PT ENTRA NA PARADA PARA ESCLARECER OS FATOS E COMPLICA AINDA MAIS A CANDIDATURA DE MARCELO A DEPUTADO ESTADUAL PELO PATRIOTA

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A vida do vice-prefeito e candidato a deputado estadual Marcelo de Souza Brick que em segredo deixou o PSD no qual, vejam bem, ele próprio era o presidente da comissão em Gaspar para então se filiar ao Patriota – que nem comissão possui por aqui – no último minuto desta janela de possibilidade, ganhou verdadeiramente um novo capítulo. Ele é bem complicador.

Se Marcelo não cuidar direito naquilo em que está metido, será um candidato vivo-morto nesta disputa. Além de buscar votos para uma eleição aparentemente difícil, já está obrigado a provar que fez a coisa certa. Ou seja, perderá o foco na cabala de votos. E para piorar, tudo ficará mais complicado, avaliam especialistas com que contatei e até mesmo gente do seu entorno. 

Se eleito, Marcelo corre um risco muito sério de ver ser a sua diplomação, ou o seu mandato – se eleito -, permanentemente ameaçado em virar pó e ser parte de uma história triste.

Qual a causa disso, além da já conhecida.

É que a Federação Brasil Esperança, feita pelo PT, PCdoB e PV, acabou de ingressar na Justiça Eleitoral pedindo para ser um “terceiro interessado” nesta disputa judicial e nas alegações finais, ela foi fulminante – na minha avaliação – nas dúvidas que há sobre esta mudança de partido feita por Marcelo e seu grupo, no qual se destaca o parceiro de vida política dele, o vereador Giovano Borges, PSD. 

Giovano “retornou” ao PSD. Ele é o atual presidente da comissão provisória do partido em Gaspar. Giovâno, contudo, também já “saiu” do PSD, para manobrar na eleição a prefeito de 2016, quando foi dar no PSB e assim criar uma falsa coligação com o PCdoB para ser o vice de Marcelo na busca da prefeitura de Gaspar. Marcelo e Giovâno perderam naquela oportunidade para a primeira eleição de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Hoje Marcelo é o vice de Kleber, que o anulou para não ser concorrente com chances em 2020.

Não vou me tornar enfadonho e repetir o que já escrevi sobre este assunto tudo disponível neste blog aos leitores e leitoras.

Fatos novos? Primeiro os velhos. 

No domingo, o advogado de Blumenau, João Paulo Fritzen, o que levantou o problema de que Marcelo supostamente não teria se filiado no Patriota até a meia-noite do dia dois de abril como exigia à legislação eleitoral, reforçou nas alegações finais as gritantes incoerências dos depoimentos das testemunhas de Marcelo à Justiça Eleitoral há duas semanas. Uma peça não encaixa na outra. Todos pisando sobre ovos. Inseguros.

Estas incoerências eu já as havia apontadas aqui. 

No pedido de João Paulo à Justiça, ele quer o Giovâno descaracterizado de testemunha que foi a favor de Marcelo naquela audiência, mas considerado apenas um informante; quer Giovâno e Diego Inácio Vilvock, o que assinou a ata do partido como redator dela e depois disse que era apenas um rascunho, investigados por falso testemunho e pediu para que no assunto fosse levado a Polícia Federal por suposta falsificação eleitoral, além de naturalmente pedir o indeferimento do registro da candidatura do Marcelo.

UM PAULADA COM DETALHES MUITOS INCÔMODOS

Eu não vou entrar em muitos detalhes das alegações finais do Federação Brasil Esperança, mas que a lê, tem a sensação de que ela deixou realmente o candidato Marcelo de Souza Brick, Patriota, exposto e numa sinuca de bico para dará muito trabalho à sua defesa. É de se perguntar, como Marcelo pode deixar tantos flancos expostos. Tratou esta transferência com tanto sigilo e desdém no âmbito administrativo e no ato político em si como se fosse mais uma de suas viagens na vida de político profissional para ser o centro das atenções e poder pelo caminho mais curto.

Pode ser que Marcelo e seu grupo tenham escolhido o mais perigoso e tortuoso.

O que quer a Federação? Que o registro de Marcelo a deputado estadual seja indeferido e que tudo vá parar na Polícia Federal e Procuradoria Eleitoral, tratado como crime eleitoral e falsificação de documentos. Para quem se gaba de ter o corpo fechado perante as instituições investigativas e de julgamento, a coisa pode estar se complicando.

Na peça, a Federação admite e condena a brecha operacional proporcionada pela própria Justiça Eleitoral e a Legislação. Ela, na verdade, criou um hiato quase “irrastreável” entre o prazo final da filiação do candidato que era dois de abril com a obrigação do partido de comunicar isso no dia 12 de abril, tudo como se fosse o dia dois de abril. É aí que pode estar o pulo do gato que se tenta esclarecer e culpar Marcelo, e onde também pode morar o perigo de se cometer injustiças. E na dúvida, o réu sempre leva vantagens.

Mas, Marcelo e sua turma ao invés de colocar uma pedra sobre isto, dando transparência não só agora, mas no início do processo, ou seja, lá no dia dois de abril, só aumentaram as dúvidas contra eles próprios neste momento crucial. E querem se beneficiar delas.

Mas, qual o fato novo nesta história toda bem explorada nesta nova peça que foi parar na Justiça Eleitoral contra Marcelo? O NÃO PREENCHIMENTO ESTATUTÁRIO. Textualmente está nas alegações finais da Federação:

“Pois bem, a ficha de filiação juntada pelo requerente em sua manifestação possui apenas a assinatura do próprio requerente, ou seja, está nitidamente caracterizada a ausência da assinatura da presidência da Presidência da Comissão Executiva Municipal, Estadual ou Nacional da agremiação partidária Inclusive, é interessante mencionar que o Patriota sequer existe no Município de Gaspar. Nem mesmo na forma de uma Comissão Provisória“. Ai, ai, ai…

Isto eu já havia mencionado em artigos anteriores. Agora está na Justiça. “Na própria ficha o candidato afirma ser filiado ao PSD e não ter realizado a desfiliação“, acentua as alegações da Federação contra Marcelo, mesmo reconhecendo que “o documento unilateral de ficha de filiação não preenche o requisito estatutário previsto, e ainda, considerando o impacto no processo eleitoral, é competência da Justiça Eleitoral analisar a validade da referida filiação”.

Dois outros pontos explorados foi a tal “ausência de público” na filiação partidária. Ora, um político precisa de espetáculo. Ainda mais quando muda de partido, exatamente para se justificar, fazer dele um ato de pré-campanha, estimular seus apoiadores que ainda devem fidelidade ao partido original.

Mas no caso de Marcelo, contrariando a marquetagem do governo onde ele está, a prática comum dele, a exposição quase exacerbada que faz das suas redes sociais e em algo tão fundamental para o político, para o antigo e novo partido, nem um pio foi dado para tornar público este ato, seja em aplicativos de mensagens, redes sociais, veículos tradicionais e até mesmo reuniões reservadas. Nenhum ato formal. Impressionante.

A outra foi a mentira contada de que, a reunião do dia 11 era do Gecom – Gestão Compartilhada da estrutura administrativa da prefeitura de Gaspar. A Gecom é tocada por um dos membros do diretório do PSD. Esta mentira era descaracterizar a reunião do partido e dar outro sentido à ata que foi parar na Justiça como arma contra Marcelo que estava naquela reunião e até a presidiu, como asseguram documentos que viraram pepelinhos irresponsáveis.

De verdade? A reunião do Gecom, como mostra o calendário da prefeitura de Gaspar, só aconteceu dois dias depois, no dia 13 de abril, em outro local e com outra audiência. E assim vai.

E para encerrar, e isso não está em nenhuma das peças que foram à Justiça até agora. Se era uma reunião do PSD por que ela não foi presidida pelo vice da época da comissão gasparense do PSD, Rogério Olinger? Se era uma reunião do Gecom, porque o vereador Giovano – que não tem nada a ver com a Gecom a assinou e na qualidade como vereador, que deve ser o fiscal do Executivo? Quando mais explicam, mas se enrolam! Acorda, Gaspar!

Para você acompanhar melhor os detalhes dos processos e das alegações dos que noticiaram i possível fraude e a defesa do candidato, acesse:

https://consultaunificadapje.tse.jus.br/#/public/resultado/0601414-40.2022.6.24.0000

TRAPICHE

Nunca a frase do ex-primeiro ministro do Brasil, o mineiro Tancredo de Almeida Neves, caiu tão bem para este caso: “a esperteza quando é demais, ela come o dono.

Marcelo de Souza Brick, Patriota, reclama deste espaço. Ele e o “parça” Giovano estão chorando de barriga cheia. Sempre disseram por aí que ninguém lê estas mal traçadas linhas e que não há credibilidade naquilo que se expressa aqui. Então, devem gastar tempo com outros, com algo que lhes tira o sonho e com a defesa daquilo que está na Justiça Eleitoral.

Marcelo e o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, são da mesma leva de “novos” políticos. Fizeram dos cargos políticos e públicos suas razões de serem e viverem. Estão, na verdade em lados opostos. E se Marcelo olhar bem para si e o seu redor, conhecerá melhor os problemas e terá certeza de que foi ele quem os criou.

Marcelo está sendo queimado pelo fogo amigo, mas porque foi ele quem ofereceu a combustível de alta octanagem para essa fogueira. Uma parte está no seu comportamento ambíguo e à suposta falta de fidelidade partidária, a palavra empenhada e não cumprida, bem como nos projetos de poder excludentes. 

Soma-se a tudo isso, as companhias, incluindo o parceiro Giovano Borges. E ainda, nesta longa lista está a forma com que Marcelo costuma encurtar o que, naturalmente, passaria por um amadurecimento para criar confiança no grupo. Aliás, é de se perguntar que é mesmo o grupo de Marcelo hoje em dia?

Para chegar à presidência da Câmara, na única eleição que venceu até hoje, Marcelo fez um acordo com o PT de Pedro Celso Zuchi. Para se viabilizar candidato a prefeito em 2016 fez um acordo com o PCdoB e fechou as portas para a composição mais ampla, colocando Giovâno na vice, numa saída fingida dele do próprio PSD para onde voltou.

Pelo poder fácil, Marcelo deixou de enfrentar o próprio Kleber pela segunda vez e desta vez com chances de vencer. Caiu numa cilada bem armada do MDB, PP e PSDB. Já ali, mostrou que estava desprotegido, ou que não acreditava em si próprio, que não tinha grupo e que duvidava dos seus próprios votos.

Acreditou que seria prefeito por quase três anos, ouviu a promessa e não a amarrou como uma realidade a ser cumprida. Perdeu até a secretaria de Educação a que o PSD tinha direito. Veio um curioso de Blumenau para ocupá-la, a mando do novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado Ismael dos Santos, PSD. Ou seja, Marcelo não percebeu os sinais. Ofereceram a isca, e ele a engoliu.

E pode estar aí parte da origem dos problemas de Marcelo. Ele não possuía domínio do diretório que era mera fachada, não tinha grupo e por consequência, não tinha liderança e não conduzia os para resultados. Marcelo e os remanecentes do diretório ficaram fracos. Foram engolidos dentro do próprio ambiente de poder onde Marcelo se tornou uma peça decorativa. 

Para fugir dela, inventou-se candidato a deputado estadual. Viu que não teria êxito na legenda do seu PSD. Encontrou uma saída milagrosa chamada Patriota. Como não estava organizado e protegido, ficou exposto. Agora, é uma peça a ser aniquilada. E com provas. 

Os adversários, como o PT que já foi aliado, apenas cumpre um papel de defender o que lhe é de direito e que Marcelo não soube construir e sequer preservar. Mais uma lição. 

Em política não basta ser um rosto bonitinho. É preciso ter estômago, estrutura, carisma e determinação. Marcelo, por enquanto é apenas um rosto. Os verdadeiros rostos que lhe deixaram ao relento, sabem o que querem. E Marcelo não já faz mais parte desse abrigo. Acorda, Gaspar!