entrevista ao programa Roda Viva, quando lhe perguntaram sobre a camiseta da seleção brasileira de futebol que vestiu ao ir votar, ou doutro respondeu:

    “Voto é um ato privado.”

    A pergunta tratava de sua camisa.

    BOLSONARO INELEGÍVEL

    O julgamento da inelegibilidade de Bolsonaro será um teste de qualidade para o ministro Kassio Nunes Marques.

    Ele poderá votar contra, até porque ninguém espera que vote a favor. Nesse caso, ficará com a minoria, mas jogará o jogo pelas boas regras.

    Noutra possibilidade, poderá pedir vista, engavetando o processo por até dois meses.

    Nunes Marques sabe o tamanho de seu prestígio no Supremo Tribunal. Se decidir jogar pelas regras dos Bolsonaro, terá feito a pior escolha.

    THOMAS TEVE UM MESTRE

    O juiz Clarence Thomas, da Corte Suprema americana, foi apanhado beneficiando-se com presentes e mordomias oferecidas por um ricaço. O doutor disputa com folga o título de pior juiz da Corte em várias gerações. Ficou famoso pelo seu silêncio durante as sessões.

    Por pior juiz que seja Clarence Thomas, ele herdou o gosto pelas boquinhas de Antonin Scalia, o brilhante conservador do tribunal. Ele gostava de caçar e pescar. Morreu durante a noite numa pousada de luxo. Fez pelo menos 85 viagens nas quais quase sempre o jatinho era patrocinado.

  3. DEPOIS DA CHINA, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Pelo que o presidente Lula disse na conversa com jornalistas na quinta passada, ficamos assim:

    1) As metas de inflação mudarão, certamente para níveis superiores, mas não se sabe quanto e quando isso será feito. O governo discutirá depois que o presidente voltar de sua viagem à China.

    2) O presidente nomeará para o Banco Central (BC) dois diretores alinhados com os interesses do governo. Esses interesses não foram explicitados, mas todo mundo sabe que o governo quer a redução da taxa básica de juros. Logo, devem ser indicados nomes comprometidos com a redução. Mas isso também fica para depois da viagem à China.

    3) A política de preços da Petrobras mudará, abandonando a referência às cotações internacionais do petróleo. A nova política levará em conta os custos internos da estatal. Como? Isso ainda será discutido, também depois da China.

    O presidente parte para Pequim deixando por aqui uma sequência de instabilidades. Inúteis.

    A meta de inflação, ao contrário do que sugeriu Lula, não é um problema do BC. Ou melhor: só é problema do BC depois que o governo, por meio do Conselho Monetário Nacional (CMN), fixa as metas. O CMN é integrado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Logo, o governo tem maioria e pode alterar as metas a qualquer momento.

    Todo mundo sabe disso. O que ninguém sabe, e todo mundo gostaria de saber, é quando isso seria feito e para que nível vão as metas. Trata-se de uma variável-chave: indicará o nível de inflação tolerado pelo governo. Na dúvida, o que fazem os agentes econômicos? Elevam as expectativas de inflação a ser acrescentadas aos preços.

    Isso pode levar a uma situação contrária à desejada por Lula: o BC tendo de elevar a taxa de juros. Mas, dirão, o governo colocará lá dois diretores alinhados. E, no ano que vem, nomeia mais dois. Outra instabilidade inútil. O BC tem nove diretores e decide por maioria. Valendo a lógica de Lula — que coloca a atual diretoria do BC contra os interesses do governo —, este governo será minoritário até o fim de 2024.

    Além disso, a lógica não é essa. O regime de metas de inflação, com o BC independente, é um mecanismo sofisticado, uma engenharia econômica e monetária. Não é uma caixa-preta. Na página do BC, encontram-se a teoria, os modelos usados, as projeções e os objetivos. E se fica sabendo por que a taxa básica de juros é de 13,75% ao ano. Não é uma questão de achar. É consequência do sistema adotado.

    Isso posto, o governo só tem uma saída: mudar o sistema, enviando Projeto de Lei ao Congresso. Lula pretende fazer isso? Ele disse que não. Sabe ou desconfia de que não conseguirá os votos necessários. Vão daí os ataques ao BC. Não muda o sistema, mas gera mais instabilidade no cenário econômico, cuja consequência é ruim para todos: maior expectativa de inflação, preços subindo antecipadamente, juros mais altos.

    E tem a Petrobras — uma empresa gigante, com milhares de acionistas privados, incluindo brasileiros que colocam lá suas poupanças. Lula e colaboradores já disseram que a atual política leva a preços elevados, favorecendo os lucros da estatal, mas não cumprindo as finalidades sociais e econômicas da companhia, nem os interesses do governo.

    Uma retórica para dizer que a empresa deveria praticar preços menores, bons para o consumidor, e fazer investimentos, em refinarias por exemplo, que interessam ao governo. Logo a empresa terá menos lucro e distribuirá menos dividendos. Tem impacto para os acionistas e para toda a economia.

    Mas quando e como será feita a mudança? O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse na GloboNews que a nova política reduziria o preço do diesel em 25 centavos por litro. A diretoria da Petrobras mandou carta ao ministro perguntando onde estavam esses cálculos.

    Um dia depois, Lula desautorizou o ministro, mas confirmou que a política de preços mudará. Como? Ainda estudando. Quando? Adivinhem.

  4. MISSÃO EM MOSCOU, por Demétrio Magnoli, no jornal Folha de S. Paulo

    Discretamente, Celso Amorim visitou Moscou e conversou com Putin na sua célebre mesa sem fim. A finalidade alegada da missão era sondar caminhos para a paz. A finalidade real era cancelar a assinatura brasileira no Estatuto de Roma, tratado de fundação do Tribunal Penal Internacional (TPI). Lula escolheu um lado: acobertar crimes contra a humanidade.

    Na diplomacia, momento é quase tudo. Bolsonaro sentou-se à mesa cerimonial de Putin em 16 de fevereiro de 2022, uma semana antes do início da invasão da Ucrânia. A visita provocou náuseas entre os brasileiros que dão algum valor ao princípio de respeito à integridade territorial das nações e contribuiu para o isolamento internacional do governo do golpista de extrema-direita.

    Bolsonaro não tinha certeza de que a Rússia deflagraria sua guerra de conquista, mas as circunstâncias indicavam probabilidades elevadas. A gota d’água foi a declaração de “solidariedade” à Rússia. Lula, contudo, faz pior, mesmo sem usar a mesma palavra. Amorim foi ao Kremlin, representando Lula, apenas três semanas depois da emissão da ordem de prisão do TPI. O ato vale mais que mil discursos.

    O Brasil está entre os 123 Estados-partes do Estatuto de Roma, que assumiram o dever de colaborar com as decisões do tribunal. A ordem de prisão decorre da acusação de crime contra a humanidade: a deportação em massa de crianças ucranianas para a Rússia. O TPI também emitiu ordem de prisão contra Maria Lvova-Belova, agente direta das deportações, que “adotou” (isto é, sequestrou) um adolescente da cidade ocupada de Mariupol.

    A Rússia não participa do tratado e dificilmente Putin será preso enquanto estiver no poder. Entretanto, o gesto do TPI vai além do simbolismo: o mundo de Putin encolheu, pois o tirano corre risco de prisão se colocar o pé em qualquer um dos Estados-partes. A mensagem de Lula, escancarada na visita de Amorim, é que o governo brasileiro despreza o TPI: se Putin não pode vir ao Brasil, o Brasil vai até Putin.

    A missão de Amorim em Moscou coincidiu com a de uma delegação oficial de dirigentes do PT, que participaram de evento promovido pelo Rússia Unida, o partido putinista, e se reuniram com autoridades do ministério do Exterior russo. Bolsonaro admirava o Putin nacionalista e ultraconservador, que impreca contra a “degeneração moral ocidental”. O PT admira o líder da Rússia imperial que se exibe como inimigo geopolítico do Ocidente.

    As duas visitas preparam o terreno para uma terceira, na mão contrária. Sergei Lavrov, ministro do Exterior russo, desembarca em Brasília em 17 de abril. Lavrov será recebido, antes, na Turquia. A diferença é que o governo turco faz a mediação do acordo de exportação de alimentos entre Ucrânia e Rússia, enquanto o brasileiro oferece sua solidariedade ao ditador incriminado pelo TPI. Se Putin não pode vir ao Brasil, convida-se sua imagem holográfica.

    “O Brasil não quer ter qualquer participação no conflito, mesmo indireta”, declarou Lula, justificando seu veto à exportação de munições de tanques à Alemanha, que transferiria os obuses à Ucrânia. A estranha “neutralidade” do governo abrange a oposição às sanções contra a nação agressora e ao auxílio militar para a nação invadida. Mas as missões moscovitas representam a ultrapassagem de uma fronteira crucial: o Brasil resolveu ter “participação no conflito”, resgatando Putin da jaula diplomática construída pelo TPI.

    O francês Emmanuel Macron foi à China para persuadir Xi Jinping a buscar uma paz justa, baseada na integridade territorial da Ucrânia. Lula prefere invocar a palavra “paz” para alinhar o Brasil à Rússia e dar um banho de loja em Putin. Os aliados e admiradores do presidente brasileiro permanecem silenciosos. O que eles diriam se fosse Bolsonaro o responsável pela cumplicidade do Brasil com o autor de crimes contra a humanidade?

    1. Quanto mais a ovelha lê, mais negra ela fica 👀
      Uma coisa é certa: a presença de Bolsonaro ou de Lula apoiando o Putin nada mais é que um soldadinho representando os interesses do agronegócio brasileiro.
      Se o Putin bloquear o envio dos fertilizantes pro Brasil, o país vira terra arrasada.
      Nessa encruzilhada, os interesses econômicos definem o lado a ficar.
      O estranho no Bolsonaro é que ele era a favor do comunismo do Putin, mas contra o comunismo da China, o seu maior parceiro comercial na importação dos alimentos produzidos com os fertilizantes da Rússia 👀😁😁✌️

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não é permitido essa ação.