O Carnaval passou. E o prefeito manhoso de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, explicou o porquê de a cidade não ter comemorações momescas nos seus oito anos de mandato. A imprensa deu atenção. Não vou me distrair nestas contradições até porque, no carnaval, é permitido usar máscaras. Algumas caem. Segunda-feira comento.
A Câmara de Vereadores – seguindo a tradição dela de longa data de criar feriadões – e de outra forma, todavia, excepcionalmente, as repartições públicas municipais, por decreto do prefeito – o que não quer outro tipo de carnaval –neste ano, só para se aproximar dos servidores, uma massa eleitoral que os políticos que estão em ladeira abaixo a querem como influenciadora e cabo eleitorais, pararam. Mesmo a cidade fervendo – e não exatamente por causa do calor excepcional – e sim de problemas. E os mais banais possíveis. Os de soluções imediatas, se houvesse liderança num aspecto e autoridade, no outro.
Então é hora de retomar o fio da meada, a que a cidade está metida e que ensaia, com outros nomes, continuar no mesmo novelo.
É que este governo dos “jovens na política” – os quais “mudariam os rumos da cidade” segundo os inventores desses administradores sem qualquer experiência no ramo e que seus “protetores” – os mesmos que não contratariam esses políticos e administradores para seus negócios em momento algum – Kleber e Marcelo de Souza Brick, PP, ocuparam as redes sociais para mostrar o ócio deles no feriadão, afinal ninguém é de ferro. De verdade? Mais uma vez, apenas criaram mais cortinas de fumaça via a desgastada velha marquetagem oficial, paga com os pesados impostos de todos.
Sobre o ócio, é um problema de cada um. Sobre a esperteza demasiada, é preciso que ela seja enfatizada para que ela coma o dono dela, como alertava o ex primeiro ministro do Brasil, Tancredo de Almeida Neves.
No final da semana que passou, os políticos e alguns comissionados que ainda não estavam na “dolce vita” do feriadão prolongado para si, da administração Kleber e Marcelo – que agora mora lá – rumaram para o Distrito do Belchior – que quase todos os políticos, vergonhosamente, deesprezando a conquista de uma comunidade, ainda o tratam um bairro distante de Gaspar – para se unir aos locais no Belchior Alto. Alguns vereadores da Bancada do Amém, onde estão onze (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) dos 13 vereadores também foram para lá para suas tirar casquinhas, fotos, fazer vídeos-exaltação e com eles, inundarem às suas redes sociais com a mais “nova” grande conquista para os moradores do Belchior Alto.
Assim foi a entrega de mais uma área de lazer à comunidade gasparense, e que logo, infelizmente, ela será mais uma depredada, pois não há um plano de zeladoria, manutenção e integração às lideranças comunitárias, as verdadeiras donas e supostamente, “protetoras” dessas áreas de lazer. Os políticos inauguram “obras”, homenageiam com nome de um comunitário, fazem discursos, posam para fotos animam a festa e, paradoxalmente, se livram delas e lavam suas mãos. Nem um simples programa de limpeza e recolhimento de lixo é estabelecido para essas áreas públicas. E onde há sujeira, estimula-se, por osmose e quase que, naturalmente, mais sujeira, depredação, locais de consumo de drogas, constrangimentos… Impressionante.
Três fatos chamam à atenção em mais esta cortina de fumaça do governo de Kleber e Marcelo criada no final da semana passada.
O primeiro deles é deram uma área de lazer para o Distrito do Belchior no Belchior alto, o mais densamente ocupado e urbanizado. Excelente. Mesmo que isto tenha chegado com décadas de muito atraso.
Contudo, ao mesmo tempo, o Distrito em si continua em frangalhos na manutenção como atestam as postagens de diversos moradores de lá, alguns até replicados aqui, e exatamente, vejam só, no período de alta temporada das cascatas.
Sobre esta falha, nada se disse na festa do final da semana passada, nada nas redes sociais de ninguém que festejou – mesmo as dos políticos que postam memes jurando que “político é eleito para servir as pessoas” – e nas comemorações do tal pão e circo, incluindo a representante de lá na Câmara. O CDI de mesmo Belchior Central, por exemplo, continua no improviso.
E para ele receber atenção do governo de Kleber e Marcelo precisou de denúncia de um vereador daqui do outro lado do rio, o Santa Terezinha, já falecido, Amauri Bornhausen, PDT. Teve que ir lá, em cadeiras de rodas, debaixo de chuva para mostrar os pingueiros no interior das salas e instalações. E olha que ele também era da base do governo. Só com a corajosa atitude dele é que o governo de Kleber e Marcelo tomou tento e ao menos reconheceu que era impossível aquele prédio abrigar crianças em dias de chuvas.
O segundo fato é que cortaram o Orçamento do Distrito do Belchior para “engordar” e “salvar” o Orçamento da secretaria de Obras e Serviços Urbanos. Ou seja, o Distrito ficou, como registrei aqui, amplamente no ano passado, sem autonomia administrativa e orçamentária para se estabelecer, inclusive nas prioridades de simples manutenções, entre elas, por exemplo, do caminhão pipa. E este saque orçamentário, mais uma vez, foi feito em sucessivos Projetos de Lei, com o voto da vereadora do Distrito. É de se perguntar, diante disso, qual a razão de se ter lá um superintendente comissionado nomeado? Está se comemorando o que de verdade?
O terceiro fato é que só agora, depois de sete anos de prometida, inclusive com a autorização da Câmara num arranca rabo daqueles, com constrangimentos políticos, para aprovar o Projeto de Lei do respectivo financiamento, só agora, o trecho Rua Vidal Flávio Dias que vai da Capela Santa Catarina até o Marocas, na BR-470, no Belchior Baixo, é que vai receber infraestrutura para ser asfaltada, servir a comunidade, o distrito industrial e logístico que se desenvolveu por lá por particulares geradores de empregos e especialmente tributos para Gaspar.
Coincidência ou não, isto está acontecendo, somente neste momento, véspera de eleições municipais. E essa gente diz que se elegeu para combater a velha politicagem… E exatamente por quem diz detestar o carnaval, mas o faz fora de época para sambar na avenida de seis de outubro. Aliás, deveríamos, por isso, ter eleições todos dos anos. A vida dos eleitores e eleitoras seriam bem diferentes do que são hoje. E neste caso, de desprezo por mais de sete anos.
E se isso não fosse pouco e jogando mais uma vez com a memória curta dos gasparenses, Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho, PP e Marcelo, em conjunto com vereador ambulante, papagaiando nas redes sociais e ao lado do prefeito Kleber, fez a contagem de onze praças semelhantes a esta entregues no atual governo. É muito? É pouco? A marquetagem de promessas de lá de trás do próprio governo de Kleber nos dá pistas e respostas e mostra a cara do governo sob questionamentos.
A promessa, na verdade, com muita pompa e publicidade, é de 29 e uma reformada, ao preço de R$6 milhões e que, por sinal, vai passar bem longe disso. Ou seja, até agora, noves fora, para quem foi à escola, até mesmo em cidade em que se se derruba Ideb, praticamente só um terço da promessa, foi cumprida. A pergunta é: estão comemorando o que mesmo? Como se vê, aqui existe carnaval, mas ele é outro.
Enquanto a festa dos políticos no Distrito do Belchior tomava conta das redes sociais dos políticos gasparenses, na mesma rede social, os foliões, para desgostos dos políticos no poder de plantão espalhavam outra realidade e do mesmo governo Kleber, Marcelo e do secretário de Obras e Serviços Urbanos, candidato a vereador pela margem esquerda, Roni Jean Muller, MDB. Era outro lado desta moeda desses jovens que se auto destroem na marquetagem fácil, pois no planejamento, na execução e entrega de resultados mínimos de manutenção, eles não vêm conseguindo superar as realidades cruéis.
Veja este vídeo. E depois sou eu quem exagero.
A foto ao lado é para que você, leitor e leitora, que ouve sempre dos seus políticos de estimação que eu sou exagerado, não perca de vista a “costela de vaca magríssima” em que estava a Rua Amádio Beduschi, no Barracão, esta semana.
Estamos em tempo de seca faz semanas. A chuva – que só chegou na quarta-feira à tarde, e de leve – não pode, desta vez, ser usada como desculpas. É desleixo puro. As máquinas da prefeitura paradas no pátio bem antes do Carnaval.
Quando não são os buracos é o mato que toma conta da cidade governada por jovens que foram levados para esta situação por gente que se diz “dona dos destinos da cidade”. Esta gente fez estes jovens candidatos vencedores. Arrependida, quer trocar de nomes e fazer outros, sem antes pedir perdão aos gasparenses por tamanho atraso que proporcionaram à cidade, cidadãos e cidadãs.
Esta “tábua de lavar roupa” aí ao lado se repete em tantas outras estradas e ruas sem pavimentação de Gaspar. Falta manutenção. Faltam critérios. Faltam rotinas. Falta prioridade. Falta, no fundo, gestão, respeito e seriedade. Falta liderança. Sobram curiosos e políticos empregados aos interesses partidários, cabala e poder. E todos atrás de festas, fotos, narrativas e votos.
Isto sem falar no alto índice de dengue na cidade e não são os cemitérios os culpados como falsearam espertamente à realidade; as aulas nem bem começaram mas, já se noticia nas próprias escolas e CDIs sobre à falta crônica de professores para suprir à demanda mínima; as trabalhadoras e desempregadas estão sem esperanças nas longas filas de espera por meia vaga nas creches; as escolas municipais, mais uma vez, estão sem turno integral, sem contraturno; na policlínica e postinhos de saúde as filas para atendimentos e exames só aumentam; o tempo para atendimento no Pronto Atendimento do Hospital de Gaspar se alongou substancialmente nestes dias. Era esperado. Era proposital. E por quê? Devido ao feriado prolongado que se fez nos postinhos. Aliás, em Blumenau, um dia de problemas nos Pronto Atendimento do Hospital Santo Antônio, o mundo desabou para os políticos e gestores de lá. Sem refrescos. Aqui, a imprensa passou longe.
Enfim, estes jovens políticos ficaram tão velhos e tão rapidamente nas práticas que, por falso e indigente etarismo – como se prova agora -, diziam nas suas campanhas que dariam novas práticas. Eram discursos de campanha política. Era propaganda enganosa. Era marquetagem para ouvidos que não conseguem distinguir sons dos puros, estes vindos do povo, com os de falsos profetas hábeis usuários pregadores das redes sociais.
Pior, se estes jovens na política fingem – e se acreditarem, estamos lascados – não perceberam que são tão iguais na prática, no resultado e na percepção aos velhos que condenavam. Em todos os casos, estão reprovados para continuar administrando como políticos e gestores públicos contra a cidade deles próprios. Mas, quem, disse que eles são capazes de ouvir isso? Talvez, os resultados das urnas em seis de outubro sejam o melhor recado e aprendizado que possam ter para a reflexão. Avança, capim!
TRAPICHE
O Plano Diretor de Gaspar devia ter sido revisado em 2016, último ano do terceiro mandato do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e Marcelo de Souza Brick, PP, está atrasado em mais de sete anos neste fator fundamental de direcionamento do desenvolvimento do município. E de lá para cá, só puxadinhos ao gosto e contra o freguês da vez. O Ministério Público, pela omissão, é parte integrante deste balcão de “esquartejamento” e favelização do ordenamento territorial da cidade.
Ensaia-se, por exemplo, agora no escurinho, a liberação de prédios altos – fala-se em oito ou nove andares – no Centro da cidade, retratada ao lado na foto de Guilherme Spengler. Mas, baseado em que estudos sérios, discussão com a sociedade e fundamentos técnicos para se liberar isto? Qual o ritual? A secretaria de Planejamento Territorial manda um pedido de aprovação para o tal Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, o mesmo que transforma terrenos de áreas declaradas integrantes de Distrito Industrial e da noite para o dia em Área de Interesse Ambiental, que salva área da prefeitura lindeira para ir a leilão e que por engano, ficou no mesmo enrosco de vingança político-estatal.
Lá no CMDU se aprova. Ninguém é doido ser contra os interesses de poderosos ou de empoderados no poder de plantão. E aí, esta formalização, vai para a Câmara. Com maioria folgada, ai de quem der um pio sobre o assunto, mesmo havendo, e haverá, uma audiência pública esvaziada para dar ares oficiais para o cumprimento da legislação. E por quê? Porque não há entidades fortes na tal sociedade organizada de Gaspar. E quem se meter a bobo neste assunto, será perseguido. E os prejuízos? Como todos serão obrigados a conviver com puxadinhos e não exatamente com uma legislação de contemple o município como um todo e que se saiba, o que pode e não se pode fazer nele nos próximos dez anos. Foi isso, que mostrou ao poder de plantão o encalhe de todos os terrenos que estavam em recente leilão. Há alguma dúvida?
Qual o interesse e interessados que estão por detrás desta mudança sem mexer no Plano Diretor? Esta pergunta está sem resposta conhecida na prefeitura de Gaspar há anos. Mas, vamos adiante. Quando este plano de se construir prédio altos no Centro de Gaspar for “amadurecido” entre poucos em salas e gabinetes, nele não estará contemplado, por exemplo, a mobilidade urbana já caótica no Centro da Cidade, nem à escassa possibilidade de estacionamentos de acesso público, mesmo que pago, um dos calos para tornar o Centro mais humanizado e até promover o comércio e o lazer nesta área que está se perigosamente ficando “deserta” nos finais de semana?
Como funciona a Ouvidoria. O ex-prefeito de Gaspar (2005/09), Adilson Luiz Schmitt, PL, médico veterinário, depois de ver algumas notas aqui, está atrás de informações sobre as atividades da secretaria de Agricultura e Aquicultura. Ela é tocada pelo vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP. Adilson foi à Ouvidoria. Recebeu instruções. Então partiu para a coisa prática. Depois que a titular da Ouvidoria soube quem era o bisbilhoteiro e o que ele queria, virou baile e naquilo que é público. Adilson promete não descansar.
Todos os questionamentos são para os últimos cinco anos (janeiro 2019 a janeiro de 2024) no email que ele enviou no dia 31 de janeiro deste ano? Ou seja, vai além do atual secretário que está lá só há um ano. Aliás, foi a própria “ouvidora”, Zuleika Cristian da Costa, depois de receber “conselhos” internos na prefeitura recomendou a elaboração de um email. Particularmente, acho que desse jeito, a Ouvidoria, não possui autonomia. O prazo de resposta prometida? Dez dias. Se forem úteis. Ele deveria ter recebido ontem. Nada! Já pediram mais 15 dias. Já promveram encontros com Adilson para fazê-lo desistir. O que o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL, e vestido de cidadão comum quer? “Cópia dos protocolos de todas as solicitações de Equipamentos/Implementos e Serviços da Patrulha Mecanizada. Relação das horas trabalhadas, com os devidos comprovantes preenchidos pelo Servidor público que realizou o serviço“.
Mas, o que deve incomodar na listinha do ex-prefeito, Adilson Luiz Schmitt? A “relação dos Produtores Rurais atendidos, valores devidos e comprovação do pagamento na referida conta da Secretaria Municipal de Agricultura e Aquicultura. Arrecadação destes valores e quais despesas e investimentos realizados. Relação dos Produtores Rurais Inadimplentes, que utilizaram os serviços da Patrulha Mecanizada. Cópia do Decreto de Nomeação dos Membros do CMDR (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural), bem como cópia das atas da referidas reuniões e listas de presença“.
Este tipo de assunto quando passa por aqui em pequenas notas, causa um alvoroço desproporcional na prefeitura, na secretaria e até nos produtores rurais que se sentem pressionados pelos políticos que estão na boleia da secretaria, para verificação de pontas soltas e se descobrir quem são os “passadores” de informações para o blog. Se está tudo certo como se afirmar e se reafirma, qual o motivo de tanta preocupação dessas partes? Por isso, faz bem o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL, ir atrás e ver o que realmente está acontecendo. Difícil será ele obter as respostas que pediu. E se em coisas mais simples, o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, tem negado ou enrolado os vereadores, os quais podem ir à Justiça nesta obrigação institucional, imagina-se a quem se diz ser um simples cidadão.
Adilson ainda pediu “relação dos Produtores Rurais que foram beneficiados pelo desconto de 0,5% (zero vírgula cinco por cento) que emitiram notas e contranotas fiscais, quando da utilização dos Serviços da Patrulha Mecanizada. A relação dos Produtores Rurais, que estão na lista de espera pelos Serviços da Patrulha Mecanizada“.
Outro nó: “a relação dos Produtores Rurais que realizaram serviços de Patrulha Mecanizada de particulares e que foram atendidos, pelo Poder Municipal, em igual quantia (horas /máquina). A relação dos Produtores Rurais que tiveram atendidos as solicitações de empréstimo de Equipamentos/Implementos da Patrulha Mecanizada. Bem como cópia da legislação que permite este empréstimo“.
O ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL, ainda pediu “a relação dos equipamentos/Implementos, fotos e estado de conservação que compõem a Patrulha Mecanizada. A relação dos Servidores Públicos que trabalham nos Equipamentos/Implementos da Patrulha Mecanizada“.
Por enquanto, há quem aposte, inclusive dentro da prefeitura de Gaspar, que é mais fácil o cidadão Adilson Luiz Schmitt, PL, se eleger vereador do que ele receber antes de seis de outubro uma resposta se vão atendê-lo ou não. Nem estou falando das informações que ele pediu e as quais deveriam, todas elas, estar disponíveis de todos os cidadãos gasparenses no Portal Transparência do município de Gaspar. Dentro da própria secretaria já recomendaram pessoalmente a Adilson desistir da curiosidade dele. Será qual a razão disso!
Espetáculo I – Então há vereador em Gaspar que está indignado com a montoeira de fios nos postes da cidade, a maioria de telefonia e internet, que não se sabe se estão ativados, se não servem para nada e por isso, quer que a Celesc – a que autorizou o uso dos postes dela – os identifique? Falta de assunto ou incapacidade de resolver?
Espetáculo II -Lei para combater isso e de origem do próprio legislativo gasparense, já existe desde 2019. É a 3.960 de 15 de março. Ou seja, ela existe há quase cinco anos. Falta regulamentá-la e aplicá-la? E tanto tempo assim?
Espetáculo III – Nesta lei está detalhado o que deve ser feito. Inclusive, há uma multa diária de R$500,00, da notificação até a solução, se for classificado um problema, pela operadora ou usuária do fio sem utilidade. Se atualizado desde 2019, este valor da multa é bem mais alto. E está aí, talvez, uma solução de caixa para a prefeitura que insistiu em taxar os vivos sobre os seus mortos no cemitério.
Espetáculo IV – Quem está em falha com a cidade as empresas de cabeamento ou fornecedora de sinais? Ou Procon de ontem e de hoje, que por orfandade neste assunto dentro da prefeitura, cheia de repartições e comissionados, se arvora por ano, como tutor na solução deste problema? E casualmente, sempre próximo as eleições. E até agora, nem Lei especifica, nem requerimentos, nem discursos, nem políticos, nem a estrutura da prefeitura trouxeram resultados para a cidade.
O PL de Gaspar é preventivo, mas em causa própria. Ao ver que o PSD estadual trabalhava para emplacar o delegado Paulo Norberto Koerich como seu mais novo filiado para ser cabeça de chapa pelo “novo” diretório do PSD de Gaspar, numa possível aliança com o PL como registrei aqui na quarta-feira, o PL começou a espalhar velhas notas publicadas na imprensa estadual e nacional de que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, seria contra essa “união”, ainda mais o PSD sendo cabeça de chapa.
Quatro fatos. O primeiro: Jair Messias Bolsonaro, PL, teria que estar neste momento, mais focado em tirar a corda que ele, a Polícia Federal e o Supremo colocaram no pescoço dele próprio. O bolsonarismo não é a representação exclusiva da direita e do conservadorismo que são a maioria em Gaspar. Sempre recomendo aos “estudiosos” olharem a distribuição dos votos de 2022 por aqui, não apenas do segundo turno, mas do primeiro. Eles dizem muito mais do que supõe.
Segundo: o bolsonarismo é hoje, uma fatia mais radical deste segmento, ou facção, dessa suposta direita e que já ajudou a eleger em Gaspar, por exemplo, devido a interesses, picuinhas e até vinganças, Pedro Celso Zuchi, PT, três vezes prefeito. E por causa disso, ele está imbicando para tentar o quarto mandato. Talvez, exatamente por conta do fator Lula, ele não conte com tantos como antes, mas há sobras. Então de que pureza o bolsonarismo está mesmo falando?
O terceiro fato é que o PSD estadual está com problemas para se estabelecer numa ruptura no diretório em Gaspar sem quebrar os ovos como poder, com o novo prefeito de fato de Gaspar, deputado Federal Isamel dos Santos, de Blumenau, e o vereador Giovano Borges, que teve as portas de socorro do PSB fechadas. O PSD, que poderá ser fator de desequilíbrio na polarização das eleições de 2026, chegou tarde demais por seu diretório estadual em Gaspar. Simples assim!
Quarto fato. O delegado Paulo Norberto Koerich será candidato em qualquer partido conservador se e quando ele quiser, incluindo o PP ao invés do PSD. Por enquanto, está apenas cozinhando todo mundo que o quer como candidato.
Aliás, perdeu a chance no convescote do dia 30 de janeiro quando deveria ter começado o seu discurso dessa forma: “Já estou filiado no PL e o meu padrinho é o governador Jorginho Melo. Será um prazer desenvolver um projeto de cidade com todos vocês que estão ou não no PL, para mudar o rumo da minha cidade que a conheço bem seja com as denúncias que chegaram ao meu conhecimento e o que vejo todos os dias quando ano por ela”. Mas, não. Terceirizou a sua candidatura a um grupo que fez um candidato e ficou na rua da amargura. Paulo enfraqueceu com isso, o governador e o diretório local. Está obrigado a retomá-la com todo o vigor ou desistir dela. Simples assim!
Também se deve lembrar, mais uma vez, que o PL de Gaspar está nesta encruzilhada existencial por culpa dele próprio. O candidato natural e que tenta ressurgir, é o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff. Na disputa relâmpago, sem estrutura, e sozinho em 2020, conseguiu 20,21% dos votos válidos. Esta votação era um mandado – não mandato – para construir uma imagem de estadista e impedir erros tão grosseiros da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP. Quem fez isso, com maestria, foi o ex-vereador (falecido) Amauri Bornhausen, PDT, com maestria, mesmo diabético, cardíaco, sem as duas pernas, em cadeira de rodas e melhor, sendo da base do governo Kleber e Marcelo.
Se Rodrigo Boeing Althoff, PL não é conivente ou solidário às mazelas, desatinos e dúvidas da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, no mínimo ele possui parcela de culpa pelo que sofrem hoje os gasparenses. Ficou quieto esperando a desgraça para obter vantagens. Agora, lamenta. E Rodrigo espalha que o delegado será seu vice. Então há problemas na união dos dois… Acorda, Gaspar!
7 comentários em “OS JOVENS POLÍTICOS GASPARENSES APOSTAM NOS EFEITOS HIPINOTIZADORES SOBRE SEUS ELEITORES E ELEITORAS. TUDO PARA ESCONDER SEUS TRUQUES ILUSIONISTAS DE VELHOS MANHOSOS POLÍTICOS”
BOLSONARO E SUA DIREITA NEGATIVA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Jair Bolsonaro assumiu a Presidência em janeiro de 2019. Dois meses depois, atacou a neutralidade das urnas eletrônicas. Em maio, compartilhou uma mensagem que dizia:
“A hipótese nuclear é uma ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível.”
Essa ruptura não podia vir do nada. Ao fim do ano, diante das manifestações ocorridas no Chile, Bolsonaro sacou o que viria a ser seu bordão: “A gente se prepara para usar o artigo 142 da Constituição federal, que é pela manutenção da lei e da ordem, caso eles (integrantes das Forças Armadas) venham a ser convocados por um dos três Poderes.”
Bolsonaro operava uma manobra de pinça. Numa ponta, brandia o apocalipse. Noutra, investia contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. No dia 8 de janeiro a pinça fechou-se. Felizmente, estava torta.
Fora do poder e declarado inelegível, Bolsonaro convocou uma manifestação para o próximo domingo em São Paulo. Desde sua saída do Planalto, o Brasil continua com seus problemas, mas livrou-se de um presidente apocalíptico. Como cidadão, ele deve avaliar o comportamento de seus aliados. Mensagens coletadas pelo repórter Levy Teles mostram que os maus espíritos do 8 de janeiro continuam lá. O Laboratório de Humanidades Digitais (LAB-HD) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) captou alguns exemplos:
“O presidente Bolsonaro está dando um recado: estamos a dias do maior evento de democracia e resgate aos movimentos patrióticos como os 70 dias nos quartéis. Eu estava lá e vocês?”
Ou ainda:
“O Brasil vai se levantar. Os motoclubes estão se levantando, o povo está se levantando, caminhoneiros vão se levantar.”
Bolsonaro jura que nunca pretendeu sair das quatro linhas da Constituição e que nada teve a ver com as invasões do dia 8 de janeiro. Acreditando-se nisso, a manifestação do próximo domingo será um teste para que ele se qualifique. Poderá reaparecer como um líder político, ainda que inelegível, ou como um incitador de desordens, um enamorado pelo Apocalipse.
Há 60 anos, nesses dias, o professor San Tiago Dantas dizia que o Brasil tinha duas esquerdas, a positiva e a negativa. Não lhe deram ouvidos. Passado o tempo, o Brasil tem hoje duas direitas. A direita negativa, na qual Bolsonaro sentou praça, perdeu na eleição de novembro e na ilusão de um golpe em dezembro de 2022.
TEATRO RIDÍCULO
É ridícula a marquetagem, segundo a qual o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, estará constrangido à manifestação de Bolsonaro no domingo. Ele quer os votos dos bolsonaristas, nunca criticou um só ato do ex-capitão. Em outubro passado acompanhou-o numa visita ao batalhão da Rota. Sem os seus votos, mal se elege vereador.
É preferível um gesto de sinceridade: explicita sua vontade de ser votado e, se for o caso, esclarece quais são as suas divergências.
UM TÍTULO PARA BRAGA NETTO
O Exército tem vários patronos. O general Osório é o patrono da Cavalaria, Mallet é o patrono da Artilharia e Sampaio, da Infantaria. Valeria a pena criar o patronato do golpismo palaciano. Ele iria para o general Assis Brasil, que em 1964 coordenava o dispositivo militar do presidente João Goulart.
O mais recente general alistado nessa Arma seria Walter Braga Netto.
UMA CORUJA ANIMA NOVA YORK
Uma nevasca, duas guerras e uma sucessão presidencial mal parada poderiam abater o humor de Nova York. A coruja Flaco animou uma parte da cidade. Há um ano, Flaco escapuliu do zoológico do Central Park e tornou-se o personagem mais fotografado de Manhattan. Voa pelo parque, pousa em sacadas ou terraços e já foi visto a dezenas de quarteirões de distância.
Flaco escapou das armadilhas, dos carros e das comidas com veneno para matar ratos. Ganhou uma boa reportagem no “New York Times” e verbete na Wikipédia maior que o de Willow, o gato do presidente Joe Biden.
Em algumas culturas, ver uma coruja dá sorte, em outras, não. Em Nova York, onde se vê de tudo, encontrar uma coruja na janela é uma novidade.
SE…
Se Henri Matisse tivesse embarcado para o Brasil em maio de 1940, ele teria pintado lindas mulatas no lugar das odaliscas marroquinas. Se Benito Mussolini tivesse aceito em 1910 o convite para dirigir um jornal socialista em São Paulo, a História da Itália teria sido outra. (Ele pensou em vir, mas desistiu porque sua mulher engravidou.)
Se existissem redes sociais em março de 1964, o general Humberto Castello Branco estaria frito.
Nas primeiras horas da manhã de 31 de março, ele telefonou para o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins. Pediu-lhe que falasse com seu tio, o governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais, para segurar a aventura do general Mourão Filho, que se rebelara contra o governo de João Goulart.
SEGURANÇA MÍNIMA
Dois detentos fugiram da prisão de segurança máxima de Mossoró.
Saíram das celas pelo teto, que não tinha reforço de concreto. As câmeras de segurança não funcionaram e o alarme não soou. Finalmente, não tiveram uma muralha no caminho. Abriram um buraco no alambrado e foram em frente.
O Ministério da Justiça anunciou que investiga a possível cumplicidade de agentes penitenciários. Poderia investigar também a compra atabalhoada de equipamentos caríssimos em detrimento da construção de muros. Afinal, muro rende pouco, não demanda contrato de assistência técnica e não é oferecido por intermediários que operam em Brasília.
O ANEL DE FRANZ LANG
Numa época em que o antissemitismo reaparece com disfarces pretensamente civilizados, o filme “Zona de Interesse” é uma boa oportunidade para se avaliar o casal Rudolf e Hedwig Höss, dois alemães amorosos. Ele não falava do que fazia no serviço e ela cuidava do jardim. Vizinhos para ninguém botar defeito.
O jardim de Höss era vizinho do campo de concentração de Auschwitz e ele era seu comandante. O filme sugere o extermínio dos judeus, mas não mostra câmaras de gás nem fornos crematórios. Em apenas 56 dias, entre maio e junho de 1944, morreram ali 430 mil judeus.
Quem viu o filme, e gostou, conta que ao final, com o fim da guerra, Höss sai da cena.
Não custa lembrar o que lhe sucedeu. Ele virou o jardineiro Franz Lang. Um ano depois do fim da guerra, uma tropa inglesa soube de seu paradeiro, mas Lang negou ser Höss. O capitão Hanns Alexander, um judeu berlinense que caçava nazistas, pediu para ver sua aliança. Nela estava gravado: “Rudolf – Hedwig”. Alexander salvou Höss de um linchamento e, em 1947, aos 45 anos, ele foi enforcado em Auschwitz, perto do crematório e do jardim de Hedwig.
O médico Joseph Mengele, seu colega de campo, teve mais sorte. Trocou de nome, veio para o Brasil, andou pela Argentina e Paraguai, às vezes com a identidade verdadeira, voltou para São Paulo e só veio a morrer em 1979, na Praia de Bertioga, de causas naturais.
A NECESSÁRIA AUTOCRÍTICA DO STF, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Nos últimos anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) prestou inestimáveis serviços: da punição aos corruptos do mensalão à preservação das prerrogativas dos Estados na pandemia e a defesa do processo eleitoral, além da responsabilização dos executores e artífices do atentado do 8 de Janeiro. Em momentos críticos, o STF teve papel crucial na defesa da soberania do povo, encarnada nas instituições republicanas. E, no entanto, o sentimento desse mesmo povo em relação à mais alta instância judicial do País é de desconfiança.
Segundo pesquisa AtlasIntel, mais da metade dos brasileiros diz não confiar no STF. Entre 51% e 56% dos entrevistados consideram “péssima” a atuação dos ministros em questões capitais, como a defesa da democracia, o respeito ao Legislativo, reformas para melhorar o Judiciário, correção de abusos de instâncias inferiores, profissionalismo e competência dos ministros, defesa dos direitos individuais, imparcialidade entre rivais políticos e combate à corrupção. A trajetória é de deterioração. Em um ano, os que confiam no STF caíram de 45% para 42%, e os que não confiam cresceram de 44% para 51%.
Justificado ou não, esse descrédito é ruim. O bom funcionamento do Estado Democrático de Direito depende de um Judiciário que seja não só autônomo e independente, mas também respeitado. A percepção ideal da Justiça é de um quadro de servidores qualificados, que julgam conflitos sobre os quais não têm parte, aplicando leis que não criaram. Mas o sentimento predominante sobre o STF é o oposto: de uma Corte incompetente, instável, politizada, conivente com a corrupção e até autoritária.
Uma das razões estruturais e exógenas para essa desconfiança é uma disfuncionalidade constitutiva. Constituições deveriam ser abstratas e sucintas, consagrando direitos fundamentais e princípios basilares para o funcionamento do Estado, e deixando o resto às composições políticas. Mas os constituintes pecaram por excesso, confeccionaram uma Carta abrangente e pormenorizada e atribuíram à Corte constitucional competências excessivamente amplas, inclusive sobre matérias penais e administrativas. Obrigado a arbitrar sobre controvérsias que em outras partes do mundo são deixadas a outras instâncias judiciais ou, sobretudo, à política, o STF é sobrecarregado e tragado por paixões partidárias.
Essa disfuncionalidade incentiva o oportunismo político. As esquerdas, com frequência minoritárias nas Casas Legislativas, recorrentemente tentam reverter na Corte políticas que perderam no voto. Populistas à direita, insatisfeitos com prerrogativas das minorias, elegem a Corte como o “inimigo público número um” quando esta não se dobra à “vontade do povo” – nome que eles dão ao alarido dos reacionários.
Nada disso exime os ministros de fazer um exame de consciência. A maior causa da deterioração da autoridade do STF não é a sua atuação em defesa da democracia ou da Constituição, mas os abusos cometidos a pretexto dessa defesa: invasões de competências legislativas, protagonismo midiático, atropelamento do processo legal, relações promíscuas com os poderosos de turno.
Um exemplo cristalino são as arbitrariedades nos inquéritos conduzidos por Alexandre de Moraes contra atos antidemocráticos, as chamadas “milícias digitais” e as fake news. Outro são as revisões monocráticas de Dias Toffoli de acordos fechados no âmbito da Operação Lava Jato. É fato que, em nome do combate à corrupção, a Lava Jato se permitiu toda sorte de abusos, mas, ao invés de corrigi-los, Toffoli, com a conivência de seus pares, incorre nos mesmos abusos, com o sinal trocado. De instância saneadora do lavajatismo, o STF se converteu em antilavajatista, instaurando um neolavajatismo. É o mesmo voluntarismo messiânico. Só que dessa vez a população está escolada: segundo a AtlasIntel, nada menos que 80% discordam da suspensão das multas impostas aos criminosos confessos.
De guardiães do Estado de Direito, alguns ministros se autoatribuíram a missão de vigilantes da política. Mas a população começa a se perguntar quem, afinal, vigia os vigilantes. Outros se mostram impacientes com a ordem jurídica e, ao invés de serem seus operadores, querem ser seus reformadores para curar “injustiças sociais”. Mas a população parece esperar deles algo mais modesto: que apenas cumpram a lei e respeitem o Estado Democrático de Direito.
VENDER COMIDA, PETRÓLEO E MINÉRIO, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo
O ano passado não foi propriamente amistoso para a exportação brasileira. Os preços dos produtos agropecuários sofreram queda de 10% nos mercados mundiais, em comparação com 2022. Na indústria extrativa, a queda foi maior, 12%, na mesma base de comparação. Entretanto as exportações brasileiras bateram um recorde histórico, alcançando a expressiva marca de US$ 344 bilhões. Qual o segredo? Ganhos de produtividade, permitindo maior quantidade embarcada.
Na soja, principal exportação nacional, o volume enviado ao exterior subiu quase 30%. No petróleo, alta de 18,5%, tudo compensando a queda de preços. Para este ano, as condições são parecidas: redução de preços, mais acentuada na agropecuária que no petróleo. Espera-se novo ganho de produtividade na agropecuária e maior volume na produção de óleo. Tudo somado e subtraído, a exportação de soja deverá render US$ 45 bilhões (ante US$ 53 bi no ano passado). A venda de petróleo poderá alcançar US$ 48 bi (mais que os US$ 44 bi obtidos em 2022). O terceiro maior item na pauta de exportação é o minério de ferro, que deverá trazer US$ 31 bilhões, quase o mesmo resultado de 2023.
E como vão esses setores por aqui?
O pessoal do agronegócio tem queixas. Querem mais apoio financeiro para compensar a quebra da safra, em consequência das condições climáticas. Mas há um rolo político mais complicado. O agro tem forte bancada no Congresso, bastante conservadora. Em tese, não gosta do governo Lula, mas tem lá o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, senador eleito pelo PSD, partido de Gilberto Kassab, que é secretário de Governo na administração do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas. É como estar no governo e na oposição ao mesmo tempo. Não sem conflitos. O PT e seus aliados mais ideológicos são contra o marco temporal para demarcação das terras indígenas. O Congresso, conservador, puxado pelo agro, tem maioria a favor do marco temporal, entretanto declarado inconstitucional pelo STF.
Um conflito não resolvido, portanto.
A mineração sofre constante ataque dos ambientalistas, assim como a exploração de petróleo. A produção de óleo deve ter forte aumento neste ano, mas a Petrobras manifesta preocupação com a reposição das reservas. O pré-sal está próximo de entrar em declínio, de modo que é preciso descobrir novos poços. Por exemplo na Margem Equatorial, faixa litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. Ali mesmo onde a Petrobras batalha por uma licença ambiental, negada pelo Ibama.
O conflito aqui envolve ambientalistas, instalados no governo Lula, mas atravessa todo o espectro político. Resumindo: parlamentares, governadores e prefeitos da Região Norte, não importa o partido ou ideologia, apoiam a exploração do petróleo, de olho nos royalties. A disputa aqui está dentro do governo e no Congresso.
Pode-se dizer que a área da economia brasileira mais bem posicionada está nas contas externas. Um baita superávit comercial de US$ 80 bilhões no ano passado, embora baseado em produtos ambientalmente contestados: soja, petróleo e minério.
De outro lado, os setores produtores têm obtido fortes e constantes ganhos de produtividade, especialmente a agropecuária, de classe mundial. Então o país quer mesmo especializar-se em entregar ao mundo comida, petróleo e minério de ferro? Questão mal colocada. Não é necessário sacrificar setores de bom desempenho para desenvolver a indústria do futuro, da tecnologia, da IA e verde. Aliás, a agropecuária é usuária intensa dessas novas tecnologias.
Não há política de médio e longo prazo para o país. As escolhas têm sido feitas no dia a dia, no improviso. Ou não há escolha nenhuma, com cada setor, estatal ou privado, se virando por conta. Discute-se muito sobre incentivos. E, de fato, há muitos setores incentivados no país, alguns funcionando, outros não. Mas prevalecem os interesses de grupos de pressão.
Os que dizem defender a democracia deveriam ler este texto. Ele retrata como se faz o jogo, as perseguições, o autoritarismo, a mesquinhez e ditadura no judiciário em nome da democracia.
A DEMOCRACIA DE OLHO ROXO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Terminou não com um estrondo, mas com um gemido, o inquérito que apurou as hostilidades que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes alegou ter sofrido em julho do ano passado, junto com sua família, no aeroporto de Roma.
Como se sabe, a investigação policial acabou sem indiciamentos, por se tratar de crime de menor potencial ofensivo – algo que era evidente desde o momento em que o caso veio à tona. No entanto, nos tempos estranhos que o País vive, uma simples altercação seguida de empurrões e tapas tornou-se objeto de histérica reação de autoridades do Supremo e do governo, como se a agressão ao sr. Moraes e a seus familiares fizesse parte do complô bolsonarista contra a democracia. Nada menos.
Ao longo de meses, a título de salvaguardar o regime democrático, como se este estivesse encarnado no sr. Moraes, ministros do Supremo atropelaram princípios republicanos óbvios. A então presidente do STF, ministra Rosa Weber, magistrada rigorosamente incompetente para decidir em um caso que, se tanto, deveria tramitar na primeira instância, autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência e locais de trabalho dos suspeitos da agressão – ainda que fosse claro, mesmo antes do término do inquérito, que se tratava de crime de menor potencial ofensivo. Já o ministro Dias Toffoli, relator do caso, diligentemente permitiu que Moraes figurasse como assistente de acusação ainda na fase de inquérito – um evidente privilégio, tanto que a Procuradoria-Geral da República interpôs recurso para reverter essa aberração jurídica.
Tudo isso se deu em meio a um clima de vale-tudo em nome da defesa da democracia. A incivilidade de um desafeto do sr. Moraes, que talvez não merecesse nem sequer inquérito policial, serviu de pretexto para movimentar a poderosíssima máquina do Supremo, com claros propósitos intimidatórios. Abespinhado, com razão, pelos seguidos ataques que vinha sofrendo por parte de delinquentes bolsonaristas, o Supremo reagiu de modo igualmente truculento.
Como se isso não bastasse, o então ministro da Justiça, o loquaz Flávio Dino, achou que era o caso de dizer, na ocasião, que a agressão ao ministro Moraes e seus familiares poderia configurar, além de crimes contra a honra e de ameaça, “um ataque ao Estado Democrático de Direito”, tal como tipificado na Lei n.º 14.197/2021. Já a respeito do absurdo pedido da Polícia Federal para realizar busca e apreensão na casa do acusado da agressão e de outros supostos envolvidos, Flávio Dino declarou que estava tudo em ordem – e acrescentou: “Sobre a proporcionalidade da medida, sublinho que passou da hora de naturalizar absurdos”. Pode-se imaginar com que ânimo o sr. Dino assumirá em breve seu cargo de ministro do Supremo.
Na mesma toada, o presidente Lula da Silva – aquele que se elegeu prometendo “salvar a democracia” – não perdeu a chance de explorar o caso. “Um cidadão desses é um animal selvagem, não é ser humano”, disse Lula sobre o agressor, mesmo antes de se conhecerem os detalhes do episódio. Para Lula, no entanto, isso era irrelevante. O importante era denunciar “essa gente que renasceu no neofascismo, colocado em prática no Brasil”. Lula prometeu “extirpar” tais extremistas e ser “muito duro com essa gente, para aprenderem a voltar a ser civilizados”.
Comparando-se esse palavrório inconsequente com o resultado anticlimático do inquérito sobre o incidente envolvendo o sr. Moraes, tem-se a exata noção da distância que há entre a retórica inflamada dos autoritários travestidos de paladinos da democracia e a realidade dos fatos. O Brasil estará muito longe da desejada pacificação social enquanto o discurso político incendiário prevalecer sobre a razão e ensejar o atropelo dos mais elementares pilares do Estado Democrático de Direito. Em outras palavras: quando um simples tapa é tratado como um atentado à democracia, é a democracia que sai com um olho roxo.
VACINAR É OBRIGAÇÃO DE TODOS, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Por oportunismo político rasteiro ou genuína crença obscurantista, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), prestou um desserviço à saúde pública ao anunciar em vídeo que o cartão de vacinação não será exigido para matrícula nas escolas do estado.
Invocado pela cruzada antivacina do bolsonarismo, à qual Zema se associa, o argumento da liberdade individual já não seria aplicável nem que se tratasse de adultos. Está-se diante, afinal, de normas que protegem o bem-estar coletivo.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”.
Em novembro do ano passado, o Ministério da Saúde incluiu a imunização contra Covid-19 —alvo da direita negacionista— para crianças de 6 meses até as menores de 5 anos de idade no Calendário Nacional de Vacinação.
A apresentação do cartão de imunização na matrícula é recurso importante para que o poder público incentive e monitore o sistema vacinal. Na ausência dele, em geral se pede que a situação seja regularizada para que o Conselho Tutelar não seja acionado.
O governo mineiro divulgou nota para apontar que o cartão nunca foi uma exigência para a matrícula na rede estadual, embora ele seja pedido “como forma de sensibilização aos pais/responsáveis sobre a importância dos cuidados com a saúde da criança”. A ser assim, Zema sabotou esse esforço.
Igualmente o fizeram autoridades de 20 cidades de Santa Catarina que editaram atos normativos para dispensar a apresentação do comprovante de imunização contra a Covid-19 nas matrículas. As medidas foram suspensas na quinta (15) por liminar do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal —Zema também está sendo questionado na corte.
A ofensiva se mostra ainda mais nefasta quando números apontam queda na cobertura vacinal no país. A taxa de proteção contra a poliomielite, por exemplo, caiu de 84,2% em 2019 para 67,7% em 2021.
A OMS indica que o grupo entre 6 meses e 17 anos de idade não é prioritário para a vacina contra o coronavírus, mas que cada país pode ofertá-la segundo seus recursos e a epidemiologia local.
A pasta da Saúde justifica a inclusão desse grupo pela alta de casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, condição associada à Covid que pode ser fatal.
Podem-se debater aspectos sanitários e jurídicos da questão, mas governantes e legisladores deveriam estar mais preocupados com a vida das crianças do que em fazer proselitismo ideológico tacanho.
SEGURANÇA MÍNIMA, por Vera Magalhães, no jornal O Globo
A crise deflagrada a partir da fuga de dois presos de uma das principais facções criminosas de um presídio federal que, em tese, era de segurança máxima é de proporções bem maiores que as sugeridas pelas primeiras providências do Ministério da Justiça e pelas declarações ligeiras do ministro Ricardo Lewandowski.
Desde que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal foi designado por Lula para substituir Flávio Dino na pasta que é o centro nervoso do governo, já se sabia que a segurança pública era, a um só tempo, a área mais sensível e aquela com que o indicado tinha menos familiaridade.
Ele, aliás, reconheceu os dois lados da moeda nas declarações que deu e levou em conta a dificuldade específica quando montou sua equipe, preferindo convidar alguém com experiência na prática de combate ao crime organizado para a Secretaria de Segurança Pública, e não um acadêmico defensor das teses tradicionais da esquerda para o tema.
Lewandowski não esperava que a primeira crise viesse do sistema federal de presídios, que, desde seu estabelecimento, em 2006, não havia sido devassado por fugas, rebeliões ou infiltrações comuns a outras prisões tomadas pelas facções. Mas foi de lá que veio o tiro, e a evidência de que essas instituições são mais vulneráveis do que se imaginava faz soar um alerta sobre a possibilidade de as organizações tentarem novas investidas, até mais ousadas.
É justamente por a fuga dos dois presos oriundos da carnificina ocorrida no ano passado num presídio no Acre ser um precedente gravíssimo que as explicações de Lewandowski não são nem de longe satisfatórias. O ministro não dispõe de nenhum elemento fático para afastar a hipótese de que a fuga dos presos tenha contado com premeditação, planejamento externo ou grandes quantias de dinheiro, como fez.
O que explicaria, não fossem justamente essas circunstâncias, os dois, presos em celas individuais, submetidos ao regime disciplinar mais duro, terem escapado no mesmo horário, usando ferramentas que nunca poderiam estar à sua disposição?
Lewandowski procurou usar o fato de os fugitivos não terem contado com um cinematográfico esquema de fuga com carros para sustentar a tese de que não houve infiltração da facção a que pertencem na fuga. Mas nem o resultado da perícia estava disponível quando de sua entrevista breve, em que demonstrou o desconforto de tatear numa área que não é a sua e usou oratória muito semelhante à que empregava para proferir os votos no STF.
A coincidência da fuga inédita com a ausência de Lula do país em razão de uma agenda internacional também cai como uma luva para o intento da oposição de fustigar o governo federal no tema que lhe é mais desfavorável, a segurança, e, de quebra, tentar equilibrar o noticiário e o tráfego dos assuntos nas redes sociais, nas últimas semanas tomados pela sucessão de revelações a respeito dos planos golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados.
Lewandowski terá de apertar alguns parafusos e demonstrar mais garra e empenho na resolução de uma fuga que pode fazer com que um dos poucos trunfos de que o governo federal dispõe no debate sobre o combate ao crime organizado, justamente a robustez do sistema carcerário federal, caia por terra.
Medidas como as que ele anunciou ontem — reforço de pessoal, adoção de técnicas mais modernas de reconhecimento facial para acesso aos presídios e construção de uma muralha — denotam certo desespero na busca por ter o que dizer quando faltam respostas mais prementes e diretas.
Afinal, quase 48 horas depois, os foragidos não haviam sido recapturados, o que deixa a crise fermentando e contribui para a sensação, por parte da sociedade, de que as autoridades estão perdidas nas buscas e na apuração das circunstâncias da fuga.
DIPLOMADOS DE BAIXA RENDA, editorial do jornal Folha de S. Paulo
A conclusão do ensino superior está relacionada ao aumento da renda pessoal, mas a mera posse de um diploma tem sido menos garantia de emprego ou bons salários.
Segundo estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social, com dados do IBGE, 3,6% dos brasileiros entre 18 e 65 anos em moradias que se enquadram no cadastro de famílias pobres (1,6 milhão de pessoas) tinham curso superior em 2022 —expressiva alta de 1,5 ponto percentual ante 2016.
O cadastro é necessário para obter assistência social de programas como o Bolsa Família. Das pessoas da mesma faixa etária que disseram ter recebido esse benefício, 256 mil (2,1%) concluíram uma faculdade, ante 84 mil (0,9%) em 2016.
A pandemia provavelmente contribuiu para a alta, mas de todo modo os números reforçam tendência já apontada em pesquisas amostrais de queda da renda dos mais escolarizados nos últimos anos.
Como de costume no país, há grande desigualdade no ensino superior brasileiro —neste caso, acentuada pelo Estado.
As universidades públicas e gratuitas, que têm gasto por aluno comparável aos de países desenvolvidos (US$ 14.735, ante US$ 14.839 na OCDE), atendem pouco mais de 2 milhões de alunos, enquanto outros cerca de 7,3 milhões recorrem à rede privada, de qualidade sabidamente inferior.
Um fenômeno recente e preocupante, aliás, é a explosão das matrículas na educação a distância.
Enquanto isso, alternativas como o ensino técnico não recebem a devida atenção. Relatório de 2022 da OCDE mostra que só 8% dos brasileiros no nível médio cursam essa modalidade; na média dos países da entidade, são 44%. Estamos bem abaixo até de vizinhos como Chile (29%) e Colômbia (24%).
Cumpre, nesse sentido, ofertar mais cursos em compasso com as necessidades do mercado e avançar na reforma do ensino médio, que valoriza a formação técnica.
Já no ensino superior, é necessário diversificar o financiamento das universidades públicas, buscando aportes dos beneficiários de renda mais elevada, e tornar mais efetivo o sistema de avaliação dos cursos a cargo do MEC.