Essa gente engomadinha, riquinha, donos de igrejas evangélicas, somados à irresponsáveis e sonhadores (sonhar é preciso e aí não desmereço porque também parte do que conquistei foi fruto do que desejei e sonhei, até naquilo que me disseram ser impossível), ou Kleber Edson Wan Dall, MDB, não conhece números.
Se essa gente “çabia” os ignora, ou os despreza, ou se os conhece, os manipula induzindo analfabetos, ignorantes, desinformados ou fanáticos à acreditar naquilo que ela precisa para si, mais uma vez, e não exatamente para o povo – o que vai dar voto para escolher um representante popular.
Uma candidatura viável é feita de números. Nada mais! É a soma deles que dá uma cadeira na Assembleia Legislativa como quer Kleber e os seus. Ou alguém discorda disso?
E para ser eleito deputado estadual na rabeira do partido, Kleber, em tese e pelo menos no histórico daquilo que se apresentou até aqui, precisará – se ficar no MDB – de do mínimo 36 mil votos.
E mesmo assim terá que estar num projeto vencedor do partido na corrida pelo governo do estado e ao senado. É o partido que – por racionalidade ou até por apostas que ninguém consegue entender bem – escolhe seus cabeças vencedoras. No diretório estadual está dito quem eles querem, quem eles não querem e vão engolir porque tem votos. É um ônibus com assentos marcados. É como aqui. É isso que dá a vitamina e faz pulsar a legenda.
Olhem a história. E os números são a memória daquilo que não é aventura, mas pragmatismo. ainda mais no MDB.
Resumindo para continuar na pretensão de Kleber: a legenda MDB terá que fazer em torno de um milhão de votos nos deputados estaduais para Kleber caber nela como o dono de uma vaga de titular na Alesc. Simples assim!
E para ter esses 36 mil votos, Kleber terá que sair de Gaspar com no mínimo 15 mil votos e buscar fora da cidade, com as Igrejas – ele é da Assembleia de Deus – os outros 21 mil votos. É muito arriscado, mas com as bençãos dos céus, dos pastores e dos templos transformados em diretórios, eu lhes asseguro que é possível. Mas, precisa trabalhar. Precisa além da palavra de Deus, muito dinheiro….
Antes de prosseguir alguns números que devem ser confrontados com outros que estão no decorrer do artigo.
Em 2020, Gaspar tinha 47.342 eleitores. Supondo que mais outros mil se habilitem em novo título de eleitor por aqui, e arredondando bem para cima, serão possíveis 48.500 votantes.
De cara estes 48,5 mil caem para 38,8 mil devido à média de abstenção em torno de 20%. Líquidos vão ficar em torno 34,9 mil votos e mais uma vez devido aos 10% da soma de nulos e brancos.
Ou seja, Kleber vai ter abocanhar para si cerca de 41% dos votos válidos da cidade entre centenas de candidatos, e pelo menos uma dezena com estruturas por aqui. Mais adiante explico, em números, o porquê disso. Em tese, é tão difícil – não impossível, repito – em Gaspar.
Então, vamos lembrar mais uma vez de números e do passado para sustentar o meu palavreado?
Em 2018, a última eleição de deputados estaduais, havia 5,068 milhões de eleitores e eleitoras em Santa Catarina.
A abstenção foi de 16,31% e então sobraram 4,241 milhões de votos. Eles foram às urnas e destes, contou-se 3,663 milhões de votos válidos, com 7,29% nulos e 6,34% brancos na votação para deputado estadual. Para presidente, senador e deputado federal há outras variações nestes números e contas.
O MDB e PSDB, coligados – e hoje isso não é mais permitido -, fizeram juntos 904.909 e por isso, botaram nove representantes na Alesc. O mais votado foi Valdir Vital Colbachini, com a máquina do governo do estado na mão – era secretário de Infraestrutura -, deputado eleito, um nome reconhecidamente estadualizado. Fez 49.355 votos. Kleber precisa de 36 mil.
Devemos olhar que havia uma onda e o deputado Federal, dono do diretório estadual, Mauro Mariani, foi o candidato cabeça de bagre na corrida pelo governo do estado.
Retomo mais uma vez.
E na rabeira do MDB, na mesma eleição, como primeira suplente, chegou Dirce Aparecida Heidercheidt, já deputada, presidente do MDB mulher, e esposa do ex-prefeito de Palhoça, Ronério, uma família de políticos influentes na Grande Florianópolis – um colégio substancialmente mais importante do que o Médio Vale do Itajaí onde está a periférica Gaspar.
Dirce foi traída aqui em Gaspar e vai ser de novo. Conseguiu no estado todo 32.332 votos. Não entrou. Kleber vai precisar de 36 mil votos.
Entenderam o tamanho do buraco e à razão pela qual esta conta – em tese e baseado do passado do MDB – ainda não fecha?
Porque Kleber tem que trabalhar muito, porque muitos políticos que o fizeram prefeito estão de braços cruzados: querem carinho, querem serem lembrados, querem promessas não cumpridas apesar da prefeitura ser um celeiro de empreguismos e contratos de terceirização, querem mais vantagens do que já ganharam e têm, querem, querem, querem…
Há, por outro lado, traição, bem como gente que não entende do riscado posando de entendido neste lançamento da pré-candidatura de Kleber. Parece que se está cumprindo um ritual dessa gente de se lavar às suas próprias mãos e se livrar daquilo que já se recebeu como paga nos últimos anos, bem como de um resultado adverso que pode estar por vir. Simples assim!
Ah, mas o fenômeno Ricardo João Peluso Alba, PSL, de Blumenau, do nada foi o campeão de votos em Santa Catarina em 2018 com 62.672 votos e de lambuja ajudou a eleger outros cinco do partido (494.044 votos válidos no partido), lembrou-me um “novato”, vestido de entendido e que está enrolando Kleber.
Foi, reconheço, mas não se repetirá. São fenômenos. Kleber não ameaça ser isso; por enquanto.
Alba – e essa era a sua especialidade ao pular por tantos partido até a eleição – surfou uma onda, a bolsonarista. Hoje esta onda, inclusive, está em refluxo para quem a quiser surfar. A mesma lábia da onda e dele não seduzirão boa parte dos mesmos seus ex-eleitores e ex-eleitoras. Ou alguém tem dúvidas disso?
Se não se cuidar, nem voltará à Assembleia tanto que ensaia a Federal. É que a corrida à prefeitura de Blumenau no ano passado foi um teste sinalizador estonteante para ele e os neófitos em política que se acham protegidos pela sorte. Na política, sorte vem acompanhada de muita aliança, articulação, dinheiro, esperteza e oportunidade.
Qual é mesmo a nova onda se os supostos opostos Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro, que cada dia parecem ser mais iguais em tudo? Sérgio Fernando Moro? Não. ele é apenas um fato, uma oportunidade.
Por outro lado Kleber não é em si uma nova onda, não está inserido em uma nova onda, não está, por enquanto, dentro de num projeto político sólido – o do MDB – , a não ser o de estar à sombra das igrejas neopetencostais e do novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado evangélico de Blumenau, Ismael dos Santos, PSD.
Pior. Soma-se a tudo isso, Kleber é um projeto familiar.
E os seus problemas estão em Gaspar, no domínio político que seus novos padrinhos políticos aparentemente o meteram nesta aventura. A não ser que de agora em diante trabalhem coordenadamente e digam a que vieram, metam a mão na consciência, no bolso e se estabeleçam na inteligência.
O ex-prefeito por três mandatos populares, o petista Pedro Celso Zuchi já trucou: lançou-se a deputado estadual; o jovem João Pedro Sansão, a Federal. Então, farão o que sempre fizeram: tentar a sorte grande e esta tentativa é claramente contra um projeto de município. Ou alguém pode me contestar, por favor?
Mais. Será que a Bancada do Amém, onde estão onze dos 13 vereadores vai se enfraquecer politicamente e apostar todas – ou parte – das fichas em Kleber para ficar submissa a ele e à nova ordem política que não controlam, ou seja, as Igrejas neopetencostais transformadas em partidos políticos? E se o projeto naufragar, vão ficar com ônus da derrota e comprometerem o futuro políticos deles?
Um leitor meu ontem pediu que eu não escrevesse esse artigo. Ele acha que eu estaria trabalhando como um assessor de Kleber. Queria que eu publicasse isto depois de abril, quando Kleber não pudesse mais voltar atrás e tudo estaria fragorosamente perdido, segundo ele.
Não tenho partido. Que Kleber se eleja, mas não será fácil se ele não mudar o que mal enjambra.
Ciro André Quintino, MDB, o populista, que propagada por aí a família 15 e verdadeiramente o 15 sempre o usou, como se fosse um casal infiel e que dorme junto, vai abrir mão da mínima autonomia política com Jerry Edson Comper, naquilo que faz semanalmente em Florianópolis com as diárias da Câmara?
Amauri Bornhausen, PDT, o perseguido por fazer o seu papel de vereador, vai abrir mão da Paulinha (Ana Paula da Silva) e da autonomia que exerce até aqui com competência?
José Hilário Melato, PP, o mais longevo dos vereadores, vai abrir mão de José Hamilton Schaeffer para ser ensacado pelo projeto de Kleber que deixa do dia para noite gente no olho da rua?
Alexsandro Burnier, PL, o que pensa fazer da política uma profissão de sobrevivência vai abrir mão de Ivan Naatz que lhe adotou na luta desigual contra a máquina de Kleber que frequentemente o deixa na rua no seu próprio bairro, o Bela Vista?
Adilson Luiz Schmit, ex-prefeito, sem partido, excomungado pelo MDB, por Kleber, Leila e companhia, o que trouxe o já falecido Aldo Schneider, MDB, substituído por Jerry Comper vai abrir mão do presidente da Câmara de Blumenau, Egídio Beckhauser?
Roni Muller, vai deixar na mão Fernando Krelling entre tantos outros numa longa fila de paraquedistas dispostos a catar de dez a 500 votos cada um em um minguado colégio eleitoral de 34,9 mil eleitores?
Você leitora e leitor acha isso pouco?
Tem a causa animal que o ex-chefe de gabinete de Kleber, o secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o presidente do PSDB e evangélico mandou às favas e recorreu em nome do prefeito para não dar o que a Justiça obrigou? Ou agora, depois que o bombeiro militar Rafael Araújo Freitas, deixá-la, vão impregná-las de evangélicos?
Ainda há as influências das escolhas e das sociedades que os candidatos vão fazer com candidatos a governador que nem estão na praça, os de presidente da República que vai desde Jair Messias Bolsonaro, passando por Sérgio Fernando Moro, Podemos, Luiz Inácio Lula da Silva, PT, ou até Simone Tebet, para ficar no MDB.
Estas escolhas vão aumentar ou diminuir as chances de candidato a deputado estadual. É muita coisa para se estudar e se controlar, quando não se é líder, quando o nome não é uma marca. E Kleber não é uma marca, a não ser a de um dos maiores salários de Santa Catarina.
Se Kleber conseguir 36 mil votos, terá uma chance no fim do túnel, mesmo assim – ainda poderá ser com riscos para entrar direto na Alesc. E como a sua Gaspar já está dividida…, como reconhecidamente ele não é um líder, não é cativante… Será, então, preciso orar e os seus novos amigos, sem cheiro de povo, serem sortudos como a maioria tem sido até aqui na vida. Acorda, Gaspar!
A foto oficial de Zuchi e Sansão pré-candidatos, respectivamente, a deputado estadual e federal pelo PT de Gaspar. Trucaram rapidamente Kleber e seus “çabios”