Atualizado pela segunda vez às 15h12min deste 30.05.2024. Corrigido e atualizado às 13h27min deste 30.05.2024. Atualizado pela segunda vez às 15h12min deste 30.05.2024. Em pleno meados dos anos 20 do século 21 – quando a Inteligência Artificial nos submete à curiosidade, aprendizado e ao desconhecido -, Gaspar cercada de exemplos de avanços e boas experiências inovadoras por todos os lados, à beira de eleições municipais, dá provas do seu retrocesso. “Aqui é Gaspar”. Explico sobre este novo achado em duas notas lá no TRAPICHE.
Retomando.
É assim como Gaspar e o governo da cidade se estabelecem no vexame, quando anunciam em uma escola municipal terá, pioneiramente, o contraturno. E fazem isso como sendo um grande avanço da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Marcelo de Souza Brick, PP e do secretário de Educação, o jornalista de Blumenau, Emerson Antunes, PSD, na foto abaixo despachando no gabinete do prefeito.
No proscrito lema governamental “Avança Gaspar”, a implantação experimental do contraturno para um número restrito de crianças realmente é uma novidade. Mas, ao mesmo tempo, ela é muito tardia, é uma radiografia do atraso e por isso mesmo, um vexame. O contraturno nas escolas municipais de Gaspar chega depois de décadas, se comparada a outras experiências Brasil afora e em municípios bem menores do que Gaspar.
E o que se revela ao mesmo tempo? A cara de pau e o tamanho do erro desses mesmos políticos e gestores públicos, escolhidos pelo voto direto. Eles, de fato, não evoluíram como adultos e se hoje fossem crianças, dependentes de ensino público municipal em Gaspar, estariam excluídos de um tempo que avançou para outros aqui na própria região.
Pior do que isso. Este contraturno – quase experimental e de última hora -, pasmem, está sendo usado como propaganda política como sendo de fruto de uma “conquista” ímpar, e por gente que se diz esclarecida. Impressionante. São os mesmos que por anos afio vêm fingindo não ouvir às duras críticas da sociedade devido à falta deste tipo de ensino ampliado, numa secretaria de Educação de Gaspar, tocada por um curioso da área, ocupando uma vaga política.
O anúncio de que a Escola Básica do Belchior Central, no Distrito do Belchior (foto de abertura do artigo), vai ter contraturno escolar é alvissareiro. Entretanto, a notícia alvíssara, é uma forma que os políticos no poder de plantão encontraram para mitigar, ou “calar” a boca dos críticos que estão com o dedo desta ferida às vésperas de catar votos e dar explicações à sociedade. Esta ampliação de horas dos alunos nas suas escolas vai para além do senso educacional. O contraturno e o turno integral, são também respostas sociais. Elas trabalham com a dignidade, inclusão e a competitividade hoje ao futuro dessas crianças. Sensibilidade de técnicos, políticos e adultos? Zero.
A ESCOLA EXPERIÊNCIA X ESCOLA SEM PROFESSORES
A “novidade” é para apenas 112 alunos matriculados da primeira a quinta série do Ensino Fundamental, ou seja, para menos de 4 % do provável público alvo (cerca de 3.200 matriculados nos anos iniciais em todas as escolas municipais) ou algo em torno de 2% se considerar o total de matriculados no Ensino Fundamental municipal daqui. Nem estatísticas, como método de transparência, o site da prefeitura de Gaspar – e da secretaria de Educação – é capaz de disponibilizar sobre o censo de matriculados no município.
De verdade? Este contraturno escolar lá no Belchior Central, é também, um ensaio para a escola em tempo integral. E que será tocado, se tiver disposição para isso, só pelo sucessor do governo de Kleber e Marcelo. Nem mais, nem menos.
Como se vê, é preciso haver eleição todo o ano e sem a possibilidade de reeleição, para que o básico do básico seja implantado pelos políticos e gestores públicos em nossa cidade.
Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade, na zona sul, alunos de outra escola municipal, bem maior que a do Belchior Central, chegaram em casa e no boletim deles, faltou a nota em “Artes”. Qual a razão alegada pela direção da escola quando foi questionada pelos pais? Falta de professor para a disciplina.
Tudo isso, contrasta, por exemplo, com a escola exceção, também intencionalmente criada às pressas, para na propaganda oficial, intencional e marqueteiramente, abafar os problemas generalizados de uma área inteira e ser, ao mesmo tempo, o figurino exemplo da educação no século 21 da nossa cidade, a Norma Mônica Sabel, com o seu laboratório de experiências robóticas e digitais (foto ao lado).
Com ela, o marketing e a propaganda, passou-se à cidade, cidadãos e cidadãs, a falsa impressão de que tudo era assim por aqui, quando na realidade se parece muito com a escola do Belchior Central, somando-se à falta o básico em quase todas as escolas municipais – e creches – como professores, assistentes, auxiliares na Educação Especial, contraturno e turno integral.
Só na Educação Especial há mais de mil alunos diagnosticados com algum transtorno. Estima-se que podem chegar a mais de três mil, ou seja, a metade dos alunos matriculados atualmente na rede municipal. Isto dá à dimensão de outro problema de inclusão, o qual está sob mau gerenciamento por aqui.
A gestão de Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho (2017/20), PP, e Marcelo, nestes quase oito anos, falhou nos três pilares fundamentais de desenvolvimento sustentado de uma cidade normal: saúde, educação e obras, onde sequer, neste item, a manutenção da cidade mereceu o cuidado necessário, de a tal ponto, ela ser dominada pelo capim por meses seguidos. Isto sem falar que se negligenciou à atualização do Plano Diretor – que criou favores a uns e prejuízos a outros, bem como à falta de implantação da coleta e tratamento de esgotos de projeto já pronto há 12 anos.
DO SONHO VENDIDO AO PESADELO ESTABELECIDO
Quando se elegeu em 2016 pela primeira vez, o prefeito Kleber deu sinais claros aos seus eleitores e eleitoras de que a Educação que fazia o governo petista de Pedro Celso Zuchi seria do século passado. Boa leitura. E mais: este diagnóstico só aconteceu depois de uma ampla consulta que Kleber – e os seus de campanha eleitoral – fez pelos bairros para alimentar o contado dele com o eleitorado. Era o povo no comando das prioridades do seu futuro plano de governo. Ou seja, ouviu do povo, mas cruzou os braços depois de eleito. Vou me abster de escrever, mais uma vez, hoje, sobre este amontoado de promessas pactuadas com a população, não cumpridas e nem tentadas. Estão escritas. Documentadas. E podem ser facilmente confrontadas.
Eleito, Kleber encontrou solução. Mas muito diferente daquilo que ele e seu grupo anunciaram nos palanques, nas entrevistas sem perguntas e na propaganda, um dos caros e persistente motores ligados quase 24 horas por dia com a comunidade nos seus oito ano de governo.
Para a crônica falta de vagas nas creches, que o diagnóstico da pré-campanha eleitoral de 2016 mostrou e o tornou como um dos seus carros chefe e assim, sensibilizar os votantes, jurando que resolveria a questão criando mais vagas, Kleber foi ao Ministério Público. E com aval dele, a sua secretária de Educação, profissional do ramo educacional, diga-se, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, cumpriu a promessa de campanha: das vagas em tempo integral, para os que não eram políticos do grupo de Kleber, ao povo as dividiu e elas viraram meio-período, com o se aqui, as trabalhadoras também só trabalhassem em meio período. E a mágica criativa contra a população prevaleceu mais uma vez.
E mesmo com esse drible da vaca contra quem mais precisava de creche numa cidade de trabalho de baixa renda, Zilma foi eleita vereadora e hoje é a presidente do MDB de Kleber. Ou seja, os eleitores e eleitoras de Gaspar premiaram, pelo voto livre, quem lhes criou mais problemas. E Kleber foi reeleito com Marcelo trazido para a chapa para não conflitar os erros do governo Kleber e permitir a mudança e reoxigenação.
Nada, todavia, foi pior indicativo de que a educação no Governo de Gaspar seria algo menor do que um simples teste com os próprios estudantes da rede municipal.
Aplicado o Ideb e antes da pandemia de Covid-19, o Ideb despencou entre os estudantes gasparenses, feito na sua maioria da rede pública municipal. Kleber e Zilma fingiram que isso não era bem com eles. Foram salvos, pela pandemia que tomou conta das discussões e serviu de tábua de salvação para as próximas aferições dos conhecimentos dos alunos da rede municipal que como se vê, ainda não saíram exatamente do século 20.
Agora, a beira da campanha eleitoral e devendo resultados e explicações, a compaixão, vai dar pioneiramente a uma pequena escola do Distrito do Belchior, o contraturno escolar, para que não se fale que teve desdém sobre este assunto pedagógico-social crucial no governo de Kleber e Marcelo. Sobre a falta de professores, cuidadoras, assistentes e até notas nos boletins, sobrarão desculpas e queixas contra bisbilhoteiros e educadores, estes verdadeiramente preocupados com a situação.
E para encerrar esta quinta-feira de Corpus Christis. Como estas crianças, neste ambiente tão carente, vão ser competitivas num mundo cada vez mais exigente para elas? Parece até que os políticos querem seus futuros eleitores e eleitoras sejam analfabetos e dependentes de um mundo analógico que não cabe mais entre nós. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
O PL de Gaspar ainda não está totalmente integrado ao projeto regional de poder. Na segunda-feira, como antecipei, o governador Jorginho Melo, PL, veio a um jantar no Clube Locomotiva – um clube privado, basicamente feito por lideranças, profissionais liberais e empreendedores de Blumenau, daí o sugestivo nome, locomotiva. Ele fica no Belchior Baixo, no Distrito do Belchior (não é divisa com Blumenau, como alguns para atenuar a ausência do PL de Gaspar, alegaram).
O organizador do convescote foi o suplente do senador Jorge Seif Júnior, o empresário blumenauense Adrian Censi, PL. Quem estava lá além do governador e o empresariado blumenauense convidado, a maioria sócio do locomotiva? O recém convertido ao PL, o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt; o pré-candidato a prefeito de Blumenau pelo PL, deputado estadual Egídio Maciel Ferrari (a razão do encontro), que é delegado de carreira; o prefeito de Indaial, André Moser, PL, e os pré-candidatos a prefeito e vice de Indaial pelo PL, respectivamente, Silvio César e Jonas Lima.
Qual era o nome do encontro-jantar? “Encontro com Lideranças Empresariais“. Evento era, em tese, em Gaspar. Do PL daqui ninguém. Mas de Indaial, onde o governador prometeu ir nos próximos dias para reforçar a posição de Silvio Cesar e Jonas Lima. Estranho foi ver publicado na imprensa, que o governador está comprometido com as candidaturas do PL em Blumenau e Indaial, bem como nos ajustes nos diretórios, que tiveram contratempos com os deputados Ivan Naatz, PL, e Laércio Schuster, este até então, vestido de pré-candidato a prefeito de Indaial pelo PL, depois de ter sido de Timbó, pelo PSB. Nem um pio sobre Gaspar solo onde estava.
O presidente do PL de Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho foi convidado pelo próprio entorno do governador. Tinha uma agenda particular e que segundo ele, não pode conciliá-la. Além disso, considerou o encontro muito particular ao caso de Blumenau. Sobre o pessoal de Indaial estar lá, também foi interferência de Jorginho. É que ele teve que cancelar um compromisso oficial que estava marcado para as 16h de segunda-feira em Indaial. Resumo: o PL de Gaspar ainda não se deu conta que é um bicho político à beira de um embate difícil.
Entretanto, política, ainda mais em ano de eleições com o tempo correndo contra, todas as oportunidades, ocupações de espaços, bem como as aparências, contam. O PL de Gaspar ou está pudico demais, ou reluta a distribuir às cartas do jogo e do truco. É a terceira seguida que perde a locomotiva. A primeira foi o vídeo que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, fez com o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, lá em Brasília. A terceira conto mais abaixo.
Se o senador Jorge Seif Júnior, PL, se livrar do pedido de cassação no Tribunal Superior Eleitoral – como se dá como certo no acertão de Brasília e a saída do ministro Alexandre de Moraes, do TSE – feito pelo concorrente dele e que perdeu feio a corrida, o ex-governador e senador, Raimundo Colombo, PSD, a campanha deixa de ser estadual. Ela estadualizada ajudaria o PL de Gaspar. Já a municipalizada, o PL precisa lutar contra o poder de plantão que deixou criar nesses anos todos nos defeitos e sem questioná-lo, um prefeito de três mandatos que canaliza a vingança ao que está aí e um azarão que não desiste, mesmo cercado por todos os lados para tal.
Agora sim, o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Marcelo de Souza Brick, PP, e seus “çábios” acertaram em cheio no novo slogan para a cidade. “Aqui é Gaspar”. Alguns ficaram incrédulos. Será que os nossos políticos e governantes perceberam que retiraram a cidade do mapa? E resolveram fazer uma plaquinha para dizer que Gaspar ainda é aqui, onde sempre foi? Ou estão dizendo que tomaram o poder e lançaram um grito de guerra, como se dissessem, “daqui são saio, ninguém me tira“?
Depois do auto desmoralizante e cansado “Avança Gaspar”, do indicativo de que as coisas estavam na pilhéria como a “dona prefa” e finalmente, “ser feliz é viver aqui“, nada mais afirmativo de que dizer que Gaspar, a Capital Nacional da Moda Infantil, é aqui. Dessa forma, tentam esconder os cinco fatores essenciais á uma gestão: objetivos, transparência, planejamento, capacidade execução e entrega de resultados, incluindo, naturalmente, à prestação de contas à população entre o prometido e o realizado.
O ex-faz tudo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Jorge Luiz Prucino Pereira, presidente do PSDB de Gaspar, pego em áudios cabulosos com o presidente do Samae, Jean Alexandre dos Santos, PSD, já está devidamente incorporado à campanha do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, PP.
Neste primeiro de junho, o jornal “Cruzeiro do Vale“, o mais antigo em circulação e fundado por Gilberto Schmitt, completa 34 anos de circulação ininterrupta. Por anos fiz parte desta história. Hoje, ele é editado por Indianara Schmitt.
A prefeitura de Gaspar negocia com a Caixa Econômica Federal a ocupação do terreno que ela comprou por exagerados R$14 milhões em 2022. A Caixa, a que financiou esta compra pelo Finisa e que ao final vai custar mais de R$20 milhões, até se dispôs a fazer um projeto. Tanto que um grupo de engenheiros da regional de Brusque esteve na prefeitura tratando deste assunto.
Bom. O que significa isto? Primeiro, de que a prefeitura de Gaspar quando comprou o terreno alegando que ali construiria a sede administrativa do município, não tinha exatamente planos e não possui até agora, depois de dois anos, projetos para a intenção que encobriu à compra do terreno quando aprovou na Câmara. Segundo, agora, está criando expectativas e ao mesmo tempo uma cortina de fumaça, quando não dá transparência ao assunto. Para quê? Quer se livrar parcialmente das cobranças da população e dos adversários em tempo de campanha eleitoral sobre algo com muitas dúvidas e erros. Simples assim.
Perguntar não ofende. O voto contra a saidinha de presos em datas especiais não era uma pauta do bolsonarismo e do PL, apesar da maciça e plural votação no Congresso na terça-feira e que até teve voto de delegado do PT? O PL tem o Paulo Norberto Koerich como seu candidato em Gaspar. Ele como delegado sabe muito bem o que é este enxuga gelo. Mas, quem saiu todo pimpão comemorando isto, talvez por falta de assunto melhor da sua administração, foi Marcelo de Souza Brick, PP. É uma atrás da outra. Esta é a terceira seguida em dez dias que o PL de Gaspar perde a oportunidade para se estabelecer mais firmemente na praça.
Registro. Ontem, dia 29 de maio, o Colégio Estadual Honório Miranda fez 90 anos. Merecia mais comemoração esta data, por tudo que deixou de legado à cidade. Outro registro. Na Capital Nacional da Moda Infantil, faltou um evento institucional para lembrar o Dia da Costureira. Como estamos em ano eleitoral, a Câmara correu e mordeu a isca, para atrasada, fazer esta homenagem. O palanque politico será na quinta-feira que vem.
O vice prefeito, Marcelo de Souza Brick, PP, pré-candidato a suceder o titular, o evangélico neopentecostal Kleber Edson Wan Dall, MDB, está atrás de uma mulher para vice. Contrariando expectativas e sob pressão para obter apoio das igrejas neopentecostais, não deverá ser as que estão em listas óbvias. Costura-se para ser alguém com forte identificação com este segmento das seitas religiosas. Ao invés de comícios, serão sessões de muita oração pelo livramento e milagres.
O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, encontrou uma fórmula para se livrar das limitações impostas pelos técnicos da Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da secretaria de Planejamento Territorial. Alegando emergência, as ordens partem agora da gerência da Defesa Civil, agora tocada pelo então motorista de muitos anos de Kleber “premiado” honorificacamente pelo irmão de templo em fim de mandato. O Ministério Público de Gaspar, mais uma vez, foi informado dessa nova forma de burlar a independência do Meio Ambiente.
A manchete que se escondeu I. Gaspar teve confirmada a primeira morte pela dengue. Uma senhora moradora do Bairro Bela Vista, atendida no sistema hospitalar de Blumenau. A prefeitura de Gaspar fez manchete dela, talvez, com a intenção de alertar os munícipes para os cuidados que estão obrigados para se ter o controle do mosquito vetor da doença. E com o frio, parece que houve uma amenizada no problema, tanto que secretaria de Saúde de Gaspar, apesar da morte, reduziu o atendimento especial aos casos de dengue.
A manchete que escondeu II – No dia 23 de fevereiro tivemos mais uma morte pela Covid, também um feminino, idoso. A prefeitura fingiu que isto não aconteceu por aqui com a mesma intenção de alertar para os perigos da doença que não sumiu entre nós. Só os leitores e leitoras deste espaço tomaram conhecimento da morte. Se a dengue matou até agora um morador de Gaspar, a Covid ceifou a vida de 223, num dos índices proporcionais mais altos de Santa Catarina.
Da série, “aqui é Gaspar“. Esta na foto ao lado não é nenhuma rua das quatro cidades (Igrejinha, Três Coroas, Taquara e São Leopoldo) afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul e que a prefeitura daqui foi lá socorre-las. É uma das mais centrais da nossa cidade, a Eurico Fontes.
O Samae foi lá substituiu do sistema de distribuição de água e até agora, não recuperou esta e outras ruas ao estado normal. Esta foto é anterior ao macadame que se colocou lá sobre calçamento e asfalto esta semana para maquia, e assim atenuar a buraqueira, ao invés de finalizar o reparo.
Outra da série, “aqui é Gaspar”. A prefeitura de Gaspar, depois de permitir por oito anos que tudo chegasse ao limite e criasse impasse, como solução, bombardeou os vivos com altas de manutenção dos seus mortos nos dois cemitérios de Gaspar para arrumar vagas aos “novos mortos”..
Apesar desta imposição altamente onerosa, quem vai à capela mortuária do cemitério do bairro Santa Terezinha, parece estar dentro de uma catacumba depredada. Impressionante as fotos que circulam nas redes sociais pela cidade, menos na prefeitura obrigada por ofício à uma providência e à decência. Na apresentação das demonstrações financeiras esta semana na Cãmara, o controlador geral, Ernesto Hostin, não soube dizer ao vereador Alexandro Burnier, Pl, o quanto foi arrecadado e o que se fez com a arrecadação dessas altas taxas dos cemitérios de Gaspar. Muda, Gaspar!
Pouco se falou, mas a taxação de 20% sobre compras no exterior com valor inferior a 50 dólares (mais ou menos 260 reais) aprovada esta semana no Congresso Nacional, favorece e foi comemorada silenciosamente pelos produtores de Gaspar e Ilhota, a Capital Nacional da Moda Infantil no papel e a Capital Nacional da Moda Íntima, de fato e sem diploma político arranjado em Brasília, respectivamente.
Não era percentual que se queria, mas de uma certa forma, alivia, o que alegavam ser, uma concorrência desleal, para certos artigos de modinha no ambiente virtual vindos da China. Bom final de semana a todos.
14 comentários em “O RETRATO PINTADO E ACABADO DE OITO ANOS DE GOVERNO KLEBER, LUIZ CARLOS E MARCELO: A IMPLANTAÇÃO DO PRIMEIRO CONTRATURNO EM ESCOLA MUNICIPAL EM GASPAR. E COM COMEMORAÇÃO”
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Bom dia. Hoje, segunda-feira, é dia de novo artigo. Aguardem
LULA E CELSO AMORIM INSCREVERAM O BRASIL “NO EIXO DO MAL”, por Fabiano Lana, no jornal O Estado de S. Paulo
Como argumentos humanitários parecem não importar nesse caso específico, se há um ponto do atual governo que afasta os moderados, prejudica os índices de popularidade, e causa até mesmo certa repugnância é a posição do presidente Lula e de seu principal conselheiro internacional, Celso Amorim, com relação à invasão da Ucrânia pela Rússia. Por motivos que vão desde interesses comerciais a um antiamericanismo sectário, as posições do governo indicam que o compromisso com a democracia do petismo era apenas uma conveniência para vencer as eleições. Mas podem pagar caro por isso.
A questão é mais ampla. Em momentos decisivos, o coração dos petistas bate mais forte para qualquer ditadura que se oponha aos Estados Unidos e, atualmente, mesmo à Europa. E pelo jeito pode ser uma teocracia misógina como o Irã (leiam “Faca”, de Salman Rushdie), um governo que tornou sua população miserável, como a Venezuela (leiam Mãe Pátria, de Paula Ramón), uma ditadura mofada e em forte crise como Cuba (o país passa por mais uma onda de desabastecimento), que, se gritam “fora USA”, contam com a simpatia aberta ou velada de nossos atuais governantes. A verdade, além disso, é que se for para fulanizar, as posições de Amorim estão as que causam mais estragos em um governo num período do país em que qualquer minoria faz a diferença para virar a balança eleitoral.
Não existem relações internacionais sem hipocrisia. Muitas vezes apenas governos vis possuem ou querem comprar a preços competitivos produtos de maneira a salvar uma economia como a brasileira – logo, negociar comercialmente será sempre preciso. Porém, o que há no caso da dupla Lula-Amorim é pior. Entre países que, apesar dos pesares e incoerências, são democráticos, buscam seguir certos princípios do iluminismo, respeitam as minorias e a livre expressão e, do outro lado, países dominados por grupos repressivos, que transgridem a soberania internacional, e subjugam seus povos, preferem a segunda opção. Em outras palavras, por influência de Amorim resolvemos, como país, optar pelo “eixo do mal”.
Curioso que essa posição não traz grandes variações no tabuleiro mundial. Pela distância geográfica, pela falta de poderio bélico, entre outras razões, o governo Lula é visto como café com leite das relações internacionais. É interessante tê-lo no mesmo lado, mas não causará significativa diferença prática. Mesmo assim, em seu terceiro mandato, Lula preferiu priorizar sua ação internacional – após tantas derrotas no Congresso aparentemente terá de mudar o foco, a conferir. Entretanto, será que Lula e Amorim ainda sonham estar na frente das negociações que selarão tanto a paz na Rússia como em Gaza e ganhar o Nobel da Paz? Eles acreditam na própria megalomania delirante? Na realidade, mesmo internacionalmente, têm colhido é antipatia dos líderes ocidentais. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, é apenas o mais vocal deles. Nem na América latina conseguem se sobressair, tome-se os pitos que levaram de Gabriel Boric, do Chile, e Lacalle Pou, do Uruguai, sem falar do hostil argentino Javier Milei.
A invasão russa no território ucraniano é a primeira violação territorial neste nível na Europa desde que a Alemanha Nazista invadiu a Polônia em 1939, deflagrando a segunda guerra mundial. Existe claramente um lado agressor. Mas, para Amorim, são apenas visões divergentes em jogo. O conselheiro dá a entender que a Rússia teria certa razão por se sentir ameaçada pela OTAN. É um contorcionismo mental que esconde ranços e ideologias. Mas a realidade pode ser exatamente o contrário: se não fosse a OTAN, uma série de repúblicas que já fizeram parte da União Soviética e conseguiram se libertar, como a Estônia, a Letônia e a Lituânia, já teriam sido invadidas sem qualquer piedade. Inclusive, nesses três países bálticos, há museus da ocupação que não distinguem as invasões nazista e comunista no século passado, são vistas como algo igualmente ignóbeis, – incluindo aí o período em que houve uma ocupação conjunta de alemães e soviéticos durante o período em que vigorou o acordo de não agressão entre Stalin e Hitler – o Pacto Molotov–Ribbentrop. Na época, a bandeira vermelha da invasão continha os símbolos do nazismo e da foice e o martelo no mesmo pano.
O papel do Brasil nessas crises ainda acaba por revelar uma outra grande incoerência: a contundência com que Lula condena as mortes de crianças inocentes na faixa de Gaza transforma-se em brandura se o salteador for russo. É tigrão para Israel e tchutchuca para Putin, se quisermos utilizar a expressão zombeteira da moda.
Amorim, que tenta se passar por um grande negociador, na verdade tem levado o seu chefe a um pântano do qual ele não conseguirá sair. É algo que poderá fazer grande diferença entre a pequena minoria decisiva que em 2026 vai votar no PT, nulo, ou na outra opção, ao analisar fatores como esses. Como falar na questão moral não sensibiliza o presidente e seu escudeiro, vale um argumento cínico: em um país tão dividido e por margem tão estreita, uma política internacional conduzida por Amorim pode ser uma das razões para uma derrota eleitoral. O mais sábio, para o presidente, seria cortar as asas de seu desastrado conselheiro.
Este editorial mostra o quanto o PT é um atraso nas nossas vidas. É o pior da esquerda. É pior porque é populista, mente e não avança ao novo mundo. Quer a volta do sindicalismo pelego contra os trabalhadores. Quer tirar mais dias de trabalho em impostos da renda do trabalhador para sustentar uma cadeia de poder que já se mostrou truculenta nas greves que fazia e faz. Os empregos formais cresceram, exatamente por conta da tímida Reforma Trabalhista empreendida por Michel Temer, MDB, o traidor e que facilitou impeachment de Dilma Vana Rousseff, segundo esses mesmos petistas agora no poder outra vez, e que condenam esta reforma meia boca, mesmo assim, geradora de mais empregos.
Este editorial, também revela, que o aumento da renda se dá por conta do melhor acesso ao ensino. Em Gaspar, o governo que não é PT, com Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, só depois de oito anos de governo, conseguiu anunciar que vai implantar uma experiência de contraturno escolar em uma escola que soma pouco mais de dois por cento dos clientes do Ensino Fundamental, que é a sua obrigação. Muda, Gaspar
DESEMPREGO EM QUEDA É REFLEXO DA REFORMA TRABALHISTA, Editorial do jornal O Globo
No trimestre encerrado em abril, o desemprego ficou em 7,5%, 1 ponto percentual abaixo do registrado há um ano e quase metade do resultado em 2021 (14,7%). É o menor número para o período desde 2014. E tem mais: a melhora no mercado de trabalho acontece enquanto o rendimento médio continua subindo. Em um ano, ele deu um salto de 4,7%, revelam dados do IBGE. No pior momento da pandemia, ninguém previa uma recuperação tão forte.
Os altos e baixos do desemprego são cíclicos, mas algo aparentemente distinto parece acontecer desta vez. Tem crescido também a proporção de empregos formais, que garantem mais direitos aos trabalhadores e paridade na competição entre as empresas. No primeiro trimestre, foram firmados mais contratos com carteira assinada que no mesmo período nos dois anos anteriores. Em abril, o saldo de empregos formais, segundo o Ministério do Trabalho, alcançou 240.033 postos, melhor resultado para o mês desde 2013. O contraste com a recuperação depois da recessão entre os anos 2014 e 2016 é evidente. Na crise anterior, a retomada foi puxada por empregos informais.
O que explica a criação de vagas formais? A hipótese mais provável, de acordo com os economistas, é que ela seja reflexo da reforma trabalhista feita no governo Michel Temer. Aprovadas em 2017, as mudanças passaram aos trabalhadores os custos com advogados em caso de derrota na Justiça. Ao desestimular a indústria do litígio, a reforma reduziu a quantidade de processos na Justiça do Trabalho. Com menos chances de perder tempo e dinheiro com ações trabalhistas, as empresas se sentiram seguras para contratar mais empregados formais.
A justificativa para a alta salarial tem outra natureza. Economistas especializados em mercado de trabalho acreditam que a explicação é a mudança na composição educacional da população ocupada. “Tomando o quarto trimestre de 2023 contra o quarto de 2022, 37,4% da alta da renda real derivou da melhora educacional”, afirma Luiz Guilherme Schymura, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre).
Embora alvissareiros, os dados sobre desocupação e renda exigem cuidados, pela pressão que exercem na inflação. Com mais dinheiro em circulação, aumenta a demanda por serviços e produtos. Ao GLOBO, Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador de economia aplicada do FGV-Ibre, reconheceu que a situação “impõe alguma restrição à política monetária”. Para Claudia Moreno, economista do banco C6, uma piora contínua das expectativas de inflação pode levar o Banco Central a pausar o ciclo de cortes no atual patamar de 10,5% ao ano.
Eventuais ajustes na política de juros poderão ter efeitos negativos na expansão do PIB, crucial para a criação de empregos. Mas, mesmo que a previsão de juros mais altos se confirme, não há motivo para o debate se perder em questões circunstanciais. O próprio trabalhador é o maior interessado no combate ao descontrole dos preços. O relevante é lembrar as condições estruturais que permitiram ao país usufruir este momento positivo no mercado de trabalho. Para criar mais e melhores empregos, é imprescindível a leitura correta das causas. Há fartura de indícios em favor de novas reformas para, de um lado, descomplicar ainda mais as relações trabalhistas e, de outro, promover novas melhorias na educação.
A DESTRUIÇÃO DAS FEDERAIS, por Carlos Alberto Sardenberg, em Globo
A greve dos docentes das universidades federais chega a 60 dias, aproximando-se do movimento de 2015, que deixou as faculdades paradas por mais de cem dias. Há muitas semelhanças: o governo é do PT, e os professores são representados por dois sindicatos que não se entendem, um petista (Proifes), outro mais à esquerda (Andes).
O Ministério da Gestão, petista, acertou um acordo com o Proifes (reajuste salarial e fim da greve), mas o Andes foi à Justiça e derrubou o acerto. Estaca zero.
Reparem: 60 dias de greve em escolas públicas, que vivem do dinheiro do contribuinte, era para ser um desastre nacional. Milhares de alunos sem aulas e tudo bem? Dinheiro público pode ser assim tratado?
Grevistas costumam culpar a imprensa por deixar de lado o noticiário a respeito. Engano. O assunto desaparece também das esferas políticas. O PT fica numa saia justa. As oposições
Quando o governo é do centro à direita, professores, alunos e servidores, à esquerda, denunciam arrochos, mas não conseguem fazer grandes manifestações por temor de represálias. Também porque um governo à direita pode simplesmente esquecer a greve e deixar que o pessoal das federais sofra o desgaste social. Quantos milhares de alunos perdem as formaturas e, pois, empregos?
Quando o governo é do PT, certamente não há repressão. Além disso, os docentes encontram no governo os companheiros, que compartilham suas reivindicações. Aí a saia justa: a administração tem de controlar as contas, acertar com o Haddad e, como se sabe, o dinheiro é curto. Logo, como fez o Ministério da Gestão, tenta controlar a situação na conversa. “Greve contra a gente?” Ou o governo tortura as contas para arranjar algum trocado, de preferência para o ano seguinte.
O orçamento das federais deste ano é de R$ 6,2 bilhões. Os grevistas querem pelo menos mais R$ 2,5 bilhões. Não faz o menor sentido. Querem mais salário e mais dinheiro do governo, quando há grave dificuldade nas finanças públicas, com déficits e aumento de dívida pública já contratados. O momento é de reduzir gastos e ganhar eficiência.
Ninguém quer saber disso nas federais. Professores e funcionários, no geral, não topam conversa sobre ganhos de produtividade, avaliação de desempenho e mérito para subir na carreira. Muitos servidores compreendem que as federais precisam de uma profunda reforma administrativa e pedagógica — mas, sabem como é, os militantes dominam a cena, impõem a agenda. Os outros vão na onda, alguns tentam manter seus cursos funcionando, os demais simplesmente deixam pra lá. Não vale a pena brigar ou não há condições para isso, dizem-me muitos professores.
Nesse ambiente, ninguém ousa dizer que o ensino superior federal precisa obter fontes de renda, em alta escala, no setor privado. Por exemplo: vender serviços, como pesquisas ou desenvolvimento de projetos para empresas; cobrar taxas de alunos que podem pagar; ou fazer coisas mais prosaicas, como cobrar pelas vagas nos imensos estacionamentos. Quem tem carro pode pagar pela vaga, não é mesmo? Ainda mais estudando de graça.
Segue em curso um cuidadoso trabalho de destruição das universidades federais. Perdem qualidade progressivamente, desperdiçam o suado dinheiro do contribuinte e não cumprem sua função de instituições públicas. Não deveria haver um mínimo de patriotismo, de noção de serviço público? Um mal-estar com dois meses sem trabalhar? Afinal, os salários não são miseráveis, e todos são pagos em dia, mesmo durante as longas greves.
Isso deveria gerar mais responsabilidade, não é mesmo? Mas tem gerado apenas militância “contra o arrocho” ou um difuso sentimento de “é assim mesmo”. É mesmo, com os programas de reposição de aulas, tipo três meses em um. Ou os alunos perdem formaturas ou recebem ensino precarizado.
Assim gastam R$ 6,2 bilhões dos impostos tomados dos contribuintes. Há nove anos, escrevi aqui mesmo uma coluna com este mesmo teor. Repito agora porque, desgraçadamente, nada mudou. Piorou
CHICO BOSCO TEM RAZÃO! Pablo Ortellado, no jornal O Globo
Na semana passada, Francisco Bosco concedeu ao jornal O Estado de S.Paulo uma entrevista sobre seu novo livro, “Meia palavra basta”. A certa altura, observou que nas universidades predominam visões políticas de esquerda e reconheceu que, com respeito a esse ponto específico e sem que tenha dito da melhor maneira, Olavo de Carvalho tinha razão. A menção ao infame ideólogo do bolsonarismo acendeu a fábrica de cancelamentos, e o necessário debate sobre a pluralidade política na universidade foi trocado pela condenação moral do ensaísta.
Embora não tenhamos dados sobre a inclinação política dos professores universitários no Brasil, é razoável supor que ela não seja diferente de noutros países onde foi estudada. Desde os anos 1950 nos Estados Unidos e desde os anos 1980 na Europa, temos boas evidências empíricas de que os professores universitários são bem mais de esquerda que a população e de que essa concentração tem se acentuado nas últimas décadas. Alguns ativistas de direita atribuem isso a uma espécie de projeto político que denominam “marxismo cultural”. Não há nenhuma evidência que corrobore essa explicação conspiratória. Há, porém, boas explicações sociológicas para o que ocorre.
Não é incomum que meios profissionais sejam politicamente homogêneos. Militares e profissionais de segurança são mais conservadores, profissionais do mercado financeiro são mais liberais na economia, e artistas são mais progressistas. Herman van de Werfhorst estudou a homogeneidade de opiniões políticas em grupos profissionais na Europa em artigo de 2020 e descobriu que, embora os professores universitários sejam mais de esquerda que a média da população, não são mais homogêneos politicamente que outras categorias. Os professores são tão de esquerda quanto os militares são de direita, e isso não é explicado por uma conspiração — é um padrão social que encontramos em muitas ocupações.
Embora os professores sejam mais de esquerda, também não é necessariamente verdade que essa inclinação política se traduza em proselitismo na sala de aula e, muito menos, que esse eventual proselitismo seja eficaz. Um estudo de 2008 de Mack Mariani e Gordon Hewitt mostrou mais uma vez que os professores universitários se situam mais à esquerda no espectro político. O estudo, porém, foi além e mediu também a identidade política dos estudantes no primeiro ano e sua identidade quando se graduavam para ver se a exposição a um corpo docente predominantemente de esquerda tivera impacto significativo.
A análise mostrou que, depois da passagem pelo ensino superior, 57% dos estudantes mantiveram a orientação política inicial, 27% moveram-se para a esquerda, e 16% moveram-se para a direita. Uma regressão múltipla revelou que a orientação política dos professores na instituição não teve impacto estatisticamente significativo na mudança de orientação política dos estudantes.
É uma pena que a entrevista de Bosco tenha levado a mais uma obtusa tentativa de cancelamento, e não disparado uma reflexão mais aprofundada sobre o problema. As universidades são mesmo muito de esquerda. Mas esse problema não foi gerado por uma conspiração do marxismo cultural, nem produz uma máquina de doutrinação comunista.
Não termos professores de direita faz com que nossos estudantes não sejam expostos a uma pluralidade de pontos de vista, e isso lhes traz prejuízo epistêmico. O predomínio da esquerda também abala a confiança dos eleitores de direita na universidade, o que pode vir a comprometer o seu financiamento público — como vimos na proposta de fechar a Uerj em 2021. Finalmente, a falta de professores de direita faz com que esse campo político não disponha de quadros intelectuais mais sofisticados. Sem esses intelectuais de direita, as ideias políticas do campo são mais selvagens e radicais, e a direita tem menos presença no debate público sério e na formulação de políticas públicas. Tudo isso é muito ruim para a democracia.
MANUAL DE AUTOCONTENÇÃO PARA O STF
É perceptível que os recentes exageros e arroubos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) têm causado imensa preocupação na sociedade brasileira, sobretudo em relação à manutenção da legitimidade das decisões daquela que é a última instância do Judiciário nacional. Essa legitimidade é um dos pilares da democracia, e não é à toa que os liberticidas trabalham incansavelmente para miná-la.
Mas, se é verdade que os inimigos da democracia não dormem em sua missão de destruí-la por meio da desmoralização do Supremo, também é verdade que alguns ministros do Supremo têm dado obstinada colaboração para essa desmoralização. Donde se conclui que cabe aos integrantes do Supremo fazer um exame de consciência sobre seu papel no tumulto institucional que só favorece a arenga dos extremistas.
Um bom começo seria examinar as muitas críticas que têm sido feitas de boa-fé por cidadãos e instituições genuinamente interessadas na recuperação da imagem do Supremo e no restabelecimento integral de seu papel precípuo de zelador da Constituição. Em seu conjunto, essa produção intelectual poderia servir como uma espécie de manual de autocontenção para o Supremo.
Um bom exemplo recente é o artigo Supremocracia desafiada, dos professores da FGV Direito SP Rubens Glezer e Oscar Vilhena, publicado na Revista de Estudos Institucionais da Faculdade Nacional de Direito, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De acordo com Glezer e Vilhena, desde 2008, quando a teoria da “supremocracia” descreveu a ampliação do poder da Corte após a Constituição de 1988, já se fazia premente, por exemplo, o aprimoramento de “mecanismos de autocontenção” para evitar questionamentos à sua autoridade. Passados mais de 15 anos, o poder do tribunal só aumentou, com interferências recorrentes na vida política e nos mais variados temas – “sem que fossem desenvolvidos, na mesma medida, mecanismos de controle para reduzir riscos de excesso no exercício de sua competência”, como diz o artigo, com precisão.
Para preservar o Supremo e, consequentemente, a democracia, Glezer e Vilhena levantam o debate acerca de autoridade, imparcialidade, percepção social e legitimidade, além de clareza, coerência e consistência das decisões. Justamente para testar a capacidade do Supremo de manter sua autoridade, os extremistas pregaram desobediência às ordens daquela Corte, como fez explicitamente o então presidente Jair Bolsonaro no infame 7 de Setembro de 2021 e como fizeram os golpistas do 8 de Janeiro. Por essas razões, conforme alertam os pesquisadores, “o Supremo precisa qualificar seus processos para lidar com a crescente hostilidade”.
Daí vem um receituário: assegurar a autoridade com a recuperação da percepção de legitimidade e da adesão voluntária e robusta às suas diretrizes; ser e parecer imparcial; usar com moderação instrumentos processuais de concentração de poder, como súmulas vinculantes; respeitar as demais instâncias; evitar a catimba constitucional, a flutuação jurisprudencial ou a participação desnecessária no debate público; e praticar efetivamente a autocontenção com instrumentos para limitar decisões monocráticas muitas vezes indefensáveis – como as tomadas recentemente pelo ministro Dias Toffoli a favor de corruptos confessos no âmbito da Operação Lava Jato.
Como escreveu o cientista político Carlos Pereira em sua coluna no Estadão (Decisões monocráticas, como a de Toffoli, podem nos recolocar na rota do populismo, 26/5/2024), “decisões controversas desta magnitude e, mais ainda, fruto de mudanças sucessivas de entendimento da Corte, muitas vezes a partir de decisões monocráticas de seus ministros sobre o mesmo tema, podem ter um efeito político devastador”: o de “nos recolocar na rota do populismo”. Aqueles que se apresentam como “salvadores da democracia”, como fazem reiteradamente alguns ministros do Supremo, deveriam refletir sobre essas críticas e mudar urgentemente de atitude, pois disso depende a mesma democracia que eles julgam salvar.
O porquê dos candidatos do PT e da esquerda do atraso que se escoram em Lula 3, correm risco de perderem as eleições deste ano, mesmo que saiam na frente ou estejam supostamente melhor avaliados do que seus sucessores que juraram serem capazes de most4rar melhores resultados para a cidade, os cidadãos e cidadãs. Pedro Celso Zuchi, PT, pode ser uma dessas vítimas do “papai Lula”. Ninguém quer mais de papai, mas de governante que lhes confiuança, futuro, autonnomia. Por enquanto, Lula 3, PT e a esquerda do atraso só tem oferecido cabresto ideológico que nos levam ao século passado.
LULA 3 PERDEU E PERDERÁ NO CONGRESSO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo
Causou impressão o baile com rasteiras que o governo Lula tomou no Congresso nesta semana. O ano inteiro tem sido assim. A consternação era menor porque as derrotas foram espalhadas.
Não se viam tantos corpos boiando de uma vez só. Mas essa estatística de fracassos políticos não é importante. O essencial é que Lula 3 quase não tem o que fazer para mudar a situação, nem jamais teve.
É possível especular que derrotas e goleadas seriam menos frequentes caso se trocassem articuladores ou se azeitasse o sistema de pagamentos para a cooperativa de feudos e currais político-financeiros que é o Congresso.
Mas tabelas de votações mostram que dinheiros ou cargos não evitam “traições” nem mesmo daquelas parcelas dos partidos que fizeram acordos mais estáveis com o governo.
É preciso repetir a obviedade, notória desde a eleição legislativa de 2022: a esquerda é minoritária como nunca antes desde 1986, em números e “ideias”. Se Lula 3 tivesse entendido o tamanho do estrago desde cedo, talvez apenas tivesse atenuado seus problemas.
A esquerda e agregados nominalmente esquerdistas quase sempre tiveram algo em torno de um quarto da Câmara. A diferença agora é que o centro morreu e a direita é extremista e/ou negocista pura. Os partidos dessa direita têm facções bolsonaristas por convicção ou adesismo.
Esses parlamentares de resto prestam contas a um eleitorado não apenas mais conservador mas mais vocal e ainda mais inclinado a aderir em hordas a soluções binárias, simplórias e rudes para os problemas públicos, graças às redes sociais, onde a direita brinca feliz feito pinto no lixo.
PL, União Brasil, PP e Republicanos, bases do governo de Jair Bolsonaro, têm ora 246 deputados de 513 (48%). Esses partidos ou aqueles que vieram a se fundir nessas legendas fizeram 114 deputados em 2014 e 154 em 2018. Não há mais nada parecido com um centro, em conteúdo ou tamanho, como houve até 2014, com PSDB e MDB.
A Câmara é constituída grosso modo por um bloco cinzento de lideranças de classes mais altas de pequenas localidades, alguns empresários maiores, gente da área de segurança e da religião, conservadora e/ou com espírito de centrão —o espírito do tempo.
As esquerdas não têm conversa, lideranças e articulação social para mudar essa situação nas urnas —assunto para outro dia. Também se diz que a esquerda deveria aprender a lidar com as redes. Pode ser que progressistas ou centristas entendidos do assunto inventem o bom combate digital.
Depois de pelo menos seis anos de fracasso, nada apareceu. Será que as redes e seus algoritmos permitirão alguma conversa razoável? Por ora, mais se vê é a esquerda fazendo propaganda de velhas maluquices econômicas e de nutela ideológica de salão.
Quanto à política politiqueira, seria possível inventar uma coalizão, distribuindo cargos e dinheiro de modo proporcional ao tamanho da direita? Essa é a receita de bolo de muito politólogo.
Nesse semipresidencialismo de coabitação com a direita dominante, Lula 3 seria descaracterizado. De resto, seria um parlamentarismo sem cabeça, sem premiê, sem responsabilidade (mais ou menos como agora). Mesmo assim, a coalizão seria instável. Os partidos são ainda mais rachados por abrigarem facções mais extremistas ou bolsonaristas.
O acordo limitado que Lula 3 conseguiu fazer é uma mixórdia. O PDT, de “esquerda”, com dois ministros, faz parte do bloco liderado por União Brasil e PP. O União Brasil, com dois ministros, pode lançar o governador Ronaldo Caiado (Goiás) a presidente em 2026. O estrategista-mor do PSD, com três ministros, é Gilberto Kassab, secretário de governo de Tarcísio de Freitas.
Difícil. Seria preciso tirar um gênio político da garrafa. Que foi jogada ao mar, porém.
A CONDENAÇÃO DE TRUMP
Não vou entrar no mérito, até porque se a gente tiver que se preocupar é com o Brasil. Mas, interessante é ver o bilionário e empreendedor americano, dono do X (ex-twitter), declaradamente conservador e republicano, se posicionar no seu X, após a condenação por uma corte de Nova Iorque, contra o ex-presidente Donald Trump (a tradução é do próprio X)
“Na verdade, hoje foram causados grandes danos à fé do público no sistema jurídico americano. Se um antigo Presidente puder ser condenado criminalmente por um assunto tão trivial – motivado pela política, e não pela justiça – então qualquer pessoa corre o risco de ter um destino semelhante”
Musk interagia e respondia a conta de Geiger Capital que escreveu isto no X, traduzido pelo próprio X
“A primeira condenação por crime de um ex-presidente dos EUA não foi pelas guerras do Iraque ou Afeganistão, pelos golpes ilegais da CIA, pelos ataques a casamentos com drones ou espionagem de americanos… Foi porque classificou erroneamente um pagamento de US$130 mil pelo NDA (uma espécie de contrato de pagamento confidencial entre as partes) a uma estrela pornô”
Ambos, coitados, não sabem o que acontece no Brasil atualmente.
O professor, jurista e colunista do jornal Folha de S. Paulo, Conrado Hübner Mendes, em “Isto é um juiz?”, e que Miguel José Teixeira republicou ontem à noite no seu espaço de leituras e que vale a pena ser lido e refletido. Por causa deste artigo, o meio jurídico da democracia inabalável tomou um susto. Se um ministro da Suprema Corte, à vista de tudo, em Brasília, faz tudo isso, imaginem o que se faz nas varas das Comarcas e nos Tribunais de Justiça onde tudo é contido e os autos sempre têm capa.
Boa tarde.
Só pra constar:
Prefeitura de Gaspar REPASSOU aos TREZE vereadores da Câmara municipal no primeiro quadrimestre
R$ 4.250.000,00.
Executivo levou mais
R$ 9.390.000,00.
SAÚDE R$ 25.996.000,00
Vejam a soma dos valores GATOS com os POLÍTICOS meia-boca da cidade e
o valor INVESTIDO na saúde dos 73.000 cidadãos gasparenses.
Até CEGO ENXERGA.
Vamos dar a essa gente a resposta que merecem no pleito de outubro.
Boa tarde.
Como nos esclarece agora o poder de plantão: “aqui é Gaspar”
O que o placar no Congresso desta semana sinaliza ao governo para além da sua fragilidade nas derrotas acachapantes de colheu ao se lançar ao enfrentamento: cheiro de impeachment. Isto ninguém ainda ousa comentar. Mas, que há clima e votos, há. Chamou truco e se assustou com a qualidade das cartas do adversário
A SINUCA DE LULA, por Malu Gaspar, no jornal O Globo
Não chegou a ser surpresa para ninguém que acompanhe os debates no Congresso Nacional ver o governo Lula ser derrotado nas votações da autorização para a saidinha de presos e do artigo da nova Lei de Segurança Nacional que previa a punição à disseminação de fake news. Era o caminho natural num parlamento dominado pela direita, ainda mais em ano eleitoral.
Já faz tempo que a cúpula lulista compreendeu que, nas “pautas de costume”, não há o que fazer a não ser marcar posição e torcer para não perder de muito. Sempre que entram na ordem do dia, temas como saidinha, demarcação de terras indígenas, descriminalização das drogas ou restrição a fake news vão direto para a coluna dos prejuízos da contabilidade governista.
Ainda assim, o placar de cerca de 300 votos a 120 nos dois projetos espantou não só a oposição, que esperava resistência maior, como o próprio Palácio do Planalto, que preferia ter tido uma derrota menos humilhante. Considerando os outros projetos em que o governo perdeu, incluindo os que entraram na pauta de última hora — como a autorização para clubes de tiros perto de escolas —, o resultado foi pior do que até os pessimistas imaginavam.
Está claro, portanto, que faltou articulação. A votação das saidinhas e de outros vetos do presidente foi adiada por semanas justamente para que se encontrasse uma uma saída digna, uma vez que já se sabia que não havia chance de vitória. Num determinado momento, os aliados de Lula chegaram a acreditar até que conseguiriam manter as punições às fake news.
Ao final, nem os líderes do PT ajudaram a combater os discursos dos bolsonaristas no plenário. E, apesar de o discurso oficial do governo ser que o resultado já era esperado, na prática começou a haver um ajuste de rota. A partir de segunda-feira, Lula deverá se reunir semanalmente com seus líderes no Congresso e, a seguir, se encontrar mais amiúde com as bancadas da base para tentar alinhar os ponteiros.
Pode melhorar, mas não resolverá.
A prova disso é o diagnóstico dos governistas, sintomático da sinuca em que o governo se encontra. Os próprios articuladores de Lula admitem não ter força contra o que chamam de “bancadas da selfie”, orientadas pelas redes sociais. É uma forma oblíqua de reconhecer que, se a esquerda governa o país, a direita governa o eleitorado e as redes sociais.
Num Congresso em que os parlamentares se garantem com recursos generosos e obrigatórios para suas emendas, sobra mesmo pouca margem de manobra. É por isso que a estratégia do Planalto na relação com o Congresso tem sido concentrar a energia nas pautas econômicas, em torno das quais se podem obter acordos, e resistir como puder ao avanço dos projetos conservadores.
Por trás dessa estratégia, está a suposição de que basta a economia ir bem para que Lula seja competitivo em 2026. A realidade, porém, desafia essa lógica.
Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a soma de todos os salários em circulação na economia aumentou 8% no último ano, e o país gerou 33% mais empregos formais. As previsões de crescimento do PIB são de 2% para este ano, mais que o esperado inicialmente e razoável para um cenário de juros altos. Ainda assim, a popularidade do governo está em baixa, e pesquisas recentes, como a Ipsos, revelam que, para 57% dos brasileiros, o país está na direção errada.
A explicação é mais ou menos consensual: embora desempenho econômico ruim ainda possa ser fatal para a continuidade de um governo, já foi o tempo em que bons resultados garantiam a vitória nas urnas. Fatores ideológicos pesam, indicadores de segurança pública fazem cada vez mais diferença, e manter uma agenda sintonizada com o futuro é essencial.
Lula, porém, mantém postura apenas reativa na segurança. Se agarra a propostas impregnadas de naftalina — como a construção de refinarias na Petrobras, que, além de terem sido foco de corrupção, não contribuem para a necessária transição energética, ou a “celetização” dos motoristas de Uber, que eles mesmos abominam. Como se não bastasse, ainda torce o nariz para os evangélicos e o agronegócio, em vez de buscar algum tipo de aproximação.
O vareio tomado no Congresso é sintoma, e não causa, desse estado de coisas. Para enfrentá-lo de verdade, não adianta apenas melhorar a comunicação, encher a agenda de reuniões ou abrir o cofre para os parlamentares. É preciso, antes de mais nada, desapegar do passado e olhar para os problemas do presente com a cabeça no futuro. Mas talvez seja exigir demais de Lula.
JOGO DO PERDE-PERDE, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo
Uma das bolhas comemora e a outra lamenta o fato de o Congresso ser forte e o governo fraco. Para o País, é um jogo de soma zero.
Lula diz que sabia da extraordinária mudança na relação de forças entre os Poderes Legislativo e Executivo, mas preferiu confiar no gogó e no STF para enfrentar um problema que se tornou estrutural. O resultado não são apenas derrotas para o governo, como aconteceu nesta semana. É paralisia.
As principais questões de mérito em disputa entre os dois Poderes estão subordinadas ao embate político ideológico de curtíssimo prazo – e à popularidade do presidente, agora sob os cuidados de sua mulher (que ocupou parte do antigo estado maior petista). O exemplo mais evidente foi a questão da taxação das “blusinhas”.
Nela está embutido um debate mais amplo sobre como reavivar a indústria nacional, ou seja, como tratar um setor vital para o emprego de qualidade, prosperidade, renda e projeção do País, e que vem diminuindo há décadas. A discussão surgiu de um jabuti enfiado num programa de apoio à indústria automotiva. Virou um bate boca sobre “bugigangas” que, segundo o presidente, atraem sobretudo mulheres.
A reforma tributária vai pelo mesmo caminho. Sua regulamentação é decisiva para toda a economia, mas vem sendo apontada por especialistas como um notável avanço do Fisco sobre o contribuinte. Duas dezenas de frentes parlamentares se articulam no Congresso para combater as propostas do Executivo (leia-se Receita). Promete ser um longo embate entre um Congresso dedicado a proteger interesses setoriais contra um governo que só pensa em arrecadar.
A disputa em torno da oneração/desoneração de folhas de pagamento acabou exibindo o uso por parte do governo do STF como instrumento de política frente ao Congresso. O resultado é um considerável dano para a própria legitimidade do Supremo, já corroída por vários outros episódios. Ficou totalmente ofuscada a questão de fundo: desonerar é uma política pública na qual vale a pena insistir?
O Congresso é forte mas não tem uma direção central, a não ser quando se trata de defender um “bem comum” a todos os parlamentares, que são as emendas. Tem imposto limites ao Executivo e sinaliza ao STF a disposição de ir ao confronto no caso da regulamentação de redes e combate à fake news, por exemplo. É o que parece estar incentivando a proclamada “autocontenção” de ministros da Corte.
Mas por ser tão fragmentado e não contar com partidos dignos desse nome, o Congresso forte não se constituiu numa instância capaz de “pensar” o País de forma organizada. E o governo é fraco não só por ser minoritário no Legislativo, mas pela falta de estratégias e planos bem definidos, começando por uma política econômica que se resume até aqui em arrecadar e gastar esperando que as coisas se arrumem (quando não está propondo reeditar esquemas antigos que fracassaram).
As bolhas enxergam “vitórias” e “derrotas” onde no momento somos todos perdedores.
ECONOMIA ILEGAL AFETA PAÍS DE FORMA IMPLACÁVEL, editorial do jornal O Globo
Práticas criminosas como pirataria, contrabando, sonegação fiscal, furto de serviços como água, luz, TV e internet têm custo alto para o país, apontou o evento “Caminhos do Brasil”, iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor Econômico e da rádio CBN, com o patrocínio de entidades vinculadas ao setor comercial. Pelas contas do levantamento “Brasil ilegal em números”, produzido pelas maiores associações industriais brasileiras, o prejuízo chegou a R$ 454 bilhões em 2022, ou quase 5% do PIB. As perdas registradas por 16 setores econômicos somaram R$ 297 bilhões.
Os tributos que deixaram de ser arrecadados são estimados em R$ 136 bilhões. São recursos que poderiam ser destinados a setores prioritários como educação, saúde ou segurança. Só os furtos de água — equivalentes a 2,6 vezes o volume armazenado no sistema Cantareira, em São Paulo — representaram R$ 14 bilhões. Os de energia alcançaram R$ 6,3 bilhões.
Há um pensamento equivocado disseminado na população de que essas ilegalidades são um mal menor. Não são. Afetam de forma implacável a todos. O produto pirateado, aparentemente semelhante ao original, representa riscos, pois não segue as normas impostas à indústria legal. Perdas em serviços básicos geram impacto nas tarifas, encarecendo as contas pagas por toda a sociedade. No setor de combustíveis, em que as fraudes somam R$ 15 bilhões, produtos adulterados danificam veículos. Reflexo óbvio dessas práticas é o desemprego. Em 2022, elas resultaram em 370 mil vagas com carteira assinada a menos.
É preciso levar em conta também que grande parte dessas práticas está associada ao crime organizado. Em São Paulo, redes de postos ilegais são controladas pela principal facção criminosa do estado, o PCC. Em comunidades do Rio, quadrilhas de milicianos e traficantes se especializaram em vender serviços ilegais à população. Empresas operando dentro da lei são impedidas pelos criminosos de atuar nessas áreas. A ilegalidade vai dos sinais furtados de TV e internet a serviços essenciais como água ou luz.
O enfrentamento à ilegalidade é desafiador. Há avanços, ainda que tímidos. O combate à sonegação é parte importante na discussão da reforma tributária em regulamentação no Congresso. A estimativa é que, dos R$ 454 bilhões perdidos para a ilegalidade, 30% correspondam a impostos não recolhidos. Além da reforma, vários projetos de lei poderiam contribuir para reduzir as perdas. O setor produtivo defende uma política integrada para combater o problema de forma mais célere e a redução de tributos para desestimular o comércio ilegal, que oferece preços mais baixos.
Está claro que, a despeito de operações policiais realizadas de tempos em tempos, ainda há muito a fazer para coibir as práticas ilegais. É preciso atuar em várias frentes, aperfeiçoando a legislação, ampliando a fiscalização, atuando no combate às quadrilhas. Além disso, é necessário esclarecer à população que ela não leva nenhuma vantagem ao comprar produtos ou serviços falsificados, furtados ou contrabandeados. O país perde recursos e empregos que beneficiariam a todos. Quem lucra com a ilegalidade são apenas os bandidos. A sociedade fica com o prejuízo.