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OS POLÍTICOS PERDERAM TOTALMENTE O RESPEITO COM OS ELEITORES E ELEITORAS A QUEM TRATAM COMO TOLOS. SE NÃO MENTEM, ENTÃO VIVEM NUM MUNDO FANTASIOSO


Na semana passada, sentindo o bafo dos políticos e principalmente dos eleitores e eleitoras da região, os quais usam e se martirizam cotidianamente naquilo que ainda teimam em chamar de rodovia entre Gaspar e Brusque, o deputado estadual e secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Jerry Comper, MDB, de Ibirama, rumou para uma “entrevista” no programa Balanço Geral, da NDTV de Blumenau (Record). 

Jerry foi levado por seu cabo eleitoral em Gaspar, o vereador e presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB. Ciro até deixou o seu programa propaganda na Rádio Sentinela do Vale, de Gaspar, para os seus assessores fazerem o auê. Pelo jeito não cola mais. Em dado momento, o programa acusava a expressiva sintonia quatro “vigias” na transmissão pela rede social do vereador. Tudo a ver para quem já foi campeão de votos e audiência e hoje é campeão de…

Retomando.

O deputado-secretário Jerry foi se expor, mentir, ou se enganar, ou então pior, provar que não possui conhecimento do que se faz na sua própria secretaria, ou tinta na caneta da cadeira e mesa que ocupa na secretaria de Jorginho Melo, fato que já é motivo de debate dentro do próprio MDB catarinense e na bancada do partido na Assembleia. Perguntar não ofende: o deputado-secretário precisava disso, por tão pouco e às vésperas das eleições intermediárias de Brusque?

Ao apresentador do programa da TV de Blumenau, Rodrigo Vieira, o deputado-secretário Jerry afirmou que a recuperação da Rodovia Ivo Silveira, uma picada de mão dupla entre Gaspar e Brusque, vai acontecer. Mais. Demonstrando insatisfação, como se tivessem o ofendendo, desautorizou especulações contrárias. Para ele, a picada terá que ser recuperada um dia, diante do desastre em que ela está. Aliás disso, ninguém possui à mínima dúvida. Pois se continuar piorando, ela ela se tornará uma estrada de chão batido. 

Agora atentem para a incoerência latente dessa gente. Segundo o deputado-secretário, a rodovia-picada apenas não está entre uma suposta lista de 38 obras prioritárias a ser recuperada – agora há duas listas, duas prioridades? hum! -, mas numa outra de 60 do tal Programa Estrada Boa divulgada pela secretaria e o próprio governador Jorginho Melo.  Fez isso com ares de sabedoria e arrogância como se tivesse desenrolado o fumo em corda para uma bela e prazerosa pitada.

Pena que Rodrigo não estava devidamente informado, ou então pautado pela produção. Além do mais, seria extremamente constrangedor, o necessário questionamento jornalístico ao deputado-secretário. Para deixar o interlocutor sem voz ou inventando outra saída nem se precisava olhar para o que já foi exaustivamente escrito, esclarecido e contraditado neste espaço. Bastava uma olhadela no site do próprio governo e da secretaria do deputado-secretário entrevistado.

Veja o vídeo. Não há qualquer dúvida naquilo que o deputado-secretário Jerry afirmou. Ou há?

Prosseguindo naquilo que se mata a cobra e se mostra a cabeça dela.

Ouvida a afirmação do deputado-secretário, sem qualquer contestação, colo abaixo, material oficial do governo do estado. O press release distribuído à imprensa catarinense – e disponível no site do governo – traz a tal 60 obras listadas pelo governador Jorginho Melo, PL e mencionada e sublinhada pelo deputado Jerry. Ela, penso, foi validada pela próprio deputado-secretário. Ou seja, desde o início ele sabia que a “rodovia” Ivo Silveira não estava entre as 60 do Programa Estrada Boa. Resumindo: nesta lista oficial não está a recuperação da “rodovia” Ivo Silveira, a não ser que o governo do estado e a secretaria, produzam uma nova lista, retirem dela alguma outra já listada – para dar mais confusão – e inclua a de Gaspar a Brusque. Simples assim!

Confira e conclua você mesmo. https://estado.sc.gov.br/noticias/veja-a-lista-completa-das-obras-previstas-no-programa-estrada-boa/

Leu o press release do governo? Leu a lista? Encontrou entre as 60, a “arrumação” da “rodovia” Ivo Silveira entre Gaspar e Brusque? Pois é. Jerry antes desta entrevista já sabia disso. Então não se trata de ingenuidade. Uma semana antes, Ciro – na sua ida semanal a Florianópolis para a tomada de diárias – e desta vez dois empresários da área imobiliária de Gaspar como atesta a foto de abertura deste artigo, foi pessoalmente “reclamar” desta ausência na lista oficial do governo do estado.

E qual foi a explicação que receberam e que propagaram na comunidade? A de que o secretário tinha uma cota especial de R$200 milhões e que iria usar esta cota para esta obra. Foi o que os mensageiros trouxeram de lá e a registrei aqui. Não é mais? Hum!

Como se vê, os políticos já perderam totalmente o respeito por seus eleitores e eleitoras e os tratam como tolos, menos, é claro, na hora de pedir votos para se instalarem nos seus cargos eletivos. Eles não resistem às suas marcas e rastros de incoerências que espalham por aí. Os políticos, como escrevi na sexta-feira em COMO O PREFEITO KLEBER ESFACELOU O SEU PROJETO POLÍTICO, O MDB DE GASPAR E POR CONSEQUÊNCIA, O SEU PRÓPRIO GOVERNO? BOICOTANDO-SE! vivem eles próprios se boicotando. Impressionante. E o culpado sou eu que explico as trapalhadas deles?

A “rodovia” Ivo Silveira está em frangalhos. Mas, isto parece ser o de menos. Ela é estreita e perigosa. É um gargalo logístico ao desenvolvimento regional, envolvendo Brusque, e até mesmo, pasmem à expansão residencial, comercial e industrial para a região sul de Gaspar. E menos de meia dúzia de empresários gasparenses e os políticos caolhos amigos deles, não querem a necessária duplicação da rodovia. Qual a razão? Porque a duplicação poderia atrapalhar os seus negócios. Eles estão utilizando parte da faixa de domínio que não deviam ter como área facilitadora de seus negócios, ou porque, duplicada a rodovia, supostamente, pensam que ela só vai atrair para seus negócios os passantes de um lado da rodovia. Preferem seus funcionários, clientes e fornecedores cruzando-a sob perigo de desastrosos acidentes.

Enquanto isso, há relatos de se gastar 1h35min, repito, 1h35min entre Brusque e Gaspar – sem qualquer tipo de acidente que a interdite -, quando a mesma distância poderia ser feito em um terço disso na velocidade permitida para o trecho. Caminhões de todos os tipos, lombadas, travessias, rótulas, movimento intenso e a impossibilidade de ultrapassagem transformaram a rodovia num caminho da roça. 

Abaixo, um vídeo postado recentemente no Instagram do Gaspar Mil Grau, mostra muito bem esta agonia cotidiana dos que moram em Gaspar, Brusque ou dos precisam passar pela “rodovia” Ivo Silveira. E não precisa de acidente para ela estar assim: parada ou como se fosse procissão de um enterro. Cheia de caminhões lentos. Escassos pontos de ultrapassagem e que praticamente não vale nada devido ao tráfego intenso nos dois sentidos. E para completar, carros e motos se arriscando diante da impaciência criada pelos governantes.

A retenção é quase que natural. Ela advém do fluxo intenso de hoje – imagina-se no futuro – e das barreiras criadas para acessos, lombadas elevadas e eletrônicas, conversões forçadas, travessias – sinalizadas e as dos que se arriscam – e os buracos…

No fundo, é uma agonia que tira votos. E os políticos pagos para darem soluções não percebem. Estão se boicotando. Entre eles, o próprio vereador Ciro. Estão inventando desculpas, histórias, contradizendo-se, ou então, mentindo de peito aberto nos meios de comunicações, em programas jornalísticos de apelo popular e que se rotulam como de ajuda à comunidade. Já nos aplicativos de mensagens há uma enxurrada de questionamentos contra esses políticos caras-de-pau. E eles alheios…

Sobre a duplicação, que deveria ser uma reivindicação permanente, nem um pio desses mesmos políticos. Eles preferem o caminho da roça. Se não tiver a buraqueira de hoje, já está bom demais. Isto dá voto agora. O futuro não lhes pertence. Só para registro. Quando não há congestionamento, há acidentes graves por conta de tudo o que ser explanou. Foi o que aconteceu no sábado passado, no Bateias. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

A dança dos números no Orçamento fictício da Câmara de Gaspar. Está se anulando R$50 mil da rubrica originalmente destinada a “construção da sede própria” do Legislativo, e destinando-o para a manutenção da Casa, onde, presumivelmente está faltando dinheiro diante de tanta gastança que se está promovendo na atual gestão.

Aliás, esta rubrica é fictícia. Nem terreno a Câmara de Gaspar possui mais para construir a sua sede. O presidente Ciro André Quintino, MDB, alega que o remanejamento de recursos é para a modernização da Câmara. Ora, isto também mostra que o Orçamento também foi mal feito e faltou planejamento. Se a tal modernização é verdadeira – e deveria explicitar no que -, já deveria estar previsto. Os políticos sofrem do mesmo mal e permanentemente seja no Executivo e no Legislativo.

Depois da chacoalhada e da repercussão negativa do requerimento do vereador e ex-secretário da Saúde, Francisco Hostins, MDB, contra o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, pedindo para não participar da Comissão Especial que acompanhará a auditoria do Hospital Santo Antônio, de Blumenau, no Hospital de Gaspar, por exatamente o governo ter trabalhado para excluir dela um dos dois únicos vereadores de oposição, Kleber voltou atrás.

Admitiu aceitar a inclusão nela do vereador Alexsandro Burnier, PL. Nesta segunda-feira a comissão vai ser formalizada. Até o fechamento deste artigo ela estava assim: Francisco Solano Anhaia, pelo MDB; Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, e Roberto Procópio de Souza, PDT, pelo bloco PP e PDT, além de Giovâno Borges pelo PSD. Francisco Hostins Júnior, MDB, aceitou ficar na suplência e se selou a paz. A presidente do MDB, líder dele na Câmara e que foi a porta-voz do mal-estar, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, também ficaria na suplência desta Comissão. José Carlos de Carvalho Júnior continuaria de fora. E Dionísio Luiz Bertoldi, PT, não aceitou a suplência que lhe foi oferecida.

Lavando a minha alma, mais uma vez. Depois dos políticos inventarem o título de Capital Nacional da Moda Infantil, para Gaspar, e diante das cobranças, a Ampe de Gaspar e Ilhota vai fazer um evento para tentar mostrar ao menos aos gasparenses o que é isso. Legal. E numa entrevistas dessas arrumadas, a Rosângela Andrade, da Trade Eventos, de Brusque, que está armando a feira contou um causo.

Segundo ela, uma empresa de Gaspar, foi a São Paulo comprar produtos para abastecer o seu negócio e soube que o que ela procurava – e comprou neste ambiente de moda infantil – era de Gaspar. Pois é… Um selo de origem resolveria isso. amplo conhecimento também. Um movimento semelhante a moda íntima, fitness e de praia de Ilhota – que não possui este título oficial – seria muito mais eficaz do que título inventado por políticos.

A mágica e a contabilidade criativa continua na prefeitura de Gaspar. E passando pela Câmara. Agora, estão tirando R$1.600.000,00 da secretaria de Obras e Serviços Urbanos e que seria utilizado na manutenção da iluminação pública, e repassando para o Fundo de Saúde Pública, leia-se Hospital de Gaspar, o permanente saco sem fundos. A manobra, em raro posicionamento contrário, baseado de pronunciamento assemelhado do Tribunal de Contas do Estado, está dando o que falar dentro do governo. A relatora é Franciele Daiane Back, PSDB. O PL é o 72/2023. Como a Bancada do Amém é maioria, mesmo com esta suposta irregularidade e observação contrária da relatora, deverá ser aprovado.

Assim são os políticos. O secretário da Saúde de Gaspar, mais um curioso na área, o suplente de vereador e funcionário público municipal, Santiago Martin Navia, MDB, está curtindo publicações de protesto devido ao estado lastimável da Rodovia Ivo Silveira. Ele está certo. Mas, quando assumiu a secretaria da Saúde não teve o menor pudor em avisar de que processaria quem o criticassem a frente da pasta. Então…

Na sexta-feira eu mostrei como se mal pintou uma lombada física na Rua Oriente, no bairro Sete de Setembro, em Gaspar. Creditei à Ditran. Não foi ela. Foi algo bem pior e que dá à dimensão da inércia da Ditran e do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez. Foi um morador de lá, cansado de esperar por mais de um ano, uma ação tão simples da secretaria de Obras e Serviços Urbanos ou a de Planejamento Territorial onde a Ditran está ligada, ação esta necessária e até obrigatória para a segurança de quem passa por lá. A postagem na rede social não deixa dúvidas.

A manutenção da cidade de Gaspar está um caos. Sai e entra secretário de Obras e Serviços Urbanos, nada muda na falta de resultados para a cidade e os cidadãos. Em Gaspar, paga-se dois impostos para a mesma coisa. Um para a prefeitura. E outra, o munícipe banca do próprio bolso aquilo que já se pagou a prefeitura para fazer e nada se realiza no mundo real. Enquanto isso, a marquetagem dos políticos postam quase todos os dias reuniões de planejamento e o povo cumprimentando as autoridades com tapinhas nas costas. Então não é apenas o político o ruim dessa história toda. Acorda, Gaspar.

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9 comentários em “OS POLÍTICOS PERDERAM TOTALMENTE O RESPEITO COM OS ELEITORES E ELEITORAS A QUEM TRATAM COMO TOLOS. SE NÃO MENTEM, ENTÃO VIVEM NUM MUNDO FANTASIOSO”

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  2. O FUTURO A DEUS PERTENCE, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

    ‘Recebi, pelo sistema oficial do governo, receitas suficientes para zerar o déficit fiscal, sejam já realizadas, sejam as que estão por vir. O futuro a Deus pertence. Nós não sabemos, diante do imponderável. Mas tem de ser algo imponderável.’

    A declaração é de Simone Tebet, ministra do Planejamento. Que planeja com fé. Faz sentido, se olharmos para o Orçamento apresentado e considerarmos tudo quanto se lhe promete pendurar até dezembro. As “receitas que estão por vir” terão de ser divinais. Disso sabemos. Haja Deus na causa.

    Imponderável, tendo a ver com peso, é aquilo que ora não se pode medir. Um elemento — de carga indefinível — que influenciará; que talvez condene.

    Imponderável é o imprevisível. Certo sendo que o governo remeteu ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024 sem que a LDO tenha sido votada e dependente de que nela se embuta a previsão de teto solar para despesas condicionadas de pelo menos R$ 30 bilhões — há quem as estime em R$ 40 bilhões. Sabe-se como começa. E como termina.

    Do imponderável, a multiplicação dos mensuráveis. O imponderável como certeza. Gastos aumentarão; com eles, a tentação das exceções-puxadinhos. A carne é fraca. Assim vai desafiado, de largada, o arcabouço fiscal. Carcaça cujo voo curto talvez seja ainda menor.

    É inquietante que a titular do Planejamento fale em Deus ao tratar do porvir do Orçamento. Não que esteja errada. Recorre ao Senhor para não se referir à proposta orçamentária como peça de ficção — com viés para o fantástico. Certo sendo — se o aumento das despesas é uma constante e se cortar gastos não compõe a fé — que a conta só fechará com baita crescimento de arrecadação.

    O déficit zero, cartaz da nova regra fiscal, depende de dinheiros — muitos dinheiros — ainda em via de fabricação. Depende da boa vontade do Parlamento. Tudo mui ponderável. Não barato. O futuro a Lira pertencendo. Haja Deus.

    Deus já deve estar de saco cheio — cantou Almir Guineto. Cantou Arthur Lira que “o Brasil não pode ter medo da reforma administrativa”. Tem cantado neste tom:

    — Eu não estou pautando, mas há duas maneiras de equilibrar suas contas: ou aumenta a arrecadação ou diminui as suas despesas. A única maneira de controlar os seus gastos é com a reforma administrativa.

    Claro que está pautando. Ou tentando. Tentando dirigir a agenda. A opção do governo é pelo equilíbrio via crescimento de receitas. Ele, sob pressão, contrapõe-se — solando a grupos específicos — como agente pela austeridade nas despesas. Agente, no mundo real, contrário à taxação das offshores. Sendo também falso que a reforma administrativa — necessária, mas que nunca integrou o conjunto de compromissos da chapa presidencial eleita — consista no único jeito de conter gastos.

    O futuro a Lira pertence. E ele é perdulário com foco, zelador cioso dos tesouros do Parlamento.

    Veja-se o capítulo das emendas parlamentares. A previsão está em R$ 37,6 bilhões. Montante exclusivamente posto para impositivas. Liristas e outros elmares, daqui até o fim do ano, pelejarão para ter ao menos mais R$ 20 bilhões — trabalharão ao menos pela manutenção daquela massa que era do orçamento secreto e que, disfarçando-se, foi redistribuída em 2023. Boa parte da qual despachada autoritariamente, à revelia de políticas públicas e à margem dos mecanismos de fiscalização.

    De uma reforma das emendas alcolúmbricas os senhores do Congresso, pachecos incluídos, não querem cuidar.

    Não desistirão dessa grana nem dos modos de dela dispor. E o Planalto sabe. Joga o jogo da carochinha. Não à toa tendo lançado para baixo — pela metade — o orçamento do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. É a casa do espólio do orçamento secreto — cujo baque orçamentário será compensado pela derrama de emendas nas codevasfs. Uma certeza — mais uma — que materializa o Orçamento como obra de ficção. Vai inchar. Sem vítimas, senão o povo.

    (Já que falei em Codevasf e certeza, não terá sido por falta de alertas: por meio de Juscelino Filho, o ministro das Comunicações e dos Leilões Equestres, Lula levou o orçamento secreto para dentro do governo. Não o fez inconscientemente.)

    Outro exemplo de por que o Orçamento para 2024 é exercício ficcional a desafiar o madeiramento do arcabouço fiscal? Considere-se o inscrito para o Fundo Eleitoral em ano de eleições municipais: R$ 939,4 milhões. Foram R$ 4,9 bilhões para 2022. E, não existindo regra fiscal — teto de gastos — para partidos políticos, jogue-se a inflação e saia seguro de que não serão menos do que R$ 5,5 bilhões. Vai inchar.

    Sim, o governo baixou o valor de modo a que a ficção orçamentária forçasse o Congresso ao ônus de subir a régua. É certo que não haverá constrangimentos para fazê-lo. O Planalto simulará resistência. Etc. O futuro a Lira pertence. Deus nos proteja.

  3. A CRISE CHINESA E O BRASIL, por Joel Pinheiro da Fonseca, no jornal Folha de S. Paulo

    Em todas as vezes em que analistas econômicos previram uma grande crise chinesa, a China riu por último. Mas dessa vez só não está preocupado quem não está prestando atenção. O setor imobiliário, que responde por cerca de 30% da economia, está à beira do colapso, e pode levar o setor financeiro com ele.

    Essa crise vem de longe. É caríssimo ter filhos e educá-los. O Estado não provê uma rede de bem-estar que dê o mínimo de segurança para as pessoas. A saída para a população cada vez mais envelhecida é ter poucos filhos (mesmo sem uma política de controle populacional) e poupar muito. Com poucas opções de investimento, e estimulada pelo governo, essa poupança vira majoritariamente investimento em imóveis.

    Uma economia que poupa compulsivamente e que investe 70% de sua poupança em imóveis, ao mesmo tempo em que sua população envelhece e diminui —a população economicamente ativa vem caindo desde 2015, e a população total desde 2022— no mínimo levanta suspeitas. De que adiantam tantas casas se não tem ninguém para morar nelas?

    O resultado são dezenas de milhões de apartamentos vazios, mesmo com aluguéis e preços em baixa. Agora as vendas de novas unidades estão despencando. A maior incorporadora chinesa, a Country Garden, teve prejuízos massivos na primeira metade do ano, e está à beira do calote de seus credores. Com ela, outras virão. Vendo sua poupança virar pó e a vida ficando mais difícil, não se sabe como a população reagirá.

    Houve um momento em que se acreditou que a melhora no padrão de vida iria fazer com que os chineses demandassem também direitos civis e maior participação no governo. Era uma crença ingênua. O crescimento é justamente o que legitima o regime, seja ele qual for. Já a queda —e principalmente o pessimismo quanto ao futuro— gera insatisfação.

    Ocorre que crescimento econômico não é a única coisa que pode manter o apoio ao governo. Rivalidades externas são tão ou até mais eficazes. O risco de que uma crise econômica provoque o governo chinês a entrar numa aventura militar é real. Uma China em declínio será mais perigosa do que na ascensão. Quem sabe a diplomacia brasileira —que mantém boas relações com China e EUA— possa ajudar a evitar a guerra, mas assim como na Rússia nossa capacidade de interferir nisso é limitada.

    Podemos, aí sim, nos preparar estrategicamente. O Brasil se mantém, como sempre, amigo de todos. Procurando tanto mais aproximação com os Brics (ou seja, a China) e o acordo com a UE. Mas cabe perguntar a quem devemos priorizar.

    O mundo está em busca de lugares para investir. Desde a pandemia, as economias desenvolvidas perceberam que é um risco terceirizar toda a produção para onde é economicamente mais barato —a China— sem pensar também no lado político dessa decisão. O momento agora é o de procurar lugares que conciliem alguma vantagem econômica com garantia de estabilidade e boas relações futuras.

    O México já está auferindo os ganhos desses investimentos. O Brasil também pode: com reforma tributária, equilíbrio fiscal crível, democracia sólida, meio ambiente protegido e acordo econômico com a UE (o México tem acordos de livre comércio com os EUA desde os anos 90), estaremos prontos para receber investimentos em larga escala.

    A China continuará importando de nós; talvez, com a crise, em menor quantidade. Sua capacidade de investir no exterior também cairá. Ao mesmo tempo, o mundo desenvolvido e democrático está desesperado por lugares politicamente seguros em que investir. Não parece uma conta muito difícil

  4. CALOTE DA VENEZUELA REVELA RISCO DE USAR A IDEOLOGIA PARA CONCEDER CRÉDITO, editorial do jornal O Globo

    Quando ideologia e afinidades pessoais se tornam decisivas na relação entre países, aumenta o risco de operações comerciais e financeiras darem errado. O exemplo mais eloquente é a Venezuela do ditador Nicolás Maduro. Em maio, ele fez uma viagem a Brasília considerada “histórica” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas continua dando um calote no Brasil de pelo menos US$ 1,2 bilhão, sem contar multas e juros pelo atraso.

    Ainda em maio, o governo brasileiro criou um grupo de trabalho para somar todos os atrasados e chegar ao total da dívida. Depois seria feita a programação de pagamentos para apresentar à Venezuela, dando início à renegociação propriamente dita. A abertura da “mesa técnica” estava prevista para 20 de julho. O Brasil queria começar a tratar do calote em agosto, mas a Venezuela pediu um tempo. A data da reunião ficou para ser remarcada. Nada garante que não haverá novos adiamentos, contra os quais, a depender de Lula, dificilmente o Brasil reagirá da forma incisiva como deveria.

    Estão envolvidos na agenda os ministérios da Fazenda, das Relações Exteriores, do Desenvolvimento e o BNDES, usado nos governos anteriores do PT para financiar exportadores brasileiros de serviços para a Venezuela (construção de portos, metrôs, aeroportos etc.). O banco também é o principal financiador do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), que ressarce empresas brasileiras em caso de atraso nos pagamentos. Funciona como uma seguradora, por isso é parte interessada em que as dívidas sejam pagas.

    As mesuras ideológicas que Lula fez à Venezuela e a outras “ditaduras amigas” custaram caro ao Estado brasileiro. Um calote de Cuba de US$ 316,3 milhões já foi bancado pelo FGE. Ao todo, o BNDES concedeu US$ 641 milhões de financiamento ao grupo Odebrecht para construir o Porto de Mariel, em atividade já há algum tempo. Cuba se beneficia do aumento das transações comerciais permitido pelo novo terminal, mas não paga ao Brasil.

    Outro custo indireto criado pela simpatia ideológica de Lula com a Venezuela é a refinaria Abreu e Lima, construída pela Petrobras em Pernambuco, a partir de uma conversa entre Lula e Hugo Chávez, antecessor de Maduro. Chávez se comprometera a financiar parte do empreendimento, mas nunca cumpriu a promessa. Sobrou para a estatal brasileira executar um projeto que custou em torno de dez vezes o previsto.

    Sempre que decisões técnicas são substituídas por interesses políticos ou ideológicos surge uma conta que, cedo ou tarde, é cobrada do contribuinte na forma da falta de hospitais, de escolas, de sistemas de transporte eficientes e de outros serviços públicos que deixam de ser prestados. Tudo porque dinheiro do contribuinte é usado para compensar os efeitos desses calotes.

  5. Matéria péssima… cheia de inconformismo e desinformação por parte de quem escreveu! Precisa melhorar muito para considerar um site referência em assuntos relacionados a política. Uma pena.
    Espero que aprove o comentário, ou será apenas aceito ser for conveniente a matéria?

    1. Este espaço não é igual ao da Câmara de Gaspar onde os eleitores e eleitores, ouvintes das sessões, não podem tecer comentários sobre o conteúdo delas. Além disso, a autora (ou autor) se esconde no devido anonimato, o que por si só é um fato preocupante.

  6. FRANCISCO, PUTIN E A “TERCEIRA ROMA”, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo

    ‘Não esqueçam sua herança. Vocês são os descendentes da Grande Rússia: a Grande Rússia de santos, governantes, de Pedro I, Catarina II, aquele império.’ As palavras do Papa Francisco a jovens católicos de São Petersburgo, que surgiram de improviso, em italiano, após um discurso preparado em espanhol, referiam-se ao passado distante. Seus ecos presentes, porém, provocaram indignação em Kiev e júbilo no Kremlin. A guerra russa diz respeito aos “santos”, Pedro e Catarina, “aquele império”.

    A Igreja estabeleceu-se em Roma, no Ocidente, e Constantinopla, no Oriente. Depois da tomada de Constantinopla pelos turco-otomanos, em 1453, Santa Sofia foi transformada em mesquita, e a Igreja oriental encontrou amparo na Rússia de Ivan III (1462-1505). Ivan, o primeiro governante a adotar o título de czar, casado com Sofia Paleóloga, sobrinha do último imperador bizantino, converteu Moscou na “Terceira Roma”.

    O Império Russo nasceu no berço da aliança entre o trono e o patriarcado. A águia negra de duas cabeças, que formava seu brasão, inspirada no símbolo dos imperadores bizantinos, representa a união entre o poder terreno e o divino. A Rússia pós-soviética recuperou o brasão imperial, pintando a águia bifronte em dourado. Putin ordena sua narrativa de restauração da Grande Rússia em torno da mesma “herança” invocada por Francisco.

    O Papa exaltava a trincheira oriental (e ortodoxa) da cristandade, sem atentar para a circunstância de que o passado nunca passa. Na conclusão do improviso, falou na “grande Mãe Rússia” e exortou os jovens a “seguir em frente com ela”, um chamado que poderia ter saído da boca de Putin.

    A suposta ameaça representada pela Otan é um pretexto secundário na narrativa russa de legitimação da guerra. Destina-se, basicamente, a oferecer um espantalho aos “amigos de Putin”, de esquerda ou direita, no Ocidente. A justificativa de fundo, explicitada em artigos e discursos do líder russo, é a restauração da “Grande Rússia”. Os únicos conselheiros do chefe do Kremlin, como explicou certa vez o ministro do Exterior Sergei Lavrov, são Ivan IV, o Terrível, Pedro I e Catarina II.

    Custa a impérios perder velhos hábitos. Alemanha e Japão precisaram da hecatombe de 1945 para abandoná-los. O Reino Unido pareceu curado depois da humilhação de Suez, mas voltou a acalentá-los de modo paradoxal na hora do Brexit. A França mantém, ainda hoje, presença militar residual no Sahel africano e a Turquia de Erdogan exercita seus músculos na Síria e no Cáucaso. O caso russo, entretanto, é bem distinto, pois o Império resistiu a quase todo o século XX, desmoronando apenas em 1991.

    Ensina-se na escola que a Revolução Bolchevique de 1917 destruiu o império dos czares. É meia-verdade. A União Soviética converteu-o num “império vermelho”, conservando as fronteiras traçadas por Catarina II e a soberania russa sobre os povos não russos do Leste Europeu, do Báltico, do Cáucaso e da Ásia Central. Na moldura do Estado soviético, a “Mãe Rússia” sobreviveu à tempestade secular que varreu os demais impérios. O imperialismo russo personificado por Putin sustenta-se sobre os pilares de uma herança muito recente.

    A antiga aliança dos czares com a Igreja foi restaurada. O patriarca de Moscou abençoa, em cerimônias públicas, soldados que partem para a Ucrânia. Elogiando a mensagem de Francisco, o porta-voz do Kremlin assegurou que “toda a sociedade e as escolas trabalham duro” para transmitir aos jovens o “legado” da Grande Rússia. Na Rússia que sonha com a restauração imperial, o passado e a religião estão empapados com o líquido da política.

    Dias atrás, o governo russo exibiu um novo livro didático de História, voltado para alunos do secundário, que abrange a “operação militar especial”. Nele, a Ucrânia é descrita como fabricação antirrussa do Ocidente e sua bandeira, como invenção austríaca para persuadir os ucranianos de que são diferentes dos russos. O Papa, que condenou várias vezes a guerra imperial russa, precisa prestar mais atenção ao espírito de um tempo em que a História voltou a ser uma arma de conquista.

  7. GOVERNANÇA NÃO É COMPLEMENTO DE RENDA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Obrigatório nas sociedades anônimas e facultativo nas companhias de capital fechado, o Conselho de Administração é o órgão mais importante de uma empresa. É o que faz o elo entre os interesses dos donos/sócios/acionistas e as decisões do alto comando executivo, cuidando para que os movimentos dos dois grupos estejam em sincronia e alinhados às boas práticas administrativas.

    Conselheiros administrativos – reunidos em grupos que variam entre 5 e 11 integrantes na maioria das empresas – costumam ser bem remunerados, participam em média de uma reunião por mês, são escolhidos pelos acionistas ou proprietários e podem atuar em mais de uma empresa, desde que não haja conflito de interesses.

    A relevância das decisões submetidas ao Conselho reflete a importância do cargo. Por isso, reduzir a função a um mero complemento salarial é mais do que uma ofensa a quem exerce a atividade; é um desrespeito a todo o regramento da governança corporativa. Além, é claro, de um risco ao bom funcionamento empresarial e ao mercado como um todo.

    Pois esse artifício vem sendo utilizado anos a fio, descaradamente, por diferentes gestões federais, não apenas em empresas estatais, mas em todas aquelas nas quais uma instituição governamental mantenha participação societária que lhe garanta o direito à indicação de conselheiro.

    A BNDESPar, empresa de participações do banco estatal BNDES, tem assegurada a indicação de conselheiros administrativos para 22 empresas privadas. Como em algumas tem direito a mais de um assento, o total de indicações chega a 30. É o caso, por exemplo da Tupy, onde a BNDESPar, com participação de 28,2% do capital, indica três dos nove conselheiros. Há poucos dias, dois deles renunciaram, apesar de terem mandato a cumprir até 2025.

    Mais correto seria dizer que “foram renunciados” para dar lugar a dois ministros indicados pelo governo, Anielle Franco, da Igualdade Racial, e Carlos Lupi, da Previdência. O que os dois ministros entendem da indústria de ferro fundido? Não se sabe. E, tendo em vista suas áreas de atuação, é bem possível que não tenham ideia das prioridades estratégicas da fundição Tupy.

    Cada um vai incorporar ao salário de ministro mais R$ 36.115,00 mensais como conselheiro, informou o Estadão. Caso passem a fazer parte de algum comitê interno de assessoramento ao Conselho de Administração, o que é comum nas empresas, este “extra” pode aumentar para até R$ 51 mil mensais.

    Os conselheiros que lhes cederam a vez, ambos funcionários do BNDES, acumulam experiências profissionais como análise de aspectos regulatórios, financeiros e ambientais de projetos, conhecimento e atuação no mercado de capitais, além de passagens anteriores por Conselhos de Administração.

    Assim, em uma canetada governamental, lá se vai para o ralo parte considerável do esforço de dotar de confiabilidade, credibilidade e transparência a atuação dos Conselhos de Administração no País. Um trabalho construído ano a ano, em torno dos conceitos de governança corporativa. Campanhas endossadas por investidores e acionistas pregam a ampliação de membros independentes, para evitar o risco de decisões lastreadas em interesses restritos à própria empresa.

    Os profissionais que compõem os conselhos administrativos têm, como função principal, zelar pelo retorno financeiro do investimento feito pelos acionistas. Fiscalizam a gestão dos diretores executivos e com eles dividem responsabilidades perante o órgão de controle do mercado de capitais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É condenável e abusivo ocupar uma cadeira de tamanha relevância apenas para complementar renda.

    Se o governo pensa que ministros de Estado e seus assessores são mal pagos, mais correto seria buscar aumentar as remunerações por instrumentos legais, não pelo expediente escuso de incorporar jetons de conselhos. Há que se observar critérios rigorosos de seleção de candidatos a essas vagas para realizar, de fato, os princípios éticos, sociais e de eficiência de governança, tanto privada quanto pública.

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