Bastou surgir um nome “novo”, do meio empresarial, e que não é dos que mandam na cidade há décadas, para ser candidato a prefeito de Gaspar, para que os velhos políticos – não só em idade, é claro-, os caciques que mandam neles, ou os que silenciosamente usufruem do sistema, ficarem todos eles assustados. Aquilo, ou as supostas desavenças, as quais pareciam que lhes deixariam expostos e divididos, aos poucos está “desaparecendo”.
Todos estão se “unindo” para salvarem à pele deles próprios e assim continuarem dividindo as fatias que sempre usufruíram, mesmo estando em supostos lados opostos.
O fato de “unir” dos velhos políticos e seu entorno para a preservação dos interesses comuns contra a novidade, chama-se Oberdan Barni, Republicanos. E não é porque ele surgiu quase do nada, mas porque feita pesquisas por essa gente para eles se enxergarem bem na foto, nela apareceu também, quase do nada, Oberdan. E surpreendente muito bem.
Desconfiaram. Então. repetiram a pesquisa achando que se tratava de um erro. E a novidade se confirmou. Então, ficaram ainda mais assustados. E por quê? Porque Oberdan não do grupinho deles – nem do político, nem do empresarial-; porque não estavam preparados para a novidade; havia uma fila até mesmo dentro do MDB, PP e agora o PL, isto sem falar no PT que não depende dessa gente; escrevo mais adiante sobre ele.
Dois movimentos aconteceram. O primeiro foi de isolar – e até desqualificar – Oberdan. Ele até foi sondado. Mas, para ser colocado na prateleira gelada do PP e indiretamente na do MDB. Ou seja, sabiam – estes partidos e caciques – que Oberdan tinha potencial e já tinha se manifestado a este desafio em eleições anteriores, mas devidamente sufocado.
E como estão isolando? Os manchados e decadentes PP e MDB estão se grudando entre eles mais do que antes e motivos diferentes de 2000, 2016 e 2020. E desta vez, o MDB deverá ser o coadjuvante. Já PP, quer o suposto limpo PL, herdeiro do bolsonarismo, na nova direita e do conservadorismo – que também estão no ambiente do Republicanos de Oberdan – com PP. E para quê? Para dar “verniz” naquilo que está sob questionamento por aqui como os áudios com conversas cabulosas dos que estão no poder de plantão de Gaspar, os crimes no meio ambiente e o ralo de dinheiro público que tenta se desvendar para o Hospital de Gaspar.
E qual a razão disso? Com tantos erros e afronta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e com a economia fora dos trilhos, isto sem falar que o eleitorado gasparense é essencialmente conservador, por mais que o PT tenha um candidato bem-posicionado e limpo por aqui, esta conjuntura nacional é altamente prejudicial – para não dizer toxica – ao candidato, seja quem for incluindo o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi que queira concorrer ao quarto mandato. O que definirá as eleições em outubro do ano que vem em Gaspar então, será o pêndulo conservador – mas sem os manchados de hoje. É o quadro deste momento. É o que mostram as pesquisas que circulam dentro dos partidos e patrocinadores deles.
Como os velhos e os novos políticos do MDB, PP, PSD e PSDB de Gaspar estão desgastados e marcados para as cracas que eles próprios criaram, não se explicam e manobram o tempo todo e de todo o jeito para escondê-las, como a CPI fake montada pelo governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, Marcelo de Suza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, com a Bancada do Amém, onde estão onze dos três vereadores, sobrou o dividido PL, com o intencionalmente sumido Rodrigo Boeing Althoff, ou até ao importado Marcelo. Ele estaria entrando pela porta lateral do partido via o deputado de Blumenau, Ivan Naatz.
Os donos de Gaspar que estão no MDB, PP, PSD, e PSDB, pensam que devam atrair o PL e fazerem um blocão para continuar tudo como está na distribuição de resultados.
No outro lado sabem que o PT teria naturais dificuldades e com esta união, supostamente isolaria e enfraqueceria Oberdan para desistir ou “conversar”.
Há ainda que esta jogada arriscada. E qual a causa disso? Há um sentimento na cidade de mudanças e elas estariam, por enquanto, em Oberdan. Ele ser o fato novo.
Apesar de ser empresário que nasceu do nada, já tem uma história de sucesso e de administração para contar uma de relativo sucesso empresarial. Mais. Oberdan, como na foto que selecionei para abrir este artigo, por atuar na área esportiva, possui identificação na camada social onde está a maioria dos votos dos gasparenses, cujas pesquisas mostram esta gente está de saco cheio daquilo que não funciona por aqui, como a manutenção da cidade, a falta de creches, ônibus deficitário, inexistência de esgoto sanitário, falta de contraturno e turno integral nas escolas, inclusão social, postinhos de saúde funcionado e um Hospital de verdade para as urgências e emergências.
O medo é tão grande dessa gente perder o controle, que antevendo qualquer resultado adverso, já se movimentam para criar o Observatório Social, que até agora estava enterrado em qualquer iniciativa das entidades gasparenses que deveriam estar fiscalizando o que está sob dúvidas extrema entre os gasparenses. Um parênteses: o Observatório é necessário, para a vigilância isenta em qualquer governo.
Para finalizar. A ordem é isolar Oberdan e tirar dele a massa de votantes que reclama e quer mudança no centro das discussões dos que decidem em gabinetes em Gaspar. Agora é ver até que ponto esta corda aguenta. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Coisa estranha. Em Gaspar a conselheira tutelar Maria Marlise Rita, pediu para sair no dia nove de janeiro deste ano. O decreto 10.796 do prefeito Kleber Edson Wan DalL, MDB, dando conta disso, é do 16 de janeiro. Mas, que vai ao portal transparência, encontra ela trabalhando como Conselheira Tutelar. Não há nenhum ato de nomeação, até porque a escolha é por eleição. E eleição também não houve. Está programada.
Falta o Ministério Público agir em algo muito sensível para a cidade feita de graves problemas sociais. Ali é um ambiente político partidário. Recentemente, numa eleição suplementar, foi escolhido novo conselheiro. Ele já pediu as contas. Não aguentou a pressão dos que dominam o ambiente.
Em campanha. O presidente da Câmara de Gaspar, Ciro André Quintino, MDB, não esconde de ninguém, e não é de hoje, que quer, porque quer, ser candidato a prefeito. No antigo MDB ele não tinha vez. No atual, há chances, mas a craca que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB lhe gruda, bem como a defesa que manobra na Câmara para quer nada seja esclarecido, são complicadores que ainda não disse claramente como vai se livrar disso.
E para piorar ainda mais, a comunicação, a personalidade e os seus atos não coincidem o que amplia ainda mais os ruídos e desconfianças contra ele. Já escrevi sobre isto aqui. Nesta semana, ele produziu mais um meme, daqueles bem dispensáveis, se tivesse um assessoramento. Ele, na foto com o deputado estadual Jerry Comper, de Ibirama, de quem é seu cabo eleitoral, Ciro pergunta: “O que que você melhore em Gaspar?”
E Ciro responde no próprio meme “Gaspar sem corrupção e de preferência você [Ciro] como prefeito”. Excelente. Mas esta postagem tem um problema grave: Ciro, com ela, admite que há uma percepção generalizada na cidade – ou seja não sou eu quem afirma isso – de que há corrupção no governo. Qual é o outro problema? Ciro é parte desse governo que ele diz “sem corrupção, eu dependo garanto. Eu como prefeito, dependo de vocês [votos]”.
O problema continua. Ciro está se explicando. Não adiantará de nada se ele não mudar. Além da craca do governo, do MDB tem o que ele faz. Ciro é um campeão de diárias e está a serviço do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, ratificando ou ampliando mordomias no legislativo. Quem mesmo orienta esta gente?
Esse pessoal não entendeu que Educação é além de negócios – como revelaram os áudios cabulosos – e tecnologia. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seu secretário de Educação, importado de Blumenau e curioso na área indicado pelo deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD, o jornalista Emerson Antunes, foram conhecer ferramentas e programas que já aplicam ou que estão à venda ou em atualização no Google Educacation.
Não há demérito nenhum em ir lá as expensas dos gasparenses. Como é tecnologia, este tour por der feito tudo por internet e para muito mais pessoas por aqui.
Então o que pega? É que antes desta tecnologia que não é para todos, que tem custos, e altos, precisamos do básico, do mínimo, numa cidade carente nesta área. Precisamos de vagas nas creches para atender a demanda de postos de trabalhos e ampliar a renda real dos trabalhadores e trabalhadoras. É algo deficitário há seis anos e o prefeito, criativo, ampliou as vagas cortando o período de acolhida à metade. Quem fez isso, a ex-secretária Zilma Mônica Sansão Benevenutti, é vereadora e agora presidente do MDB de Gaspar. Meu Deus!
Antes desse Google Education – necessário, mas para poucos – preciso massificar contraturno – que não temos -, é preciso turno integral – que não temos – e inclusão social massiva via cultura e esportes – que está na propaganda – para diminuir os graves problemas sociais de uma cidade dormitório, de migrantes e de salários baixos.
Quase pronto. A barranca do ribeirão Gaspar Mirim, está enrocada, protegida e as ruas e as calçadas da Rio Branco, José Rafael Schmitt, bem como a cabeceira da ponte Genésio Schmitt recuperadas. Em 30 dias. O serviço termina esta semana. O dinheiro que salvou o desleixo de falta de manutenção ali por meses do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, veio da Defesa Civil de Luiz Inácio Lula da Silva, PT. Foto abaixo
O fogo na sala escritório de negócios da família Wan Dall, no edifício no Centro da Cidade, na sexta-feira à noite, não começou no ar-condicionado. Mas, num fogão elétrico. Fogão?
6 comentários em “OS POLÍTICOS DA VELHA GASPAR SE MOVIMENTAM PARA CONTINUAR TÃO VELHA QUANTO, SOB DISFARCES E COM ELA NAS RÉDEAS CURTAS COMO ONTEM E HOJE”
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CÂMARA APERTA O TETO DE LULA, por Vinicius torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo
O teto móvel de gastos do governo não deve ser aquele proposto ao Congresso pelo governo Lula. Como se escreveu nestas colunas, haverá uma limitação um tanto maior a certas despesas e mais do que se chama de “punição” em caso de descumprimento de metas de saldo primário (a diferença entre receita e despesa, desconsiderada a despesa com juros).
Uma restrição que pode entrar no pacote é a obrigação de o governo tomar providências caso as contas indiquem que será difícil cumprir a meta de superávit primário. Trocando em miúdos grossos, trata-se de alguma versão do velho contingenciamento. No caso de haver frustração de receita ou excesso de despesa, o governo será obrigado a suspender despesas previstas no Orçamento do ano corrente.
Ainda se discute qual o método de contingenciamento. O assunto divide o governo, como se pode esperar, e causa ira no PT. A divisão interna e as renegociações do arcabouço com a Câmara atrasaram a conclusão do projeto, relatado pelo deputado Cláudio Cajado (PP-BA), que é a voz de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, sobre o assunto.
Lira quer aprovar o projeto do governo sem mudança fundamental. Mas se vale também do debate do arcabouço para fazer um tanto mais de pressão sobre o governo.
Entre outras mudanças prováveis do arcabouço estão os gatilhos: gastou além da conta (não fez superávit), não pode reajustar salário, renunciar a receita etc. Certas despesas estarão sob o limite do teto móvel: salários de enfermeiros, dinheiro para engordar estatais. Os percentuais de crescimento da despesa ficam como estão.
Eletrobras
Luiz Inácio Lula da Silva e o comando do PT querem retomar o controle sobre a Eletrobras. O núcleo mais petista do governo incentiva também o desejo do presidente de voltar a mandar na empresa. Para quê?
O presidente foi ao Supremo pedir que o governo tenha votos equivalente ao peso da participação do governo na companhia, peso que foi limitado na privatização, sob Jair Bolsonaro. O governo quer nomear a diretoria.
É uma reivindicação do comando do PT, que quer reestatizar a empresa, e do núcleo mais petista do governo, centrado na Casa Civil. São as mesmas pessoas que animaram os decretos para mudar as leis do saneamento.
O que o governo ganharia retomando a Eletrobras?
Haveria disputas político-partidárias por diretorias; o risco de nomear um corrupto. Haverá um grande dano de imagem, justo ou não (deve aumentar a percepção do risco de o governo intervir, romper contratos etc.). Há o risco de piorar a administração da empresa, que vem sendo reorganizada, com grande redução da dívida e aumento de investimento.
O governo Lula pode regular a empresa, o setor ou fazer política industrial inteligente e útil (“transição energética verde”) sem bulir de modo indevido com a administração mais elementar. Vale para a Eletrobras, para a Petrobras, para qualquer companhia pública ou totalmente estatal.
Por falar em regulação, faz pelo menos uma década que o setor elétrico precisa de uma reorganização profunda e complicada. Além de permitir aumento de eficiência, reorganização do sistema de preços e facilitação de investimentos, seria um caminho para rever subsídios e tantos favores no setor. Por que o governo não gasta sua energia em algo útil?
Em um ambiente econômico melhor e com o crescimento da própria Eletrobras, o governo pode vender com ganhos relevantes sua participação ainda enorme na empresa. Pode ser um dinheiro a mais para facilitar o acerto nas contas públicas. Lula 3 vai precisar muito de qualquer dinheiro a fim de fazer funcionar seu arcabouço fiscal, o que é crucial para o sucesso econômico do governo.
Sobre a conclusão das obras de recuperação da cabeceira da Ponte da Rio Branco, não conheço o dono da empresa que fez o serviço anterior, nem quem são os engenheiros RESPONSÁVEIS pelo reparo. Mas que o “remendo” deu um banho, isso deu!!
O RELÓGIO DE LULA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
O petista Lula da Silva parece não ter entendido por que foi eleito presidente da República. Ao tentar reverter no tapetão a privatização da Eletrobras, pouco depois de ter buscado, por decreto, destruir o Marco do Saneamento para favorecer estatais ineficientes do setor, Lula desrespeita ao mesmo tempo o Congresso e os muitos eleitores que nele votaram não por simpatizarem com a embolorada agenda lulopetista, mas apenas para impedir que Jair Bolsonaro se reelegesse.
No discurso, Lula da Silva se opõe às privatizações porque as considera “um crime de lesa-pátria”, como classificou o caso da Eletrobras, “um patrimônio deste país”, segundo disse. Na prática, contudo, muitas estatais servem como cabide de emprego para arregimentar apoio político, fundamental para um governo incompetente na articulação com o Congresso, e de quebra para acomodar sindicalistas companheiros. Por isso, quanto mais estatais, melhor para os estatólatras.
A afronta de Lula ao que foi decidido pelo Congresso com relação à Eletrobras e ao setor de saneamento básico não passou despercebida pelas lideranças parlamentares.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, classificou como “preocupante” a fixação do presidente em reverter a privatização da Eletrobras no Supremo Tribunal Federal. À CNN Brasil, Lira afirmou que Lula tem todo o direito de não propor mais privatizações em seu governo, “mas mudar um quadro que já está jogado e definido, e com muitos grupos, muitos países investindo, realmente causa ao Brasil uma preocupação muito forte”. Trata-se de constatação óbvia: mudar as regras do jogo de supetão, sem justificativa outra que não seja a adição petista à máquina estatal, amplia a sensação de que contratos no Brasil não valem o papel em que são escritos.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, lembrou que a privatização da Eletrobras “foi algo muito debatido na Câmara e no Senado”, que o novo status da empresa “é uma realidade” e que seria “mais útil ao Brasil” discutir reforma tributária e o novo regime fiscal.
Mas Lula é incapaz de vencer sua natureza autoritária, convenientemente camuflada pelo figurino do democrata que se apresentou como contraponto ao golpismo bolsonarista. Bastaram alguns meses de governo para se perceber que Lula, sem qualquer pudor, quer impor o atraso petista na marra, recorrendo ao Judiciário para tentar desfazer o que foi decidido pelo Congresso, em particular no que diz respeito às estatais. Não foi à toa que o lulopetismo, por meio de seus aliados, ajudou a fazer carga contra a Lei das Estatais, que acabou com a esbórnia das nomeações políticas para essas empresas, justamente em resposta aos escândalos da trevosa era petista.
Ademais, os brasileiros moderados que foram decisivos para a vitória de Lula não votaram para reverter a reforma trabalhista, como ainda acalentam os petistas, nem para enterrar a reforma do ensino médio e, menos ainda, para fazer letra morta da Lei de Responsabilidade Fiscal, como fica claro na proposta de novo regime fiscal.
Passar uma borracha por cima dessas conquistas, é preciso deixar bem claro, é uma agenda histórica do PT e de partidos coligados, não o desejo da maioria dos eleitores que votaram por uma composição do Congresso que claramente não se coaduna com o ímpeto revisionista que anima o Palácio do Planalto.
Lula nem ao menos pode dizer que as “revisões” que ele propõe para marcos legislativos que mal se consolidaram, como é o caso da privatização da Eletrobras, serviriam para melhorar esses projetos, eliminando, por exemplo, muitos “jabutis” que foram aprovados a reboque deles. Quando fala em reverter a privatização da Eletrobras, Lula está movido apenas pelo desejo de desfazer tudo o que foi feito depois da estrepitosa ruína petista, marcada por escândalos de corrupção, por uma brutal recessão e pelo justíssimo impeachment de Dilma Rousseff. Lula quer fazer o relógio do Brasil andar para trás. Cabe ao Supremo dizer a ele que isso não pode.
Perfeito!!! . . .”Ademais, os brasileiros moderados que foram decisivos para a vitória de Lula não votaram para reverter a reforma trabalhista, como ainda acalentam os petistas, nem para enterrar a reforma do ensino médio e, menos ainda, para fazer letra morta da Lei de Responsabilidade Fiscal, como fica claro na proposta de novo regime fiscal.”. . .
Porém. . . os incautos e/ou oportunistas que fizeram o “L”, assinaram um cheque em branco e entregaram ao lula. E agora? Como sustá-lo?
A INSISTÊNCIA NO CAMINHO DIFÍCIL, por Vera Magalhães, no jornal O Globo
Depois de sofrer sua primeira derrota no Congresso, na antessala da votação do novo marco fiscal, o que o governo Lula resolveu fazer? Tentar a sorte com o mesmo tipo de pauta do outro lado da Praça dos Três Poderes, no Supremo Tribunal Federal.
O raciocínio da Ação Direta de Inconstitucionalidade contra aspectos da privatização da Eletrobras parece ser o seguinte: se não passa na Câmara nem no Senado, por que não tentar no STF, que tem sido mais “amigável” em relação ao governo?
Será esse um bom caminho? A julgar pela reação reservada que colhi de alguns ministros, não há garantia de sucesso na empreitada, pelo contrário. Esses integrantes do Supremo acham um erro primário de avaliação o governo abrir esse flanco de batalha enquanto sabe que a Corte está toda mobilizada pelo monumental trabalho, apenas no começo, de julgar os responsáveis pela tentativa de golpe de 8 de janeiro.
Causou certa perplexidade entre os magistrados que não seja Lula o maior interessado em preservar os ministros — já superexpostos e enfrentando acusações por parte de parcela grande da sociedade de querer interferir em temas que não são da sua alçada e instituir uma “ditadura do Judiciário” — para que possam definir até a logística de um julgamento que, só de peixe pequeno, já tem mais de 550 réus.
Além desse aspecto político e estratégico do cenário, existe uma incompreensão primordial do governo, a mesma que apontei neste espaço na semana passada em relação ao Parlamento: o estatismo com que Lula vai querendo caracterizar seu terceiro mandato não é claramente majoritário no Supremo, como não é na Câmara e no Senado.
Buscar os ministros como atalho conveniente quando viu o caminho interditado no Congresso, portanto, é mais um erro elementar de avaliação da articulação política. E isso, ainda por cima, às vésperas da primeira indicação de Lula para a Corte, com a vaga aberta pela aposentadoria de Ricardo Lewandowski.
Para os ministros, há pouca chance de rever uma privatização que já foi concretizada, já surtiu efeitos nos campos jurídico e econômico e que foi, repito, aprovada pelo Legislativo. É espantoso que Lula ignore solene e arrogantemente todos os muitos sinais, alguns deles recados explícitos, de que vai se dar mal se insistir numa versão petista da reforma da natureza idealizada pela boneca Emília e descrita por Monteiro Lobato no volume com esse título.
Gostem o presidente e sua coalizão ou não, o Brasil viveu quatro anos de governo de direita. O eleitor não o chancelou, tanto é que elegeu um projeto radicalmente contrário. Mas também não o repeliu por completo, uma vez que Bolsonaro chegou a mais de 49% dos votos válidos, e o Congresso saiu das urnas com a cara que saiu.
O prudente e inteligente do ponto de vista político, diante desse duplo sinal, é revogar o que foram atos autocráticos de um presidente rechaçado pelas urnas, mas não comprar brigas com pautas que obtiveram o aval amplo do Congresso.
Isso se chama compreensão da lógica intrínseca à alternância de poder: não se reconstrói tudo a cada ciclo de quatro anos, e muitas vezes um governo de esquerda terá de seguir adiante aceitando que algumas decisões de cunho liberal foram tomadas.
Nessa lógica, é lícito que Lula não privatize mais nada. Ele avisou que sustaria o programa na campanha e foi eleito. O mesmo não se estende a rever o que foi aprovado antes, do marco do saneamento à privatização da Eletrobras. Ou ao menos não sem que o governo corra um risco imenso de sofrer derrotas em série.
Arthur Lira foi cristalino ao falar nisso ontem em Nova York: o Congresso resistirá à tendência de rever tudo que foi aprovado. O Supremo não pensa de forma muito diferente. Teria sido de bom alvitre sondar o humor da Corte antes de mandar a ação para lá.