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POLÍTICOS ABAFAM COMPRA DO TERRENO DA FURB. EVITAM DISCUTIR PRIORIDADE, ALTERNATIVAS E TRANSPARÊNCIA

Depois de mexer em R$40,9 milhões no Orçamento de 2022 – que sempre o classifiquei como uma peça contábil de ficção quando ele deveria ser antes um plano gerencial -, e mexido só quatro meses depois de aprová-lo, o governo gasparense de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Marcelo de Souza Brick, PSD e a Bancada do Amém, tentam agora desviar o foco da discussão. Os sinais vieram na sessão da Câmara de terça-feira passada para combater o que não podia ser combatido

Disseram que não sabem se comprarão o terreno da Furb, na Rua Itajaí, no bairro Sete de Setembro (foto acima), para ser a futura sede da prefeitura. O terreno em questão foi uma estação experimental de espécies, adaptação e manejo da fumageira Souza Cruz e doada à Furb no passado.

Volto.

Não é verdade que o governo Kleber tenha desistido do negócio. Há um acordo de bastidores que dificilmente será rompido, a não ser que haja uma comoção na cidade, ou ficar provado, que há sobrepreço nesta transação imobiliária.

Esta prova, em parte, dependerá dos agentes imobiliários da cidade e que dificilmente farão discordância ao que está posto pelo poder de plantão. Aliás, esta tem sido a regra do jogo entre poder público e a classe.

Não será agora que ela vai fazer qualquer enfrentamento. Teme consequências piores do que alguns setores dela já está tendo com o desmantelamento da área de ambiental.

Tanto que a Câmara de Blumenau, há muito, em vapt-vupt, já aprovou tal transação e seus termos: R$10 milhões de entrada tão logo se supere a burocracia de transmissão do imóvel e o saldo, em uma única parcela de R$4 milhões para janeiro do ano que vem e aí, já composta no novo Orçamento de 2023.

Esse dinheiro da venda do imóvel vai para abater obrigações da Furb com fundo municipal de previdência. A Furb por ser uma Fundação, está sob a proteção previdenciária do Instituto de Seguridade Social dos Servidores de Blumenau. E a entrada deste dinheiro, aliviará os bolsos do Instituto e por conseguinte da prefeitura de Blumenau, obrigada ao aporte das necessidades nele para seus membros segurados, incluindo funcionários e professores da Furb.

Coincidentemente, o gaspararense Carlos Alberto Schramm acaba de ser eleito o novo presidente do Conselho do Instituto, em substituição a Elói Barni. Então…

DINHEIRO JÁ SE HÁ DISPONÍVEL PARA COMPRAR O TERRENO

A primeira parte deste negócio que se tenta esconder da discussão pública já foi cumprida na sessão da terça-feira da semana passada. Com os votos contrários dos vereadores Alexandro Burnier, PL, Dionísio Luiz Bertoldi, PT e Amauri Bornhausen, PDT, aprovou-se na mexida nos R$40,9 milhões do Orçamento original, bem como à disponibilidade dos R$10 milhões à secretaria de Planejamento Territorial. É para o pagamento à Furb da primeira parcela na aquisição do terreno.

Isto ficou claro quando a Bancada do Amém fiel ao governo e integrada pelo MDB, PSD, PP e PSDB rejeitou a emenda do relator da matéria. O vereador Alexsandro, o relator da matéria, tentava impedir à anulação de recursos previstos para a implantação do esgotos e novas obras viárias e que estão sendo usados para dar de entrada neste terreno.

Isto expliquei aqui em POR FORA UMA BELA VIOLA. POR DENTRO UM PÃO BOLORENTO. ASSIM É EM SÍNTESE, O GOVERNO DE KLEBER.

No outro lado, o relator original do Projeto de Lei 13/2022 que vai autorizar a compra do terreno está o vereador Francisco Hostins Júnior, MDB. Ele deu a primeira dica na sessão de terça-feira passada para destampar esta chaleira de água fervente ao tentar esclarecer que, o projeto da mexida do Orçamento, não aprovava automaticamente a compra do terreno.

Não aprovava, mas encaminhava claramente este assunto que se tornou, mais uma vez, politicamente áspero e desgastante para o governo Kleber e seus “çábios“. Nem cegos não perceberiam a manobra – aliás necessária porque esta oportunidade se apresentou depois do Orçamento de 2022 fechado e aprovado no final do ano passado.

“Não é prioritário [o ato de comprar] e [o PL da compra] só vai à pauta depois de várias informações chegarem ao relator”, argumentou Hostins. Para a sessão hoje, não está. Entre elas, segundo ele, estaria avaliação por profissionais do setor imobiliário gasparense sobre o valor e o negócio.

O SETOR IMOBILIÁRIO DA REGIÃO FAZ CONTAS PARA ENTENDER O NEGÓCIO

Contraditoriamente, é este setor, o imobiliário de Gaspar, que não quer se expor, mas que nos bastidores, coloca dúvidas no valor da transação. Não exatamente porque tenha perdido o negócio, em sim, porque não consegue ver o valor que a prefeitura combinou por ele à Furb. Os políticos sabem desse desconforto, até porque convivem muito de perto com o setor.

Então, está aí a oportunidade dos inconformados saírem da toca e mostrarem à população às supostas inconsistências desse negócio.

Mas, pessoalmente eu tenho minhas fundadas desconfianças. Quando exigido, o setor já forneceu aos políticos do poder de plantão da época e gente particular interessada em se vingar e melar um negócio meu, avaliação desconexa da realidade e que o Tribunal de Contas, anos mais tarde, deu-me razão e desprezou o lixo produzido por avaliadores locais. Quando chamado para avaliar a Arena Multiuso, não apareceu.

Voltando ao presente que é o mais interessante.

O primeiro ponto é que eles – integrantes do setor imobiliário – duvidam que o terreno tenha os 39,6 mil metros quadrados como está na matrícula original. A área pode ter sido comprometida pela abertura da Rua Oriente e a ampliação do trevo do Ginásio João dos Santos, Rua Itajaí, Ponte do Vale e a Avenida Francisco Mastella.

O segundo ponto está no preço de R$14 milhões pela área original declarada. Há muitas contas que são feitas, dependendo do tipo de negócio para qual aquela área seria destinada.

Se fosse para um grande e único empreendimento, por exemplo um shopping, um supermercado, um atacadão, calcula-se que é possível pagar por ela, se confirmado a área da matrícula, algo em torno entre oito a dez milhões de reais em parcelas mais longas, até porque tem que se considerar o ITBI neste negócio.

Os que lidam com loteamentos, todavia, fazem outra conta.

Dos 39,6 mil metros quadrados, se realmente eles ainda existirem, 20% ficam para o verde e a área comunitária e outros 20% para ruas e recuos. Sobrariam pouco menos de 24mil metros quadrados. Em em cima dele seria preciso ainda colocar aterro, fazer arruamentos pavimentados com meio fio, calçadas, escoamento pluvial, espera de esgoto e disponibilização de energia elétrica além de gastos com projetos, regularização e marketing.

Resumindo a conta de padeiro desses mesmos loteadores é esta.

Ali dariam 33 lotes de 360m2 ao preço de R$150.000,00 cada um – para ser competitivo, segundo essas fontes – o que resultaria em aproximadamente R$5 milhões de receitas. Eu próprio penso que ali se pode cobrar mais por lotes com boa infraestrutura, mas pouco acrescentaria para ser competitivo para se pagar os R$14 milhões que a prefeitura vai pagar pelo terreno à Furb.

Não vou entrar no mérito dessas contas, até porque elas precisam de avaliações para cada tipo de negócio.

Entretanto, o que é unânime? Que está caro!

E quem diz que está caro, precisa vir a público dizer e provar isso. Porque além dos R$14 milhões, a prefeitura terá que gastar na preparação do terreno, na infraestrutura pluvial, esgotamento, acesso e pátios de estacionamentos pavimentados. É menos do que num loteamento, mas terá que investir antes de construir propriamente o prédio que será outra fortuna.



E SE COMPRARAR COM A ARENA MULTIUSO QUE PODE SER LÁ A PREFEITURA?

E está caro se for feita outra comparação e esta mais assustadora. É assunto velho. Também escondido do debate público. Apenas eu, em dezenas de artigos no Cruzeiro do Vale abordei-o desde 2011.

Uma perita de Joinville, nomeada pela Justiça, fez a avaliação para a desapropriação de 435.945 mil da Arena Multiuso (foto acima) e que leva o nome do ex-prefeito Francisco Hostins, ali na Margem Esquerda, quase no Centro e tão longe do Centro, quando a área que se quer colocar a nova prefeitura: R$18 milhões. O dono em 2020 queria R$21,8 milhões

A prefeitura achou a avaliação elevada. Admitiu que pode valer algo em torno de R$14 milhões E está contestando os R$18 milhões. A área é tão grande que lá se pode perfeitamente ser construída a nova prefeitura e se fazer um núcleo de exposições, feiras, lazer e competições, como as festas do GTG Coração do Vale – origem da desapropriação. E pelo visto dos R$18 milhões, R$10 milhões já se têm no Orçamento deste ano pela mexida no Orçamento aprovada na Câmara.

E lá na Arena, o município já botou – ao longo dos anos – uma dinheirama em infraestrutura. E para se imitir na posse, pagou apenas R$450 mil no tempo do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT em 2011, que a desapropriou com o senso da vingança, a origem de todo esse problema.

Ou alguém acha que isso vai terminar sem nenhuma penalização ao município? Até porque em 2017 o proprietário retomou a posse do imóvel, exatamente pela inércia e jogadas jurídicas da prefeitura. E quando se faz eventos lá, é por concessão especial dele. Simples assim!

Então tem conta braba contra os pesados impostos dos gasparenses para ser ajustada. Vá entender essa gente da política e que não coloca às claras para a sociedade – que paga a pesada conta de tudo isso – as suas intenções e jogadas.

AFINAL, QUAL É A PRIORIDADE DA CIDADE?

Voltando.

O ponto de inflexão não é exatamente se está caro ou não, ou quem está intermediando, o que bolso se está aliviando em Blumenau: mas, se é, ou não, prioritário esse negócio com a Furb neste instante para Gaspar.

O discurso da economia de alugueis é balela. Conversa mole prá boi dormir dos políticos e dos vereadores. A Câmara, onde esta matéria está para ser validada, por exemplo, faz de tudo para não sair do aluguel, inclusive sumiu com o terreno que ganhou da prefeitura e tinha prazo para construir o prédio e não o fez, a não ser manobras para que tudo terminasse em pizza.

O que é prioritário: recuperar a Saúde pública, fazer coleta e tratamento de esgotos, fazer turno integral, contraturno nas escolas, criar mais vagas nas creches, ou comprar um terreno caro para fazer uma nova prefeitura e quando já se tem outro em disputa judicial que é em tese muito mais barato e pode-se criar muito mais atividades?

É isso que o governo de Kleber, Marcelo, seus “çabios” e da Bancada do Amém não querem debater publicamente. Nem mais, nem menos.

De verdade? Não se quer mais desgastes.

Agora é no voto, e rapidamente, para encerrar este assunto e cortar o prolongamento da agonia contra os governantes e seus apoiadores. E votos, o governo Kleber os têm de sobra para passar a matéria na Câmara, independente do barulho externo. Foi assim que aconteceu em todas as outras matérias polêmicas, inclusive a que rejeitou o destaque de Alexsandro na terça-feira passada.

Ora, se na Câmara já passou até matérias inconstitucionais, jurando serem elas perfeitas e tudo isso sob o crivo do seu corpo técnico, porque esta não passaria?. Então…

E não será Hostins Júnior que colocará algum impedimento ao trâmite dessa matéria por ele próprio.

É só olhar para a CPI na Câmara da drenagem da Frei Solano, no Gasparinho.

Hostins habilmente a sufocou e a colocou para debaixo do tapete. Perdeu votos na eleição, mas cumpriu o papel de quem está obrigado acompanhar o governo nesses assuntos mesmo que fora do tempo apropriado e falta de transparência. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Um exemplo claro de desperdício do dinheiro do povo pela Câmara de Gaspar foi apontado de forma contundente pelo vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, na última sessão.

Isto aconteceu na votação para colocar R$100 mil na rubrica para se gastar este ano com cursos com vereadores e funcionários. A verba que tinha no Orçamento, foi pro pau em menos de dois meses.

Só em diárias se gastou para um só curso em Florianópolis, R$19.473,68 e de uma paulada só. Mais outros R$6.750,00 de inscrições contra os pesados impostos dos gasparenses.

“Não era mais fácil trazer o curso para Gaspar e economizar essas diárias?”, perguntou Dionísio naquilo que é óbvio a um dono de negócios, como ele é.

Pronto, a obviedade irritou a maioria dos vereadores que nem sabe bem o que é ter uma empresa. Afinal, o dinheiro nem deles é. Mais. Em tempo de internet e do mundo digital, principalmente na área educacional, nem seria o caso de trazer os palestrantes para aqui, mas disponibilizá-lo on-line. Mas, isto não dá passeios e diárias.

Ao final Dionísio votou a favor da farra. Porque tinha uma pegadinha. Tentava-se jogar os funcionários da Casa contra ele. É que, de verdade, os vereadores gastaram a verba e que normalmente só é usada pelos funcionários no seu aprimoramento técnico. Mais um exemplo de Orçamento mal feito.

Político vive em bolha. Quando ela está inflada ele está protegido. Mas, quando ele não percebe que ela murchou, o político tem cada susto e normalmente, acontece quando os votos são contados nas urnas. Desta vez, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, percebeu antes de se candidatar a deputado estadual.

Na Câmara é explicito que muitos vereadores da Bancada do Amém estão lá para defender Kleber e não exatamente os eleitores que os colocaram na Câmara. Pior. Já tem vereador se justificando que não está lá para só defender o prefeito. Se está fazendo isso, é porque sabe que a bolha está murchando.

Outro discurso que está ficando manjado na Câmara de Gaspar pelo que estão obrigados a defenderem o poder de plantão aos questionadores. Se não aprovarem o financiamento, a cidade para, as obras não serão feitas etc e tal. Os financiamentos são aprovados – inclusive pelos vereadores da oposição achando que vão ganhar uma beiradinha de benefícios para seus redutos eleitorais – e nada muda.

Se não aprovar o Orçamento conforme prescreveu o Executivo, a cidade para, as obras não serão feitas etc e tal. Ladainha decorada. Chantagem pura. E ela tem razão de ser. Porque a rara oposição não possui poder de enfrentamento, nem para desconstituir essas alegações fajutas. E quando tem, não as usa.

Uma aposta clara do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, contra a duplicação da Rodovia Ivo Silveira, de Gaspar e Brusque e que a deixou para o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. O Samae está instalando a rede de água à beira da rodovia entre o Barracão e a Bateias.

Se não é uma aposta, é mais dinheiro do povo que se está sendo jogando fora. É que quando a rodovia for duplicada – em certos trechos – terá que se desenterrar e enterrar nova tubulação de hoje. Acorda, Gaspar!

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1 comentário em “POLÍTICOS ABAFAM COMPRA DO TERRENO DA FURB. EVITAM DISCUTIR PRIORIDADE, ALTERNATIVAS E TRANSPARÊNCIA”

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