Pela primeira vez, a Associação de Municípios do “Vale Europeu”, e que por mais de 50 anos foi a conceituada técnica AMMVI – Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí -, fez algo inédito. Ela foi ao encontro de lideranças, sociedade organizada e até mesmo de gente que é rotulada de povo, mas traçar um mapa das prioridades da região com o futuro cada vez mais perto.
E para que. Dá-las aos candidatos daqui – e os paraquedistas em busca de votos entre nós -, como um retrato nas nossas angústias, necessidades e urgências. Pena que faltaram números – essencial para uma entidade conceituada como técnica. Eles são fundamentais para as comparações, para mostrar a gritante dívida que o estado e o poder público têm com a região, bem como tudo isso feito com a cumplicidade da má representação política de hoje. Houve apenas indícios.
Este retrato em palavras e “gritos” suplicantes são óbvios e permeiam as manchetes dos veículos de comunicação quando eles debatem as prioridades regional com os daqui. São coisas que Florianópolis e Brasília teimam em estar cegas e surdas há décadas; repito, há décadas. Não por culpa delas próprias, mas, entendo, de gente que elegemos para serem os nossos porta-vozes, e depois de eleita, trata de não fazer o papel que lhe foi conferido pelos cidadãos e cidadãs nas urnas deste tal Vale Europeu.
Abram o olho. O trabalho dessa gente é de formiguinha e para si própria, visando apenas a reeleição, atender os interesses paroquiais e se esbaldar na propaganda das migalhas das emendas parlamentares. Não há uma união com causas específicas e que beneficiem a região como um todo. Muita dessa gente nem mesmo representa os municípios de onde vem.
A iniciativa foi do jovem prefeito de Ascurra – o menor município em população da AMVE -, Arão Josino da Silva, PSD. O documento é bonitinho graficamente, mas não funciona no acesso amigável no próprio site da entidade. É um documento para entregar a candidatos e assessores, que em campanha, nem terão tempo – ou até interesse – para lê-lo, e muitos, nem o querem ler, nem mesmo para discursar falsamente por aí.
Este documento, na verdade, deveria estar espalhado mais acessivelmente nas redes sociais, aplicativos de mensagens e distribuído fisicamente por todos os cantos, incluindo as escolas. Afinal somos mais de 820 almas em 14 municípios – sem o censo do IBGE – e PIB que só perde para Distrito Federal – onde estão os marajás que vivem do dinheiro público – e São Paulo, a que pulsa o vetor econômico brasileiro.
Mais, este documento chamado de “Projeto Vale Europeu em Movimento”, ouviu mais de mil pessoas para concluir que estamos sendo maltratados pelos governos estadual, federal e pelos políticos que elegemos. Ou seja, estamos escolhendo mal. E aí é que reside, talvez, a importância do documento e o seu espraiamento por toda a sociedade, para melhorar a qualidade das nossas escolhas e dar um cavalo de pau contra o futuro que se ameaça pela representatividade caótica, fraca e interesseira dos nossos políticos eleitos. Eles enfraquecem um modelo de sucesso, apesar deles e de tudo, até aqui.
Na Saúde pede-se um Hospital Público Regional, uma olhada para os hospitais locais sem vocação, administração e transparência e que torna isso tudo difícil, o funcionamento de verdade do Hospital Universitário da Furb, bem como o fortalecimento o Consórcio Público de Saúde.
Na Educação, como somos uma região que gera produção e serviços, o foco ficou no ensino profissionalizante. Não há competitividade e liderança sem mão de obra qualificada, inovação e percepção de resultados diferenciados. No Turismo, o fortalecimento regional dos projetos e de forma interessante, ciclovias nas rodovias.
Mas, dois pontos chamam a atenção neste documento: o da mobilidade numa utopia – e ela é necessária para o desafio – que duplica a BR 470 até a BR-116 até São Cristovão e o eixo rodoviário que leva parte da comunicação com o norte via a BR280 e de lá para o Centro Sul do país. No documento, entre outros, neste item, está a duplicação da rodovia entre Gaspar e Brusque tão combatida por interesses paroquiais de quatro ou cinco supostos afetados e que tiveram apoio do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, e até de Kleber Edson Wan Dall, MDB, ex-presidente da AMMVI. Aliás, ele não estava na cerimônia de lançamento do Projeto.
Pela primeira vez, um documento regional toca numa ferida social regional: a criação de uma política pública de assistência a migrantes e imigrantes, que no fundo vai promover o conhecimento dos que chegam, à integração e mitigação de problemas que deterioraram vários ambientes, inclusive o de Segurança Pública. Aliás, diz o documento, e acertadamente, de que é necessário a criação um programa habitacional contínuo para atender esta nova demanda.
Há muitos outros pontos abordados no documento que vale muito pela iniciativa de ver o Vale como um todo, integrá-los e não apenas com o lhar e a a solução local, que muitas vezes se perde se na periferia há carências não atendidas. Acesse e tente lê-lo no site da AMMVI. Nenhum político até agora se mostrou interessado, publicamente, no documento. É uma pena. Ainda há tempo. Até para fingir. É de se esperar. O que mostra? Mesmo em campanha, de que eles não estão nem aí com o nosso presente muito mais com o nosso futuro. Entretanto, a iniciativa da AMVE é de se elogiar. É um começo.
TRAPICHE
Está cada vez mais claro de que o senador Jorginho Mello, PL, está sem voz, sem articulação e refém de um bolsonarismo radical vindo do Palácio do Planalto. Agora, a sua vice na corrida pelo Centro Administrativo e mapeada por estas “forças” é a ex-delegada regional de Joinville, Marilise Bohen, PL.
Outro peso morto que Jorginho teve que aceitar foi o candidato ao senado Jorge Seift, PL. Amanhã, na última hora, o PL vai bater o martelo em tudo isso ou remendá-lo.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o maior salário da região, R$31.929,68, está em Brasília na sua tradicional viagem mensal. Nos espaços de comunicação oficial da prefeitura, mais uma vez, nenhuma agenda prévia desta viagem. Nas redes sociais, a marquetagem informa que ele foi atrás de mais verbas para Gaspar.
Contudo, diante da legislação eleitoral restritiva, esses repasses de verbas extraordinários não estão suspensos?
Pronto. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, depois de levar uma coça daquelas com o fechamento da área de Meio Ambiente no Município exatamente porque não priorizou este assunto ao tempo que o Ministério Público lhe exigiu, está nomeando a nova estrutura de técnicos efetivos e que passaram em recente específico concurso público.
Se por um lado há alívio de empresários, políticos e comuns, de outro há um temor de que cadáveres enterrados ao tempo em que tudo era feito sem que a legislação fosse seguida plenamente, estejam em cova rasa e sejam desenterrados. Ai, ai, ai.
Ontem eu postei uma pequena despretensiosa nota aqui no Trapiche de que atual secretário de Planejamento Territorial de Gaspar, Jean Alexandre dos Santos, MDB, não quer sair apesar dos pedidos feitos a ele pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Uma repercussão incomum. Ou seja, Kleber prova que não tem autonomia para escolher nem seus assessores mais próximos.
E não é a primeira vez que Jean dá esta negativa. Quando da transição do primeiro mandato de Kleber em 2020/2021, todos do secretariado “colocaram os cargos à disposição”. Jean não. Ajeitou-se. Então ele saiu do Obras e Serviços Urbanos e foi parar no Planejamento Territorial.
A outra oportunidade, foi quando o todo poderoso secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, e presidente do MDB local, Carlos Roberto Pereira, saiu. Jean apadrinhado dele, bateu o pé e ficou.
E olha que Jean e Kleber já foram muito próximos, a tal ponto de Jean ficar com o cargo comissionado de gerente do Iprev na falecida Secretaria Regional em Blumenau, quando Kleber sem colocação se empregava lá, mas teve que se afastar para concorrer à prefeitura de Gaspar. Acorda, Gaspar!
2 comentários em “POPULAÇÃO E LIDERANÇAS DO “VALE EUROPEU” DIZEM AOS CANDIDATOS QUE PRECISAM DE PORTA-VOZES E NÃO DE POLÍTICOS”
BOLSONARO E CENTRÃO ARRUÍNAM AS INSTITUIÇÕES, editorial do jornal Valor Econômico
A degradação institucional promovida pelo presidente da República e pelos líderes do Centrão no Congresso é ampla e profunda. Não terminou ainda e está exclusivamente marcada por interesses eleitorais de Bolsonaro e dos partidos fisiológicos em aumentar suas bancadas para continuar parasitando o Orçamento no próximo governo, seja qual for.
A barreira para impedir o impeachment de Bolsonaro foi erguida ao preço de entregar a PP, PL, Republicanos e outras legendas fisiológicas o controle orçamentário. O resultado foi a criação das emendas do relator, cuja falta de transparência foi condição essencial para a distribuição de dinheiro público a currais eleitorais demarcados pelos caciques dos partidos governistas. Há rastros fortes de corrupção nas obras que financiaram e a Polícia Federal está no encalço de um dos ninhos de propulsão de obras irregulares, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, enquanto que os repasses de grande parte das emendas secretas para a Codevasf aguarda investigações sérias. Ambos são dirigidos por pessoas indicadas pelo PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O regimento da Câmara foi jogado pela janela na votação de propostas de emenda constitucional (PECs). A Constituição pode ser mudada em uma noite, com votações a toque de caixa na Câmara e no Senado, atropelando prazos regulamentares obrigatórios. A esbórnia está a serviço da pressa e esta, dos interesses. Depois que o governo enterrou a Lava-Jato com a ajuda da Procuradoria Geral da República, que eliminou as forças-tarefas com a ladainha de aumentar a produtividade das operações – e nunca mais se ouviu falar delas – o Congresso reformou, com apoio do PT, a lei de improbidade administrativa.
Um dos objetivos da mudança – é agora preciso provar a intenção do administrador em causar prejuízos aos cofres públicos – foi prospectivo. O STF julga uma ação que pode absolver políticos sob processo, como Arthur Lira, Wilson Witzel, Anthony Garotinho e Eduardo Cunha, entre outros.
Com o apoio de Lira, Ciro e por vezes de Rodolfo Pacheco, presidente do Senado (PSD-MG), Bolsonaro fez do orçamento fundo auxiliar da campanha para a reeleição, furando o teto de gastos várias vezes. Na última, aumentou para R$ 600 o Auxílio Brasil e criou vale para caminhoneiros.
O Centrão e o presidente da República infernizaram a Petrobras para mudar sua política de preços, criticaram seus altos lucros para em seguida pedir às estatais que antecipem dividendos ao governo, presumivelmente para haver recursos que permitam pagamento integral dos R$ 16 bilhões de emendas do relator no ano.
Com o sinal errado vindo do Executivo, que deveria indicar rumos e coordenar seus objetivos com os do Legislativo, o Congresso sentiu-se à vontade para fazer de tudo. A Câmara aprovou ontem projeto de lei para a renovação da frota de ônibus e caminhões, com prioridade para os caminhoneiros autônomos. O dinheiro para bancar o programa virá da Cide-combustíveis e, o que é muito ruim, dos recursos que as empresas de óleo e gás usariam para pesquisa, desenvolvimento e inovação. O Executivo fez más escolhas, a base governista segue piorando-as.
O desejo das legendas que passaram a dominar o orçamento é o mesmo de Bolsonaro: continuísmo. O fundo eleitoral bateu recorde, R$ 4,9 bilhões. Com eleições mais caras, o interesse das cúpulas é apostar no certo e canalizar a maior parte dos recursos a quem já possui cargo eletivo, inibindo a renovação. O objetivo para os partidos que não têm candidato a presidente, e mesmo para alguns que têm, é aumentar seu cacife no jogo legislativo, ampliando suas bancadas.
O governo diminui as receitas da próxima administração sem cerimônia. Reduziu em 35% o IPI e quer cumprir velha promessa de campanha, a atualização da tabela do IR, além de ter criado a armadilha temporária dos R$ 600 do Auxílio Brasil, que prometeu manter se reeleito. O Bolsa Família, focado e exitoso, custava R$ 35 bilhões; seu substituto, desfigurado e sem foco, custará R$ 150 bilhões – e não há recursos sem cortes drásticos nos investimentos e no custeio do Estado.
Bolsonaro exterminou as pastas da Saúde, Educação e Meio Ambiente e cooptou para a defesa de seus interesses instituições da República, como PGR, AGU e CGU. É uma obra notável de destruição, que pode crescer com o ‘esforço concentrado’ da Câmara.
assim como o jean, kleber tbm não quis sair pra ser deputado né…então…