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UM DISCURSO, UMA ENTREVISTA, UMA VIAGEM, UM ANÚNCIO E UMA PRIORIDADE, RETRATAM A SEMANA E TRAZEM O MELHOR SABOR RETRÔ DO ATUAL GOVERNO DE GASPAR. ELE ESTÁ  SEM PLANOS E REAÇÃO. E ELEITO PARA MUDAR, O QUE SEGUNDO ELE PRÓPRIO, NA CAMPANHA, ERA DESASTROSO PARA A CIDADE, O FUTURO E OS GASPARENSES

Este artigo foi atualizado, ampliado e revisado às 17h33min deste dia seis de fevereiro de 2015. A semana nem bem terminou e o governo de “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich e do engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, um mês depois de empossado, três meses depois de eleito e quase isso de transição, está chamando para si as dúvidas e reforçando a tese, – a qual começa dominar perigosamente a cidade e poderá se tornar um problema irreversível de imagem percebida -, de que o mote de campanha de suposta mudança era falso ou marqueteiro. Nada será diferente do que até aqui escrevi. São fatos. É repetitivo. E estão lavando a minha alma cedo demais.

Vou ser breve.

O discurso que Paulo, como prefeito, fez na Câmara na terça-feira (foto acima) na praxe regimental da abertura dos trabalhos legislativos, se não foi decepcionante, foi mormo, principalmente para quem tinha a bandeira das mudanças. Nem cauteloso pode ser classificado. Cumpriu o protocolo, apenas. Não empolgou, nem para os aplausos efusivos da claque entre os seus que estavam lá e em peso. 

Paulo não anunciou prioridades e nem disse como vai fazer diferente para mudar o cenário de caos onde está metida a cidade. E nem podia: a maior parte da equipe que ele, Rodrigo, a equipe de transição e são exatamente os que vivem dominando os bastidores neste ambiente há 40 anos. Foram Paulo e Rodrigo que escolheram – ou aceitaram. Além de ser o mais do mesmo – com raríssimas exceções -, nem autonomia possui delegada. 

Tudo centralizado na prefeitura. E o velho disso tudo está devidamente misturado e disfarçado contra as necessárias mudanças. E isso está sintetizado na sua chefia de gabinete, com o quem já foi chefe de gabinete de Kleber Edson Wan Dall, MDB:  Pedro Inácio Bornhausen, PP, qualificado na saudação protocolar pelo novo presidente da Câmara, como prefeito. Deve ter sido uma falha inconsciente. Mas, este tipo de falha, segundo a psicologia clássica, são expressões reveladoras.

Enquanto isso, o vice Rodrigo esbanjava, circulava solto e desenvolto entre os políticos, como se ele fosse o prefeito de verdade da cidade. Fazia antes da posse. diante das queixas, disfarçou, mas…

O HOSPITAL

A entrevista. Pigarreado além do normal, o que pode ser uma demonstração de desconforto conforme se atesta os entendidos em comunicação, o “delegado prefeito” Paulo foi a sua primeira entrevista à mídia formal. 

Coube ao jornal Metas esta primazia. Entrevista quase se perguntas. Espremendo, além do queixume sobre sucateamento, procedimentos inadequados e dívidas, chamou a atenção, a informação de que ele estaria dando uma “informação” em primeira mão ao jornal, quando perguntado sobre a área de Saúde Pública. “O governo estaria encontrando uma nova saída para o Hospital, para quem Paulo fez uma defesa incondicional dele, mas, um mês depois de gestão, com novo interventor de confiança, tarimbando em contas, tudo se esconde por lá. Não há qualquer prestação pública de contas. Uau! 

Voltando, mas esta “informação exclusiva”, virou uma dica despercebida. Passou batido ao jornalista formado em escola própria para não deixar isso passar, ainda mais quando a bola lhe é levantada. Credo! ao menos na primeira parte do vídeo disponível nas redes sociais e longe do site do jornal.

Que saída seria esta? Teria, o “novo” governo de Gaspar desistido da parceria do Hospital de Gaspar com o Hospital Santo Antônio, de Blumenau? Ou foi o Hospital Santo Antônio que teria recuado diante de tanta nebulosidade que cerca o Hospital de Gaspar e cuja solução mínima de segurança á curto prazo estaria comprometida?

Como nada muda na atual administração, pisa-se nos mesmos ovos e não se quer quebrá-los, apesar de podres há anos. Sabe-se que há resistências consistentes no Hospital de Gaspar e na secretaria de Saúde, no ambiente político que domina o técnico por mudanças bem como aventada na associação com o Hospital Santo Antônio estaria. 

E começa pelo seu corpo clínico e este tem sido um problema de sempre. Há várias justificativas. Há também o corporativismo do funcionalismo. Teve até vereadora da base governamental que foi “convidada” a parar uma gravação que fazia do lado externo do Hospital, por suposta difamação, sem exatamente ter conhecimento do conteúdo da gravação.

Há apoio do atual secretário de Saúde, Arnaldo Gonçalves Munhoz Júnior, um efetivo e continuado comissionado na área aos funcionários pelo modelo falido e que, supostamente, um dia, queria se modificar e o atual governo dizia ser adepto dessa experimentação. Então se o atual governo realmente quer mudar e estabilizar operacional e financeiramente o Hospital de Gaspar, qual a razão deste processo estar sendo liderado por quem não quer mudar e quer tempo mais para reverter uma situação que perdura por anos? Estranho. Muito estranho.

Antes de entrar na mesa de negociação efetiva sobre o Hospital de Gaspar, o Hospital Santo Antônio, de Blumenau, a referência e que um dia já teve os mesmos problemas e superou retirando a política partidária daquele ambiente, quer saber quem vai pagar o passivo calculado em mais de R$60 milhões no Hospital de Gaspar, incluindo inúmeras ações de responsabilização civil e criminal.

Além disso, conspira o confuso modelo jurídico de filantropia, gestão intervencionista da prefeitura de Gaspar, posse dos bens patrimoniais do Hospital de Gaspar. Além disso, o HSA pressentiu à resistência do corpo clínico à subordinação ao modelo de gestão e operacional do HSA. Pois é. Estamos sem respostas. Sem clareza. Sem transparência, a tônica do governo passado, a qual levou ao caos o Hospital de Gaspar no governo de Kleber, onde Arnaldo, chegou a ser um entre uma dezena de secretários de Saúde efetivos e interinos. Tudo parece ou não tão antigo quando a novidade de hoje? De quem esta gente, afinal está reclamando se não tiraram deste baralhado com cartas velhas e marcadas?

A VIAGEM SECRETA

Na quarta-feira se descobriu que o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL estava sumido aqui. O sinal veio na abertura do ano letivo para a segunda turma de apresentação dos professores. E mais tarde, bingo. Numa desesperada, emergencial e inédita aparição nas redes sociais para “agradecer” à Polícia Militar por ela destinar oito novos policiais ao efetivo de Gaspar.

É que o pop star vereador campeão de votos, presidente da Câmara, Alexsandro Burnier, PL, em campanha para deputado, foi com um papelinho ao comandante da PM da região, lá em Blumenau, pedir dez soldados. 

Saiu de lá, com outro papelinho com a garantia de oito. E  fez a festa – e teria que fazer mesmo – mas como sendo conquista sua. Tudo ensaiado, e nisso estava o deputado Ivan Naatz, PL. O “delegado prefeito” Paulo, seu vice, seu chefe de gabinete, sua líder de governo, seu presidente do PL, mais uma vez, ficaram pelo caminho. 

Logo o delegado Paulo, que já foi um secretário de segurança de Santa Catarina e sabe que na PM há uma hierarquia. Este anúncio, no mínimo, deveria ter sido compartilhado com o prefeito pelo comandante geral da PM ou até o de Blumenau. Então… Desesperada, correndo com a notícia velha, apareceu a líder do governo Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, em rede social fazendo o mesmo papel que Paulo fazia de Brasília. Todos passageiros E depois sou eu o linguarudo. Aonde mesmo este governo do “delegado prefeito” Paulo vai chegar sem líder, dividido e cheio de vaidosos?

Além disso, a viagem em segredo para Brasília, era uma especialidade, condenada pela sociedade e inclusive pelo eleito, contra o ex-prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. O “delegado prefeito” decidiu imitar Kleber. Credo! O que mudou afinal? Qual a agenda? Quais as frustações? O que conseguiu e com quem? Paulo não é mais delegado ou policial em exercício e nem está em missão sigilosa ou secreta (ainda mais em Brasília). É prefeito. E por isso, deve satisfação à cidade que administra. Já a assessoria de imprensa, fazedora de press release, cada dia se mostra mais dispensável. “Esqueceu” de fazer este. E outros, com habitual repetição sem o aval de curiosos que cercam o gabinete do prefeito.

ILHOTA ATENDE O QUE GASPAR RATEIA

E para completar este samba do “branco” doido? A vereadora Elisete Amorim Antunes, PL, ou seja, da base do governo de Paulo e Rodrigo, rumou a Ilhota e lá agradeceu ao prefeito de lá, Joel Soares, MDB (foto ao lado e ao centro), por ele ter arrumado a estrada do Pocinho após a enxurrada de três semanas atrás. Esta repaginação, vai facilitar o acesso dos moradores da região à festa deste final de semana da Comunidade São Bráz, na Lagoa.

Enquanto isso, líderes de associações e moradores da Lagoa não conseguem falar, ou obter respostas, ou posicionamentos, com o secretário de Obras e Serviços Urbanos, Vanderlei Schmitz, indicado, vejam só, pelo vice, mas vestido de prefeito, o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, PL, para que a secretaria se interesse pela roçada e principalmente, tampar as “panelas” que tomaram conta do asfalto que dá acesso àquela comunidade. Até hoje, quando postei esta nota, nada tinha sido feito. Detalhe: Rodrigo é morador da Lagoa.

Encerrando. Quem mesmo está orientando o novo governo e por que o “delegado prefeito” que prendia e arrebentava, está vestido de bom velhinho, conciliando tudo, passado este tipo de perrengue e vergonha imposta por sua equipe, seus políticos e circunstâncias? Ele deveria, quando se criar o novo slogan de governo, que ainda não apareceu, fazer algo parecido com o bordão dito pelo Chacrinha em seus programas para desestabilizar a coerência: “eu vim para confundir e não explicar“.

Exemplos opostos abundam nesta troca de governo por todo o município. E o tempo para o erro está se esgotando.

Tomemos como exemplo, o ex-subordinado de Paulo e que também já foi delegado de polícia em Gaspar, o jovem Egídio Maciel Ferrari, PL, e sem a mesma experiência político-administrativa executiva como Paulo. 

Eleito em Blumenau, está demolindo castelos, inclusive contra quem o elegeu para permanecer encastelado no velho sistema. Abriu as contas, está fazendo acordos para garantir obras e equipamentos públicos (como o Sesi) e construiu com sua equipe, um plano de cortes de despesas, desperdícios e ao mesmo tempo, está estabelecendo, ao menos no discurso e papel para ocupar a mídia e as redes, a modernização e melhoria dos custos dos procedimentos para atender a cidade, cidadãos e cidadãs. Já aqui… Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Treta I. A reunião mensal do então poderoso MDB de Gaspar, depois de murchar e perder importância no cenário político diante da mixaria de votos que recebeu, neste mês teve um ingrediente previsível: a baixaria. Um interlocutor do ex-prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, na reunião, criticou duramente à atuação política na campanha passada por aqui do deputado estadual de Ibirama, Jerry Comper, MDB, atual secretário da Infraestrutura e Mobilidade de Jorginho Melo, PL.

Treta II. O vereador Ciro André Quintino, MDB, campeão de diárias porque vive em Florianópolis nos gabinetes de Jerry Comper, MDB, de quem é cabo eleitoral – e esta semana estava lá mais uma vez – não aguentou e enfrentou a crítica. Áspero bate-boca e quase voou cadeira. Na reunião do MDB, a presidente, ex-vereadora, ex-secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, atônita e quieta. Fingindo que não era com ele, o ex-chefe de gabinete e secretário de Obras e Serviços Urbanos de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Roni Jean Muller, MDB.

Treta III. Na verdade, Kleber Edson Wan Dall, MDB, prepara o pulo do gato. O governo de Jorginho Melo, PL, está dando água. Quem cresce é o prefeito de Chapecó, PSD. O ex-prefeito de fato de Gaspar no segundo mandato de Kleber, foi o deputado Federal de Blumenau e irmão de templo, Ismael dos Santos, PSD. E não se descarta o MDB estar junto com o PSD na corrida estadual em 2026. Hoje, em tese estaria com o PL. Mas, o MDB quer sobreviver e o PSD pode ser esta tábua de salvação.

Treta IV.  Resumindo. Esta treta é uma armação intencional para arrumar um pé à saída de Kleber Edson Wan Dall do MDB de Gaspar, ou à limpeza do partido para ele reinar do jeito que domine para estar bem posicionado nas eleições de 2026 onde quer ser candidato a deputado estadual, se Ismael dos Santos, PSD, mais uma vez não empacotá-lo. E o porta-voz de Kleber na reunião se prestou a este serviço para esticar a corda e sentir até que ponto Ciro André Quintino, MDB, está disposto ficar e até, ser o presidente do MDB de Gaspar.

Republicanos I. O governador Jorginho Melo, PL, tomou o Republicanos catarinense, num acordo com a Executiva Nacional, durante a campanha eleitoral do ano passado. Tudo para inviabilizar candidaturas concorrentes do PL em Santa Catarina, ou em alguns casos, em que os candidatos do PL não decolavam ou não se tinha, o Republicanos entrava no esquema de Jorginho. E para isso, o governador trouxe o deputado Federal, de Rio do Sul, Jorge Goetten de Lima desgastado no PL, para comandar o Republicanos. E fez o serviço. Assim, a candidatura do empresário Oberdan Barni, Republicanos, em Gaspar, foi para o massacre e saco.

Republicanos II. Os novos diretórios estão sendo constituídos. Em Gaspar, o Republicanos ficará com o vice Rodrigo Boeing Althoff, hoje no PL, ou um fraco quem ele indicar e puder mandar. E para isso, estiveram em Gaspar o próprio Jorge Goetten de Lima, bem como o mais novo coordenador regional, o ex-deputado estadual pelo PSD e que se tentou viabilizar a candidato a prefeito de Blumenau pelo PP, Jean Jackson Kuhlmann. Foi pelo PSD, quando deputado, que Kuhlmann perdeu.

Republicanos III. Questionado, Oberdan Barni, disse que não sabe de nada. Nem sabia que tinham desfeito o diretório de Gaspar. “Eu continuo filiado ao Republicanos, mas não vou ficar com gente falsa e traíra, muito menos a reboque dessa gente”, disse. Oberdan, envenenado se prepara para estar na campanha de João Rodrigues. Como? Ele diz não saber. “E não será como simples eleitor”, arremata.

O velho sistema não morreu. O chefe de gabinete de Paulo Norberto Koerich, PL, Pedro Inácio Bornhausen, PP, acha, por exemplo, que Roni Jean Muller, MDB, foi um bom secretário de Obras e Serviços Urbanos. A confissão, irritou interlocutores. Se foi bom, qual a razão de se buscar erros crassos nesta secretaria ao tempo da titularidade de Roni? Credo!

Erros primários. Esta semana o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, recebeu das mãos do Márcio Fumagalli, Cavaliere della Repubblica Italiana, um selo comemorativo, que marca as festividades e será utilizado nos eventos municipais. Excelente. Quem faltou na foto oficial no gabinete do prefeito? O secretário de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo, o empresário Nelson Mário Kistner. Impressionante. Uma atrás da outra.

O fedor do lixo. O “delegado prefeito”, Paulo Norberto Koerich, PL, revelou que em Gaspar se está recolhendo mais lixo do que está contratado. Só há dois caminhos: ir atrás disso para auditar estes números na prática da coleta e transbordo, ou urgentemente, regularizar esta situação. Adiar, vai custar mais caro, vai ficar exposto e fora de controle. A empresa é gasparense e bem conhecida no ramo.

Morador e empresário – há 30 anos  em Gaspar e leitor deste espaço – não sei quanto tempo – mas, que segundo os donos da cidade não é lido por ninguém -, escreve-me e me pede para não ser identificado, pois teme perseguições, em terra que se acostumou a isso para quem critica os poderosos de sempre. Sobre o último artigo: “não vi este governo fazer nada de diferente do anterior. Não vi proatividade para o povo. Poderíamos ter uma cidade melhor. Nem isso. A cidade continua uma província. E esse delegado prefeito não vai dar conta”

A minha resposta. Primeiro é muito cedo para se concluir, mas é um indicador de que algo começou errado e se continuar assim, vai piorar. Segundo, a crítica, obriga o gestor à reflexão e quem sabe às necessárias mudanças. Terceiro, o maior erro não foi romper e para vencer, aceitar quem, comprovadamente, não fez a cidade avançar. Aliás, avançou, mas no slogan. E que na marquetagem zombeteira ficou desmoralizado.

É impagável, risível e até irresponsável, pois trata os eleitores e eleitoras de tolos, os vídeos dos vereadores da atual base do governo de Gaspar nas redes sociais mostrando os problemas da cidade. Esses vereadores não se deram conta que agora são governo e ainda estão no modo oposição, que muitos deles, não exerceram ao tempo que deveriam?

Os problemas da cidade de hoje, são de competência na solução do atual governo. Ah, Herculano: isso foi herdado do governo anterior. E eu responderia: foi, mas, e daí? O atual governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich e do engenheiro cheio de títulos acadêmicos – incluindo de gestão pública e experimentado político e técnico de planejamento urbano – e seus vereadores, foram exatamente eleitos para darem conta naquilo que o outro governo, que tinha candidato e foi amplamente rejeitado, não deu conta de resolver e nem tinha confiança para ir adiante. 

O eleitorado pediu mudanças e resolutividade. Por enquanto nenhuma das duas. Ah, é muito cedo. Mas, se contar campanha onde se sabia de tudo isso, transição e um mês de governo, já são cinco meses. Ilhota, Blumenau, Timbó, para ficar nestas, já fizeram a lição de casa e faz tempo. Muda, Gaspar!

Outra treta. A secretária de Assistência Social de Gaspar, Neusa Pasta Pelizetti, PL, importada de Blumenau (veio do gabinete do ex-deputado e hoje prefeito de Blumenau, Egídio Maciel Ferrari, PL), sentiu o bafo do que é Gaspar. O Conselho Tutelar fez um relatório e mandou para o Ministério Público. Rolo. Neusa pulou no pescoço dos conselheiros. Quer controle em algo que é autônomo. Declarou guerra. Ela precisa ficar full time aqui para sentir onde está para depois participar de conselhos regionais. Pelo menos uma conselheira estava disposta a pedir demissão.

Sobre o endividamento de Gaspar. Muita gente falando muita coisa. Falta transparência, fontes únicas e coerência. Só com isso, pode-se qualificar para se tomar decisões com os menores riscos. Muda, Gaspar!

Até segunda-feira.

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21 comentários em “UM DISCURSO, UMA ENTREVISTA, UMA VIAGEM, UM ANÚNCIO E UMA PRIORIDADE, RETRATAM A SEMANA E TRAZEM O MELHOR SABOR RETRÔ DO ATUAL GOVERNO DE GASPAR. ELE ESTÁ  SEM PLANOS E REAÇÃO. E ELEITO PARA MUDAR, O QUE SEGUNDO ELE PRÓPRIO, NA CAMPANHA, ERA DESASTROSO PARA A CIDADE, O FUTURO E OS GASPARENSES”

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  2. A BALA DE PRATA DO EREMILDO, O IDIOTA, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    Eremildo é um idiota e pedirá uma audiência ao governador Tarcísio de Freitas e ao seu secretário de Segurança, o capitão da PM Guilherme Derrite. O cretino levará aos dois a sua ideia de criação do Sindicato dos Bandidos Autônomos do Estado de São Paulo. Seria um projeto piloto, capaz de ser estendido a outros estados.

    O Sindicato dos Bandidos Autônomos só aceitaria a filiação de companheiros sem ligação com o crime organizado. De saída, combateria policiais que exercem ilegalmente a profissão de delinquentes, praticando uma flagrante concorrência desleal contra bandidos que trabalham regularmente no estado.

    A instituição firmaria convênios para troca de informações com o Ministério Público e as Corregedorias das polícias civil e militar, pois a bandidagem tem muito a oferecer.

    O cretino está habituado a receber críticas por ter ideias malucas. Ele levará a Tarcísio e Derrite fatos capazes de demonstrar que o idiota não é ele.

    Um capitão da PM lotado na Casa Militar de Tarcísio tinha conexões com o Primeiro Comando da Capital. Pelo menos 15 policiais foram apanhados na execução e na escolta do empresário-bandido-delator Vinicius Gritzbach. Os tiros teriam sido disparados por três PMs e as balas haviam pertencido à corporação. Foi preso também um delegado da Polícia Civil.

    Eremildo é um idiota razoável e reconhece que grandes corporações sempre terão maçãs podres, mas os fatos surpreenderam-no. Na semana passada, o Ministério Público foi ao presídio da Polícia Civil, atrás dos celulares que vinham sendo usados por dois detentos para montar videochamadas, pressionando parceiros. Até aí seria o jogo jogado: dois detentos conseguiram receber celulares numa prisão.

    A operação do MP varreu todo o presídio e coletou 23 telefones, 26 fones de ouvido, 11 smartwatches e 14 carregadores.

    O Sindicato dos Bandidos Autônomos assumiria o compromisso de assessorar a tropa do capitão Derrite em operações na Baixada Santista para baixar sua taxa de letalidade.

    AS CONTAS DA PREVI

    Os companheiros da direção da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, estão reclamando porque o Tribunal de Contas resolveu auditar suas transações.

    Essas coisas assim acontecem quando um fundo teve R$ 14 bilhões de perdas e o governo entrou na segunda metade do mandato do presidente.

    Na primeira metade, quando tudo eram rosas, o companheiro João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, foi uma voz poderosa na instituição.

    ITAIPU PRODUCTIONS

    A Itaipu Binacional adquiriu um estranho gosto por eventos. Em novembro passado, torrou R$ 83,4 milhões com iniciativas paralelas à reunião do G-20 no Rio. Agora, a repórter Andreza Matais conta que ela abriu uma licitação para contratar, por R$ 13,5 milhões anuais, uma empresa de eventos.

    Vá lá que o seu atual presidente, o ex-deputado federal Enio Verri (PT-PR), queira lustrar sua gestão. Contudo, o valor do novo contrato será 187% superior ao custo anual do que esteve em vigor. Mais: ele durará cinco anos, indo até a segunda metade do mandato do próximo presidente da República.

    Procurando qualificar os concorrentes, o edital exigia, por exemplo, que pelo menos um evento, tivesse a presença de chefes de Estado, ou autoridades do primeiro escalão de outros países.

    Empresas do setor impugnaram o edital. Uma cláusula que exigia experiência em montagem de estandes, painéis luminosos e totens, foi retirada.

    Continua de pé a oferta de uma viagem espacial a quem saiba de outra hidrelétrica que patrocina eventos com esse vigor.

    Memória: o coronel da reserva e ex-deputado Costa Cavalcanti construiu Itaipu no século passado sem eventos, e assim a Binacional continuou por anos.

    TRUMP GANHOU UMA

    Donald Trump pode ter dito muita besteira nos últimos dias. A ideia de transformar a Faixa de Gaza numa Riviera foi exemplar.

    Mesmo assim, ele emplacou uma. Rosnou e o Panamá desligou-se do projeto chinês da Nova Rota da Seda.

    Fez bem o Brasil que nem entrou.

    LULA 3.02

    Em uma semana de exposição pública, Lula culpou quem compra comida cara pela carestia e descosturou a tessitura diplomática que sonhava com um astucioso silêncio diante de Donald Trump.

    Chefe de Estado, subiu no palanque com a postura de um mestre-escola. O dólar subiu porque Roberto Campos Neto saiu do Banco Central deixando armada uma arapuca.

    As próximas pesquisas medirão a eficácia dessa velha marquetagem.

    SEM CHORO NEM VELA

    O PSDB agoniza e caminha para um enterro de indigente. Não se pode dizer que fará falta porque, insepulto, perdeu qualquer relevância.

    O partido de Fernando Henrique Cardoso, a quem se deve a restauração do valor da moeda, deu a São Paulo dois grandes governadores, Franco Montoro e Mário Covas.

    Quem hoje reclama da polarização política, na verdade expressa uma certa saudade do PSDB. Elitistas e moderados, os tucanos foram a oportunidade perdida de uma social-democracia brasileira.

    Civilizados, geralmente comprometidos com a moralidade pública, essa geração fugiu nos anos 80 e saiu (ou foi saída) de cena, substituída por variantes de coisa nenhuma.

    O CFM TERIA MAIS O QUE FAZER

    O Conselho Federal de Medicina foi criado em 1951 para “fiscalizar e normatizar a prática médica no Brasil”. Noves fora algumas organizações sociais dirigidas por médicos ao estilo das milícias, proliferam bibocas oferecendo tratamentos milagrosos e convênios municipais para mutirões como os de catarata, que acabam cegando as vítimas. Na semana passada, um hospital de São Paulo foi apanhado usando furadeiras de pedreiro para perfurações ósseas em pacientes.

    Um simples Conselho Federal não poderia ser bedel de 576 mil médicos. Daí o gastar energia processando uma médica e professora universitária por opiniões emitidas numa entrevista, vai enorme distância.

    Desde agosto do ano passado o CFM processa a professora Ligia Bahia, da UFRJ, porque, entre outras coisas, criticou confraternizações de hierarcas do Conselho com o presidente Jair Bolsonaro durante a epidemia de Covid.

    A relação de Bolsonaro com a medicina foi excêntrica. A forma como ele obteve seu atestado de vacina tornou-se questão policial e a papelada do caso está na Procuradoria-Geral da República.

    Numa etapa preliminar e acessória, a iniciativa do CFM foi barrada pelo juízo com um simples argumento:

    “As manifestações da ré Lígia Bahia em sua entrevista devem ser compreendidas como abarcadas pela liberdade de expressão e de crítica política, ainda que contundentes. Com efeito, o que se ventilou na mencionada entrevista também foi alvo de críticas à atuação do CFM em outros veículos de imprensa.”

    O Conselho Federal de Medicina pode não ter percebido, mas teria mais o que fazer.

  3. MISSÃO IMPOSSÍVEL, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    O ministro Alexandre de Moraes errou no julgamento dos primeiros réus, quando disse que, ao contrário do que “o terraplanismo e o negacionismo obscuro” propagam, o 8 de janeiro não foi um “domingo no parque”, como se aquelas pessoas “tivessem comprado ingresso para o Hopi Hari ou a Disney”. Erradíssimo, pelo menos para o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta. “Não foi golpe!”, declarou ele. Logo, foi o quê? Um domingo no parque, ou melhor, um sábado no parque?

    O presidente da Câmara decretou que o ministro do STF está equivocado e o ministro do STF pode incluir o presidente da Câmara entre os terraplanistas e negacionistas obscuros. Durma-se com um barulho desses, enquanto o Supremo, Moraes à frente, se prepara para o julgamento, não mais de quem estava lá, mas dos donos e funcionários do parquinho. Perto disso, Hopi Hari e Disney não têm graça nenhuma.

    A declaração do deputado, que tem 35 anos e obteve apoio do PT ao PL, reforça duas perguntas que não querem calar: afinal, quem é o verdadeiro Hugo Motta e o que esperar dele, que agora tem até a caneta do impeachment de presidentes da República à mão? (Ninguém acha que ele tocaria a cassação de Lula, mas apenas para exemplificar a dimensão do cargo.)

    Ao visitar Lula no Planalto com David Alcolumbre, depois das posses de ambos no Congresso, Motta levou junto a avó, Francisca, que foi prefeita de Patos (PB) e, assim como o atual prefeito, pai do deputado, teve um vice petista. Francisca foi logo dizendo: “Lula, eu sempre votei em você, desde 1989!”. Roubou a cena, foi uma festa.

    Então, os Motta são de esquerda e lulistas? E Hugo, o menino prodígio? Escolhido a dedo para a presidência da Câmara por Arthur Lira, ele é do Republicanos de Tarcísio Gomes de Freitas e enveredou pela política nacional pelas mãos de Eduardo Cunha, que deflagrou e comandou o impeachment da petista Dilma Rousseff, com apoio cotidiano e entusiasmado do jovem deputado paraibano.

    A pergunta seguinte é: quem vai se decepcionar primeiro com o novo presidente da Câmara, Lula e o PT ou Jair Bolsonaro e a oposição? Agradar aos dois lados parece missão impossível. No início, tudo são flores. Depois, a corda bamba, ora para um lado, ora para o outro, até que a corda arrebenta. Esse momento tende a ser no debate sobre a anistia para os do 8/1, inclusive as senhoras que pediam golpe nos quartéis e contavam com tanques nas ruas, mas só estavam ali cuidando dos netinhos. Disso depende o futuro dos donos do parquinho, além da definição de quem é Hugo Motta, afinal. Alcolumbre, todos já conhecemos muito bem.

  4. Está aí uma oportunidade de ouro dos parlamentares que se dizem limpos, livres e contra a corrupção: a de propor um plesbicito na próxima eleição geral, perguntando ao povo se ele quer a revogação parcial do Instituto da Ficha Limpa, como querem os políticos e textos em tramitação no Congresso. Afinal, esta lei é de iniciativa popular, nada mais justo de que a população se manifeste.

    ENFRAQUECER A LEI DA FICHA LIMPA É OFENSA AO ELEITOR, editorial do jornal O Globo

    É um acinte o Projeto de Lei Complementar (PLP) que propõe mudar a Lei da Ficha Limpa, para reduzir de oito anos a apenas dois o prazo de inelegibilidade de políticos condenados em segunda instância. A proposta do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aguardando parecer do relator, deputado Filipe Barros (PL-PR). Nunes alega que o prazo de oito anos é “absurdo”. Ora, absurdo é abrir as portas do Executivo e do Legislativo a criminosos condenados.

    Apesar de pernicioso para a sociedade e para a democracia, o projeto tem ganhado fôlego. Já soma mais de 70 assinaturas, reunindo deputados da oposição bolsonarista e da base governista. Nos últimos dias, foi endossado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). “Oito anos representam quatro eleições no modelo democrático que temos, e quatro eleições são basicamente uma eternidade”, disse Motta. Trata-se de uma declaração sem sentido. O Brasil tem pautas muito mais relevantes e urgentes.

    Independentemente das justificativas estapafúrdias, o que se quer é sabotar a vontade do eleitor. A Lei da Ficha Limpa surgiu de uma auspiciosa iniciativa popular, num momento em que o país se debatia contra a corrupção. Mais de 1,6 milhão de assinaturas a respaldaram. É, portanto, conquista inabalável da sociedade para trazer mais qualidade e seriedade à representação política. Uma década e meia depois, não há dúvida de que deu certo, preservando a lisura das eleições e fechando as portas a candidatos que, em vez de currículos, ostentam folhas corridas.

    O objetivo indisfarçável do PLP é favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Em 2023, ele foi condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, em razão da reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada em que atacou as urnas eletrônicas e do uso eleitoral das comemorações do 7 de Setembro. Sinal de que Bolsonaro espera reverter a condenação é não ter, até agora, apoiado outro candidato para as eleições de 2026. Ele também é alvo de outras acusações — entre elas, tentativa de golpe de Estado —, que poderão resultar em novas condenações.

    A atual proposta não é a primeira investida contra a Lei da Ficha Limpa. No ano passado, a Câmara aprovou projeto da deputada Dani Cunha (União-RJ) com objetivos parecidos — um deles, beneficiar o próprio pai, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. O projeto, que tramita no Senado, mantém os oito anos de inelegibilidade, mas o prazo passaria a ser contado da data da condenação, não mais do fim do cumprimento da pena. Na prática, abrevia a punição, favorecendo criminosos.

    Projetos oportunistas para tornar inócua a Lei da Ficha Limpa representam enorme retrocesso institucional. Num país onde a corrupção é endêmica, e onde infelizmente o desmonte da Operação Lava-Jato pelo Supremo Tribunal Federal tornou mais fácil a vida dos corruptos, ela é ainda uma das poucas barreiras de contenção. Torna-se ainda mais necessária num momento em que o crime organizado se infiltra perigosamente na vida pública. Em vez de colocarem suas digitais em propostas que beneficiam criminosos e atentam contra a idoneidade das eleições, parlamentares que prezam suas biografias precisam impedir que tais aberrações prosperem. Do contrário, os eleitores e a História não os perdoarão.

  5. Mais um dia de ação dos voluntários fazendo limpeza na cidade.. será que vão aguentar fazer isso em 4 anos?! Prefeitura é feita de servidores! Só comissionados e voluntários não dá né?!

    1. Mais um dia? Mais um dia do final de semana para gerar espetáculo nas redes sociais e fumaça aos reais problemas estrututurais. Os com issionados foram contratados para fazer roçadas em pequenos trechos de ruas mais expostas de Gaspar e cemintérios, ou para serem líderes de soluções em funções relevantes e de confiança do administrador eleito? Devio de função. Em Blumenau, houve muturião, também, neste sábado, mas da força de trabalho contratada para isso, incluindo as empreiteiras. Bem diferente.

        1. Claro que precisa. Para pagar os comissionados, a máquina pública desalinnhada, emperrada e enferrujada; para pagar os múltiplos e milionários alugueis aos amigos de sempre; para pagar a farra dos políticos no poder de plantão; a publicidade de que vivemos numa cidade maravilha. Não sejamos, ingênuos como este tipo experimentado de glutão guloso. Se fizer a conta, precisamos urgente, aumentar estes já pesados impostos sem retorno

  6. LULA ARMOU A ARAPUCA PARA O BC, por Carlos Alberto Sardenberger, no jornal O Globo

    Não foi o Banco Central que colocou o governo Lula numa arapuca. É o contrário. O Banco Central está tentando desarmar as arapucas deixadas pela política econômica.

    Todo mundo sabe que a cotação do dólar depende do que acontece nos Estados Unidos. Quando o dólar se fortalece nos Estados Unidos, todas as demais moedas se desvalorizam. Algumas mais que outras. O real é a que, em geral, se desvaloriza mais. Só pode ser por questões internas — e não é pela ação do Banco Central, como diz o presidente Lula.

    De novo, é o contrário: quando o BC eleva a taxa básica de juros, como faz neste momento, cria uma tendência de valorização do real. É efeito manjado. Os juros mais elevados aqui dentro atraem capitais externos, e a entrada maior de dólares leva à desvalorização da moeda americana. É como banana. Tem muita banana na praça, cai o preço. Tem muito dólar chegando, cai o valor da moeda americana, valoriza–se o real.

    O Banco Central fez mais que isso. No final do ano passado, ainda sob a presidência de Roberto Campos Neto, o BC vendeu bilhões de dólares de sua reserva internacional. O objetivo era colocar mais dólares na praça para conter a alta da moeda americana e, pois, a forte desvalorização do real. De quebra, a venda de dólares prestou outro favor ao governo Lula: levou a uma redução da dívida bruta em dezembro.

    Até novembro passado, a expectativa de mercado era que a dívida bruta do setor público chegaria ao final do ano no perigoso nível de 78% do Produto Interno Bruto (PIB). Feitas as contas, a dívida fechou em 76,1%. No governo, o pessoal comentou: estão vendo? O mercado errou mais uma.

    Não é lá uma diferença tão expressiva. Mas não teve erro nenhum. Funciona assim: o BC vende seus dólares e recebe reais dos compradores. Ora, o que faz o BC com esse caminhão de reais? Recompra títulos da dívida pública — ou seja, reduz a dívida.

    Trata-se de um duplo favor prestado ao governo. As operações impedem maior desvalorização real e ainda contribuem para diminuição do endividamento. Ora, o crescimento da dívida pública é o principal fator de incerteza acerca da economia brasileira. É o conhecido risco fiscal, citado nos relatórios do BC como uma das causas da inflação. E quem faz a dívida? O governo, ao gastar mais do que arrecada, precisando tomar dinheiro emprestado para fechar as contas.

    Eis a arapuca de fato. A política econômica é inflacionária, aumenta a dívida e gera desvalorização do real. O BC elevou juros e vendeu dólares, com o objetivo de derrubar a inflação.

    Dentro do governo, incluindo Lula, há um clima de animação — o PIB está bombando — e uma bronca com o BC. Logo, quando o país retoma o crescimento, o BC sobe juros. Até dezembro passado, a culpa era do “traidor” Roberto Campos Neto. Agora, a maioria dos diretores do BC, incluindo seu presidente, Gabriel Galípolo, foi indicada por Lula. E continua subindo juros.

    Mas essa diretoria não é traidora. Segundo Lula, ela não pode dar um cavalo de pau, não dá para suspender o choque de juros e reduzir a taxa básica. Verdade. Não pode mesmo. A explicação está nos documentos do BC. Ali onde o governo vê a economia bombando, o BC vê uma economia superaquecida, crescendo além de sua capacidade. Inflacionária, portanto. Com baixa produtividade, o país não produz o necessário para atender à demanda crescente, em boa parte puxada pelos gastos do governo. Consequência: sobem os preços.

    A função dos juros mais altos é justamente desaquecer a demanda, fazer o país crescer menos, reduzir a pressão sobre os preços. Claro que questões climáticas causaram alta no preço dos alimentos. Mas não só isso. Como diz o BC, há inércia inflacionária, de tal modo que os preços sobem hoje porque subiram ontem.

    A lição de Lula — boicotem o que está caro — é até ofensiva com a população. Consumidores fazem escolhas toda vez que vão ao mercado. Se não compram o que está caro, não é para punir o vendedor, mas porque não podem mesmo pagar aquele preço. E culpam o governo que prometera cerveja e picanha.

  7. EM VEZ DE 25, GOVERNO DEVERIA TER DUAS PRIORIDADES, editorial de O Globo

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou ao novo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), uma relação com 25 projetos que considera prioritários para a economia. Ora, quem tem 25 prioridades, na realidade, não tem nenhuma. O problema é ainda mais grave. Estão fora da lista de Haddad as duas — apenas duas — prioridades a que Executivo e Legislativo deveriam se dedicar neste ano e no próximo. Primeira: um ajuste fiscal capaz de estabilizar a dívida pública em horizonte tangível. Segunda: impor transparência e limites à farra das emendas parlamentares, as maiores do mundo quando medidas em proporção ao Orçamento.

    A dívida pública brasileira cresce sem parar. Neste governo, deverá aumentar entre 12 e 14 pontos percentuais pelas previsões. À medida que o tempo passa, fica mais caro financiá-la. Prova disso são as atuais ofertas de títulos públicos indexados à inflação, com taxas de retorno real próximas de 8% ao ano. Até agora, o governo finge que o problema não existe. Insiste em dizer estar cumprindo as metas do arcabouço fiscal, sem reconhecer que as atuais regras, cheias de buracos e exceções, são insuficientes para estancar o endividamento. Diante do tsunami em formação, se gaba de erguer uma mureta de 30 centímetros.

    Contingenciamentos e bloqueios de despesas não resolverão o problema. O ajuste fiscal necessário é da ordem de R$ 250 bilhões anuais por um longo período. Para atingir esse objetivo, serão necessárias medidas capazes de alterar a estrutura do Orçamento. A primeira é desvincular reajustes de benefícios e aposentadorias do salário mínimo, de modo a conter a explosão nas contas da Previdência. A segunda é desvincular despesas orçamentárias obrigatórias em rubricas como saúde e educação, que engessam a gestão federal sem trazer ganhos mensuráveis nessas áreas. Em vez de gastar mais, será preciso aprender a gastar melhor.

    Lula rejeita tais propostas sob o argumento fajuto de que lançam sobre os ombros dos mais pobres a conta do ajuste. É difícil encontrar evidências que sustentem essa visão. A política de aumento real de benefícios e aposentadorias pode até render votos, mas alimenta a deterioração da economia, e isso não costuma ter final feliz. Basta lembrar as recessões provocadas pela irresponsabilidade fiscal de Dilma Rousseff. A retomada da inflação já voltou a corroer os ganhos de que o governo se vangloria. E, do ponto de vista financeiro, os maiores beneficiários do desarranjo nas contas públicas estão na camada de alta renda, que investe em títulos públicos mais rentáveis.

    A outra prioridade do governo deveria ser impor limites às emendas parlamentares. É preciso garantir total transparência, como exige a Constituição e tem determinado o Supremo Tribunal Federal (STF), e reduzir a fatia sem paralelo no mundo que elas ocupam no Orçamento. Os responsáveis pela volta da democracia e pela Constituição de 1988, citados por Motta em sua posse, jamais desejaram fazer do Congresso Nacional uma aberração entre as democracias. Os parlamentares brasileiros dão destino a 20% dos recursos livres do Orçamento. Os americanos a 2,4%, e os franceses a não mais que 0,1%. Que nenhum país tenha tentado até agora copiar essa jabuticaba brasileira prova quanto ela é nociva. A anuência do Executivo faz dele cúmplice na insanidade.

  8. PRECE ATENDIDA, PUNIÇÃO EFETIVADA, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

    “Quando os deuses querem nos punir, eles atendem a nossas preces”, escreveu Oscar Wilde.

    Não muito tempo atrás, nos não tão longínquos anos 1990, cientistas políticos, jornalistas e grande parte do público informado se queixavam da pouca diferenciação ideológica entre os principais partidos políticos do Ocidente. Brincava-se que não fazia muita diferença se vencesse Bill Clinton ou Bob Dole, desde que Alan Greenspan permanecesse à frente do banco central americano.

    Dando nomes aos bois, pedia-se mais polarização. Ela veio, mas chegou em duas modalidades, a política, que era a desejada, e também a afetiva, que é a que envenena o ambiente, separa famílias e rompe amizades.

    No Brasil, a queixa quanto à indiferenciação não era tão grande, embora existisse. O que mais nos incomodava eram os ditos poderes imperiais da Presidência da República. Dispondo de medidas provisórias que podiam ser reeditadas eternamente e da capacidade de definir quando e se emendas parlamentares ao Orçamento seriam liberadas, o presidente fazia do Congresso um órgão meramente chancelador de suas preferências, o que não é legal para a democracia.

    Pedíamos, então, mais poderes para o Parlamento. O desejo foi atendido, mas de forma muito pouco equilibrada. Hoje, deputados e senadores controlam um naco desproporcional das verbas orçamentárias livres para investimento e mantêm a Presidência refém dos comandos das duas Casas, o que não é institucionalmente muito saudável.

    Se você, como eu, está convencido de que esse é um fenômeno que não tem volta —a proverbial pasta de dentes que não volta para o tubo—, então a correção para o problema passa por tornar os parlamentares mais responsáveis por suas ações. E é sempre difícil responsabilizar órgãos coletivos.

    Foi protocolada há pouco a PEC do semipresidencialismo. Tenho alergia a grandes reformas políticas e considero o semipresidencialismo o pior dos três grandes sistemas em voga, mas, às vezes, a única saída é correr para frente.

  9. O PT, Lula e a esquerda do atraso sendo o que sempre foram. Por isso, precisam de democracia.

    COQUETEL LETAL RONDA GESTÃO LULA; CARESTIA, CORRUPÇÃO E OPACIDADE, por Josias de Souza, no UOL (Folha de S. Paulo)

    O governo acorrentou-se a uma agenda corrosiva. É composta por uma tríade letal: carestia, corrupção e opacidade. A ralação do Planalto para reaver popularidade esbarra nesse coquetel venenoso. Lula flerta com a autocombustão ao jogar a inflação dos alimentos no colo das vítimas: “Se está caro, não compre”. Mas nem tudo pode ser atribuído a Lula. Ele tem a ajuda do PT e até de Janja.

    O ministério que cuida do Bolsa Família está pendurado de ponta-cabeça nas manchetes. Meteu-se num caso que envolve dois contratos com ONGs de São Paulo. Foram revelados pelo Globo. Um, orçado em R$ 5,6 milhões, deveria fornecer comida a quem passa fome. Outro, avaliado em R$ 5,2 milhões, levaria cursos de capacitação a quem rala por um emprego. A Polícia Federal foi acionada para apurar indícios de malversação das verbas.

    O caso é 100% feito de PT. Numa ponta está o chefe do ministério, o petista Wellington Dias. Noutra, estão entidades ligadas a parlamentares petistas da notória família Tatto, com representantes na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa de São Paulo. O PT nada aprendeu com as lições do passado. O naco do eleitorado que vota com um viés antipetista nada esqueceu.

    Junto com a inflação e a suspeita de corrupção, veio a opacidade. O Ministério Público instaurou inquérito para investigar a recusa do governo em fornecer dados requisitados com base na Lei de Acesso à Informação. A apuração inclui detalhes tóxicos —das despesas com a alimentação do Alvorada ao número de servidores mobilizados para assessorar a primeira-dama Janja. Na campanha, Lula prometeu revelar por que Bolsonaro “esconde tanta coisa” sob o sigilo de 100 anos. Eleito, aderiu ao esconde-esconde. Esquece que será o alvo em 2026.

  10. ARAPUCA, QUE ARAPUCA? por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    Se é essa a estratégia do presidente Lula para recuperar popularidade, a coisa não vai bem: viajar pelo País para lançar programas, inaugurar obras e dar entrevistas para rádios locais é o arroz com feijão do marketing – aliás, só em momentos de calmaria –, mas falar uma bobagem atrás da outra anula eventuais ganhos e produz manchetes, análises negativas e festa na oposição e na internet. Lula deveria estar careca de saber disso.

    Na primeira entrevista coletiva em meses, uma semana atrás, estava descontraído e bem-humorado, mas durou pouco. Ao falar ontem a rádios da Bahia, fechou a cara, endureceu o tom e foi buscar o “culpado” pelos erros da economia. Sim, ele, Roberto Campos Neto, que nem é mais presidente do Banco Central, mas é acusado por Lula de ter deixado “uma arapuca difícil de sair”.

    E que tal a aula para conter a inflação? Basta que as pessoas passem pelo supermercado, olhem as gôndolas e não comprem o que está muito caro. Simples assim? O café está pela hora da morte? Não compra o café. O azeite, arroz, feijão, carnes? Não compra nada disso, é tiro e queda contra a inflação e para regime forçado. Muita gente que trabalha muito, ganha pouco e precisa dar de comer aos filhos sabe muitíssimo bem disso.

    As falas de Lula não fazem sentido, quando as torcidas do Corinthians, do Flamengo, do Botafogo… sabem que o BC aumentou os juros, e vai continuar aumentando com o amigão Gabriel Galípolo, por um motivo óbvio, e nem precisa ser economista para saber: a inflação. E, além do ambiente externo, porque o governo não demonstra disposição em realmente buscar o equilíbrio fiscal, adotar o pragmatismo e prestigiar o ministro da Fazenda.

    Assim, entra Campos Neto, sai Campos Neto, entra Galípolo, sai Galípolo, e não tem jeito: os juros voltaram a subir, vão continuar subindo e, logo, logo, o Brasil irá recuperar o “troféu” dos juros estratosféricos. Detalhe: por decisão unânime do BC, que age, conforme tem de agir, tecnicamente. Ai de Galípolo se tentar reverter isso e resolver entrar na onda da Petrobras no governo Dilma Rousseff e conduzir o Copom politicamente. Ai também do governo, ai do Brasil!

    É assim que, além da montanha de reclamações sobre falta de marca, rumo, articulação e comunicação, o governo tem um outro problemão: um presidente que fala o que vem à mente, com o fígado e mais preocupado com 2026 e uma popularidade artificial do que com realidade e responsabilidade. Tudo que Lula vem falando de Donald Trump, sobre tarifas, Gaza, voos desumanos, faz sentido. Mas a hora não é de bonés, é de vestir a carapuça.

  11. O DIA DO PREFEITO

    O “delegado prefeito”, Paulo Norberto Koerich, PL, vai aparecer em Gaspar nesta sexta-feira? Um post emergencial dele na quarta-feira, como registrei no artigo de ontem, dava conta que ele estava em Brasília. Até agora, nem ele, nem a chefia de gabinete, nem a assessoria de comunicação disse o que o prefeito foi fazer lá e o que trará para os gasparenses. Lembrando, que é um agente político público e não deve nenhuma satisfação a imprensa, mas à cidade. E a prefeitura não é lugar de diligências secretas. Muda, Gaspar!

  12. HADDAD OFICIALIZA PROGRAMA FISCAL FROUXO NESTE ANO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Mudanças mais profundas e de impacto mais permanente nas contas públicas não figuram entre os objetivos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que está oficializado no plano de trabalho que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi autorizado a apresentar ao Congresso.

    A esse respeito, em sentido estrito, não há providência fiscal nova na lista de “iniciativas para o biênio 2025 e 2026”.

    Além de elencar ações aprovadas no ano passado, o documento em que a Fazenda apresenta seus projetos trata apenas de “implementação e acompanhamento de medidas aprovadas e política permanente de revisão de despesas”, que são ou deveriam ser atividades de rotina de qualquer governo.

    É verdade que outros planos oficiais podem ter efeitos positivos no Orçamento. Por exemplo, consta das propostas a necessária limitação dos supersalários, à beira de ser inutilizada pelo Congresso e pelo lobby do Judiciário e do Ministério Público, para citar os mais poderosos.

    Está lá também a reforma do regime previdenciário dos militares, também correta, urgente e politicamente difícil, mas que terá ou teria pequeno impacto imediato nas públicas.

    Até mesmo o projeto de lei da conformidade tributária e aduaneira pode levar algum dinheiro para o Tesouro Nacional, se vier de fato a premiar o bom pagador e punir devedores contumazes, embora não seja esse o objetivo principal dessa iniciativa. Mas isso ocorreria a longo prazo.

    Quanto às dificuldades crescentes e alarmantes com a dívida pública, mais não foi dito no documento da Fazenda. Seria uma surpresa se fosse diferente.

    Lula repete com frequência que é grande e histórico defensor da responsabilidade fiscal, mas afirma que, no que depender dele, não haverá mais medidas que possam reduzir o déficit orçamentário de modo expressivo.

    Assim, o governo petista reitera que sua noção de responsabilidade fiscal permite o crescimento ainda sem limite do endividamento. No máximo, talvez se possa esperar, logo no início do ano, uma contenção de despesas suficiente para o cumprimento, de modo seguro, da relaxada meta fiscal fixada para este 2025.

    Note-se, porém, que mesmo a observância dos limites de gasto e de saldo primário não causa impacto maior em expectativas e condições financeiras.

    As exceções na contagem de despesas, formais ou não, levam economistas independentes a desenvolver seus próprios métodos de aferição do saldo do Tesouro.

    Não se pode dizer com justiça que o método atual da Fazenda lembra as artimanhas do governo Dilma Rousseff (PT), várias delas ilegais. Mas a contabilidade oficial padece de descrédito, o que contribuiu de modo importante para o salto das taxas de juros de mercado com início em maio de 2024. Apenas discursos e objetivos frouxos não vão alterar de modo decisivo tal cenário.

  13. Basta olhar um dos últimos requerimentos/indicação (não lembro) do vereador Roni, o mesmo está solicitando informações de como está o maquinário da secretaria de obras, prazo para reparos e se tem algo na garantia, ué, o mesmo até ontem não era secretário de obras? Será que está com Alzheimer? Não lembra de como ele e seu primo Douglas deixaram a secretaria mês passado?

    1. Josué

      Isto mostra como o atual governo está perdido, desorganizado ou acuado

      Quem deveria, em tese, estar sendo responsabilizado por suposto sucateamento dos maquinários, canta de galo e coloca nas cordas que diz, mas também não prova, que o que precisa está sem condições de uso Impressionante

      Todos do finado governo que podem bem suprir o agora vereador de oposição, estão todos lá, em cargos de espia e até comando. Inacreditável.

      A vida é feita de oportunidades perdidas, oportunistas e gente que nem não sab em lidar com ambos. Muda, Gaspar!

        1. Ele, você se refere ao vereador Roni Jean Muller, MDB, ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Obras e Serviços de Urbanos do ex-prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB? Pois olha, ele está no papel dele. Quem não fez o papel direito que lhe cabia e foi engolido pela Bancada do Amém, foi a fraca oposição, que preferiu o espetáculo das redes sociais e está colocando o atual governo sob fragilidade.

          Do que o atual governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL e do engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, PL, está com medo de explicar neste processo de transparência e inverter a situação dee conforto do vereador Roni?

          O próprio governo de Paulo, como venho escrevendo, abriu espaços generosos para estas situações questionativas. E se ele não se cuidar com os que o colocaram lá para nada mudar e os cercam na sua gestão e o desprotegem politicamente no PL, vai manchar a biografia de um investigador e policial temido e acima de qualquer suspeita. Nem mais, nem menos.

  14. FAROESTE EM BRASÍLIA, por Malu Gaspar, no jornal O Globo

    A levar em conta apenas a superfície dos discursos dos presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal (STF) na abertura dos trabalhos em Brasília, está tudo numa ótima. Diante dos microfones, os chefes dos três Poderes se mostraram cheios de boa vontade uns com os outros, pregando harmonia, pacificação e respeito à democracia. Por trás dos sorrisos e apertos de mão para fotos, porém, o cenário está mais para um filme de faroeste em que os caubóis fazem cara de paisagem enquanto engatilham as armas nos bolsos das calças.

    O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), eleito com apoio do governo e da oposição sem precisar fazer nenhuma promessa, começou o mandato empunhando a Constituição, dando vivas à democracia e lembrando “Ainda estou aqui”. Logo ficou claro que seu principal alvo não será o golpismo dos bolsonaristas ou dos militares, e sim o Supremo Tribunal Federal e a ação pelo aumento da transparência nas emendas parlamentares.

    Se é para haver transparência, disse Motta, que seja total, já sugerindo criar uma plataforma única que detalhe os gastos de todos os Poderes — mas todos mesmo, como frisou mais de uma vez. Nada do sigilo de cem anos usado convenientemente pelo Planalto ou do segredo em torno das viagens e ganhos extras de ministros do STF.

    Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) foi ainda mais direto no Senado:

    “A recente controvérsia sobre emendas parlamentares ao Orçamento ilustra a necessidade de respeito mútuo e diálogo contínuo. As decisões do STF devem ser respeitadas, mas é igualmente indispensável garantir que este Parlamento não seja cerceado em sua função primordial de legislar e representar os interesses do povo brasileiro, inclusive, levando recursos e investimentos à sua região”.

    Se o STF insistir em dizer como eles devem gastar o dinheiro das emendas e prestar contas, o Congresso reagirá.

    O presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, até respondeu: “Todas as democracias reservam uma parcela de poder para ser exercida por agentes públicos que não são eleitos pelo voto popular, para que permaneçam imunes às paixões políticas de cada momento”.

    Mas o gesto que mais interessava, ele já tinha feito. Acatando recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR), Barroso mandou deixar com o ministro Kassio Nunes Marques o caso do “Rei do Lixo”. O esquema bilionário de desvio de emendas começou na Bahia, mas pode arrastar dezenas de parlamentares de vários estados e partidos.

    Um deles, o próprio Alcolumbre, cuja chefe de gabinete foi flagrada desenrolando a liberação de uma emenda do “Rei do Lixo” no Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, comandado por um aliado dele.

    O processo foi remetido ao STF porque surgiram evidências de que o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) foi beneficiado pelo esquema. A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça da Bahia pediram que o caso ficasse com o ministro Flávio Dino, argumentando que está ligado à ação sobre as emendas. Sob Dino, acreditavam que a investigação avançaria. Com Kassio, sabem que a tendência é não ir a lugar nenhum — daí o alívio no Congresso.

    A questão é chave porque deputados e senadores começaram o ano cheios de apetite, buscando não só garantir que seus R$ 50 bilhões anuais para emendas não sejam afetados, mas também aumentar seu poder na Esplanada dos Ministérios, de olho na reformulação que Lula está para fazer no governo. Se estiverem na defensiva, terão menos poder de barganha.

    Uma vez confiantes na barreira de proteção recém-erguida, foram com sede ao pote. Alcolumbre já fez um primeiro movimento ao tentar apear do cargo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG). Não rolou. Em entrevista a rádios mineiras, Lula disse que Silveira é “excepcional” e tem feito uma revolução no setor elétrico:

    “Vou falar em alto e bom som. Será mantido ministro. Não há por que mexer”.

    O presidente sabe que tem de calibrar o timing de suas decisões. Precisa aprovar medidas importantes no Parlamento, de olho em 2026. Brigar com Motta e Alcolumbre não ajuda, mas abrir espaço demais a um Congresso vitaminado por emendas, que não precisa do governo para se reeleger, também não garante nada. Por isso vai cozinhando a reforma em banho-maria, enquanto avalia melhor para onde vão a ação de Dino, os humores do eleitorado e o caso do “Rei do Lixo”.

    A investigação está parada, mas ainda não morreu. O caminho até o enterro definitivo será acidentado. No acervo da PF há pilhas de celulares, HDs e pen drives ainda intocados, com potencial para causar bastante estrago. E Nunes Marques pode muito, mas não pode tudo. Ainda há, portanto, muita poeira no ambiente. Quem atirar fora de hora pode sair bem machucado.

  15. DEPOIS DO PACOTINHO, A AGENDINHA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    A equipe econômica do governo Lula da Silva elencou sua lista de prioridades para os próximos dois anos. A exemplo do pacote fiscal, que gerou tanta expectativa quanto frustração, a ponto de ser chamado de “pacotinho”, a agenda econômica também já pode ser tratada no diminutivo.

    São, ao todo, 25 propostas, o que já demonstra uma perigosa combinação entre incoerência e otimismo. Afinal, quem tem 25 prioridades não tem nenhuma, sobretudo quando 15 delas dependem da aprovação de um Congresso com o qual o governo precisa negociar cada projeto individualmente.

    A lista é encabeçada pelo fortalecimento do arcabouço fiscal de forma a garantir, ao mesmo tempo, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), desemprego e inflação baixos e estabilidade da dívida. Em primeiro lugar, é bastante simbólico que o fortalecimento do arcabouço não passe, nem superficialmente, por medidas de corte de gastos.

    Em segundo lugar, o desempenho econômico do ano passado explicita a dificuldade do objetivo do governo. O crescimento surpreendeu e a taxa de desemprego chegou a níveis historicamente baixos, mas a inflação estourou a meta e a dívida bruta subiu 2,2 pontos porcentuais, para 76,1% do PIB. O endividamento, por sinal, só não aumentou ainda mais porque o Banco Central queimou reservas para conter a desvalorização cambial em dezembro.

    Com um crescimento econômico menor, como o projetado para 2025, o desemprego tende a subir e a inflação, a desacelerar. A trajetória da dívida bruta, no entanto, permanece uma incógnita, pois depende de muitos fatores, entre os quais despesas que possuem regras próprias e que crescem à revelia do arcabouço fiscal e dos juros, que aumentam justamente quando não há credibilidade fiscal.

    Já ficou claro que o limite aos supersalários e a reforma da previdência dos militares, que estão na lista da Fazenda, não serão suficientes para sinalizar um compromisso firme com o reequilíbrio das contas públicas. Por outro lado, já se sabe que, a depender de Lula da Silva, não haverá novas medidas fiscais.

    A agenda também insiste em ações que custaram caro à credibilidade do ministro Fernando Haddad. Mais uma vez, a reforma tributária sobre a renda foi apresentada associada à promessa de campanha de isentar impostos de quem ganha até R$ 5 mil mensais e à tributação sobre milionários.

    Para um governo que depende da arrecadação para cumprir a meta, não parece prudente abrir mão de uma receita líquida e certa como contrapartida a uma tentativa de fazer os mais ricos pagarem mais na proporção de seus rendimentos. Não que isso não deva ser proposto, mas seria útil levar em conta a experiência de muitos países que já tentaram o mesmo sem muito sucesso antes de se comprometer com a medida.

    O Congresso, ademais, não parece disposto a avalizar pautas impopulares. E nem se pode culpar os parlamentares por essa postura. Cabe, afinal, ao Executivo apresentar uma agenda que represente um projeto de país capaz de mobilizar a sociedade. Se assim fosse, angariar o apoio de deputados e senadores seria um processo quase natural.

    O que há, no entanto, é um verdadeiro deserto de ideias, e a única ambição parece ser a de sobreviver até 2026. O Orçamento é expressão disso. Até que a peça orçamentária seja aprovada, o governo só poderá executar 1/18 dos gastos discricionários por mês, à exceção de despesas obrigatórias como salários e aposentadorias. O detalhe é que a apreciação da proposta, que deveria ter ocorrido no ano passado, ocorrerá somente após o carnaval.

    Antes disso, o governo pretende concluir a reforma ministerial para acomodar o Centrão na Esplanada dos Ministérios e encontrar uma forma minimamente honrosa de entrar em acordo com o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal sobre as emendas parlamentares.

    Se já é pouco para quem almeja tentar a reeleição presidencial, é muito pouco para um governo que se elegeu sob a égide de salvar a democracia e reconstruir as políticas públicas destruídas pelo bolsonarismo. Depois do pacotinho, o marqueteiro Sidônio Palmeira terá muito trabalho para defender essa agendinha.

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