Pesquisar
Close this search box.

PREFEITURA DE GASPAR EMERGENCIALMENTE RASPA O TACHO EM R$22 MILHÕES PARA PAGAR DÍVIDAS E SE MANTER EM PÉ NAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS MÍNIMAS DA EDUCAÇÃO

Enquanto todos em Gaspar estavam quietos – não só a imprensa, mas incluindo os candidatos com chances de vencer fora do atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, os quais vão herdar um abacaxi financeiro podríssimo das contas públicas-, eu no dia seis de junho escrevi, mesmo exposto às maldições dos que estão no poder de plantão: PORTAL TRANSPARÊNCIA DA PREFEITURA DE GASPAR ESCONDE OS NÚMEROS DA CIDADE E DOS CIDADÃOS. MAS, AUDÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA SEM QUESTIONAMENTOS, REVELA QUE CONTAS E INVESTIMENTOS ESTÃO COMPROMETIDOS 

Antes de prosseguir neste artigo desta segunda-feira, por favor, leiam, releiam ele no link acima e vejam como eu estou, mais uma vez, com a alma lavada por essa gente que vive apregoando que, tudo o que eu escrevo, é falso ou está a mando de alguém. 

Bingo. O artigo do dia seis de junho é, na verdade, o copia e cola de uma realidade que o governo de Kleber e Marcelo esconde há muito da cidade, cidadãos e cidadãs por jogo, pura má gestão, escolhas erráticas de prioridades, bem como do empreguismo para se manter de pé, sem questionamentos, num arco que reuniu dez – a Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) – dos 13 vereadores. A Bancada do Amém – que já teve o ex-emedebista Francisco Hostins Júnior, hoje no PL – aprovou tudo o que o governo de Kleber e Marcelo quis. Deu no que deu. Ou está dando errado depois de oito anos.

Os poucos números que a má transparência permitiu escrutiná-los naqueles dias e que formataram o artigo que está no link do blog, já não deixavam a menor dúvida. 

E não deixaram na terça-feira da semana passada, quando aportou na Câmara o PL 53/2024 e que deve estar pautado para amanhã. Ele é mais um, em quase uma centena de Projetos de Lei do tal “anula e suplementa dotações orçamentárias no Orçamento vigente da administração direta e indireta de Gaspar”. E a senha do sufoco do governo foi dada pela “sinceridade” ou indiscrição política, naquela sessão, pelo próprio presidente da Câmara, aliado de Kleber e Marcelo, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP. 

Melato quebrou os prazos, para tramitar o PL 53/2024 que terá o líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, como relator. O PL vai mexer em R$22 milhões do Orçamento de uma só tacada. Outros milhões de reais vieram distribuídos em outros desde os primeiros dias deste ano em Projetos de Lei menores para se disfarçar o erro da peça de ficção que se tornou o Orçamento Municipal.

Tem contas para serem pagas e elas tem prazos“, justificou Melato para dessa forma, diante de fatos e urgência, ele poder usar justificadamente o Regimento Interno e dar celeridade naquilo que está acuando as contas do governo de Kleber e Marcelo. Então…

A FALSA PROPAGADA DE UMA GESTÃO PLANEJADA

Na justificativa bem suscinta, o próprio prefeito Kleber avaliza o meu artigo postado aqui dia seis de junho quando diz que R$2,3 milhões vão para pagar juros da dívida e outros R$1,9 milhão vai para os subsídios ao transporte coletivo, algo sob névoa no escrutínio dos números no Portal da Transparência e do debate público.

Nada como um dia após o outro para se desmascarar a marquetagem feita para enrolar analfabetos, ignorantes, desinformados e dependentes destes políticos E por quê?

É que a melhor e genérica confissão de Kleber foi para um item específico do artigo que tratei como “os números revelam o desleixo com a educação“. 

O que o prefeito Kleber está dizendo aos vereadores? Que está precisando de R$9,25 milhões de outras secretarias e contas para o “cumprimento do mínimo constitucional na Educação Infantil e Fundamental de 25%, além de  R$6,25 milhões para a alimentação da Educação Infantil e Fundamental. Ulalá. Vá errar a mão desse jeito no Orçamento lá em Bagdá.

A secretaria de Educação, para ser lembrado, mais uma vez, é tocada pelo irmão de templo, aparentado indicado pelo deputado Federal, Ismael de Souza, PSD, de Blumenau, e prefeito de fato de Gaspar, o jornalista Emerson Antunes, PSD, vindo de Blumenau. Aqui se criou fantasias. Fez-se há poucos meses – depois de quase sete anos – de uma escola com robótica (foto de abertura do artigo) e CDI como modelos que estão ausentes em todos os outros educandários municipais gasparenses. Faltou o básico como contraturno que se ensaia no improviso e a escola em tempo integral, mesmo ela tendo subsídio Federal para ser implantada por aqui. Impressionante.

O que significa tudo isso, além de lavar a minha alma e dos meus leitores e leitoras que não foram enganados, mais uma vez, por mim como se apregoa na cidade pelos poderosos de plantão? Que este é apenas o início do ajuste financeiro difícil que poder Executivo e Legislativo vão fazer até o final do atual governo para não deixar o prefeito exposto na Lei de Responsabilidade Fiscal e até inelegível. E que o poço sem fundo da Saúde, principalmente o Hospital de Gaspar, vai gerar mais dor de cabeça para o governo na reta final de campanha eleitoral por falta de recursos. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Sexta-feira pode ser publicada a primeira pesquisa eleitoral de Gaspar registrada para isso. O PL, a cúpula do PP – que tem candidato próprio, mas apoia outro candidato em outro partido – e empresários, continuam inconformados e pressionando o Republicanos que foi tomado pelo deputado Federal, Jorge Goetten, ex- PL, e indicado por Jorginho Melo, a rifar Oberdan Barni, por supostamente não ter votos.

Oberdan Barni fez a “convenção” pública no sábado pela manhã na Sociedade Alvorada e a lotou. Estranho para quem não possui votos como se alega, ainda mais sem comissionados e apoio dos poderosos de Gaspar. Mais estranho, é a tentativa de retirá-lo da disputa exatamente por supostamente não ter votos e os que possui está, segundo o PL, está na elite da cidade. A pesquisa, quando publicada, é mais uma ferramenta que o PL usará para obrigar o Republicanos a desistir do pleito em Gaspar e se converter em PL.

Há atos, fatos e fantasias na política em Santa Catarina que se assemelham ao que está acontecendo na Venezuela e a “reeleição” Nicolás Maduro. Está na cara de todos, mas se constroem narrativas para desmenti-las. Estas convenções que estão se realizando pelo estado de Santa Catatina vão mostrando duas coisas. A primeira delas, é que o governador Jorginho Melo deixou o governo e está em campanha. E a segunda, que se ele não cuidar e governar, o PSD vai ser a sua casca de banana e com ajuda de um tal Jair Messias Bolsonaro, PL, ao prefeito de Chapecó, João Rodrigues.

Começou a campanha eleitoral em Gaspar. Com a Saúde em frangalhos, a culpa a passou ser, indevidamente, do governo do estado. Morreu uma senhorinha na fila de espera há quatro anos por uma cirurgia no joelho. As redes sociais esquentaram. O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, tiraram o corpo fora. Aguardavam pela “regulação”, ou seja, autorização, do governo do estado governado pelo PL de Jorginho Melo. Entenderam? Mas, perguntar não ofende? Não é Kleber que jura não ter fila de espera na Saúde em Gaspar? Durma com um barulho desses.

No artigo principal de hoje, está claro que a Educação, em Gaspar, não é exemplo para ninguém nos dias de hoje. Mais. Para qualquer gasparense minimamente informado, o nome Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, é sinônimo de problemas, tanto que ele depois de ser o todo poderoso do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, teve que bater em retirada, devido aos áudios editados vazados, mostrando conversas cabulosas do governo onde ele operava e encurralava.

E Kleber Edson Wan Dall, MDB, está dobrando as apostas no seu guru e irmão de templo. Nesta semana, Kleber assume a Fecam – Federação Catarinense de Consórcios, Federação de Municípios e de Municípios. Já tinha nomeado Jorge Luiz Prucino Pereira para ser o seu braço direito na área administrativa da Fecam. Hoje, Jorge foi palestrante, pela Fecam, na abertura do segundo semestre do ano letivo em Indaial. Outra vez, perguntar não ofende: o que Jorge tem a ensinar aos de Indaial e que não ensinou ainda aqui aos da Educação?

Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come. O PT de Luiz Inácio Lula da Silva e sua Janja sabe que está no fio da navalha. O discurso de ontem a noite, surpreendendo e fazendo falsas promessas, como conter os gastos públicos, foi o mais eloquente sinal de que o partido deverá sair enfraquecido, mesmo fazendo alianças, onde entregou a cabeça de chapa para não sair derrotado diretamente.

Em Blumenau, o primeiro tiro pela culatra foi o anúncio de greve nos transportes coletivos. O outro, está na ponta da agulha: a insistência dos movimentos sociais e provos originários donos de chantagens na operação da barragem Norte, em José Boiteux. E se o PT de Brasília for mal, se o PT padrinho de Blumenau for mal, vão contaminar a entidade Pedro Celso Zuchi, o qual tentará ser prefeito pela quarta vez em cinco tentativas. A Venezuela está aqui, com a imigração forçada para que nada seja esquecido.

Como funciona a atração e separação convenientes. O ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, MDB de origem e agora no PL, inventou o Oberdan Barni candidato no Republicanos, pela aproximação que ele tem com o ex-vereador de Blumenau, Egídio Beckhauser. Os poderosos de Gaspar, viram um perigo esta união. Trataram logo desestabilizá-la. E Adilson foi dar no PL onde se tornou a estrela candidato a vereador.

Tão logo Adilson Luiz Schmitt ganhou brilho próprio nesta candidatura, os mesmos que o atraíram, cortaram-lhe a luz. E ele está órfão e meio que perdido. Agora, estes mesmos que o lançaram nas trevas, querem a garganta de Oberdan Barni, Republicanos, como troféu.

A imprensa e suas apurações.  Na ilustração ao lado, a ND rádios publicou em seu site, as prefeituras com maiores salários de Santa Catarina de seus prefeitos. Estranhamente, excluíram Gaspar e não corrigiram. Ou pesquisaram mal, ou informaram mal. Pelo mesmo ranking, o salário do prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, é o quinto mais alto de Santa Catarina: R$35.042,22 brutos. 

E para que não haja a menor dúvida, ao lado da publicação da ND, uma foto do computador aberto no Portal da Transparência de Gaspar. Mesmo com este erro, é uma boa tabela comparativa da disfunção que é o salário de um prefeito, em relação à sua importância econômica. O quinto maior de Santa Catarina? Meu Deus!

Registro. O “seo” Pedro de Souza fez 106 anos. É o homem mais idoso a morar em Gaspar. Pedro, ou Pedrinho, ou “seo” Cobrinha, era um craque no cavaquinho e nas rodas de amizades.

Uma frase repassada por um leitor do blog: “as pessoas não mudam quando chegam ao poder. Elas se revelam”. Hum!

Compartilhe esse post:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Email

7 comentários em “PREFEITURA DE GASPAR EMERGENCIALMENTE RASPA O TACHO EM R$22 MILHÕES PARA PAGAR DÍVIDAS E SE MANTER EM PÉ NAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS MÍNIMAS DA EDUCAÇÃO”

  1. Pingback: NENHUM CANDIDATO A PREFEITO DE GASPAR FOI À AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CÂMARA QUE DISCUTIU O ORÇAMENTO E QUE O VENCEDOR ADMINISTRARÁ. A PEÇA DE FICÇÃO DE R$510 MILHÕES DE RECEITAS, OU SEJA, 0,39% A MAIS QUE O DESTE ANO. A INFLAÇÃO PROJETADA RONDA OS

  2. A TOLICE DA ESPERANÇA, por Joel Pinheiro da Fonseca, no jornal Folha de S. Paulo

    A esperança é mesmo um veneno. Poucas horas depois de Nicolás Maduro se declarar vencedor de uma eleição roubada do início ao fim, sem nem se dar ao trabalho de publicar as atas eleitorais, já me pego torcendo para que os protestos contra seu regime que pipocam por todo o país cresçam e finalmente o destronem.

    Levantes populares massivos podem forçar a renúncia do ditador? Podem. Mas, como ele tem o apoio das Forças Armadas, conta com milícias armadas paramilitares e já mostrou no passado que não tem o menor problema em matar centenas de manifestantes, não parece um desfecho provável. É apenas a esperança completamente irracional que insiste em manter viva sua pequena chama.

    O Brasil bem que tentou ajudar na transição para a democracia. Fomos testemunha do Acordo de Barbados, em que Maduro e opositores se comprometeram a ter eleições presidenciais limpas, transparentes e justas em 2024. Esse acordo foi rasgado e jogado no lixo pelo ditador. De nossa parte, a participação cobra um preço: o governo brasileiro tem o dever de se pronunciar.

    A urna venezuelana, assim como a nossa, imprime boletins de urna. Esses estão sendo sonegados pelo governo. Quanto mais tempo passa, maior a chance de surgirem boletins falsificados. Além dos boletins, as urnas venezuelanas também imprimem votos. Sua recontagem pública deve ser exigida pela oposição. Cabe ao Brasil se juntar a esse coro.

    Nossa diplomacia pode e deve ser cautelosa e cobrar as atas eleitorais e demais provas antes de emitir seu veredito. Mas quando elas finalmente chegarem —ou, o que é mais provável, quando ficar claro que elas não chegarão—, será preciso fazer uma escolha: respaldar a farsa que vimos se desenrolar na Venezuela ou apontá-la com clareza.

    O que não significa que o Acordo de Barbados tenha sido um erro. Era um possível caminho para a redemocratização. No passado, tentamos a estratégia oposta: o endurecimento e corte nas relações. O governo Bolsonaro chegou a reconhecer Juan Guaidó como presidente legítimo. Lá atrás, não havia como saber se daria certo. Foi um fracasso. Assim como foi um fracasso a tentativa de influenciar o regime por meio da diplomacia amigável.

    Neste momento, mesmo os governos de esquerda não ditatoriais da América cobram transparência da Venezuela: Brasil, México, Chile; todos na mesma toada. Realisticamente, não deve importar muito. Maduro já se prontificou e expulsou os diplomatas de sete países que teceram críticas ao pleito.

    A moral da história é que temos muito pouca influência sobre a política de nosso vizinho. Não resta muito a fazer. Sanções já se revelaram um erro. As sanções econômicas impostas pelos EUA aprofundaram a crise social e em nada enfraqueceram o regime. Pelo contrário, seu controle sobre a sociedade se fortaleceu. A sanção cai como uma luva no discurso populista, segundo o qual todos que se opõem ao governo são traidores da nação; e passam a ser lacaios dos inimigos externos.

    É do nosso interesse manter comunicação aberta com o regime Maduro tendo em vista diversos objetivos: compra de energia, recebimento de dívidas antigas, questões da fronteira etc. Fora disso, qualquer ambição de ajudar na mudança de um regime que já prendeu centenas, matou milhares e presidiu sobre uma brutal catástrofe humanitária só nos desmoraliza. No momento, podemos apenas torcer pelos manifestantes —sabendo perfeitamente que Maduro não estava brincando quando falou em “banho de sangue”. Mantenho viva a tola esperança de que a democracia ainda pode triunfar, bem como a convicção de que todos os que apoiam esse regime ou buscam emular seus atos deveriam ser banidos da vida pública brasileira.

  3. É ASSIM QUE FUNCIONA UMA DITADURA, editorial do jornal O Globo

    Para surpresa de ninguém, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), um simulacro de Justiça Eleitoral na Venezuela que há anos se submete às ordens do Palácio de Miraflores, declarou a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial de domingo passado. Segundo o órgão chavista, o ditador teria recebido 51,2% dos votos válidos, ante 44,2% dados ao oposicionista Edmundo González Urrutia. Qualquer número poderia ter sido chutado, pois a eleição, evidentemente, foi uma fraude.

    Maduro não sobreviveria politicamente se fosse exposto ao ar das liberdades individuais e da soberania da vontade popular. Ciente disso, mais uma vez, o caudilho exerceu seu controle total sobre o Estado e suas instituições na Venezuela. Do início ao fim, o processo eleitoral foi conspurcado. Nesse sentido, a oposição jamais teve a chance real, por mínima que fosse, de derrotar Maduro nas urnas. É assim, afinal, que funciona uma ditadura.

    O grande mérito de Urrutia e María Corina Machado – hoje a principal líder da oposição ao chavismo, a mulher que teria enfrentado Maduro caso não tivesse sido cassada pelo regime sob a falsa alegação de corrupção – foi ter reafirmado para o povo venezuelano e para o mundo, tal como uma anticandidatura, que a assim chamada “democracia” na Venezuela é uma farsa. “Todas as regras foram violadas”, afirmou Urrutia ainda na noite de domingo. Maduro não demorou para se autoproclamar oficialmente o vencedor, em clara demonstração de desdém com as preocupações da comunidade internacional.

    A fim de não correr o menor risco de ser defenestrado do poder pela força das urnas, o que teria acontecido não fosse o recurso à fraude, Maduro cometeu uma pletora de arbitrariedades ao longo dos últimos meses, a começar pela cassação sumária de todas as candidaturas que, em dado momento da campanha eleitoral, cresceram como uma ameaça real a seus interesses.

    Diversos oposicionistas foram presos – e os que não foram sofreram a brutal intimidação do regime antes, durante e depois do pleito. No dia da eleição, as temidas Milícias Bolivarianas, conhecidas como “Coletivos”, circularam em suas motos pelas seções eleitorais de Caracas armadas até os dentes, mostrando aos eleitores até onde ia, de fato, sua liberdade de escolha. Cerca de 4,5 milhões de venezuelanos exilados e aptos a votar no exterior foram impedidos por Maduro de exercer seus direitos políticos.

    Jamais se tratou de uma eleição justa na Venezuela, em que pese a demonstração de união das forças de oposição ao regime ter representado a melhor chance de derrotar o chavismo nos últimos 25 anos. A rigor, Maduro se proclamou vitorioso em uma eleição na qual foi derrotado.

    Não surpreende que o CNE tenha resistido a fornecer as atas de votação das seções eleitorais à oposição e aos escassos observadores internacionais presentes na Venezuela. Esses documentos, que poderiam atestar que Urrutia foi o grande vencedor das urnas, talvez jamais vejam a luz do dia.

    Por meio de nota, o governo brasileiro saudou o “caráter pacífico da jornada eleitoral” na Venezuela, de resto um teatro para iludir incautos de que a reeleição de Maduro teria transcorrido dentro da mais absoluta normalidade democrática. Mas ao menos cobrou a publicação das atas de votação, gesto classificado pelo Itamaraty como “um passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. Já é alguma coisa, sobretudo em se tratando do governo de Lula da Silva, aquele para quem há “excesso de democracia” na Venezuela chavista.

    Enquanto o Brasil tenta se equilibrar entre suas obrigações constitucionais de defesa da democracia e os compromissos ideológicos de Lula com o chavismo, outros governos foram muito mais firmes. Os EUA, por exemplo, manifestaram “sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”. E o insuspeito presidente do Chile, Gabriel Boric, que é de esquerda, disse que “é difícil de acreditar” na vitória de Maduro. Quem preza verdadeiramente a democracia também não acredita.

  4. OS DEMOCRATAS E OS OUTROS, por Pedro Dória, no jornal O Globo

    O bolsonarismo separou, na direita brasileira, quem tinha convicções democráticas de quem não tinha. Não é uma afirmação justa para fazer a respeito de todos os brasileiros que votaram em Jair Bolsonaro em 2022. A maioria das pessoas não pensa muito sobre política, no máximo lida como se fosse esporte com torcida. Não é o caso de todo mundo que pensa política diariamente e compreende o processo democrático. Bolsonaro deixou claro no governo que não era democrata. Quem entendeu isso e seguiu, pois é. Esta eleição na Venezuela terá efeito similar na esquerda. Separará os que têm convicções democráticas dos que não têm.

    Vamos ser claros: houve fraude. Para ser mais claro: há um golpe de Estado em curso na Venezuela. Um autogolpe sendo impetrado pelo governo Nicolás Maduro.

    No momento em que o Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo presidente, anunciou a vitória com 80% das urnas apuradas, muitas coisas estavam ocorrendo. Desapareceram 60% dos boletins de urna. Lá, como no Brasil, esses boletins devem ser tornados públicos em cada seção eleitoral. Dão a quantidade de votos que cada candidato recebeu em cada urna. A oposição só teve acesso a 40% deles. Durante a noite e madrugada, motociclistas da milícia bolivariana e militares ameaçaram e intimidaram pessoas que esperavam esses resultados à porta de zonas eleitorais por todo o país. Urnas foram retiradas ilegalmente ainda não sabemos de quantas seções.

    Ou seja: não basta que o CNE apresente um número fechado de votos. Não é assim que funciona. O TSE, aqui, não faz isso. É preciso apresentar a lista de que urnas foram apuradas, quantos votos cada candidato tinha em cada uma, e esse número precisa bater com os boletins físicos tornados públicos nas seções. No Brasil é assim. É isso que faz uma eleição digital segura. Todo brasileiro pode, imediatamente, conferir o resultado de quantas seções quiser. Basta fotografar os boletins e comparar com o que diz sobre aquela localidade o site do TSE.

    Na Venezuela, deveria ser igual. Mas não são apenas os boletins em papel que desapareceram. O site do CNE também ficou inacessível.

    O governo Nicolás Maduro não permite que Henrique Capriles, líder da centro-esquerda, concorra às eleições. Não permite que Leopoldo López, da centro-direita, dispute o cargo. Bloqueou, neste ano, María Corina Machado, a terceira líder mais importante da oposição. Ela não foi a única proibida de se candidatar.

    O Instituto V-Dem, que reúne centenas de cientistas políticos no mundo dedicados a avaliar democracias, classifica os regimes em quatro. Democracia liberal, democracia eleitoral, autocracia eleitoral e autocracia fechada. Numa democracia liberal, não só todos têm chances de vencer nas urnas, como todos os cidadãos são realmente iguais perante a lei. O Brasil é uma democracia eleitoral. As eleições são livres, mas cumprimos só a porção “democracia” do regime. Não garantimos a todo cidadão que ele terá rigorosamente os mesmos direitos de todos os outros, como exige a porção “liberal”. Democracia liberal fica para os suecos, não são muitas pelo mundo. A Venezuela é uma autocracia eleitoral. Não é garantido a todo mundo o direito de concorrer numa eleição, mas elas pelo menos existem e alguma chance a oposição tem de chegar ao poder.

    Ou tinha. Na classificação do V-Dem, só havia uma autocracia fechada nas Américas. Cuba. Se a vitória de Maduro se consolidar, mesmo com a boca de urna do Edison Research confirmando a derrota em 64% para Edmundo González e 31% para Maduro, a coisa muda. Se a fraude for mantida, e o golpe de Estado se consolidar, até o arremedo de eleições que a Venezuela tinha deixará de ter.

    A palavra é ditadura. Não precisamos romper relações diplomáticas — democracias se relacionam com ditaduras. Só não devemos fingir que é outra coisa. Na Venezuela não há liberdade de imprensa, existem prisioneiros políticos e tortura nas prisões, exilados e, agora, só o governismo tem chance nas eleições.

    Há motivos para achar que houve fraude em pleitos passados. A eleição em que Chávez venceu Capriles por menos de 2 pontos percentuais teve queda de luz no prédio do CNE durante a contagem, e o ex-presidente virou sobre seu opositor no período de blecaute. Eu estava lá, como observador internacional a convite do Sindicato de Jornalistas local. Mas vá — as pesquisas mostravam mesmo que seria apertado.

    Um pedaço da direita brasileira é golpista. Será bom saber, com clareza, que pedaço da esquerda está conosco no conjunto dos democratas. E que pedaço acha que democracia vale só quando é para a esquerda estar no poder. Ficará claríssimo nos próximos dias.

  5. O PT PARABENIZA AS ELEIÇÕES LIMPAS DA DEMOCRACIA VENEZUELANA

    Leia a íntegra da nota do PT:

    “O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana. Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela. Importante que o presidente Nicolas Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais. O PT seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e Caribe sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência e ingerência externa. Executiva Nacional do PT.”

    Volto

    Diante de fatos, atos, omissões e opressões, é preciso comentar mais alguma coisa a razão pela qual o Brasil está sendo levado de volta ao século 19, em pleno meados dos anos 20 do século 21?

  6. Lamentável ver o Sr. “ Desconheço “ numa situação tão cômoda , após estar envolvido em escândalos administrativos que geraram uma CPI na Câmara de Gaspar. E mais, sendo pago com dinheiro público. Espero que a FECAM por seus membros tomem as providências cabíveis.
    . Ao que parece, existe um apadrinhamento que insiste em achar que o povo de Gaspar é imbecil. Mas, as eleições estão próximas, e a resposta será a apuração de votos nas urnas.

  7. LULA TEM RAZÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Tem razão o presidente Lula da Silva ao afirmar, durante encontro do G-20 no Rio de Janeiro, que “a fome não é uma coisa natural” e que existe “por decisão política”. De fato, são decisões políticas que engendram as condições para que uma parte da população sofra de insegurança alimentar.

    Lula não disse, mas algumas dessas decisões políticas foram suas, várias delas cruciais para piorar a vida dos mais pobres. Durante longos 13 anos, ele e sua criatura, Dilma Rousseff, deixaram deliberadamente de fazer reformas que poderiam modernizar o Estado brasileiro, dinamizar o setor produtivo e estimular o crescimento sustentável da economia, condição sem a qual milhões de brasileiros ficarão permanentemente à mercê da pobreza extrema.

    A escolha política lulopetista foi deliberadamente a do atraso. Em vez de abrir a economia para obrigar a indústria e o mercado a se prepararem melhor para a competição internacional, Lula e Dilma preferiram dobrar a aposta no protecionismo, a partir de uma visão arcaica sobre o desenvolvimento. Resultado: baixa produtividade, acomodação de diversos setores a privilégios e precarização galopante do mercado de trabalho.

    Além disso, Lula e Dilma fizeram opção preferencial pela dilapidação das contas públicas como alavanca do desenvolvimento, movidos pela convicção de que o Estado deve ser o protagonista da economia, cabendo à iniciativa privada papel acessório nesse esforço. Com tal espírito, as estatais se tornaram a vanguarda dessa grande fuga para trás. A corrupção na Petrobras foi apenas o problema mais escandaloso desse modelo: o Estado supostamente indutor do crescimento sangrou até ver quase esgotada sua capacidade de atender os mais necessitados em suas carências básicas.

    O desequilíbrio das contas públicas, tão negligenciado por Lula e Dilma, levou à alta dos juros, à inflação e, por fim, à recessão – que atingiu fortemente os mais pobres, que em várias regiões do Brasil se tornaram absolutamente dependentes de programas de transferência forçada de renda para sobreviver.

    São os pobres que sofrem também com decisões políticas de Lula que ajudam a sabotar a racionalização do Orçamento. Graças à sua ojeriza à desvinculação em geral, quase não há mais espaço orçamentário para investimentos em qualquer área, a começar pela social. Com isso, o Brasil anda de lado – mas quem passa necessidades não tem como esperar que o milagre lulopetista se realize.

    No triênio 2021-2023, 8,4 milhões de brasileiros – ou 3,9% da população – passavam fome e estavam em quadro de subnutrição, segundo informou o mais recente relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, conhecido como Mapa da Fome, elaborado pela ONU. O estudo mostra ainda que um quinto dos brasileiros, ou 39,7 milhões de pessoas, se encontrava em insegurança alimentar moderada ou grave. Significa dizer que essa parcela da população ou teve dificuldade para ter acesso a alimentos ou simplesmente não teve acesso por um dia ou mais.

    Com o costumeiro tom messiânico, Lula afirmou, no pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que vai tirar o Brasil do Mapa da Fome até o fim de seu mandato. Pode até acontecer, graças à injeção de recursos estatais em programas sociais e de valorização real do salário mínimo e das aposentadorias. Mas nada disso garante que a trágica situação será superada de vez. Ao contrário: perpetua a dependência e não cria condições para que os pobres consigam de fato ascender socialmente e ter a chance de viver definitivamente sem o pesadelo da fome.

    O combate a essa chaga deve ser uma política de Estado permanente e um compromisso de todos. A saída para a falta de comida na mesa dos brasileiros exige mais do que um programa de transferência de renda pode entregar – e basta lembrar que o número de famílias atendidas pelo Bolsa Família saltou de 14 milhões para 21 milhões e o benefício médio cresceu da faixa dos R$ 200 para quase R$ 700, sem afastar o fantasma do prato vazio. Crescimento sustentado, geração de empregos de qualidade, distribuição da riqueza, abertura da economia, saúde eficiente e educação com resultados exitosos, e não demagogia, é o que livrará os brasileiros da fome.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não é permitido essa ação.