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OS POLÍTICOS VIVEM DE ESPAMOS. A MARQUETAGEM DELES É RETRATADA NAS FANTASIAS E RECORTES. NA CAMPANHA POLÍTICA, A ESPERTEZA EXCLUI O TODO E A TRANSPARÊNCIA. VENDE-SE ILUSÕES DO QUE ESTÁ DENTRO DA CURVA MEDIANA DO ATRASO. UMA DELAS, É DE QUE O IDEB 2023 DE GASPAR É UM EXEMPLO DE RESULTADO AUSPICIOSO

Atualizado o título às 11h25min deste 16.09.2024. No artigo de hoje tentei ser mais curto, mas, outra vez, não deu. Trato de um assunto delicado. Ele é uma questão fundamental de respeito que, nós adultos, deveríamos ter com as crianças e pré-adolescentes, nossos sucessores se os quisermos melhor do que nós. E esse respeito deveria ser, unicamente e antes de tudo, técnico. Os políticos não deixam. Invertem tudo. Sabotam até o que se apura em testes para a melhoria do ensino de crianças. E usam como propaganda enganosa de governo e eleitoral.

Este uso indevido é, infelizmente, uma prática, continuada entre nós e base para o marketing da demagogia de discurso de político. No fundo, esconde-se à falta de uma política de educação municipal para resultados permanentes aos egressos do sistema. Nega-se, dessa forma, à competitividade mínima às exigências cada vez maiores da sociedade. E exatamente na base do ensino fundamental.

Vamos aos fatos.

Nos últimos dias, os poderosos no poder de plantão em Gaspar estão plantando, insistente e repetidamente, informações que fogem da realidade geral. Estão pinçando ilhas de relativos “sucesso” obtido em pelo menos três escolas municipais no Ideb apurado no ano passado e divulgado em meados de agosto deste ano – ou seja, faz tempo – como se fosse o resultado do Ideb de Gaspar. E não é. 

Estranho mesmo é que todos os candidatos adversários a prefeito de Gaspar não tenham rebatido, esclarecido esta esperteza e se comprometido em melhorar um sistema que se arrasta e teima em ficar para trás entre nós. Isto mostra que, infelizmente e mais uma vez, os políticos que querem administrar a cidade estão ausentes dos graves e atualíssimos problemas de Gaspar e se não estão, demonstram, antecipadamente, que não possuem vontade para reverter o que está ruim e tudo pode continuar como estáOu até piorar. Muda, Gaspar.

A FALSA PROPAGANDA DO GOVERNO KLEBER

Primeiro. Os políticos no poder de plantão e em campanha eleitoral para continuar nesse poder, não puderam usar na plenitude essa informação. Então  armaram a trucagem contra a cidade e a população, devido às limitações legais da comunicação oficial (prefeitura), exatamente por se estar em plena campanha eleitoral municipal. Estão se comunicando menos e mesmo assim, com graves ilusões para se sair bem nessa trucagem.

A imprensa, incluindo a regional, que não investiga os números recortados por marqueteiros, candidatos, políticos e administradores, todos eles, aliás, disponíveis no portal do Ministério da Educação, de forma bem clara e para análise, inclusive estatística, está fazendo manchete de comida estragada e já mastigada pelos espertalhões de sempre a serviço do poder de plantão. Uma pena.

Segundo. É verdade, que Santa Catarina, o sexto estado mais rico do país, que sempre teve resultados medianos de excelência na área educacional, foi desta vez o 16º na colocação geral do Ideb. Vergonha. A desculpa ainda é a pandemia de Covid-19. Supostamente, ela tirou o ritmo desse avanço. E parece ser esse fenômeno só entre nós catarinenses e gasparenses. Estranho! A Covid não pode ser mais a bengala permanente para algo que não está funcionando. Já passou da hora. Faz tempo. É preciso criar outra muleta e tirar a Covid-19 das nossas repetidas e inventadas desculpas para a falta de entrega de resultados para a sociedade.

Terceiro. Nem o governador Jorginho Melo, PL, que em menos de seis meses de governo não poderia alterar, mesmo por mágica, para melhor ou pior o Ideb, bem como o antecessor, Carlos Moisés da Silva, Republicamos, podem ser responsabilizados. E por quê? O Ideb, como a própria sigla diz, é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, são os primeiros anos do ensino escolar. E quem é responsável por isso, essencialmente, como reza a Constituição Federal? Os municípios! Mas, o Estado, mesmo assim, acolhe uma pequena parcela de alunos neste ambiente dos primeiros anos, além da rede privada.

Quarto. Uma secretaria municipal da Educação com o maior Orçamento – não é a que mais investe, pois, a Saúde, com o sugadouro do Hospital é a que mais leva dinheiro dos gasparenses, catarinenses e brasileiros – é um reduto de ocupação política. E como tal, só podia dar uma resposta política à população. E com recortes marqueteiros.

Então! Dias atrás, o líder do governo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, fez alvíssaras dos recentes do Ideb entre nós. Na verdade, sem se envergonhar, ele lavou a minha alma, outra vez e na frente da ex-secretária de Educação, presidente do MDB, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, e que é vereadora, que nada falou, mas que antes da pandemia derrubou o Ideb entre nós, isto sem falar, que na sua gestão, ela criou para o governo de Kleber dizer que tinha diminuído a fila, a creche meio período para todos, como se por aqui, só se trabalhasse a metade do dia.

É verdade que o Ideb feito no ano passado nas escolas Escola Básica Belchior (7,0, mas a meta que estacionou em 2021 era de 7,2), no Belchior Central, no Distrito do Belchior; a Ervino Ventura (com média de 7,2, mas com meta de 6,9), no bairro Santa Terezinha – o mais populoso da nossa cidade – e Mário Perderneiras (com média 7,2, mas com meta de 6,7, ou seja, fopi a de melhor desempenho de todas a usada na propaganda governamental, com a ressalva de que – com a força da comunidade – lutou para ter o seu telhado restaurado por meses, sob dúvidas técnicas sérias até hoje, ou também já se esqueceram disso?), na Lagoa e foto ao lado, se destacaram. 

E as outras 11? Por que não tiveram o mesmo desempenho exemplar destas três? Teve gente que caiu, inclusive, do Ideb da Covid para cá. A euforia e a propaganda oficiais abafaram tudo. Ou seja, este tipo de propaganda enganosa ou recortada – três de 14 -, está, no fundo, contribuindo, ativamente para piorar, o que já não vai bem. E como se viu, o recorte traz quem mesmo com desempenho muito bom, não cumpriu a meta de 2021. Então…

O PONTO FORA DA CURVA SE REFERE AOS QUE CRIAM DIFERENCIAIS NA PRÓPRIA ESCOLA

Quais são os dois motivos simples para três escolas se destacarem, incluindo a que não atingiu a meta prometida?

Está claro de que não há uma política municipal de educação consistente e continuada. Nem mais. Nem menos. Há problemas pontuais. São conhecidos e antigos. E esses três isolados, repito, isolados, bom exemplos usados para a marquetagem de algo que não vai bem, mostraram de que houve empenho diferencial do corpo diretivo e principalmente, da docência dessas três escolas para superarem à maioria das dificuldades – inclusive a escola do Belchior, que finalmente vai ganhar um novo espaço – que as demais escolas municipais de Gaspar enfrentam no seu dia-a-dia. 

Como contei acima, citando as escolas muncipais do Belchior e da Lagoa passaram por perrengues, mas mesmo assim, elas superaram desafios. Outras, não. Algumas delas passou este ano sem professor assistente, os sucessivos concursos não foram preenchidos. Eles se associam a outros repetidos relatos e queixas de pais e educadores. É isto que, no fundo, estão nos retratos dos Ideb em Gaspar, mas que os políticos escondem nos recortes que fazem para os seus discursos e não para a melhoria de fato do sistema estatisticamente precário. E isso é intencional, proposital. 

Não vou mostrar os números das demais para não polemizar, mais uma vez, me estender neste debate de surdos. É que prefiro ficar com o resultado das melhores, exatamente, para serem eles referência, exemplo e que deveriam servir de reflexão para as demais. Antes de prosseguir, um parêntesis: o pior desempenho foi da escola estadual Ivo D’Aquino: 5,3 com uma meta de 6,3. Sem comentários. Os números exagerados falam por si. E contra as crianças de lá. E elas não têm culpa. E os adultos envolvidos neste resultado pífio sabem disso. E incluo os pais, que possuem voz e votos para mudar tudo isso.

Voltando. 

Certamente, os políticos não entendem. E nunca entenderão o todo do Ideb. Preferem fazer recortes do melhor para esconder o pior o que é, neste caso, uma média ruim. Preferem, de espasmos, ao invés da cura de um mal que afeta a saúde do corpo todo. Impressionante!

Quer ver como esta conta de euforia não fecha? 

Tínhamos prometido uma média de 6,6, repetindo a de 2021, que não foi alterada para melhor, que seria o normal, para dar chance à regressão no ensino decorrente à Covid-19. Quanto conseguimos? 6,5 (6,56).

Em 2017, primeiro ano de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, mas que em tese os resultados de 2017 não teriam nada a ver com a sua gestão, a nossa média foi 6,3 no Ideb divulgado em meados daquele ano. E o de Zilma Mônica Sansão Benevenuti, a secretária de Educação de Kleber, uma técnica da área, antes da Covid em 2019? 6,2. E o Ideb à meia boca pós Covid-19? 6,3. O mesmo que Kleber recebeu do seu antecessor há oito anos. Como se vê, a estagnação se moveu, mas, minimamente. E estão comemorando.

Avançamos em relação a Zilma? Sim. E muito pouco. Entretanto, não entregamos sequer à promessa de 2021. Estamos em 2024. E fazendo o quê? Recortando três pontos fora da curva – um deles duvidoso, pois a meta é mais alta à nota obtida – para fazer propaganda em tempo de caça votos para o que exatamente? Encobrir o que falhamos em outras 11 escolas. Repito: 11

Para encerrar. Parte dessa culpa é dos pais, que de posse desses números não exigem mudanças nas escolas, infestadas pela politicagem partidária. Há até uma lei que manda fixar na entrada de cada escola, a média obtida e a meta. Isto está no lixo na maioria delas. É só ver o que aconteceu com as “eleições” para a gestão das escolas municipais (e estaduais também), onde se arrumou pé para indicar os mais próximos dos políticos no poder de plantão e não exatamente os escolhidos pela comunidade local e escolar. Se polemizou. Abafou-se. Ou seja, mais uma vez, por repetição, perdeu a educação, o ensino, os melhores profissionais e gestores.

O que está em jogo, não é se o diretor é amigo – indicado ou protegido – do político A ou B. O que importa para os pais, é se os seus filhos estão sendo iniciados na pedagogia competitiva, com olhares multidisciplinares, incluindo os de ordem emocionais e sociais no que tange à vulnerabilidade, exatamente na base do ensino fundamental. E o Ideb, tecnicamente, mostra isso. Mostra que estamos falhando. E não é de hoje, com as nossas crianças, com o nosso futuro e numa camada social vulnerável. Meu Deus! 

Na corrida a prefeitura de Gaspar, temos pelo menos dois candidatos filhos de professoras exemplares, ao seu tempo e modo… E deles você não viu um piu sobre este assunto. Pior constatação: falta oposição quando se manipula dados em recortes para ela ocupar o espaço mínimo de esclarecimento da sociedade. O que está aí, parece que não serve. Vai continuar tudo igual. Muda, Gaspar!

E tem gente que é candidato, mentindo, extraindo números de exceções para dar a falsa sensação de vitória, mudança ou que é o retrato de tudo na área da Educação. foi assim que se fez com a sala de robótica de uma escola, a Norma Mônica Sabel, enquando por outro lado, isso não está nas demais, onde faltam professores, ou o mínimo básico como o contraturno e turno integral. Ao lado desses arautos dos recortes, está uma maioria de candidatos bem alheia a estes números e propostas para revertê-los. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Drama I – A maioria não sabe, mas o candidato a prefeito de Gaspar, Oberdan Barni, Republicanos, tem a atual esposa dele, Lorena Arnoldo, em estado vegetativo. A doença se chama Demência Fronto Temporal. Eles estão juntos há dez anos e a doença se manifestou há cinco. E agora, está numa fase extremamente crítica. Demanda tempo, cuidadoras e altos custos, além de parte do tempo dos pais de Oberdan na ausência dele tocar os seus negócios, a família e a política.

Drama II – “É um drama diário e eterno“, justificou-me ele. “É particular e não quero isso misturado na política e nem publicado por aí. É a minha cruz. Tenho que conciliar tudo e me equilibrar emocionalmente na exigência da doença, na ausência dela (Lorena), na minha necessidade de empresário e na minha decisão de estar na política pela comunidade“, explicou Oberdan Barni. Ele possui três filhos de um casamento anterior. Com Lorena Arnoldo, nenhum. Ela possui um filho de um relacionamento anterior.

Depois da pesquisa desta sexta-feira, de um terceiro instituto -e por isso, os resultados são incomparáveis entre si e teve politico que malandramente fez isso ao seu modo e interpretação bem própria -, diante dos números, já teve candidato que terceirizou as aparições, negociações e até a propaganda, para o vice e os seus patrocinadores. Um mau e antecipado sinal. Afinal deu o nome para ser candidato de fachada aos interesses de grupos que mais uma vez se escondem e se disfarçam como donos da cidade? É muito cedo para dar esta pista de não estar no comando pleno da campanha e candidatura. Faltam 21 dias e coisas do capeta já aconteceram em eleições por aqui.

Fato ou fake? Gente ligada aos que estavam sendo alvo da “Operação Limpeza Urbana” deflagrada pela Polícia Civil em Gaspar, reproduzem nos aplicativos de mensagens, de que avisada, mas não apanhada, pois ainda não é alvo, ao saber de que se desenvolvia a tal Operação em casas de supostos envolvidos, trancou-se no banheiro de repartição pública e, preventivamente, passou a destruir o celular. Se não deve, por que tanto teme?

Uma pergunta que não quer calar: qual é mesmo a diferença entre o confisco da poupança feita pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje no PRD-AL, e o confisco do dinheiro esquecido pelos brasileiros que o Banco Central tem a obrigação de guardar para nós, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu ministro taxador da Fazenda, Fernando Haddad, ambos do PT, querem tomar, com a ajuda de deputados Federais e Senadores, para a gastança geral, ao invés de criar segurança jurídica e condições econômicas de atração de investidores nacionais e internacionais, fazer a atrasada reforma administrativa, a reforma da previdência, o equilíbrio fiscal e desestatizar o país?

Tem treta entre uma mãe e uma cuidadora do CDI Mercedes Melato, no bairro Bateias, em Gaspar. E não é de hoje. A direção e a secretaria de Educação já tomaram partido da cuidadora. A denúncia foi dar na imprensa e lá ficou engavetada. Agora, ameaça ganhar as redes sociais. Ora, se o caso é verdadeiro, o caminho certo da mãe, ainda mais em tempo de campanha eleitoral, é o Conselho Tutelar, o registro de um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia e acionar o Ministério Público que cuida dessa área da infância. Fora disso – se se quer solução e resolução -, é espetáculo.

Caixa forrado I. A candidatura do delegado Paulo Norberto Koerich e do engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, a prefeitura de Gaspar foi a que mais recebeu, até agora, recursos dos bilionários fundo eleitoral e partidário: R$179.311,28. O total das receitas registradas no site oficial de prestação de conta do Tribunal Superior Eleitoral do candidato já ultrapassa o limite de gastos imposto para campanha daqui e que é de R$199.234.75. Vão devolver recursos?

Caixa forrado II. Além ds fundo eleitoral e partidário, três outros contribuintes elevaram o total para R$202.211,28: Rubens Ometto Silveira Melo com R$10.000,00, Pedro Inácio Bornhausen, um dos históricos do PP de Gaspar – partido que tem candidatura própria – com R$9.400,00, e o vereador Francisco Hostins Júnior, até então no MDB – que também está em outra candidatura -, líder de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PP, bem como secretário de Saúde, função que exerceu no governo do petista Pedro Celso Zuchi. Hostins Júnior, no entanto, está recém filiado ao PL, convidado que foi no mesmo encontro com o governador Jorginho Melo, PL, e Paulo Norberto Koerich, em Florianópolis.

Constrangimentos I. Sábado, no semáforo, defronte a Câmara de Blumenau, a equipe do PT de lá pedia votos. E ouvia gritos de dentro dos carros de “Fora PT”. Eu testemunhei. Ninguém me contou. Enquanto isso, em Gaspar, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, desfilava com a comitiva do vice Marcelo de Souza Brick, PP que quer lhe continuar no poder de plantão. Mesmo com a montoeira de comissionados que emprega e candidatos a vereador a rodo, foi um “desfile” minguado, depois da “Operação Limpeza Urbana”.

Constrangimento II. O que os dois fatos mostram? O quanto o governo de Luiz Inácio Lula da Silva – o que só cria e aumenta impostos contra a classe média que a classifica de rica, desalmados e até milionária – é tóxico para seus candidatos ainda mais cidades com vieses conservadores. E no caso de Gaspar, o quanto esta “Operação Limpeza Urbana” contaminou o ambiente sob o domínio de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Aqui, o protesto não foi tão escrachado quanto em Blumenau, mas as observações contidas, sobraram no percurso como se testemunhou também. Este protesto contido daqui, todavia, pode parar na urna. Em Blumenau, um paraíso de migrantes, sem pesquisas balizadoras públicas, este protesto aberto precisa ser testado.

Sob o título “tarefa para marqueteiros”, Élio Gaspari escreveu isto ontem nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo: “Os marqueteiros de Ricardo Nunes [prefeito de São Paulo, MDB], estão quebrando a cabeça para resolver um problema. Com o apoio do governador Tarcísio [Gomes] de Freitas, [Republicanos], ele pode ganhar a eleição numa cidade que em 2022 votou em [Luiz Inácio]Lula da [Silva, PT]. Marcado como candidato de [Jair Messias] Bolsonaro, [PL], ele pode perdê-la”.

O dia em que o Brasil e os brasileiros se livrarem dessa polarização idiota de espertalhões e que fazem de tudo para serem os donos dos nossos votos para só eles terem vantagens, alimentando e dominando o atraso, o país mudará e, possivelmente, melhorará. Foi o péssimo, radical e até incompreensível do ponto de vista da sensatez ideológica governo de Jair Messias Bolsonaro, PL, quem elegeu Luiz Inácio Lula da Silva, PL.

Na mesma linha. É o péssimo, incompreensível na falsa defesa da democracia – é só olhar para a Venezuela para não citar a Ucrânia, Israel e Nicarágua – e radical governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com o seu implacável taxador Fernando Haddad, ambos do PT, com a complacência dos nossos representantes que elegemos para decidir no nosso nome no Congresso Nacional, que sustentam os sonhos dos bolsonaristas na volta ao poder. São faces de uma mesmíssima moeda.

Nem Luiz Inácio Lula da Silva, PT, nem Jair Messias Bolsonaro, PL, querem, por exemplo, que Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, um técnico, que ganha credibilidade político-administrativa, e está se tornando menos dependente do bolsonarismo, tenha sucesso, seja competitivo eleitoralmente e se apresente como alternativa ao que está aí. Está na cara de todos como Lula e Bolsonaro trabalham juntos neste aspecto. Todavia, os fanáticos de ambos os lados estão em negação permanente e contra qualquer outra possibilidade dos seus “reis” e “mitos”. Impressionante.

Cadeirada I. E ontem à noite, no debate da TV Cultura para prefeito da cidade de São Paulo, o outsider político, o bolsonarista Pablo Marçal, PRTB, sem planos e enlameado por todos os lados, não teve outra saída do que colar lama – um produto que ele conhece bem – nos adversários competidores para se sobressair no “quanto pior melhor para mim”.

Cadeirada II. Lamentavelmente, Pablo Marçal, PRTB, levou uma cadeirada de outro desqualificado, o jornalista apresentador de televisão José Luiz Datena, PSDB, que não aguentou a provocação proposital para este desenlace. Hoje, ambos são manchetes de um caso de polícia. Talvez fosse isso que quisessem. Já as propostas deles e dos demais para São Paulo estão esquecidas. A malandragem dos políticos agradece. E por isso, os cidadãos e cidadãs continuarão embrulhados neste mar de espertezas.

Assédio I. Dias atrás, ouvi uma entrevista de um representante do Ministério Público Eleitoral, uma ladainha de orientações, esclarecimentos, procedimentos e condenações contra o assédio empresarial na busca de votos para os seus elegidos entre os seus empregados. Um patrão com botton de candidado circulando entre os empregados, é assédio. Um emporegado com botton não, mas se o patrão recomendar tirá-lo, é assédio do patrão.

Assédio II. Na lista de exageros, chegou até esclarecer de que a diarista também pode fazer este tipo denúncia contra seu “patrão”, a qual poderia, em tese, gerar uma série de consequências, inclusive e principalmente, penalizações financeiras ao patrão pedidor de votos. De outra parte, o politizado, instruído na norma e sua interpretação representante do Ministério Público nada falou de igual assédio que se dá nos templos e púlpitos religiosos, transformados em verdadeiros comícios. Ou, a “casa de deus” está livre de tal assédio do capeta?

Ao contrário de Blumenau, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL não deu as caras por aqui até o momento. Ao final da campanha vai se ver qual a vantagem e a desvantagem disso. Em Gaspar, o PL sem Bolsonaro e com Jorginho Melo, ex morador daqui (foi gerente do falecido BESC) não faz diferença nenhuma o apoio dele. Mas todos torcem e se mexem para que o governadore paulista Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, entre outros, não ceda imagem de apoio a Oberdan Barni. Na tentativa de Jorginho de tirar Oberdan quando o governador tomou o Republicanos, não se conseguiu. Já no sufoco da estrutura…

Quem disse que a velha tevê aberta e o rádio (este em recuperação há décadas) não funcionam para chegar às camadas mais baixas do espectro social e educacional? A campanha eleitoral deste ano está funcionando a favor de quem tem mais espaços nesses veículos. Os marqueteiros nascidos, criados e educados na era da internet e da mídia social, precisam, urgentemente, se reciclarem nos seus conceitos acadêmicos unilaterais. As redes sociais, ganham credibilidade fora das bolhas, quando reproduzem veículos com crédito de origem.

Dois ausentes até agora nos palanques, visitas e caminhadas da campanha do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, PP, para continuar os dois mandatos de Kleber Edson Wan Dall, MDB: o novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado Federal por Blumenau, Ismael dos Santos, PSD, antigo partido de Marcelo, e o braço operacional de Kleber na Fecam – Federação Catarinense dos Municípios – e ex-faz tudo e presidente do PSDB de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira. Ambos, só nos bastidores

Como funciona. Dias atrás, um empresário reuniu outros empresários para emprestar apoio a candidatura de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL. Quem esteve na reunião viu quase os mesmos de sempre. Os pingados de diferentes, um deles, com desenvoltura, até o dia anterior a reunião, fazia discursos empolgados para Marcelo de Souza Brick, PP, e Ivete Mafra Hammes, MDB. Então…

Esquece a Rua Vidal Flávio Dias” (foto ao lado), reclamou na Câmara, o líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, às parcas cobranças, ou citações sobre o asfaltamento parcial que chegou depois de nove anos de promessa e oito do governo de Kleber Edson Wan Dall, e dos vices Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, ambos do PP. “Fizemos a nossa parte“. Ele está certo, uma parte. Falta cumprir ainda o prometido. E cobrar precisa ser cobrado a obra no todo. como pede para esquecer…

Estão me colocando em último [na pesquisa] para que eu desista. Não vou“, reclamou Ednei de Souza, do Novo. Se realmente ele está em último e com tão poucos supostos votos, qual a razão para desistir? Tem mais que continuar porque o que está em jogo nem é a vitória, mas o discurso de ser diferente do que quer continuar e daquilo que promete ser a continuação, por tudo que agregou e comanda a campanha até aqui. A chance de Ednei ganhar não faço ideia. Mas, a chance dele implantar o modelo do Novo de administração em Gaspar onde está impregnada à cultura das tetas e para incompetentes, é próximo a zero.

Alma pura I. Dia desses, rolou na Câmara de Gaspar mais uma treta entre o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e Giovano Borges, PSD, este eterno par com o vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, PP. Dionísio e Giovano lavaram a minha alma mais uma vez. Dionísio afirmou que Giovano foi um contumaz apoiador do PT e presidente da Câmara, graças a Pedro Celso Zuchi e ao PT. Giovano tentou negar o que a cidade inteira sempre soube. 

Alma pura II. Eleito em 2012, em desvantagem na Câmara, Pedro Celso Zuchi e o PT fizeram um acordo de rodizio na presidência dela para ter os votos, a maioria e principalmente, a governabilidade. É do jogo, jogado. Nada contra. O que não se pode é mudar a história para se dar bem agora, usando à falta de memória da maioria dos gasparenses.

Alma pura III. Pelo acordo, uma das presidentes neste rodízio neste acordo com os adversários sob o comando do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, seria a ex-vereadora Andreia Simone Zimmermann Nagel, que estava no falecido DEM. Ela aceitou o acordo, desde que o PT não tocasse na sua independência de vereadora. O PT aceitou. Mas, quando chegou na hora do PT cumprir a palavra, o próprio prefeito Pedro Celso Zuchi, armou a vingança, segundo confirmou agora Giovano Borges, PSD, mas meus leitores e leitoras sempre souberam.

Alma pura IV. Giovano Borges, PSD, ao rebater Dionísio Luiz Bertoldi, PT, apenas confirmou o que sempre escrevi, o que estava na cara, a Andreia Simone Zimmermann Nagel, DEM, esclareceu nos discursos dela e os petistas sempre negavam. O que Giovano escondeu, mais uma vez, foi que essa costura de traição também teve o dedo de José Hilário Melato, PP, para salvar os seus interesses no acordo e no governo petista no qual usufruía como poucos em dobradinha. Nada como anos após os outros. E essa gente ainda diz não compreender porque possui dificuldades de voltar ao poder onde teve nele para distribuir vinganças e prejuízos a particulares (como eu), a políticos como Andreia e a cidade como um todo.

O advogado especialista na área eleitoral, João Pedro Sansão, “salvou” mais um candidato. Desta vez, penalizado aqui, o candidato a vereador pelo Republicanos, Aldo César Kunel, o Aldinho, se tornou elegível pelo Tribunal Regional Eleitoral, no voto do juiz relator Sérgio Francisco Carlos Graziano Sobrinho, em recurso do escritório de João Pedro. O que aconteceu? A burocracia do Republicanos de Gaspar comeu mosca e em tese, perdeu o prazo de filiação de Aldinho no filiaweb.

O que o advogado João Pedro Sansão provou e o TRE-SC aceitou? De que o candidato fez tudo certo, na documentação e prazo exigido e que, o partido falhou. Ou seja, o candidato não poderia ser penalizado na sua intenção de concorrer ao pleito deste ano, se não ele contribuiu para a falha ou inépcia do diretório local do partido – o que deve fazer esta filiação no registro nacional – e não havia nenhuma oposição partidária à sua candidatura. João Pedro, depois de abandonar às vontades eleitorais, ganha robustez e autoridade próprias nesta área do direito.

Coisas de candidato com reeleição ameaçada. Depois de se autoproclamar representante político dos interesses das igrejas neopentecostais daqui e alhures – e está gravado esta fala -, depois de ser – já deixou – citador de versículos, o nobre enviado do Senhor, há dias, na Câmara, pediu um espaço de voz, para convidar a cidade para uma festa numa comunidade católica que não é nem do seu antigo e nem novo bairro. Não é à toa que está se saindo melhor como humorista.

Perguntar não ofende? Todas as caras e estranhas floreiras – fruto de mais um escândalo em Gaspar – já foram instaladas? E as tais “bocas-de-lobo inteligentes” já estão funcionando. Gaspar é assim. Todos os dias se destampa um desastre. Mas, a cidade continua mesma, aceitando todos esses desastres, por falta de oposição, fiscalização dos ambientes formais e até por falta de polícia, eles são esquecidos com tanta facilidade. Haja dinheiro para isso tudo. Muda, Gaspar!

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12 comentários em “OS POLÍTICOS VIVEM DE ESPAMOS. A MARQUETAGEM DELES É RETRATADA NAS FANTASIAS E RECORTES. NA CAMPANHA POLÍTICA, A ESPERTEZA EXCLUI O TODO E A TRANSPARÊNCIA. VENDE-SE ILUSÕES DO QUE ESTÁ DENTRO DA CURVA MEDIANA DO ATRASO. UMA DELAS, É DE QUE O IDEB 2023 DE GASPAR É UM EXEMPLO DE RESULTADO AUSPICIOSO”

  1. TARCÍSIO E A APOSTA DE CONTER MARÇAL, por Vera Magalhães, no jornal O Globo

    Enquanto à direita e à esquerda sobrava perplexidade e faltava coragem para enfrentar o incêndio Pablo Marçal quando ele começou a se alastrar na política paulistana, o governador Tarcísio de Freitas fez uma jogada de risco: tomar a frente da resistência e apostar num candidato de carisma duvidoso no momento em que ele ardia nas chamas da queda nas pesquisas e da debandada de aliados.

    A aposta, de altíssimo risco no momento em que foi feita, será bem-sucedida? O resultado da eleição mostrará, mas, para além das urnas, a decisão do governador de São Paulo de se afastar da orientação de Jair Bolsonaro e assumir a liderança da condução da coalizão de direita na capital do estado pode ter consequências importantes para o rearranjo político posterior ao pleito municipal.

    Até esse episódio, Tarcísio vinha evitando divergir da orientação do ex-presidente e padrinho político. Por lealdade ou cautela, não hesitou sequer em comparecer a atos de confronto com o Judiciário como no último 7 de Setembro, algo que não condiz com o estilo negociador que ele vem procurando cultivar, mesmo com o governo federal.

    Mas, quando Bolsonaro tremeu na base diante da febre Marçal e se recolheu àquela covardia característica, orientando seu ex-ministro a também tirar o time de campo, Tarcísio ignorou a orientação e colocou um então abatido Ricardo Nunes debaixo do braço para convencer o eleitorado de que o prefeito era a melhor opção.

    O efeito captado por duas rodadas de pesquisas feitas desde que ficou mais evidente a preeminência do governador na propaganda de Nunes é de estagnação da onda do ex-coach e reação do emedebista. Nos 20 dias que restam a uma campanha marcada por ausência de racionalidade e violência inaudita, é cedo para qualquer prognóstico definitivo sobre quem vai ao segundo turno, mas, se confirmado o favoritismo mostrado pelo Quaest e pelo Datafolha para Nunes em caso de segunda fase da disputa, Tarcísio arrastará as fichas sozinho, sem chance para Bolsonaro tentar fazer arminha e surfar na onda.

    O que isso representa em relação a outra campanha que se avizinha, a presidencial de 2026, ainda é cedo para dizer. Mas não é prematuro cravar que Tarcísio resolveu apagar o fogo ainda no início, ao perceber, com clareza maior que o predecessor e o próprio Lula, que, se Marçal for eleito prefeito da maior cidade do país, com a chave do cofre do terceiro maior orçamento, será presidenciável no dia seguinte.

    Dada a disputa pelo espólio bolsonarista na direita, isso poderia significar “pular” a geração de Tarcísio e dos demais governadores, que seriam engolfados pelo influenciador. E o que significa o silêncio do restante do establishment político diante do grau de depredação do debate público que Marçal promove? Que pouco ou nada aprenderam com Bolsonaro.

    Em 2018, era fácil culpar a imprensa e a Lava-Jato pela “criminalização” da política que levara à vitória de Bolsonaro. Pois o que explica o silêncio da esquerda diante do avanço de um coach de passado coalhado de investigações, que aposta no caos? Por que a aposta velada de parte da campanha de Guilherme Boulos de que seria “melhor” enfrentar Marçal, num cálculo míope e imediatista de chances eleitorais que não leva em conta o risco da transposição de um fenômeno que corrói a própria política para além das fronteiras da cidade de São Paulo?

    É muito fácil arrumar culpados para anomalias como a que tomou conta da disputa paulistana enquanto o tal “sistema” se omite de enfrentá-las. A campanha de Kamala Harris mostra quanto a coragem de enfrentar extremistas pode fazer a diferença. No caso de Marçal, Tarcísio parece ter sido dos poucos a entender a própria responsabilidade e o risco que ele mesmo corre.

  2. QUEM SE LEMBRA DO ENÉAS, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Desde 1959, quando o rinoceronte Cacareco teve 100 mil votos para uma cadeira de vereador na eleição municipal de São Paulo, os candidatos pitorescos ganharam um espaço inédito. Só na noite de 6 de outubro se saberá se ganharam peso político. As pesquisas de outros estados mostram o contrário. Na vida real, a baixaria é alimentada por dois candidatos, só em São Paulo. No Rio, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte e nas outras capitais a campanha vai bem, obrigado.

    Depois de Cacareco, vieram fenômenos como Enéas Carneiro e o comediante Tiririca. Enéas disputou três vezes a Presidência da República e chegou a conseguir 1,4 milhão de votos. Em 2002, elegeu-se deputado federal por São Paulo, com a maior votação da época, mais de 1,5 milhão de votos. Reelegeu-se em 2006 e morreu no ano seguinte. Tiririca elegeu-se deputado federal por São Paulo em 2010, também como o mais votado (1,3 milhão de votos), e está até hoje na Câmara.

    Cacareco morreu no Zoológico em 1962. O quadrúpede passou pela vida pública sem deixar vestígios. Seus similares também. Ganha um archote para produzir uma queimada quem souber das contribuições de Enéas e Tiririca para a vida do país. Representaram um desconforto dos eleitores, nada mais que isso. Ninguém votou em Cacareco, Enéas ou Tiririca esperando alguma coisa. Afinal, o voto é obrigatório. Se não fosse, esse eleitor ficaria em casa.

    Um cidadão que acompanhou por dez anos a Operação Lava-Jato e viu seu funeral melancólico tem razões para não acreditar em coisa nenhuma. Outra coisa é entregar a administração de sua cidade ao produto de uma vaia. Os candidatos pitorescos vestem-se com mantos radicais para nada. Fanáticos sem causa, são asteriscos que acabam esquecidos.

    Tudo isso pode fazer sentido, mas falta incluir no quadro o fenômeno Jair Bolsonaro, saído da avalanche eleitoral de 2018. Seu filho Eduardo quebrou o recorde de Enéas, elegendo-se para a Câmara com 1,8 milhão de votos. Quatro anos depois, quando o pai disputava a reeleição, teve menos da metade de eleitores.

    A eleição de 2018 foi única e ainda reverbera. Lula, o principal candidato, estava na cadeia, trancado por decisão do Supremo Tribunal Federal, soprada pelo comandante do Exército. Poucos países passaram por experiências semelhantes.

    A maré conservadora e antipetista elegeu os Bolsonaros. No Rio, o anônimo juiz Wilson Witzel capturou o governo do estado e foi deposto em 2021. O Supremo soltou Lula, os generais voltaram aos quartéis, e, no Rio, o candidato de Bolsonaro, sem a plumagem dos pitorescos, patina.

    As pesquisas dos próximos dias dirão qual foi o efeito da cadeirada de domingo no debate da TV Cultura, e na noite de 6 de outubro virá o juízo final. O candidato Pablo Marçal é qualificado como “influenciador”. Trata-se de um vago anglicismo. Na mesma noite, se saberá se existe bolsonarismo ou se ele é um vagão atrelado a uma locomotiva conservadora.

    O protesto encarnado por Cacareco era muito mais inteligente. O rinoceronte nunca disse besteira nem foi a debates. Para quem está a fim de jogar o voto fora, limitando-se a mostrar seu desconforto, aqui vão duas sugestões de candidaturas, de animais que alegram o Zoológico de São Paulo:

    1 — Pepe é um chimpanzé, maior de idade.

    2 — Sininho é uma fêmea de hipopótamo, filha da falecida Teteia, a decana do pedaço.

  3. A MORTE HORRÍVEL DE UM PARTIDO POLÍTICO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    À luz de todas as pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, o iracundo José Luiz Datena, não só perderá a eleição, como nem sequer irá ao segundo turno da disputa pelo governo da capital paulista. O próprio Datena parece estar convencido de seu melancólico fado, haja vista que, há poucos dias, o candidato chegou a chorar em lamento por seu pífio desempenho na corrida eleitoral e, ademais, por não poder realizar o “sonho” de ser eleito, pasme o leitor, senador da República.

    Mas, seja qual for, o destino político do sr. Datena – até uma remotíssima reviravolta que leve o tucano à vitória – é totalmente irrelevante para uma constatação nada honrosa sobre seu partido: o PSDB, moribundo já há algumas eleições, chega ao fim como um partido político em seu sentido mais nobre, vale dizer, como uma organização da sociedade civil que reúne indivíduos com afinidades ideológicas, valores, interesses e objetivos comuns visando a influenciar a tomada de decisões na esfera pública, especialmente por meio da participação em eleições.

    O PSDB já foi assim – e com louvor. Houve um tempo, já distante, em que o partido de André Franco Montoro, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, José Serra e tantos outros traduziu como nenhuma outra agremiação política os melhores anseios dos brasileiros por uma sociedade civilizada. O PSDB já foi sinônimo de progresso social e econômico do Brasil. O PSDB já foi associado à política de alto nível, baseada na força dos argumentos e do espírito público de seus filiados e nos resultados de sua agenda programática para o bem comum. O PSDB já canalizou a esperança de milhões de eleitores ávidos por um distanciamento dos extremos e, principalmente, pela ruptura das amarras que mantêm o País aferrado ao atraso. Esse PSDB já não existe.

    Hoje, o que se chama de PSDB não é muito mais do que um partido nanico, para não dizer uma legenda de aluguel, dessas que oferecem abrigo a qualquer um que passar na rua e, pelas mais variadas razões, possa lhe trazer um punhado de votos capazes de mantê-la respirando por aparelhos. Às favas a história e, sobretudo, seus princípios fundadores – algo que nem remotamente parece tirar o sono de Marconi Perillo, atual presidente do PSDB, e Aécio Neves, seu cacique de facto.

    A debacle do PSDB deve ser creditada a ambos, mas sobretudo ao mineiro, artífice da aproximação da legenda com a truculência de Jair Bolsonaro, o ponto de inflexão que levou muitos tucanos de corpo e alma a simplesmente abandonarem a legenda que ajudaram a conceber ainda nos estertores da ditadura militar. Sob o tacão de Aécio Neves, o PSDB se tornou uma legenda indistinguível de outras que não têm um décimo de realizações a apresentar aos eleitores. Basta dizer que ninguém menos que o diretor-geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso, Sergio Fausto, publicou recente artigo neste jornal defendendo o voto não no candidato tucano, como seria de imaginar noutros tempos, mas em Tabata Amaral (PSB).

    Não há qualquer injustiça nessa personificação. Afinal, Aécio Neves e Marconi Perillo são os embaixadores dessa empreitada inconsequente que é a candidatura de José Luiz Datena, um rematado desqualificado, como se viu, para exercer qualquer cargo público, que dirá governar a cidade de São Paulo. Tivesse o mínimo de decência, a Executiva Nacional do PSDB proporia a expulsão sumária de Datena após a agressão física do tucano contra o candidato Pablo Marçal (PRTB) – da qual, diga-se, Datena não se arrependeu. Mas o partido, ao contrário, parece estar orgulhoso do comportamento delinquente de seu candidato, a ponto de fazer cálculos políticos sobre os supostos ganhos eleitorais que a cadeirada em Marçal pode representar na disputa.

    Perder ou ganhar uma eleição é da democracia. Nesse sentido, o resultado do pleito importa menos do que a afirmação de princípios por um partido ou candidatura. O PSDB, é praticamente certo, perderá a eleição em São Paulo. Mas poderia perder com dignidade. Entretanto, por escolha própria, e não dos eleitores, o partido sairá derrotado e em desonra.

    1. Miguel José Teixeira

      Lamentavelmente, lamentável o passamento do PSDB.
      Será que foi em decorrência do peso do bico, do excesso de chumbo que levou no rabo ou do complexo de pavão?

  4. A ESQUERDA DO ATRASO ABRAÇADA POR ELA MESMA

    Estes dois títulos desta manhã portal UOL (Folha de S. Paulo), podem explicar a razão pela qual a candidata a prefeita de Blumenau, Ana Paula Lima, PT, está com um discurso falso, e bota falso nisso, que a discussão não deve ser ideológica nesta disputa eleitoral, mas é, e o PT carrega o atraso, a vingança, o isolamento dos seus contra a realidade e o futuro. E em Blumenau, o PT usa o PSOL para dizer que o velho continua vivo e se ganhar vai perpetuar aquilo que está no século passado, em plenos meados dos anos 20 do século 21.

    “Esquerda perde por WO e não lança candidatos em 846 cidades brasileiras”. E outro: “Fechadas com Bolsonaro, cidades de SC não têm candidatos de esquerda”

    O que revela isto também? O oportunismo dos políticos, que se acham espertos e donos das pessoas e dos grotões. Décadas atrás, era o inverso. Tendo a oportunidade de avançar, o PT atrasou e perdeu os oportunistas. Agora, chegou a vez dos bolsonaristas que estão flutuando no PL e partidos do Centrão. Jair Messias Bolsonaro, PL, o que primeiro salva o clã, o doido, o que deixa na mão os seus sem explicação, o que encrenca com todos, permanentemente, o que não entrega resultados, o a que elegeu Lula no terceiro mandato, como se vê, não está mais influenciando também e liderando a direita – desde a radical até a que se infesta de aproveitadores como em Gaspar

  5. O GOVERNO PETISTA TENTA NOVAMENTE MAQUIAR AS CONTAS, editorial do jornal O Globo

    No domingo, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o governo federal a emitir créditos extraordinários, fora da meta fiscal, para o combate a incêndios. Ao analisar a decisão, não se pode deixar a fumaça interferir no raciocínio. O fogo tem se espalhado nesta temporada especialmente seca em razão da atuação de criminosos e da resposta tímida do Estado (não apenas do governo federal, mas também dos governos estaduais). Mas a inação resulta de má gestão, não da falta de dinheiro.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez escolhas erradas ao priorizar outras despesas. Diante da emergência atual, o governo ainda tinha margem de manobra para remanejar gastos e reforçar o combate ao fogo. Voluntarista, a decisão do STF terá, mais uma vez, o efeito deletério de permitir o drible nas regras fiscais. Não será a primeira vez que isso ocorre. Nem o governo Lula é o único a manifestar certa aversão por encarar as restrições orçamentárias.

    É comum, entre os governantes, a noção de fazer melhor com os recursos à disposição ser substituída pelo ímpeto de gastar o possível e o impossível para obter apoio popular no ciclo eleitoral seguinte, mesmo que isso signifique deixar a conta para as gerações futuras na forma de uma dívida galopante. É por isso que a sociedade precisa se manter vigilante.

    O terceiro mandato de Lula tem sido, numa leitura generosa, dúbio nesse aspecto. Aprovou regras fiscais impondo novos limites — bem mais elásticos que os anteriores — aos gastos públicos. Na prática, porém, têm se tornado frequentes as tentativas de excluir despesas desses limites para maquiar as contas. Isso tem ocorrido não apenas em situações de emergência imprevistas, como as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul ou os incêndios na Amazônia e no Pantanal. Os dribles fiscais também têm afetado gastos permanentes, como o auxílio para estudantes de baixa renda do ensino médio ou o auxílio-gás.

    O Congresso com frequência tem sido cúmplice da incúria. Na última investida, a Câmara aprovou em agosto um Projeto de Lei (PL) para facilitar o crédito que cria mecanismos tortos de financiar políticas públicas fora do Orçamento. O objetivo é usar recursos dos fundos de pensão de Caixa, Petrobras, Banco do Brasil e Correios para investir no setor imobiliário, prática proibida depois de diversos escândalos. O PL autoriza uma estatal, a Empresa Gestora de Ativos (Emgea), a comprar créditos imobiliários de instituições privadas para revendê-los sem risco aos fundos de pensão. “Se os devedores não pagarem seus financiamentos, os investidores podem continuar a receber seu crédito devidamente remunerado. O prejuízo fica para a Emgea. Ou para o Erário, dono da Emgea. Todos nós”, escreveram os economistas Marcos Lisboa e Marcos Mendes.

    Caso a ideia seja aprovada no Senado, estará criada mais uma forma de “contabilidade criativa” similar às que grassavam no governo Dilma Rousseff. Na época, a erosão da credibilidade afetou as estatísticas fiscais oficiais, que se tornaram peça de ficção. Ninguém no mercado acreditava mais no compromisso do governo de gerenciar de forma responsável a dívida pública. As consequências: juros mais altos, economia em ritmo mais lento, menos oportunidades e menor renda. Não adianta maquiar os números. A conta pode demorar, mas sempre chega.

  6. VACILOU, DANÇOU, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    Um dos motivos entre os vários que puseram o PSDB na rota do infortúnio foi a ausência de posicionamento nítido desde que deixou o Planalto. E até antes disso, quando na eleição de 2002 os tucanos se dedicaram ao exercício do equilibrismo.

    Posto em desassossego na corda bamba, o tucanato saiu derrotado. Em seguida fez oposição tímida aos governos petistas e, depois do impeachment de Dilma Rousseff (PT), apostou na lei do menor esforço, acreditando que na eleição de 2018 seria beneficiário do recall da quase vitória de Aécio Neves em 2014.

    De novo perdeu e nunca mais se recuperou. Aí o erro dialoga com falha no senso de oportunidade. Mas há equilibristas que se equivocam por excesso de oportunismo. É o caso de Jair Bolsonaro (PL). Fosse mais atento à dinâmica da política como ela é, o ex-presidente levaria em conta os ditames da história para perceber que a deposição dos pés em duas canoas dificilmente dá camisa a alguém.

    Quem faz política precisa ter nitidez de posição. O muro é um lugar confortável, mas eleitoralmente ineficaz. Saber como e quando pular do barco é uma arte na qual o centrão é catedrático.

    Na disputa à Prefeitura de São Paulo, o apoio errático de Bolsonaro ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) com sinais de apreço dirigidos a Pablo Marçal (PRTB) para disfarçar a evidência de que o voto dessa direita não tem dono denota insegurança nas escolhas.

    Sobe naquela corda cujos movimentos tortuosos podem levar a derrubadas estrepitosas. Os “nítidos” nem sempre ganham, mas acumulam forças na derrota. Lula, PT e todas as suas idas e vindas são o exemplo mais notável.

    Conseguiram ganhar cinco eleições presidenciais em oposição a avanços sociais e econômicos como o Plano Real, a privatização das telecomunicações e outros tantos. Como? Tendo a chamada firmeza ideológica.

    Goste-se ou não do resultado, sendo o conteúdo muitas vezes para lá de questionável, fato é que o eleitorado não é dado a meios-termos. Notadamente em tempos de torcidas radicalizadas, o líder que vacila candidata-se a perder seu lugar na fila.

  7. CADEIRADA DE DATENA EM MARÇAL: CRIME OU LEGÍTIMA DEFESA, por Walter Maierovitch, no portal Uol

    O candidato à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB), depois de receber reiterada e pesada ofensa à sua honra objetiva e subjetiva, em debate televisivo, desferiu uma cadeirada no candidato provocador, Pablo Marçal.

    Marçal, basta verificar as imagens e os áudios disponíveis, caluniou Datena e ofendeu sua dignidade, seu decoro e sua reputação.

    Conforme noticiado, Marçal suportou lesão corporal e foi atendido em estabelecimento de ponta, o hospital Sírio-Libanês

    Volto ao tempo da antiga Roma, então considerada a capital do mundo e com leis escritas em doze tábuas de madeira. A pena, em hipótese de agressão injusta com lesão corpórea, era a de Talião: olho por olho, ou seja, a sanção era proporcional à gravidade sofrida pela vítima.

    De lá para cá, a evolução e humanização foram marcantes, a começar pela Justiça pública, com o Estado como o único detentor do direito de punir. Com efeito, a Justiça privada tornou-se inadmissível mundo afora —não é lícito fazer justiça de mão própria.

    Os códigos passaram a elencar, entre os crimes contra a pessoa, o ilícito de lesão corporal.

    Entre nós, a lesão corporal é qualificada como leve, grave, gravíssima e seguida de morte. As penas variam de acordo com a gravidade.

    LEGÍTIMA DEFESA

    Agora, atenção. A reação que afeta a integridade corporal pode, em certos casos, ser vista como legítima defesa.

    Trocando em miúdos. Marçal levou cadeirada e sofreu lesão corporal. O ponto fulcral: o provocado Datena agiu em legítima defesa?

    Como excludente do crime de lesão corporal, a lei penal admite a defesa pela pessoa ofendida sob certas condições —e dada a urgência— como mera reação de ataque. Trata-se de defesa moderada por parte do ofendido, sem tempo de buscar proteção do Estado.

    O código penal, sobre a legítima defesa, fala em repelir moderadamente agressão injusta, atual ou iminente.

    TREVAS

    Em episódio nebuloso, consumado no ano de 1963, o então senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Collor de Mello, matou outro senador a tiro de pistola, em sessão do Senado.

    O projétil disparado pela arma de fogo desviou-se e acabou matando outro senador, que não tinha nada tinha com o alvo original, objeto de antigas desavenças alagoanas. Foi reconhecida, embora muito contestada, situação de legítima defesa em favor do senador Arnon.

    LEGÍTIMA DEFESA

    Não existe nenhuma dúvida de que Marçal desobedeceu as regras disciplinadoras do debate, que se obrigou a cumprir.

    Com o objetivo de dolosamente ofender a honra de Datena, Marçal passou a acusá-lo, falsamente, de autoria de crime de “assédio sexual”.

    Marçal sabia ser falsa a acusação que propalava, pois a investigação policial foi arquivada após parecer do Ministério Público: houve, inclusive, retratação daquela que se apresentara como assediada sexualmente.

    Marçal fez uma devassa na vida de Datena. Pescou um fato grave e omitiu o realmente acontecido como solução final. Em resumo, deu para mostrar o seu mau caráter.

    No particular, o candidato Datena explicou, com clareza e inicial paciência, como deu-se o encerramento do inquérito pelo assédio.

    Nada adiantou, no entanto. Em réplica, Marçal, com baixaria e intenção induvidosa em atacar a honra do adversário de debate político, redobrou a carga ofensiva.

    Verificada a lei penal, está nítido, até para um leigo no campo do direito, que Datena atuou em repulsa a uma agressão injusta, maledicente e canalha (sabidamente falsa).

    Aliás, Marçal está sempre a usando informação falsa para se beneficiar politicamente na campanha: acusou falsamente o candidato Guilherme Boulos de usar cocaína. Mais ainda, acusou falsamente a candidata Tabata Amaral de abandonar o pai alcoolista e já falecido.

    Pela lei penal, era atual a reação de Datena: estava acontecendo.

    Marçal provocava Datena com as gírias “arregão” (covarde) e “jack” (estuprador), num linguajar chulo, comum entre custodiados em estabelecimentos prisionais. Certamente, Marçal, que já esteve preso, deve ter apreendido essa gíria de cadeia.

    O problema para Datena está no enquadramento legal da legítima defesa, pois a lei exige, na repulsa defensiva, o uso moderado dos meios necessários.

    MODERAÇÃO E CIRCUNSTÂNCIAS

    A jurisprudência, no particular, não deixa Datena no mato sem cachorro.

    Na mensuração legal, contam o grau e a gravidade da provocação que tiraram Datena do sério.

    Não seria justo deixar de lado o clima e a exposição difusa da ofensa por meio televisivo, e a jurisprudência tem se orientado assim.

    Datena também pediu direito de resposta aos fiscalizadores do debate, para responder às ofensas proferidas por Marçal e ao falso “assédio sexual”, sem ser atendido.

    JURISPRUDÊNCIA

    Convém recordar uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, muito aplicada e sempre recordada na obra do saudoso criminalista Damásio de Jesus: “O requisito do emprego moderado do meio necessário não pode ser apreciado com rigor excessivo. Muitas vezes, o ofendido [Datena], em face das circunstâncias, não tem condições psicológicas para medir a proporcionalidade do revide em confronto com o ataque”.

    O uso de cadeira pesada irá contar contra Datena, ou melhor, poderá ser considerado meio desnecessário, mas se levará em consideração o potencial ofensivo como desestabilizador num comum mortal.

    Como a resposta da Justiça é sempre demorada e o primeiro turno se aproxima, cada eleitor terá de fazer o próprio julgamento.

    Na minha opinião, e aviso os navegantes que votarei em Tabata Amaral, houve, pelas circunstâncias, legítima defesa.

  8. odete.fantoni@gmail.com

    Boa tarde.
    Já imaginaram se os MILHÕES das FLOREIRAS, bocas de lobo, hospital, pasto do jacaré, terreno da FURB, ROÇADAS, ETCETERA;
    DINHEIRO SURRUPIADO do POVO,
    se fosse dinheiro DELES surrupiados por NÓS?

  9. UNIVERSIDADE NÃO É UM TRIBUNAL DE IDEIAS, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo

    Não é só o Judiciário, notadamente o Supremo Tribunal Federal, que vem cerceando a liberdade de expressão nos últimos anos. O ambiente acadêmico também tem sido autoritário nessa seara, o que causa perplexidade.

    Afinal, sabe-se que o poder de polícia estatal tende sempre a buscar a ampliação de seu controle sobre a sociedade —se não o alcança plenamente, isso se deve ao sistema de freios e contrapesos e à esfera do debate público das democracias liberais.

    Já as universidades são o lugar por excelência do pensamento livre. Logo, nelas, a censura não pode ter vez. Mas foi justamente censura o que se viu no caso do cancelamento do curso que o professor Jorge Gordin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, ministraria neste mês na Universidade de Brasília (UnB).

    Tal qual a patrulha ideológica de regimes totalitários, alunos vasculharam opiniões antigas de Gordin sobre Israel nas redes sociais. Acharam apoio às Forças Armadas do país e, com isso, acionaram o Diretório Central dos Estudantes e o Comitê de Solidariedade à Palestina do Distrito Federal para realizarem um protesto.

    O Instituto de Ciência Política da UnB cancelou o curso. Em nota, alegou que a medida visa “garantir a segurança da comunidade universitária” e afirmou seu “compromisso com o diálogo respeitoso, a liberdade de expressão e a liberdade acadêmica”.

    Não sei o que o instituto entende por “diálogo” e “liberdade”, mas impedir a realização de um curso universitário devido a ameaças de estudantes à segurança no campus não remete ao significado desses termos.

    A situação fica ainda mais surreal quando se sabe que o curso não teria relação com a guerra em Gaza. Gordin é especialista em política na América Latina.

    O episódio vexatório soma-se a outros em universidades pelo país e revela não apenas a postura autoritária do corpo discente, mas uma incapacidade de colocar em prática as ferramentas necessárias para a produção de conhecimento, que deveriam ser trabalhadas no meio acadêmico: racionalidade, retórica e confrontação de dados e opiniões por meio do debate aberto.

    Universidade não é tribunal de ideias, mas laboratório

  10. Por que a esquerda do atraso alimenta a direita radical e ambas anulam a mínima razão do Centro

    POLÍTICA IDENTITÁRIAS ESTÃO EM DECLÍNIO NOS ESTADOS UNIDOS, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo

    Há uma semana, no debate, Kamala Harris tratou Donald Trump como um adolescente inseguro. Em certo momento, indagada sobre os ensaios do rival de discutir sua autodescrição racial, escapou à armadilha, passando-lhe uma reprimenda:

    — É uma tragédia termos alguém que quer ser presidente e que constantemente, ao longo de sua carreira, tentou usar a raça para dividir o povo americano.

    A resposta revela o declínio das políticas identitárias nos Estados Unidos.

    Há 16 anos, na sua campanha presidencial, Barack Obama descreveu-se como mestiço, enfatizando as distintas origens de seu pai queniano e de sua mãe, uma americana branca do Kansas. Obama falou com ardor sobre as lutas pelos direitos civis e celebrou a figura de Martin Luther King, apresentando-se como candidato pós-racial. Mesmo assim, não conseguiu fugir ao rótulo de “presidente negro” aplicado pelo consenso identitário em voga.

    Depois da eleição de 2008, o paradigma identitário tornou-se artigo de fé do Partido Democrata. A rendição às teses da esquerda pós-moderna de extração universitária interrompeu o diálogo com a maioria dos eleitores da heterogênea classe média branca e, ainda, com vasta parcela de latinos de origem imigrante.

    O fundamento da política democrática são valores compartilhados que sustentam pontes entre diferentes formas de enxergar e interpretar o mundo. Mas a radicalização identitária, expressa na Teoria Crítica da Raça (CRT), renega tal fundamento. No lugar de uma nação, ela esculpe um monumento à divisão entre “brancos opressores” e “negros oprimidos”.

    A evolução inevitável do paradigma original transformou a divisão binária num caleidoscópio de estilhaços. Raça, gênero e orientação sexual foram elevados à condição de identidades essenciais. Todas as “minorias” ganharam o estatuto de coletividades oprimidas pelo “homem branco”. Os indivíduos submergiram no teatro dos simbolismos e representações históricas.

    A deriva identitária da esquerda deflagrou uma mutação sísmica na direita, da qual emanou o movimento extremista Make America Great Again (Maga). Apagaram-se, no Partido Republicano, os conservadores moderados de outrora, como John McCain ou Mitt Romney, rivais derrotados por Obama. Trump, o chefe do Maga, ofereceu à direita uma alternativa também identitária, mas dirigida à maioria: o ultranacionalismo cristão, xenófobo e nativista. A “nação de colonos” — eis a resposta reacionária à “nação de fragmentos” proposta pela esquerda.

    O jogo destrutivo da direita extremista espelha as operações da esquerda identitária, mas em esteroides. Trump e o Maga converteram as políticas pós-modernas num arsenal bélico muito mais poderoso que o da esquerda identitária. O veneno voltou-se contra seus criadores — e não só nos Estados Unidos.

    No Brasil, uma esquerda pronta a copiar as cartilhas universitárias americanas e parcialmente financiada pela Fundação Ford traduziu a CRT como “racismo estrutural”. A noção não deixa nenhuma saída antirracista, pois supõe que a opressão racial é o pilar sobre o qual se erguem as sociedades ocidentais.

    A moda importada espalhou-se no PT e, mais ainda, no PSOL, fazendo seu caminho até os veículos de comunicação e as grandes empresas. Aqui, como nos Estados Unidos, o identitarismo desenrolou-se da raça para o gênero e a orientação sexual. No lugar da reivindicação de igualdade (direitos iguais), a política pós-moderna passou a reivindicar a diferença: todas as “minorias” almejam cotas, prioridades e financiamentos. No fim, como lá, mas sob circunstâncias diferentes, emergiu no Brasil uma extrema direita que, também atraída pelo plagiarismo, faz de Trump seu ídolo.

    De olho nos eleitores, Kamala Harris recusou-se a desempenhar o papel de símbolo identitário. Sua réplica à arapuca montada por Trump veicula a seguinte mensagem: somos todos cidadãos americanos e, portanto, temos a obrigação de identificar nossos valores compartilhados e de reagir às tentativas de bombardear as pontes que formam o tecido da sociedade.

    A raça entra em declínio por lá. Seremos capazes de imitá-los na hora em que, finalmente, eles acertam?

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