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PL QUE MANDA NO REPUBLICANOS RIFA OBERDAN BARNI. NEM PESQUISA FAVORÁVEL ADIANTOU. MESMO ASSIM, A CONVENÇÃO, POR ENQUANTO, ESTÁ MANTIDA PARA ESTE SÁBADO

Atualizado e alterado às 7h58min de 24.07.2024 – Depois de quase cinco horas de reunião na segunda-feira, em Itajaí, com o presidente do Republicanos catarinense – escolhido para a intervenção branca no partido em Santa Catarina pelo governador Jorginho Melo e presidente estadual do PL, o deputado Federal Jorge Goetten (até semanas atrás PL), de Rio do Sul, reportou duas conclusões e uma decisão ao pré-candidato a prefeito de Gaspar, Oberdan Barni. 

A primeira é de que a pesquisa feita com o propósito para desmoralizar Oberdan mostrou que ele não tem ou um ou três por cento como insistiam os bolsonaristas gasparenses. É um candidato viável.

A segunda, conclusão é de que o candidato escolhido por Jorginho é delegado Paulo Norberto Koerich e ponto final. Mesmo que ele na pesquisa ainda não apareça bem. Para evitar confrontações de pesquisas e lenga-lenga, a decisão do PL catarinense e que manda no Republicanos foi comunicada friamente por Jorge Goetten a Oberdan: ele deve desistir e se insistir, o Republicanos lava as mãos, fecha as torneiras dos recursos dos bilionários Fundos Eleitorais e Partidários para inviabilizar a insistência e a pretensão de Oberdan e seu grupo como pré-candidato a prefeito de Gaspar, com o contabilista Aurino Amaral na vice.

Sem acordo, Oberdan e Aurino retornaram a Gaspar. Ficaram de dar o posicionamento deles até sábado para Jorge Gotten levar a Jorginho Melo como troféu de capitulação incondicional.

Esta sinuca de bico eu já tinha tratado aqui pelo menos três vezes.

Duas delas, antes mesmo de Oberdan ser traído pelo ex-governador Carlos Moisés da Silva ele sumiu do mapa e não atende mais as ligações de Oberdan. O ex-governador entregou o partido sem qualquer resistência ao PL e ao governador Jorginho Melo. O serviço que Jorge Goetten fez na segunda-feira – e que deveria ter acontecido no domingo pois presumiam dificuldades em convencer Oberdan – era para ter sido feita há duas semanas pelo representante regional do Republicanos, o ex-vereador de Blumenau, Egídio Beckhauser . Ele até tentou, mas desistiu diante da firme persistência demonstrada na ocasião por Oberdan.

Sem os recursos do Fundo Eleitoral e Partidário, Oberdan não tem como sustentar a campanha e pelo andar da carruagem, nem saída honrosa terá.

Apoiar o Novo está fora de cogitações neste momento, pois o Novo em Gaspar, segundo Oberdan, sempre boicotou qualquer aproximação do Republicanos. O atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, que está representado pelo vice Marcelo de Souza Brick, PP, para a continuidade, Oberdan se tornou um explícito crítico contumaz e cresceu com isso. E o PL na junção com os empresários e o PP – apesar do partido ter outro candidato, o Marcelo -, que fizeram três campanhas para Kleber e levaram Gaspar ao estado de incertezas e dúvidas, é agora, na opinião dos que estão próximos a Oberdan, o que não serve e deve ser abortado, por tudo o que fizeram contra ele, incluindo a conversa de segunda-feira em Itajaí.

Estranha, muito estranhamente, está ileso nestes embates dentro do próprio campo conservador, o ex-prefeito que está no campo da esquerda e que vai tentar o quarto mandato em cinco eleições (só perdeu para Adilson Luiz Schmitt em 2004 e que também foi rifado pelo PL, PP e os mesmos empresários que queimaram Oberdan).

O financeiro de uma campanha é crucial, principalmente numa disputa acirrada como prometia ser por aqui. 

No caso do PL, além do estigma do próprio partido, ele possui pelo menos uma chancela importante: o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e mesmo assim, uma parcela ponderável da cidade está neste grupo, com reuniões e vaquinhas financeiras para tentar fazer decolar a campanha.

Na outra ponta, Marcelo, quer queira ou não, está com toda a máquinas governamental à disposição nos limites legais e terá acesso ao dinheiro público de campanha. Zuchi por sua vez, possui o patrimônio do recall de três mandatos e um partido que com chances por aqui – muito mais que em Blumenau, por exemplo -, e por isso mesmo, não medirá esforços para voltar ao poder de plantão em Gaspar.

Restará a Oberdan escolher ou negociar uma saída deste enrosco para se justificar para os seus. Provavelmente, não mais será pela porta da frente, que foi trancada, e de há muito pelos donos do poder aqui, em Blumenau, Florianópolis e neste caso, até mesmo em Brasília quando o PL tomou o Republicanos catarinense. Na segunda-feira, Gotten – que aqui tem pré-candidato a vice, Rodrigo Boeing Althoff, como seu cabo eleitoral só mostraram o tamanho e o poder da tranca que instalaram nela. Muda, Gaspar!

ATUALIZAÇÃO

O presidente nacional do Republicanos, deputado Federal por São Paulo, Marcos Pereira, devido a sanha unilateral, sem limites do PL e do governador Jorginho Melo, presidente do PL estadual, bem como quebra de acordos na cara dura e à negação de diálogos com os candidatos do Republicanos em Santa Catarina, resolveu intervir no Republicanos de Santa Catarina.

O presidente nacional tirou as senhas de acesso da nova executiva estadual liderada pelo deputado Federal Jorge Goetten (ex-PL) e a executiva não terá mais acesso a recursos financeiros do partido para ter isso como ameaça e barganha nas negociações, ou aumentar o caixa dos candidatos do PL. É isto que reporta o blogueiro e analista político Upiara Boschi e cujo artigo na integra está abaixo, na seção de comentários. Hoje pela manhã, Oberdan Barni, Republicanos, com toda a pressão que recebeu ainda dizia que não tinha desistido da candidatura a prefeito de Gaspar e que estava mantida a convenção de sábado na Sociedade Alvorada.

TRAPICHE

Hora extra – Na segunda-feira à noite, o ex-faz tudo do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, foi a casa do futuro chefe dele na Fecam – Federação de Consórcios, Federação de Associações de Municípios e de Municípios – aqui em Gaspar. A pauta da reunião não foi divulgada.

A campanha começou a esquentar. Um vereador foi a um convescote num bar da cidade. Não conseguindo a reciprocidade do cumprimento a um eleitor, inconformado pediu explicações e com ameaças, até ser contido pelos “deixa disso”. E o depoimento de um deles, virou meme na cidade. A propósito: o nome do bar é bem sugestivo: Maguila.

Nesta segunda e terça-feira empreendedor não conseguindo liberar o seu empreendimento na Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da secretaria de Planejamento, tentava fazer isso, via a Defesa Civil. Em outro momento, loteadores fazendo reuniões em cafeterias da cidade e cobrando ações dos políticos que estão pedindo votos.

A Gaspar dos políticos. O delegado Paulo Norberto Koerich, PL, virou “Rei” da Festa do Tiro do Rei da Sociedade Carolina, no Distrito Belchior, localidade mais identificada com a região do bairro Fortaleza, em Blumenau.

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8 comentários em “PL QUE MANDA NO REPUBLICANOS RIFA OBERDAN BARNI. NEM PESQUISA FAVORÁVEL ADIANTOU. MESMO ASSIM, A CONVENÇÃO, POR ENQUANTO, ESTÁ MANTIDA PARA ESTE SÁBADO”

  1. OS FIÉIS E A POLÍTICA, por Maria Hermínia Tavares, no jornal Folha de S. Paulo

    Se o resultado das eleições de 2022 tivesse sido ditado pelos eleitores evangélicos, Jair Bolsonaro estaria no Palácio do Planalto. Afinal, as pesquisas de intenção de voto —e mesmo as que continuaram medindo a preferência dos brasileiros depois de abertas as urnas— confirmam a resistente simpatia que parcela daqueles fiéis nutre pelo ex-capitão.

    Somada ao comportamento de parlamentares da chamada bancada evangélica, essa constatação tornou sabedoria convencional afirmar que pentecostais e neopentecostais seriam o arrimo mais entusiasmado do discurso e das iniciativas políticas da extrema direita sobre segurança, educação e normas de conduta privada.

    A pesquisa do Datafolha, realizada entre 24 e 28 de junho com paulistanos de fé evangélica, desaconselha generalizações apressadas. Além de constatar a diversidade de opiniões naquele grupo, a sondagem atestou que a maioria está distante das posições extremadas dos bolsonaristas raiz.

    De fato, parcela majoritária dos evangélicos repudia o porte de armas pelos cidadãos (66%); é contra o ensino em casa (77%); rejeita a condenação e a prisão da mulher que resolve abortar (53%); declara-se a favor de que as escolas ofereçam educação sexual (74%) e de que suas igrejas acolham homossexuais e pessoas trans (86%); enfim, considera que homens e mulheres devem ter papel igual na família (81%) e na sociedade (89%).

    A parcela que adere à agenda extremista varia conforme o assunto, mas raramente ultrapassa 1 a cada 4 entrevistados, tamanho estimado do bolsonarismo irredutível.

    Os entrevistados também preferem que a disputa eleitoral não seja levada aos cultos. A maioria não gosta que pastores apoiem e indiquem candidatos, recomendem em quem não votar ou se valham do púlpito para falar de assuntos relacionados a eleições. Oito em cada dez dizem que jamais votaram em alguém indicado por pastor.

    Por se limitar ao município de São Paulo, a pesquisa obviamente não permite que se extrapolem os seus resultados para todo o país. Mas, com a cautela necessária, é plausível dizer que, no conjunto, os fiéis evangélicos não parecem destoar da maioria dos brasileiros, conservadora e profundamente religiosa. Afinal, esse é o país onde “vá com Deus” e “fique com Deus” são expressões de amabilidade que mais se ouvem no dia a dia, substituindo o “bom trabalho” ou o “bom descanso”.

    Em resumo, a extrema direita, da qual os evangélicos são parte significativa, é barulhenta, porém minoritária. Majoritário é o conservadorismo enraizado na pluralidade religiosa que caracteriza o país.

    Eis o verdadeiro limite à agenda progressista.

  2. POLARIZAÇÃO CRIA FALSO JUÍZO SOBRE EVANGÁLICOS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Nossos cérebros funcionam por meio de operações mentais de categorização e generalização. Se é isso que nos permite navegar por um mundo incerto, buscando regularidades, também está aí a origem de nossos preconceitos.

    Acrescente-se uma dose de polarização política e temos a receita para formar o estereótipo do evangélico bolsonarista que apoia as bandeiras extremistas do ex-presidente, quando não as define.

    Pesquisa Datafolha realizada no final de junho com 613 eleitores paulistanos que se declaram evangélicos mostra que esse quadro está longe da realidade.

    Um exemplo é o homeschooling, pauta do bolsonarismo supostamente escolhida para contentar o público evangélico. Pela sondagem, 77% dos entrevistados são contrários à educação domiciliar.

    Fenômeno análogo se repete em outros tópicos. A maioria (66%) é contra a posse de armas para autodefesa; favorável ao acolhimento de gays e pessoas trans nas igrejas (86%); e três de cada quatro fiéis acham que a escola deve abordar a educação sexual.

    Os evangélicos paulistanos se aproximam do ideário bolsonarista na questão da união homossexual (57% são contra) e do aborto (só 21% apoiam ampliação das hipóteses legais que o permitem).

    Sobre este último tema, contudo, há sutilezas. Apesar da rejeição à interrupção voluntária da gravidez, a maioria (53%) é contrária a processar penalmente e encarcerar mulheres que abortam.

    Tal tendência foi verificada recentemente na forte rejeição popular, por evangélicos ou não, ao insensato projeto de lei que agrava penas para quem aborta —inclusive mulheres e meninas que foram vítimas de estupro.

    A pesquisa mostra ainda que os evangélicos se pautam por motivações bastante terrenas.
    Contrariando o estereótipo ascético, 55% atribuem importância máxima à religião para a busca ou manutenção de uma parceria amorosa; 58% dizem o mesmo sobre amizades; e 71% em relação a planos profissionais e vida financeira.

    Se a salvação eterna prometida aos fiéis é um assunto para os religiosos, interações sociais significativas e ajuda em momentos de dificuldade são produtos que os templos de fato entregam. Quase 50% dos fiéis dizem já ter sido atendidos por algum projeto social de sua igreja.

    Não é possível modificar o mecanismo mental humano que favorece o surgimento de estereótipos e preconceitos. Mas, cientes de que padecemos dessa vulnerabilidade, é factível duvidar dos juízos definitivos a que chegamos sem o respaldo em dados. A realidade é quase sempre mais complexa do que sugerem nossas intuições.

  3. É inaceitável essa política suja que existe em nossa cidade de Gaspar, aonde o que prevalece é o interesse próprio. PL de Gaspar e companhia limitada está se saindo uma vergonha, isso só prova o quanto não estão preocupados nem um pouco com as necessidades do nosso povo e nossa gente. “O POVO QUE SE LASQUE”e o “PODER que PREVALEÇA” O único que não tem o “rabo preso” é Oberdan Barni e não tem interesse próprio. Está dando sua cara a tapa pelo nosso povo. Toda essa sujeira só prova o quanto Oberdan está bem pelo tanto que estão querendo derrubá-lo. Está mais do que na hora de nosso povo acordar para a realidade!!! E votar em quem não tem rabo preso e está pensando no povo Gasparense.

  4. OUÇAM A VOZ DO POVO, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    O Instituto da Democracia pôs na rua uma pesquisa que mostrou a superposição de algumas agendas entre os eleitores de Lula e os de Jair Bolsonaro. Com grande felicidade, ela se chama “A cara da democracia no Brasil”. Para cabeças polarizadas, a cara da democracia brasileira não é boa. Nenhum radical, seja de qual credo for, gostará dos resultados do trabalho, compilado pelo pesquisador João Feres Júnior, da Uerj, e mostrado pelo repórter Bernardo Mello.

    Um em cada dois eleitores de Lula é contrário às saidinhas de cidadãos encarcerados, e 57% são contrários à proibição de vendas de armas de fogo. Em 2005, o país levou o assunto a referendo, e a restrição foi derrubada por mais de 60% dos votos, mas virou falta de educação lembrar esse resultado. Legalização do aborto? Sessenta e nove por cento são contra.

    No campo de Bolsonaro, esses números são obviamente mais robustos, mas na sintonia fina voltam a surpreender: se 83% dos eleitores do capitão defendem a militarização das escolas públicas, são acompanhados por 61% dos eleitores de Lula. Mais: 55% dos eleitores de Bolsonaro defendem a pena de morte. Parece pouco, porém no campo de Lula essa percentagem é de 42%.

    Opiniões desse tipo desse tipo podem chocar os bem-pensantes, mas o que a pesquisa pretende mostrar é como o povo da amostra pensa. Aceita-se isso ou segue-se o conselho do professor Antônio Delfim Netto em 1985, quando Jânio Quadros derrotou Fernando Henrique Cardoso na disputa pela Prefeitura de São Paulo:

    — Vão precisar mudar de povo.

    A cepa conservadora do eleitorado brasileiro está aí. O Brasil tem um eleitorado conservador em relação à segurança pública e aos costumes.

    Os eleitores de Bolsonaro e Lula não são semelhantes em relação a alguns temas: 23% de um são contra o Bolsa Família, no outro lado só 9% (14% não opinaram).

    De certa maneira, criaram-se dois estereótipos. O do sujeito que votou em Bolsonaro ficou previsível. O de Lula deveria levar seus explicadores do Brasil a calçar as sandálias da humildade. A “cara da democracia” compilada por Feres mostrou que mais de 20% dos eleitores de Lula são favoráveis à prisão de mulheres que interrompem a gravidez (36%), à privatização da Petrobras (37%) e contrários à punição de militares que participaram do 8 de Janeiro (29%). Depois de dez anos da demonstração das virtudes das cotas raciais nas universidades, 35% dos eleitores de Lula são contra. Do lado de Bolsonaro, são 52%.

    Colocando esse número ao lado do 1,8 ponto percentual que deu a vitória a Lula, percebe-se o vigor de uma das Leis de Heitor Ferreira:

    — Muitas vezes, não é um candidato que ganha, só outro que perde.

    Bolsonaro perdeu em 2022, como o PT perdeu em 2018. Num exercício de passadologia, qual teria sido o resultado da eleição se Bolsonaro não tivesse pronunciado as palavras “vacina” ou “cloroquina”?

    A agenda progressista tem virtudes, até porque a do regressismo amarrou o Brasil à escravidão e ao contrabando de negros. Mesmo assim, não é desse modo que marcham as sociedades. Quem ouvia Martin Luther King em 1963 jamais imaginaria que, em 2024, Donald Trump estivesse de novo com um pé na Casa Branca.

  5. odete.fantoni@gmail.com

    A Sucupira do Odorico Paraguaçu existe e está entre nós.
    É uma LÁSTIMA que um candidato a Prefeito de uma cidade com 73.000 habitantes sofra influência de decisões lá em Florianópolis e Brasília.
    Ninguém está interessado em saber o que se passa com o POVO,
    se ele apodrece nas filas do SUS,
    se não tem professor em sala de aula,
    se há fila de ESPERA até pra creche MEIO PERÍODO,
    se não há transporte coletivo nos finais de semana pra morador da cidade,
    Se o salário do prefeito é maior que o salário do Governador,
    Se na Câmara de vereadores da cidade acontece de tudo, menos o que lhe compete: representatividade POPULAR.
    É orgia e gastança pra todo lado!
    A prefeitura REPASSOU aos TREZE vereadores nos primeiros QUATRO MESES de 2.024 QUATRO MILHÕES, DUZENTOS E CINQUENTA MIL REAIS.
    QUANDO PEDIMOS CLAREZA NO TAL DO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA, NENHUM VEREADOR SE COÇA, MESMO SENDO UM DIREITO DO REPRESENTADO SABER ONDE FOI GASTO O SEU SUADO DINHEIRINHO…

  6. KAMALA ZEROU O BINGO CONSERVADOR, por Mariliz Jorge Pereira, no jornal Folha de S. Paulo

    Kamala Harris não tem filhos, logo não deveria ser presidente. Este argumento será usado se a atual vice de Joe Biden for confirmada como candidata democrata. Assim que seu nome passou a ser endossado por figuras importantes do partido, a direita começou atacar sua capacidade por ela não ser mãe.

    Pelos quesitos ultraconservadores, Kamala zerou no bingo. Afrodescendente, filha de imigrantes, criada pela mãe, uma ativista de direitos humanos, não tem filhos biológicos, foi solteira até os 49 anos. Para completar a tragédia do sonho da família americana, Kamala se casou com o advogado Doug Emhoff, que, por sua vez, deu uma pausa na carreira. Ou seja, virou dono de casa, para o desespero dos machos provedores e das “tradwives” (esposas tradicionais), que juram que submissão está na moda.

    O discurso de que o partido Republicano é o único pró-família não é novo, assim como o uso eleitoral do estado civil feminino. O vice de Trump, J.D. Vance, quando candidato ao Senado, disse que o país era governado por um bando de oligarcas corporativos e por um bando de mulheres sem filhos e com gatos. Um dos alvos era Kamala Harris.

    O que Vance, Trump e os conservadores parecem ignorar é que o perfil da americana média mudou. Casa-se cada vez mais tarde, investe na carreira, tem menos filhos — ou não os tem. Desde 1980, as mulheres compareceram em taxas mais altas do que os homens em todas as eleições presidenciais dos EUA e fizeram a diferença em estados-chave, em 2020.

    Especialmente as solteiras são críticas e refratárias a candidatos com visão e atitudes machistas, e sua agenda política guiará o processo eleitoral. Eles deveriam se lembrar do que Joe Biden disse no seu último discurso do Estado da União, ao falar sobre a revogação do aborto pela Suprema Corte: “Aqueles que se gabam de ter derrubado Roe v. Wade não têm ideia do poder das mulheres na América.”

  7. GOVERNO FAZ APOSTA DE RISCO COM O ORÇAMENTO, no jornal Folha de S. Paulo

    O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu um risco bastante elevado ao propor o congelamento de R$ 15 bilhões de despesas do Orçamento, mirando assim o limite inferior da meta fiscal de déficit zero neste ano.

    A opção pelo piso da margem de tolerância da regra do arcabouço, que consta no relatório de avaliação de receitas e despesas do terceiro bimestre, garante o cumprimento da meta mesmo que as contas do governo encerrem 2024 com rombo de R$ 28,8 bilhões.

    A escolha, porém, mantém a dúvida sobre se o governo proporá o afrouxamento da meta fiscal, o que pode ter impactos negativos no câmbio e na inflação, obrigando o Banco Central a manter os juros elevados por mais tempo.

    Em junho, o TCU (Tribunal de Contas da União) emitiu alerta de que tomar o piso como referência para adotar ou não o contingenciamento de gastos pode elevar o risco de estouro da meta e afetar a credibilidade das regras fiscais.

    O alerta foi ignorado, a despeito de o secretário de Orçamento Federal, Clayton Montes, ter dito que o governo persegue o centro da meta do arcabouço —declaração não respaldada pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron.

    A estratégia contida no relatório do terceiro bimestre renova a aposta do ministro Fernando Haddad (Fazenda) de aumento da arrecadação para fechar as contas. Mas não deixa margem de manobra para acomodar eventual frustração das medidas já adotadas.

    O desempenho fraco da arrecadação com a negociação para contribuintes derrotados pelo voto de desempate nos julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), a principal medida de aumento de receitas para 2024, reforça as dúvidas.

    Ela será o pêndulo a jogar a favor ou contra num cenário em que a aceleração das despesas obrigatórias com os pagamentos do INSS e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) não dá trégua.

    O foco de Haddad no ajuste fiscal pelo lado da alta dos impostos deu sinais concretos de que bateu no teto com a rejeição da medida provisória que restringiu o uso de crédito do PIS/Cofins.

    O ministro enfrenta a resistência do presidente Lula em discutir a fundo cortes, incluindo a revisão do salário mínimo como indexador de benefícios do INSS e assistenciais, algo que chegou a ser aventado há algum tempo.

    Por ora, o anúncio de redução de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias em 2025, por meio de um pente-fino em gastos sociais, e o congelamento de R$ 15 bilhões deram tempo à Fazenda. Mas já passa da hora de mudar o foco e enfrentar cortes que levem o governo a entregar mais com menos.

  8. Contrariado nos acordos no Sul do Estado, região de seu domínio, o ex-presidente catarinense do Republicano, o ex-governador Carlos Moisés da Silva, resolve agir contra o PL do governador Jorginho Melo, que interviu no partido e triturou os acordos para beneficiar só o PL. Veja este artigo publicado ontem a tarde pelo blogueiro Upiara Boschi

    REPUBLICANOS SUSPENDE SENHAS DA NOVA DIREÇÃO ESTADUAL PARA PROTEGER ACORDOS NOS MUNICÍPIOS

    A Executiva Nacional do Republicanos decidiu suspender os poderes da Executiva Estadual do partido em Santa Catarina. A decisão veio após uma série de eventos que começaram no mês passado, quando Marcos Pereira, presidente nacional do partido, alterou o comando do partido em acordo com o governador Jorginho Mello (PL) – alçando o deputado federal Jorge Goetten (ex-PL) para o posto que era ocupado pelo ex-governador Carlos Moisés (Republicanos).

    O acordo foi realizado quando já estava encerrado o prazo de filiação partidária para candidatos nas eleições deste ano e fechada a janela para mudança de legenda de vereadores. Por isso, a mudança de rumo no comando do Republicanos estadual foi acertada com uma espécie de transição em que a direção nacional garantiu a preservação dos acordos realizados previamente – sob pena de intervenção.

    Na nota, foi assegurado que os acordos locais seriam mantidos e que as executivas municipais teriam autonomia para conduzir seus acordos visando as eleições municipais. Sob comando de Jorge Goetten e do irmão de Jorginho Mello, Juca Mello, o Republicanos acertou mudanças de rumo nas eleições de Criciúma e de Balneário Camboriú, onde trocou o apoio a Vaguinho Espíndola (PSD) e Juliana Pavan (PSD) por Ricardo Guidi (PL) e Peeter Grando (PL).

    Nesses dois casos, não houve crise interna. Em Criciúma, houve acordo com o presidente municipal Jefferson Monteiro, enquanto em Balneário Camboriú o comando municipal estava esvaziado desde a saída do ex-prefeito Édson Piriquito (MDB) em abril. No entanto, intervenções em municípios menores e, especialmente, a tentativa de intervenção em Itajaí causaram desconfortos que foram relatados à direção nacional.

    Em Itajaí, os quatro vereadores do Republicanos acertaram apoio à pré-candidatura do vereador Osmar Teixeira (PSD), com a indicação de Marcelo Werner como vice. Jorginho Mello quer o Republicanos encorpando a pré-candidatura de Robison Coelho (PL).

    Nesta terça-feira, os integrantes da executiva estadual do Republicanos perderam acesso às chaves digitais que permitem acesso e mudanças nas composições das executivas municipais – agora de posse apenas dos presidentes municipais, que poderão registrar suas atas de convenção e seus candidatos de acordo com os interesses do Republicanos nas cidades – protegidos da pressão do Centro Administrativo, via Jorge Goetten.

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