Alterado às 14h30min de 07.08.2023. A montagem de dois trechos dos discursos da sessão de terça-feira passada na Câmara de Gaspar e postada acima, fala por si só. É o retrato do medo e da continuada falta de transparência do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez.
Depois de mais de três anos escondendo fatos graves, dúvidas e desconfianças as quais em “segredo” corriam pela cidade inteira, os envolvidos, responsáveis, governantes e seus políticos ainda resistem esclarecer – isto, e vejam só, para o seu próprio benefício – o que de fato aconteceu naqueles dias sombrios onde centenas de gasparenses foram mortos pela Covid-19. Aliás, até aqueles números se resistiam a divulga-los na época como registrei em vários artigos e notas só aqui neste espaço. Muitos dessas vítimas vieram da UTI do Hospital de Gaspar e não só moradores daqui, até porque, pela regulação das UTIs, ela acolheu gente de outros municípios.
Este esforço continuado para nada divulgar e se apurar, só reforça de que bem possivelmente algo muito errado e grave teria acontecido naqueles dias no Hospital de Gaspar. Não há outra explicação lógica para não se esclarecer. É um caso típico de polícia e que muito tardiamente começa a ser apurado, quando mesmo diante de evidências técnicas, as provas já podem estar contaminadas. “Não tenha dúvida que eu serei totalmente contra a qualquer investigação na nossa casa de Saúde”, assegurou o líder do governo Kleber e Marcelo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, dando o tom do que vinha e se quer dificultar ou esconder.
Este caso só voltou a ordem do dia porque o ex-vereador Amauri Bornhausen, PDT, mesmo sendo governista, interessou-se pelo caso. Esperou meses por respostas oficiais para não ser leviano. E morreu de infarto antes de conseguir as respostas. Quando se liberou a documentação do Hospital e da prefeitura, ninguém no Legislativo – e por motivos óbvios – quis prosseguir até porque o governo de Kleber e Marcelo possui a maioria na Câmara: onze dos 13 vereadores. Alexsandro Burnier, PL, ensaiou, mas logo desistiu. O único que tomou o assunto para si e está resistindo é o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT. E está sendo massacrado, desacreditado e acusado de estar prejudicando o Hospital. No fundo., como qualquer outro deveria, que algo semelhante volte a se repetir por lá e não tenha esclarecimentos ao público, num hospital público e que atende principalmente os mais vulneráveis, sem escolhas. No fundo, Dionísio, está atrás da melhoria do protocolo de atendimento e garantias da melhoria de qualidade e responsabilidade do Hospital com seus pacientes.
Ora, o esclarecimento deste assunto só vai melhorar a imagem do Hospital, vai se estabelecer novos protocolos, expurgar o que e quem não serve. Incrivelmente, o esclarecimento dos fatos naquela Uti com ar contaminado vai ajudar o próprio governo e os políticos que gravitam no seu entorno: ou porque eles estarão livres da dúvida, ou porque trará alívio aos parentes dos que morreram lá no Hospital ao tempo que estavam internados no Hospital com ar contaminado devido ao improviso e descuido que se permitiu para torná-lo disponível aos doentes, quase todos em situação extremamente crítica. Afinal do que esta gente está com medo ou precisa esconder?
É claro que a CPI que o vereador Dionísio propôs não iria adiante. Alguém tinha alguma dúvida disso? Acho que nem mesmo o Dionísio. Nem o vereador Alexsandro Burnier, PL, que se diz preocupado no esclarecimento assinou o pedido de CPI, mesmo que fosse para um gesto simbólico. Era preciso cinco assinaturas. Ninguém tinha se arriscadp quando o prazo se encerrou na sexta-feira a tarde para o protocolo para dar entrada do pedido na sessão de amanhã, terça-feira.
Ora, se a CPI da drenagem da Rua Frei Solano o governo Kleber com Luiz Carlos Spengler Filho, PP, manobrou no regimento para ter a maioria e colocá-la para debaixo do tapete e livrar o Samae então tocado pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP; se na CPI das gravações com conversas cabulosas do seu ex-faz tudo, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, onde se escolheu a dedo o que nada tinha de dinheiro público para nada investigar e absolver tudo, não divulgar nada e esconder o que se faz na CPI que até depoimento mudo se aceitou, tudo para zombar e dar em pizza como o sabor “desconheço” as palavras mais proferidas dos depoentes, esta CPI do ar contaminado na UTI do Hospital tinha alguma chance de prosperar?
O governo de Kleber, Marcelo, seus “çábios” e os políticos que gravitam em torno dele na prefeitura e na Câmara vivem dizendo aos seus que estão de “corpo fechado” e que nada lhes pegará, e de fato, a cada dia que passa, parece ser isso mesmo. Agora, é esperar para ver o que a Polícia e o Ministério Público conseguirão apurar em assunto tão grave. Afinal, tratam-se de vidas. E que poderia ter sido de um dos parentes ou dos próprios políticos que não querem que nada seja esclarecido à cidade. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Já está escolhido o novo slogan de campanha dos que querem perpetuar o governo do MDB, PP, PSD, PDT e PSDB em Gaspar: “a máquina não pode parar”. Apropriado!
Não é só o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que está em dificuldades para fazer um sucessor. Em Blumenau, o prefeito Mário Hildebrandt, Podemos, também. E por motivo bem diferente do daqui. Lá, Mário quer cumprir uma promessa que o levou à reeleição – depois de herdar a prefeitura com a renúncia de Napoleão Bernardes, então no PSDB e hoje deputado no PSD. Ele aposta na atual vice Maria Regina de Souza Soar, PSDB, uma verdadeira espanta votos. Mário por causa da mesma ingenuidade, não teve em no ano passado um candidato a deputado estadual e federal para dizer que era seu.
Esta história do cemitério de Gaspar está rendendo. Diante do bafo dos cidadãos e cidadãs tratados como tolos pelos políticos, foi protocolado por um grupo de vereadores, um novo Projeto de Lei. Ele remenda o que eles próprios mudaram muito recentemente. Este “novo” Projeto de Lei altera e emenda à Lei no PL que permitiu – e há dúvidas – ao governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, por decreto e ao seu bel prazer, sem limites, cobrar taxas e mais taxas dos vivos para os que estão enterrados nos campos santos do Santa Terezinha e Barracão. Inacreditável. Isto mostra o tamanho da cagada que eles fizeram em nome dos seus chefes políticos. Agora querem parcelar em 36 vezes estas mesmas taxas.
O relator daquele PL polêmico que virou Lei e botou o pessoal a pagar taxas nos cemitérios de Gaspar, Giovano Borges, PSD, que chegou a cortar a audiência pública e permitiu o governo gasparense fixasse as taxas em IFM ao seu bel-prazer – há dúvidas, repito e esclareço adiante -, segundo os “çábios” do paço municipal”, olhando e tendo como parâmetros para o que se cobra nos municípios vizinhos e não para um justificado estudo próprio, não assinou o novo PL do remendo. E Giovano já colocou problemas. “Se a Lei [a que ele relatou] foi feita para aumentar o número de vagas nos cemitérios [atuais, seum aumentá-los fisicamente], este parcelamento -[de taxas criadas e que está no centro das polêmicas na cidade] não favorece na intenção original do governo“.
“Cuméqueé”? A intenção “original” do governo de Kleber e Marcelo foi a de ferrar pelo bolso as famílias que possuem vários túmulos, ao invés de ampliar os cemitérios existentes, criar outros, ou abrir disputa à concessão para que particulares explorassem o serviço? O vereador Giovano Borges, PSD, admitiu que PL que ele relatou acabou criando um “levante” dos cidadãos e cidadãs. Para o vereador, isso foi proposital para arrumar uma situação em que o governo mostrou mais um dos seus fracassos no planejamento e solução para a cidade.
Na verdade, se esperou o caos e o desespero para ampliar a ampla e longa legislação existente. Tudo facilitar à vinda do crematório com a falta de terrenos e gavetários. Tudo escrito numa simples e quase despercebida linha do PL aprovado por unanimidade na Câmara. Nem mais, nem menos. E por quê? Porque neste caso das taxas, se olharmos para o artigo 73, parágrafo 2º da Lei 3.613/2014, esta cobrança já seria possível e a argumentação tanto do relator é outra cortina de fumaça. E nem Pedro Zuchi, PT, usou a prerrogativa do artigo 73, muito menos o prefeito Kleber nos dois mandados. Ninguém na procuradoria do município e na cara assessoria da Câmara viu isto? Duvido!
Continuando. E pela tese socialista do vereador governista, que se diz capitalista, está proibido uma família ter mais de jazigo para seus entes nos cemitérios de Gaspar. É a mesma coisa do que você ser proibido de ter mais de uma propriedade em seu patrimônio. Tese estranha. Muito estranha.
O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, outro que teve a chance de colocar travas no Projeto de Lei original quando ele tramitava na Câmara e se posicionar contra o corte da audiência pública, ao menos para ter menos culpa naquilo votou a favor e ajudou com o seu voto dar aprovação unânime, agora quer que o prefeito diminua pela metade as taxas altas que impôs aos detentores de túmulos nos cemitérios gasparenses. Quem não corta o mal pela raiz, inventa remédios que não curam nada..
Mudando de assunto. O governador Jorginho Mello, PL, esteve na sexta-feira da semana passada na Associação dos Municípios do Vale Europeu. Veio reconsertar o Plano 1.000 do ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, pactuado entre o estado – e não entre pessoas – com os municípios, depois que o Plano 1.000 foi considerado constitucional pelo Tribunal de Justiça. Jorginho – que em nota oficial em rede social chegou a afirmar que o Plano 1.000 tinha sido declarado inconstitucional pelo TJSC – insiste que o Plano 1.000 faleceu e tenta reconstruir o programa ao jeito dele e para resultados eleitorais. Só não enxerga quem não quer. Simples assim!
Mas, no confessionário individual com cada prefeito do Vale Europeu – apesar da importância econômica do Vale, ela foi a última região de Santa Catarina que Jorginho escolheu para vir e fazer isso, naquilo que ele apelidou de “Santa Catarina levada a sério” -, Jorginho está tentando demarcar territórios políticos para a eleição de outubro do ano que vem. E está usando recursos estaduais para o freio de arrumação da próxima campanha eleitoral. E foi, exatamente, por isso, que Gaspar se saiu melhor do que a encomenda.
O caso mais emblemático e que deixava o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, pendurado no pincel, era a da pavimentação Rua Prefeito Leopoldo Schramm, no Gaspar Grande. Ela está parada por falta de recursos estaduais pactuados do tal Plano 1.000. São R$5 milhões que se precisa, mas foi liberado apenas R$2 milhões, bem menos dos que os R$7 milhões, por exemplo, que Jorginho deu para revitalizar o limitadíssimo, no aspecto técnico, o “Aeroporto” Quero Quero, em Blumenau.
No que toca Gaspar, a obra da Leopoldo Schramm vai ser retomada. Se Jorginho Mello, PL, parasse ela, quem perderia seria o próprio PL e o candidato que Jorginho eventualmente arma para cabeça de chapa por aqui, ou então, apoiará como vice em associação com outro candidato que torne viável a aliança do PL em Gaspar. É para as obra da Leopoldo Schramm que vai a maioria dos recursos do tal Plano 1.000 liberados na sexta-feira para Gaspar.
Vem dinheiro também para pagar a já pronta Rua Lino Vicente Alberici, no Barracão (R$200 mil e que qualquer emenda parlamentar daria isto, bem como para o término da Clara Schmitt, no Bela Vista (R$729 mil), reduto do vereador Alexsandro Burnier, PL. Outros R$10,,8 milhões é para a Celesc melhorar a energia para atender o parque industrial, comercial e logístico em expansão por aqui. Primeiro a Celesc já deveria estar privatizada e o governo poderia ter destinado este dinheiro a coisa melhor. Segundo, é um investimento para a Celesc faturar mais com os atuais e futuros clientes. Simples assim!
Mas, ficaram pelo caminho a pavimentação da Rua Leonardo Pedro Schmitt, o Parque Náutico dos riquinhos, o esgotamento sanitário do Santa Terezinha, Centro e Sete de Setembro atrasado há quase duas décadas e que deveria estar num processo de privatização dentro do novo Marco do Saneamento, a duplicação da Francisco Mastella e o aumento da UTI do Hospital de Gaspar entre outros pedidos que estavam protocolados no governo do estado para estar dentro do tal Plano 1.000. O que mesmo Gaspar – cidade que o governador já morou quando gerente do finado BESC – está comemorando?
Quem sabe alguma coisa e uma lista diferente apareça para discursos do palanque dos candidatos do governador Jorginho Mello, ou do PL, no ano que vem por aqui. Ou então seja, propaganda do próximo prefeito para a campanha de reeleição de Jorginho para 2026. Ou os inteligentinhos acham que isso funciona de outra forma? A foto acima não deixa nenhuma dúvida quanto a isso. Acorda, Gaspar!
E para encerrar o artigo de hoje, há dias mostrei que o medo toma conta de uma parcela significativa dos servidores efetivos de Gaspar. Um deles me escreve. Pensa num povo político perdido. Processos Administrativos Disciplinares estão sendo arquivados por falta ou devido a provas tortas. É uma nau sem rumo. Primeiro processam servidores, constrangem, intimidam, causam medo e terror e depois arquivam por falta de provas “contundentes”.
Para este casos, a pergunta certa e que não quer calar é: onde está mesmo o Sindicado dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Gaspar, criado por Odir Barni?
Nas redes sociais duas observações que também não ganharam a nossa imprensa. Um homem é achado inconsciente a beira da rodovia no Poço Grande. os que tentaram não conseguiram por algum tempo uma ambulância para removê-lo para um atendimento de emergência. A outra é um incêndio acontecido, na Rua Angelina Motter, a três minutos do quartel do Corpo de bombeiros. Acionados, o sistema bate em Blumenau. A notícia só chegou aqui no quartel depois que populares foram presencialmente ao quartel pedir ajuda. Era tarde.
7 comentários em “SILÊNCIO SEPULCRAL. BANCADA DO AMÉM NA CÂMARA SE CALA E NEGA CPI PARA APURAR QUAL OS DANOS QUE AR CONTAMINADO FEZ NOS DOENTES GRAVES INTERNADOS NA UTI DA COVID-19 NO HOSPITAL GASPAR. VAI FALTAR AR”
ESPERTEZA E CAGADA
O mineiro e ex-primeiro ministro do Brasil, Tancredo de Almeida Neves, cunhou a celebre expressão: “quando a esperteza é demais, ela come o dono”.
Em Gaspar, os políticos no poder de plantão, insatisfeitos com a sacada do mineiro, resolveram melhorá-la: quando a cagada é demais ela lambuza o cagador.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, vai hoje “conversar” com os vereadores que unanimemente – sem ouvir a comunidade, pois consideravam todos os abrangidos pela nova lei mortos e sem voz – lhe deram os votos para ele cobrar as taxas que bem queria para abrir mais covas nos cemitérios municipais que não expandiu ou criou novos, e principalmente permitir a implantação do crematório.
Como a coisa pegou na cidade, vão fingir que vão encontrar saídas para aquilo que estava anunciado que não ia dar certo. A comunidade errou porque o bafo que faz os políticos se coçarem, deveria ter sito feito antes do Projeto de Lei ter uma tramitação tão rápida, onde só se ouvia a prefeitura e mais ninguém. Acorda, Gaspar!
O PAÍS É UM SÓ, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
A entrevista do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao Estadão, anunciando um consórcio dos governos estaduais das Regiões Sul e Sudeste para atuação política coordenada, suscitou reações fortes. O governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), classificou de infeliz a declaração de Zema. “Estamos em um processo de reconstrução e aí vem alguém e faz uma declaração dessa”, disse Azevêdo. Nas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a extrema direita estaria “fomentando divisões regionais”.
Segundo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o Consórcio Sul-Sudeste está inspirado no que foi feito no Nordeste. “Nunca achamos que os Estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais Estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos Estados do Sul e Sudeste”, disse Leite.
À parte das polêmicas políticas, das quais cada lado tenta tirar proveito, o fato é que a entrevista de Romeu Zema joga luzes sobre um problema que não é de hoje: a sub-representação política dos Estados mais populosos na Câmara dos Deputados. De um total de 513 cadeiras, o Estado de São Paulo tem 70, numa evidente desproporção em relação ao tamanho de sua população.
Essa sub-representação tem origem na própria Constituição. Apesar de definir que a distribuição de cadeiras na Câmara dos Deputados deva ser proporcional à população, o texto constitucional estabelece que nenhuma unidade da Federação terá “menos de oito ou mais de setenta deputados”. As diferenças no tamanho da população de cada Estado são mais amplas do que o intervalo entre oito e setenta.
Ao criticar essa sub-representação, o governador de Minas Gerais também responsabilizou os próprios Estados do Sul e do Sudeste pela ausência de um peso político adequado. “Outras Regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos”, avaliou.
A articulação política é elemento essencial de toda democracia. E não cabe recriminar, como se fosse algo negativo ou mesmo antidemocrático, essa nova organização dos Estados das Regiões Sul e Sudeste na defesa de seus interesses políticos. O que não pode haver, pois afrontaria os valores e os fins da Constituição, é uma articulação para nutrir conflitos ou fomentar divisões regionais. Ou que difundisse a ideia de que cada Estado deve atuar exclusivamente na defesa de seus interesses imediatos, indiferente à situação das outras unidades federativas. O País é um só.
A Constituição é expressa em seu art. 3.º. Um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é “reduzir as desigualdades sociais e regionais”. Ou seja, uma das razões que fundamentam a existência e o funcionamento do Estado brasileiro é a diminuição das desigualdades entre as diferentes unidades da Federação. Ora, esse processo só é possível se os Estados com melhores condições contribuírem de forma efetiva com aqueles em piores condições, sem nenhum tipo de preconceito, sem nenhuma reclamação. De fato, se existe uma Federação, um problema do Nordeste é também um problema do Sudeste, e vice-versa. Há esferas de competência, mas isso não significa indiferença, desprezo ou alheamento.
Como reconheceu o governador de Minas Gerais, há também pobreza no Sul e no Sudeste. “Nós também precisamos de ações sociais”, disse. É simplista e muito equivocada a ideia de que o problema do País estaria lá no Nordeste, enquanto aqui estariam as soluções. O pertencimento à Federação, mesmo com todos os ônus e limitações correspondentes, é um grande bem para todos os Estados. No fim, todos saem ganhando. Articulação política sim; divisão, rixa ou sentimento de superioridade não
NERVOS DE AÇO, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo
Luiz Inácio da Silva adiou, mas finalmente entrou no embate pela sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados daqui a um ano e meio. Com o Orçamento de 2023 em jogo, na transição precisou aceitar a reeleição de Lira a fim de não construir um 7 a 1 na conturbada largada do governo.
Agora, diante de um cenário bem melhor, o presidente atua na toada de experts que consideravam que ele havia se entregado muito cedo e de maneira total ao controlador-geral dos deputados, reeleito com inéditos 464 votos no início do ano.
Lira, obviamente, detectou o movimento, e Lula tem consciência de que o, digamos, adversário, percebeu. Portanto, não há desavisados nem ingênuos nesse jogo em que um é Tom e outro é Jerry, não necessariamente com papeis similares na corrida de gato e rato.
Lula e Lira querem coisas diferentes, mas almejam um objetivo comum: a preservação dos respectivos poderes. Lato e stricto sensu. Ambos têm ciência da força do outro e por isso necessitam agir com cuidado sem dar a impressão de que estão fazendo o enfrentamento que realmente estão.
Para Lula é importante atrair a oposição, ainda que isso não se estenda até as disputas eleitorais. Para os oposicionistas é essencial não transitar na “seca” daqui até 2026. Sendo assim, o que vemos são movimentos para atender a interesses mútuos com sinais trocados numa guerra que requer nervos de aço.
Ao menos em público, Lira os têm mais firmes que Lula. O deputado manda os recados mais contundentes em tom macio que requer leitura de entrelinhas. Já o mandatário se ocupa em reafirmar sua autoridade de modo explícito.
Não será fácil o presidente minar a influência do deputado daqui até 2025. Entre outros motivos porque o atual acerto de governabilidade sustenta-se num pacto de boa convivência e eficaz funcionalidade entre Lula e Lira, cujo rompimento pode sair irremediavelmente caro ao Planalto.
Registro. Parabéns a organização do glorioso TUPI pela feijoada promovida no ultimo final de semana. Independente de fiéis políticos temos que prestigiar os eventos da nossa cidade, principalmente para entidades como TUPI, APAE, REDE FEMININA…
Bom dia.
Sobre ações de perseguição e intimidação dos “de plantão”, a gente entende.
Pior é que por aqui, independe de sigla partidária:
está no DNA dos políticos de Gaspar.
O dia que a população gasparense acordar para os SEUS DIREITOS,
nossos (???) POLÍTICOS NUNCA MAIS DORMIRÃO TRANQUILOS 👀
Sobre sindicatos, alguns são escritos com letra maiúscula.
POLÍTICOS DERROTADOS: ONDE VIVEM? O QUE FAZEM? por Bruno Carazza, professor associado da Fundação Dom Cabral e autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” (Companhia das Letras)”, para o jornal Valor Econômico
A chamada de Sérgio Chapelin no Globo Repórter foi eternizada em memes que se multiplicam pelas redes sociais. De povos tradicionais isolados no meio da Amazônia a animais exóticos, é inevitável imaginar a voz do apresentador, acompanhada da trilha sonora do programa de variedades das sextas à noite: “De onde vêm? Como vivem? De que se alimentam?”
Inícios de governo e reformas ministeriais são oportunidades raras para trazer à luz uma espécie pouco estudada pela ciência: os políticos derrotados nas eleições. A imprensa e os cientistas políticos costumam monitorar os movimentos dos 513 deputados e 81 senadores. Sobre os políticos que não conseguiram se reeleger, porém, muito pouco se pesquisa.
A política brasileira é feita de ciclos. Embora haja milhares de cargos em disputa a cada dois anos, ficar sem mandato representa um problema existencial para os políticos, uma vez que ficam privados de seus dois principais meios de vida: dinheiro e poder.
O retorno de Lula provocou uma mudança no ecossistema brasiliense. Petistas puro-sangue e políticos de outras linhagens da esquerda migraram de todo o Brasil para a capital federal para ocupar cargos-chave da administração. Nesse processo, alguns parlamentares que não sobreviveram à lei da selva eleitoral ganharam uma nova chance com a nomeação de outros mais bem-sucedidos para a Esplanada dos Ministérios.
Foi o caso da indicação do deputado Alexandre Padilha (PT-SP) para a Secretaria de Relações Institucionais, que abriu vaga para o histórico sindicalista Vicentinho voltar à Câmara. O mesmo aconteceu com Orlando Silva (PCdoB-SP) e Ivan Valente (Psol-SP), que como suplentes herdaram as cadeiras de Luiz Marinho e Marina Silva, licenciados para ocupar os ministérios do Trabalho e do Meio Ambiente, respectivamente.
Outros derrotados nas urnas estão tendo a oportunidade de se manter em evidência no segundo escalão, como os ex-deputados Tadeu Alencar (PSB-PE), atual Secretário Nacional de Justiça, e Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama (PSB-SP). Marcelo Freixo (PT-RJ) tenta se segurar na presidência da Embratur mesmo após o Ministério do Turismo ser entregue ao Centrão.
Nesse processo de acomodação, nem todos obtêm um bom lugar ao sol. Fiel aliada do PT, a ex-deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que após três mandatos de deputada não conseguiu se reeleger, acabou ficando com uma apagada diretoria na pouco relevante Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Fora do filo da esquerda, certos políticos de direita se metamorfosearam antes da eleição para se adaptar ao novo ambiente. Alguns, como o ex-senador Alexandre Silveira (PSD-MG), agraciado com o ministério das Minas e Energia, ocuparam posições elevadas na cadeia alimentar. Outros, como o ex-deputado Fábio Trad (PSD-MS), aceitaram se acomodar numa gerência na Embratur para enfrentar o longo inverno até 2026.
A depender do grau de simbiose com os novos ocupantes do Palácio do Planalto, um posto gerencial numa estatal pode não representar tanto em termos de poder, mas significa muito em termos financeiros. Marcelo Ramos (PSD-AM), que mesmo ocupando a vice-presidência da Câmara não conseguiu se reeleger, virou consultor da Petrobras – emprego não está sujeito ao teto remuneratório do funcionalismo público.
A pressão atual do Centrão pela reforma ministerial tem como mote abrigar alguns políticos não eleitos. Margareth Coelho, braço-direito de Arthur Lira na última legislatura, ficou como suplente e está cotada para a presidência da Caixa Econômica Federal. Como já diria Eduardo Cunha, colocar um apadrinhado na diretoria de um banco oficial como Caixa, Banco do Brasil ou BNDES é mais vantajoso do que ocupar a maioria dos ministérios da Esplanada.
Se a vida de políticos sem mandato da esquerda e do Centrão está difícil, imagine a de quem está num partido de oposição ou nunca teve afinidade com o governo de plantão. Sem dispor de ministérios e estatais para se abrigar, a saída é buscar sustento em outros habitats.
Alguns voltam para seus territórios de origem. Felipe Rigoni (União Brasil-ES) tornou-se secretário de Meio Ambiente no seu estado natal. Coordenador da campanha de Bolsonaro em 2018, Julian Lemos ganhou um cargo no gabinete do governador paraibano João Azevedo.
Bolsonaristas, aliás, contam com a solidariedade para atravessar o longo deserto. Acostumados ao clima seco de Brasília, muitos resignaram-se a se tornar assessores parlamentares. Foi o que aconteceu com a Major Kátia Sastre, Coronel Tadeu e Liziane Bayer. O próprio Bolsonaro, é bom deixar claro, vive de mesada do PL mesmo após ser condenado à inelegibilidade.
Mas o maior exemplo de camuflagem política foi o do ex-deputado Heitor Freire (União Brasil-CE). Há poucos anos, em sua encarnação bolsonarista, era defensor do coronel Ustra e de Olavo de Carvalho, chegou a propor uma secretaria para a “desesquerdização” do governo e apresentou um projeto para extinguir o PT. Convertido ao lulismo, Freire sobrevive como diretor da Sudene.
Como diria Raul, na política é preferível ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
para o governo de Kleber, Marcelo e os políticos que gravitam em torno do lema quanto mais ignorante melhor, lerem. Lembrando, Gaspar não tem nenhuma escola municipal em tempo integral, muito menos contraturno sistemático e estruturado. Eu sempre combati este estado de miséria. E os nossos políticos consideram isto um atentado. Este é o tamanho não do atraso na educação de crianças e jovens, mas das cabeças dos nossos políticos.
ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL DEVE SER PRIORIDADE, editorial do jornal O Globo
Num instantâneo da educação pública brasileira, há problemas sérios. Se analisarmos o filme ao longo de 25 anos, porém, é inegável que, desde a redemocratização, a atuação conjunta de diversos governos federais, estaduais e municipais, com apoio de organizações da sociedade, tem melhorado o ensino, tornando-o mais atraente e produtivo para crianças e jovens. Embora ainda haja muito a fazer, na semana passada foi dado um passo importante na melhoria da escola pública com a sanção, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da lei do Programa Escola em Tempo Integral.
Como qualquer mudança na área educacional envolvendo toda a Federação, será um desafio para Estado e sociedade estender como norma o ensino de cinco para oito horas diárias, num único turno. Hoje, apenas 18% dos alunos em 27% das escolas públicas estão submetidos a esse regime.
As experiências em curso mostram não só a importância de conceder mais horas ao ensino, mas também as dificuldades de implementação. Como lembrou o colunista do GLOBO Antônio Gois: “No cenário ideal, 100% de nossas crianças e jovens deveriam estudar sem preocupação de complementar a renda familiar ou com o cuidado de familiares”. A realidade é bem outra. A necessidade de trabalhar é a explicação dada por 52% dos homens para o abandono da escola, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE. Para 33% das mulheres, destacavam-se entre as razões do trancamento de matrícula a gravidez e também a necessidade de trabalhar.
A partir da nova lei, o ensino em tempo integral deixa de depender da sensibilidade de governadores e prefeitos. O governo federal, por intermédio do MEC, passará a oferecer recursos para a ampliação da carga horária e a dar apoio técnico aos secretários de Educação.
Uma das expectativas é que caia o elevado índice de evasão no ensino médio. De acordo com as últimas informações disponíveis, relativas a 2020, a taxa de abandono escolar foi de 1,5% e 3,1%, respectivamente, nos ensinos fundamental 1 e 2. No ensino médio, chegou a 6,9% (e a 8,2% no primeiro ano do ciclo). Para efeito de comparação, em 2008 os índices eram de 3,2% e 7,2% no fundamental 1 e 2 e de 14,2% no ensino médio. Melhorou, mas ainda é pouco.
No campo pedagógico, espera-se que a reforma do ensino médio, cuja implantação foi suspensa pelo governo, consiga, com a flexibilização, atrair os jovens para o turno integral, inclusive aqueles que desejam um curso técnico profissionalizante.
Com o ensino em tempo integral, será preciso que os governos federal, estaduais e municipais criem bolsas para alunos do Novo Ensino Médio, como já existem em estados como Alagoas. É a única maneira de permitir ao jovem que precisa trabalhar que estude, complete o ensino médio e possa entrar na universidade.
É difícil executar uma política educacional eficiente em um país de dimensões continentais com enormes desigualdades sociais. Exemplos internacionais de sucesso têm eficácia limitada. “Se trouxerem para o Brasil uma escola da Finlândia, ela não vai funcionar”, diz um especialista em educação. Precisamos encontrar nosso caminho, e a escola em tempo integral é um passo no rumo certo.