As mudanças confirmadas até a pouco pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PL, na prefeitura de Gaspar, apenas confirmam dois fatos. O primeiro é de que não há mudanças verdadeiras; e o segundo é de que o prefeito estava sem porta-voz combativo na Câmara e disposto, pelo que sobrou do projeto MDB, PP, PDT, PSD – origem de Marcelo -, e PSDB, a se queimar diante dos fatos que se tenta esconder, inocentar e arrumar bode na sala para arrumar culpados no outro lado da rua pelos vídeos-áudios e o que se revelaram neles.
No comunicado oficial, sem qualquer criatividade, a superintendência de comunicação disse, que se trata de “rodízio de secretários”. Parece mesmo, um rodízio de pizzas requentadas, falta de opções de quem está no jogo e não pode ser mexido muito fortemente, para não piorar o que já se conhece e o que pode estar por vir.
A exoneração do vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, da secretaria de Planejamento Territorial, onde ficou poucos dias, é a sinalização de que a sua saída da Câmara não foi bem-sucedida e o governo por sua vez ficou sem porta-voz combativo no Legislativo.
O PP e o PSD que já tiveram esta missão e largaram dela, cansados, não a querem. O PSDB nem cogita. O PDT que armou a CPI, sinaliza que já possui uma missão definida na proteção de Kleber. E no MDB, Ciro é presidente da Câmara e quer estar livre de defender Kleber, pois acha o prefeito um encosto nos seus planos de ser candidato a prefeito; os suplentes Norberto dos Santos e Rafaelle Vancini (a rifada para a volta de Anhaia) não são páreos para o combate, bem como já demonstraram os titulares Zilma Mônica Sansão Benevenutti e José Carlos de Carvalho Júnior, o que pediu para sair desta função há duas semanas.
Na secretaria de Planejamento, por enquanto, não entrou a política, mais uma vez. Provisoriamente, deixaram lá o técnico de carreira Carlos Bornhausen. O que de verdade carrega o piano.
Anhaia é o elefante na cristaleira. Kleber sabe disso, tanto que ele próprio não o aguentou Anhaia na Chefia de Gabinete e o exilou na secretaria do Planejamento Territorial, onde era um peixe completamente fora da água. É, no fundo, isso que Kleber está precisando e apostando para enfrentar, vejam só, dois dos 13 vereadores que estão lavando a égua na Câmara diante de tudo que se sabe e estar por vir: Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e Alexsandro Burnier, PL. Que fase!
E a ida do agente de trânsito licenciado, ex-vereador, ex-vice-prefeito e agora ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, Luiz Carlos Spengler Filho, PP para a Chefia de Gabinete? Beira a humilhação. O MDB tomou do PP e deu de lambuja a chefia de Gabinete que não possui importância nenhuma na atual administração de Kleber e Marcelo. Até secretária particular ocupa o cargo nas horas vagas.
Mostra ainda, que, ardilosamente o PP está perdendo os anéis para não perder os dedos; de que o tio de Luiz Carlos, o médico João Leopoldino Spengler, falecido no ano passado, faz e fará muita falta para ele e o PP; e que o titular da secretaria, foi comido pelo serviço que deixou de apresentar para a sociedade. A secretaria de Obras e Serviços Urbanos é um poço de queixas e de onde, podem expirar problemas com os áudios já conhecidos e os prometidos para serem revelados. Ela vai ser ocupada pelo coringa Roni Jean Muller, MDB. E se fizer o mínimo, como a manutenção, fará muito.
Como se vê, não se mexeu em nada. Esta é a antítese da frase marqueteira do governo Kleber, Avança Gaspar. O que está se desenhando é um tal de avanço. É uma dança para ficar tudo onde está e se proteger ainda mais da chuva de meteoritos que se abateu sobre a administração Kleber e Marcelo. Não parar por aqui. E haverá mais espetáculo. E continua hoje à noite com a possível instalação da CPI. E nos tons dos discursos se saberá o comprometimento da Bancada do Amém com toda esta situação. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Cada coisa. A recuperação da parte da Rua José Rafael Schmitt será feita com recursos (R$388 mil) da Defesa Civil Nacional e com uma contrapartida ainda desconhecida da prefeitura de Gaspar. Foi o governo petista que serve de mote para Kleber Edson Wan Dall, MDB, fazer vídeos políticos, que o socorreu. A Defesa Civil Estadual de Jorginho Mello, PL, não enxergou prioridade. Aliás, o mesmo governo de Jorginho parou as obras da Rua Prefeito Leopoldo Schramm.
Hoje, este desbarrancamento que começou há um ano foi motivo de transmissão ao vivo de uma emissora de TV regional. E só chegou a este ponto, porque não resolveram contê-lo no início. Preferiram o desgaste.
A foto que ilustra este comentário é de hoje de manhã. E ela retrata bem o clima que toma conta de todos do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB.
Aliás, ontem, depois de muito tempo, mas muito tempo mesmo, houve uma foto onde o prefeito e o vice Marcelo de Souza Brick, PL, se encontraram. Foi na nominação prefeito Evaristo Spengler, UDN e que veio dar no que é o PP hoje, do mirante para o Rio Itajaí, no Centro. Horas, depois, ou seja, hoje pela manhã, mais uma vez, Marcelo não estava na reunião do secretariado. Revolveu ir para Blumenau. Sintomático.
O presidente da Câmara de Gaspar, Ciro André Quintino, MDB, diz não entender à razão pela qual sofre com as supostas avaliações impopulares. Agora abriu uma vaga temporária na presidência da casa para “agente de comunicação” com curso superior de jornalismo: R$3.976,00 de remuneração e mais R$600,00 de alimentação.
Não será surpresa se o presidente do MDB de Gaspar for alguém que não seja do núcleo que o detém hoje, do prefeito Kleber Edson Wan Dall e que se desconfia que esteja de saída, nem do velho MDB do ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca, que neste dia oito de maio fará um ano de sua morte. Acorda, Gaspar!
3 comentários em “SOB ATAQUE E ACUADO O PREFEITO KLEBER PROMOVE MUDANÇAS EMERGENCIAIS E BEM CASEIRAS NA SUA ADMINISTRAÇÃO. NADA AVANÇA COMO NA PROPAGANDA”
OS CEM DIAS DE 2033 E 0S DE 2019, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Na próxima semana, Lula chegará aos cem dias de governo. Como fazem quase todos os governos, a data será comemorada com promessas e propaganda. Contudo a melhor comemoração desses cem dias está na comparação do mesmo período com os de seu antecessor.
Nos primeiros cem dias de Bolsonaro, foram demitidos dois ministros.
Primeiro, caiu o secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Esse advogado carioca ligara-se ao capitão quando todos os bolsonaristas cabiam numa Kombi. Em fevereiro de 2019, foi atropelado por intrigas do círculo familiar do presidente e saiu arrependido:
— Tenho vergonha de ter acreditado nele. É uma pessoa louca, um perigo para o Brasil.
Bebianno morreu meses depois, aos 56 anos, entristecido.
O segundo ministro a cair, perto da marca dos cem dias, foi Ricardo Vélez, da Educação. Personagem pitoresco, teria sido recomendado pelo escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Pouco depois de assumir, Vélez disse que “o brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião”. Antes mesmo dos cem dias, Olavo de Carvalho informava:
— E eu sou o guru dessa porcaria. Eu não sou o guru de merda nenhuma.
Competindo com as excentricidades de Vélez, o primeiro chanceler de Bolsonaro, o diplomata Ernesto Araújo, assumiu falando grego e tupi durante o discurso de posse. Inaugurando a prática das caneladas na China, ele dizia que “lembrar-se da pátria não é lembrar-se da ordem liberal internacional, não é lembrar-se da ordem global. (…) Vamos escutar menos a CNN e mais Raul Seixas”. Tempos depois o doutor diria “sejamos pária”. Conseguiu.
Bolsonaro chegou ao Planalto querendo forjar um novo tipo de relação com os militares. Saudando o antigo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, mostrou o cabo do revólver:
— Meu muito obrigado, comandante Villas Bôas. O que nós já conversamos morrerá entre nós. O senhor é um dos responsáveis por [eu] estar aqui. Muito obrigado, mais uma vez.
Semanas depois, mostrou o cano:
— Democracia só existe se as Forças Armadas quiserem.
Os primeiros meses de Bolsonaro serviram para que seus colaboradores e aliados distribuíssem utopias. O superministro da Economia, Paulo Guedes, prometia reformas que salvariam o país dos “piratas privados, burocratas corruptos e criaturas do pântano político [que] se associaram contra o povo brasileiro”.
Wilson Witzel — um juiz desconhecido que havia sido eleito governador do Rio de Janeiro na onda bolsonarista de 2018 — prometia severidade na defesa da ordem:
— A Lei Antiterrorismo pode dar penas de 50 anos, em estabelecimentos prisionais destacados, longe da civilização. Precisamos ter a nossa Guantánamo.
Em 2021 a Assembleia do Rio retirou-o do cargo, aceitando as denúncias de corrupção que arruinaram seu governo. (Ecoando conversas, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, defendia a abertura de cassinos na cidade.)
Nos primeiros cem dias de seu governo, Bolsonaro fez pelo menos 82 afirmações falsas. Além disso, escanteou o vice-presidente, general Hamilton Mourão, transferindo seu gabinete para um anexo do Planalto. Durante o carnaval, postou um vídeo escatológico.
Isso tudo antes da chegada do vírus da Covid-19.
ESQUERDA PEDE ANISTIA A CONSTRUTORAS DA LAVA-JATO, editorial do jornal Valore Econômico
A ação dos partidos que já foram da esquerda radical – Psol, PCdoB – e o Solidariedade ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão do pagamento de compensações pelas empresas envolvidas no maior escândalo de corrupção da história republicana é um marco no processo de degeneração dos partidos políticos brasileiros. A iniciativa jurídica tenta apagar da memória o único período em que empresas corruptoras e seus dirigentes tiveram o destino normal de suspeitos comuns de ladroagem comum – a cadeia – e faz parte de campanha para recompor o cenário de impunidade anterior aos crimes do petrolão, que, por sinal, não incriminou figuras relevantes dos partidos que impetraram a ação, exceto o Solidariedade.
Há meses, lobbies das empreiteiras levantaram a possibilidade de que as empresas envolvidas pleiteariam o reembolso daquilo que haviam pago pela corrupção provada em larga escala, com argumentos lógicos: todos têm de ser punidos igualmente, ou então, ninguém. Por guinadas imprevisíveis do STF, os políticos que receberam propinas para atender interesses dos corruptores livraram-se de punições, ou, o que dá quase no mesmo, seus processos foram enviados em massa para o Tribunal Superior Eleitoral, que não têm condições mínimas de investigar e julgar em massa esses casos.
As principais empresas envolvidas no escândalo, Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Engevix concordaram em ressarcir R$ 8,1 bilhões em prestações durante um quarto de século. A J&F, holding da JBS, se comprometeu a pagar R$ 10 bilhões. Com a mudança dos ventos da Justiça, depois que se constataram abusos flagrantes dos procuradores e do juiz Sergio Moro, as companhias passaram a nutrir a esperança de se livrarem desse peso pecuniário.
O Supremo reviu seu entendimento em relação não só ao cabimento da prisão em segunda instância, como à jurisdição na qual o então ex-presidente Lula estava sendo julgado, após três anos para se chegar a uma conclusão trivial. A Lava-Jato chegou então a seu fim político, mas não jurídico.
É esse capítulo que, ironicamente, um grupo como o Psol, PCdoB e Solidariedade, da base governista, pretendem encerrar. O sinal verde foi dado pelo presidente Lula, ao afirmar que o objetivo da Lava-Jato foi orquestrado em conjunto com os EUA para destruir as melhores empresas nacionais, as construtoras, que financiaram a roubalheira do PT e de vários partidos, e que trouxeram, nessa versão fantasiosa, consequências nefastas para a economia nacional. O PT nunca assumiu que seus membros foram corrompidos, assim como Lula jamais explicou os mimos que recebeu das mesmas empreiteiras, rés confessas.
Psol e PCdoB instigam um processo que as próprias empreiteiras não tiveram desfaçatez para deslanchar. Mas seu alvo é certeiro. A ADPF visa suspender todas as penas pecuniárias estabelecidas pelos acordos de leniência e afastar “de uma vez por todas, a hermenêutica punitivista e inconstitucional do lavajatismo”. É pedido ao STF, que validou os acordos de leniência e lhes deu legalidade plena, que reconheça que tais acordos “ foram pactuados em situação de extrema anormalidade político-jurídico-institucional, mediante situação de coação e, portanto, sob um Estado de Coisas Inconstitucional”.
Como o próprio presidente da República argumentou, a vítima da punição da corrupção em larga escala foi a sociedade civil que “arcou, em última instância, com o efeito cascata da quebra generalizada de companhias estratégicas para a economia brasileira”.
Os partidos querem que a ação seja relatada pelo ministro Gilmar Mendes, que impediu que Lula assumisse cargo no governo Dilma e só passou a ser inimigo visceral da Lava-Jato quando descobriu que também estava sendo investigado ilegalmente por procuradores da operação.
De forma mais ampla, os partidos, entre eles o PT, patrocinam uma PEC com anistia de todas as irregularidades praticadas e que voltem a receber dinheiro de empresas “para quitar dívidas com fornecedores contraídas ou assumidas até agosto de 2015”, quando o financiamento empresarial foi proibido. A iniciativa, somada à revisão que se tenta da lei das estatais, permite que se volte ao status quo ante do petrolão. Se a ação for vitoriosa, e a tese da coação passar, abre-se o caminho ao inominável: as empresas terão base legal para arguir que têm direito a receber de volta o que pagaram por corromper políticos – talvez com juros e correção monetária.
Bom dia.
O lado bom dessa experiência desastrosa é que serviu pra mostrar ao povo que uma bíblia embaixo do braço não define caráter , nem comprometimento com o próximo. Nesse caso, o próximo é ele mesmo 👀
Religião e espiritualidade são coisas muito distintas, olho aberto em 2024.