O que aconteceu na semana passada? Uma comitiva de cinco dos 13 vereadores de Gaspar foi a Florianópolis participar de um “curso” – e que os meus leitores e leitores já sabiam em outro artigo anterior se tratar de algo exótico – denominado: “emendas parlamentares impositivas, tudo que um vereador precisa saber“.
Nos dias de disponibilidade de conteúdos on line e ensino à distância de hoje; nos dias de distanciamento social devido à pandemia ainda não totalmente controlada; nos dias de grave crise econômica e desemprego correndo solto, inflação altíssima e salários achatados contra a maioria dos eleitores e eleitoras dos vereadores, este tipo de “curso” bem que poderia ser feito à distância e até mesmo, analisando por vários critérios, ser até dispensável diante da prática desta matéria, há anos, no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas, e até mesmo agora, nas Câmaras municipais.
Não sou propriamente contra essas tais emendas impositivas. Trata-se de truques. É pura politicagem num ambiente de pouca transparência como amplamente já se conhece naquilo onde se pratica, jogadas e perpetuação de poder para poucos.
Enfim, é um tipo de jogo, mal jogado, onde até a emendas secretas como se descobriu recentemente no Congresso Nacional. Vergonha. Burla-se o Orçamento. Ou seja, começa como uma coisa “boa”, de mansinho vai se pendurando guizos e ele se torna um monstro incontrolável em benefícios de poucos. Além disso, este meu artigo não trata em si deste assunto áspero e fruto de vícios de gestão oriundos da espertezas de políticos.
Ah, mas os senhores vereadores e vereadoras de Gaspar precisam do “curso” para conhecer melhor o assunto e propor algo semelhante por aqui! Bobagem.
Estão, então, desdenhando à inteligência, à capacidade e por isso, deveriam, desde já, dispensar à cara assessoria técnica que eles têm à disposição da própria Câmara de Gaspar. Ela sim, primordialmente, é que deveria ser consultada, inteirar-se deste assunto e esclarecer tim-tim-por-tim-tim os nossos vereadores e vereadoras. Simples assim!
Quando se vai um grupo de multipartidário a Florianópolis fazer um “curso” desse é porque já está em curso, no trocadilho, o espeto. E de nada adiantará a opinião técnica dos técnicos da Câmara. Simples Assim, também!
Além do mais, tudo que os vereadores e vereadoras foram conhecer na Capital está na internet.
Mas, não. Foram para a Ilha da Magia – ganhando diárias e a Câmara pagando R$690,00 para cada vereador ouvir as explicações de quem diz entender disso e ter de lambuja ainda um “diploma” de participação para colar na parede dos seus gabinetes: Alexsandro Burnier, PL; Amauri Bornhausen, PDT; Francisco Hostins Júnior e Zilma Mônica Sansão Benevenutti, ambos do MDB e Mara Lúcia Xavier dos Santos Costa, PP.
Quando eu escrevo tudo que escrevi até aqui, a maioria dos que foram e também dos que não foram, ficam fulos. “Ninguém fala nada, só ele“, fulanizando-me como o ato de informar os meus leitores, leitoras – naquilo que os outros escondem – e eu ter opinião sobre este tipo de assunto que deveria ser público, exatamente porque usa os pesados impostos de todos, fosse um crime. Afinal, o que, de verdade, se quer esconder?
E a contradição que você chamou no título, Herculano?
Ah, sim. Esta é a razão do artigo. Por outro lado, aproveitando a “viagem” e os novos conhecimentos adquiridos, em missão que deveria ser unicamente de trabalho pela comunidade que representam, alguns membros da “comitiva” se arriscaram a passeios, visitas e saidinhas. Eu reproduzi acima uma dessas postagens.
E sem medo de ser feliz expuseram tudo em suas redes sociais particulares. Só se torna um constrangimento que deve ser punido, repudiado e censurado, na imprensa ou se eu reproduzi-las aqui neste espaço. Incrível!
E nas redes sociais, teve gente que pagou com seus impostos tudo isso, que ainda aplaudiu. Incrível, pela segunda vez.
Como eu escrevi no título: político é um ser totalmente estranho e incoerente. O culpado dos seus deslizes é sempre a imprensa, a livre, a que não possui rabo preso com essa gente, a que não depende das suas migalhas, dos favores, mesmo quando ele próprio faz prova contra ele mesmo nas suas redes sociais para mostrar o que faz no momento em que deveria estar trabalhando para o seu povo, como, neste caso, o de aprender criar emendas impositivas.
Foi assim que também aconteceu por exemplo há duas semanas com o novato Cleverson Ferreira dos Santos, PP. Mas, sem verbas públicas diretas à sua viagem e “novos conhecimentos” da sua congregação religiosa.
Ao invés de estar na Câmara fazendo a defesa dos interesses dos eleitores e eleitoras gasparenses na única sessão semanal que há para isso em Gaspar, o irmão Cleverson estava, orgulhosamente, como fez questão de ressaltar na tribuna da Câmara, conhecendo uma ação missionária na Amazônia e que é ajudada pelos congregados daqui da sua igreja neopentecostal.
Nada contra, se licenciado. E depois a imprensa é a culpada? E põe culpa nisso! Acorda, Gaspar!