Na semana passada havia duas cortinas de fumaças.
Uma tomava conta do Pantanal, o debate nacional e ofuscava o governo do PT de Luiz Inácio Lula da Silva, PT.
A outra se abateu, como normalidade e repetição em Gaspar. Ela foi criada pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, que tem a intenção de tornar-se um dos poucos vereadores da oposição de judas para a malhação quando a cidade se preparava para a grande festa de São Pedro, o nosso padroeiro.
Kleber, Marcelo e neste caso, basicamente o PP aproveitava este enevoamento da cortina de fumaça para tentar na Câmara, fora da pauta prévia e conhecida dos próprios vereadores e do povo, pela surpresa, passar o escandaloso PL 100/2023.
A jogada deu errado. Ou seuja, o inusitado e o inesperado aconteceu na Câmara. Pela primeira vez, nesta legislatura, a atual composição de dez vereadores – eram onze até dois meses atrás – fiéis e ajoelhados incondicionalmente a Kleber e Marcelo, rachou e o projeto foi reprovado por oito votos a quatro para o bem da decência e da sociedade gasparenses. Escrevo isto, poque a imprensa está dormindo, mais uma vez em tema tão relevante.
Ela, de mão amarradas, outra vez está olhando para o lado errado. A penúltima foi acordar depois de 15 dias com o assunto à sua disposição, aquele da tentativa do mesmo governo de Kleber e Marcelo armado para calar, chantagear e até suspender o mandato do vereador Alexsandro Burnier, PL, por manobras regimentais, só porque o vereador ter feito o papel dele de fiscal e o atual governo de Gaspar temeroso, acha-se intocável não quer qualquer fiscalização de quem quer que seja, inclusive da imprensa.
Então, tanto o governo Kleber e Marcelo como os vereadores governistas na Câmara, criaram uma cortina de fumaça e armaram um circo. Desta vez, a lona está caindo. Tratei disso, em O MDB, O GOVERVO KLEBER E MARCELO BLEFAM E SE TORNAM O MELHOR CABO ELEITORAL NA REELEIÇÃO DE BURNIER – O QUE NÃO OS INCOMODOU, VERDADEIRAMENTE, O PODER DE PLANTÃO ATÉ AQUI
AOS FATOS ESTUPEFATOS
Enquanto a imprensa e a cidade de Gaspar continuam envoltas na cortina de fumaça da possível vingativa penalização ao vereador Burnier – fato que virou atração, talhado para desgastar o vereador e estaca descambando para o desnudando dos jogos de vinganças do poder de plantão, e mais uma vez, só depois que este assunto foi apresentado aqui, apesar de ele estar disponível à imprensa local e regional por quase duas semanas a qual, por motivos óbvios e já explicado, preferiu o silêncio – o mesmo governo de Kleber e Marcelo, em ano eleitoral e na última janela possível para votar este tipo de matéria na Câmara, armou no escurinho mais um privilégios daqueles.
Tudo, se aprovado, seria devidamente pago, mais uma vez, com o dinheiro dos pesados impostos de todos os gasparenses. Qual o babado? Tentou-se criar privilégios para poucos servidores da secretaria da Assistência Social tocada e dominada pelo PP no acerto com Kleber, foi tocada o tempo todo por um suplente do PP e ele está de volta pedindo voto na praça.
Espantosamente, repito, não deu certo a jogada em dobradinha do presidente da Câmara, José Hilário Melato, PP (relator original da matéria), e o seu preposto, o vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP (o que herdou a relatoria geral porque Melato é presidente, e durante a licença de Cleverson, este PL esteve nas mãos do suplente André Pasqual Waltrick que não o levou adiante. Cleverson deu a cara para o tapa e se deu mal. Resultado? Inesperadamente, a então unida e ajoelhada Bancada do Amém atravessou o rito sagrado. E rejeitou a matéria por oito votos a quatro. Melato lavou as mãos e fez questão de ressaltar isso aos seus eleitores e eleitoras. Só votaria se houvesse empate.
O ESCURINHO DO PODER E DOS PRIVILÉGIOS
Como foi a jogada – arriscada porque a Casa estava cheia de convidados para as costumeiras homenagens de finais de mês e não só com os pingados servidores que se beneficiariam com a aprovação do projeto? Como quem não quer nada, o PL foi levado à pauta da sessão em pedido oral, numa questão de ordem tempestiva, de supetão, na terça-feira passada na Câmara, o PL 100/2023 para ser votado e liquidado.
E pasmem, o PT com Dionísio Luiz Bertoldi votou com o governo Kleber e Marcelo, a quem acusa de incompetência administrativa, pela farra contra a isonomia de vencimentos dos servidores municipais. O PT foi PT mais uma vez. Olhou os votos dos servidores. Fez politicagem. Não olhou à razoabilidade. Nem olhou que se ganhar a prefeitura, ao aprovar este tipo projeto de lei, do jeito como está posto, estaria criando uma brecha perigosa para provocar, pela Justiça, a isonomia nos salários dos demais pedagogos (professores) do município.
Quando questionei Dionísio sobre a razão do voto dele, Dionísio me disse que não votou assim. Está gravado. Incrível! Não só votou favorável, como reclamou que este assunto não tinha sido debatido o suficiente na Comissão dele, a de Economia, Finanças e Fiscalização, bem como na própria Câmara. Incrível!
Roberto Procópio de Souza, MDB, foi muito mais coerente neste assunto. Igualmente, o vereador Ciro André Quintino, MDB, que surpreendido e surpreendendo os demais, comandou a bancada emedebista pela rejeição da matéria. E Francisco Júnior Hostins, PL, tentou remediar e impedir a rejeição do PL 100/2023 naquela sessão ao menos.
Primeiro pediu para a votação do PL 100/23 ser oito de outubro, depois das eleições municipais. Foi negada por nove a três votos. Pediu para votar o PL 100/2023 por artigo, o que permitiria a redução de 40 para 30 horas semanais das pedagogas da Assistência Social, mas talvez impediria o aumento salarial. Nova derrota por oito a quatro.
Então a alta e arrogante aposta do governo Kleber, Marcelo e do PP, virou neste instante uma questão de “honra”, numa Câmara desacostumada a embates e “medição de temperaturas” por estar completamente ajoelhada ao governo mesmo com duas sinalizações claras de derrota e uma reunião feita as pressas durante a interrupção da sessão, pedida por Ciro para falar com a bancada do MDB (quatro vereadores sobre o assunto). Estava na cara de todos a derrota. Mas se preferiu tirar a prova dos nove. Com o mesmo placar de oito a quatro, o PL 100/2023 foi para a gaveta. E agora, só poderá ser reapresentado no ano que vem. “Çábios”.
Voltando.
ESTICANDO A CORDA E ELA ARREBENTOU
O que aconteceu para este projeto ser barrado na última terça-feira? A esperteza. Aquela, que no dizer do ex-primeiro ministro do Brasil, Tancredo de Almeida Neves, “quando ela é demais, come o próprio dono”.
No passado, o governo Kleber e Marcelo pediu e a Câmara aprovou, em tempos diferentes, a diminuição da carga horária de 40 para 30 horas dos assistentes sociais e psicólogos da Secretaria de Assistência Social. Tudo apoiado pelas entidades de classe, o Sintraspug – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar, principalmente com a cumplicidade do silêncio da sociedade e entidades gasparense. Sintomático.
No dia 17 de novembro do ano passado, no mesmo embalo, diante das facilidades, como ninguém da sociedade e dos pagadores de pesados impostos se posicionando contra esse tipo de privilégios dos servidores municipais trabalharem cada vez menos com o mesmo salário, apareceu, para a surpresa de ninguém, o PL 100. Ele não só reduzia a carga dos pedagogos da mesma secretaria de Assistência Social loteada para o PP. Até aí, tudo bem. Mas, ousava às escâncaras. Era coisa da porteira aberta para passar a boiada, como passou para as assistentes sociais e psicólogos, usando até bases de legislação Federal em trâmite.
Para o espanto de muitos, diante do silêncio da sociedade organizada, Kleber mandou em dezembro, 15 dias depois do PL original, um substitutivo geral ao PL 100. Além da redução da carga horária de 40 para 30 horas semanais, criou um artigo aumentando o salário desses profissionais. O gato subiu no telhado. A matéria perdeu velocidade dentro da Câmara não só por ter cheiro de inconstitucionalidade, mas principalmente, por tratar desigualmente, os supostamente iguais dentro da própria secretaria de Assistência Social.
Mais do que isso, se aprovado, criaria precedentes para outras categorias pedir aumentos proporcionais que não ganharam e foram até então negados. A tal da isonomia. Aliás, o vereador – que é advogado – Francisco Hostins Júnior, hoje no PL, e até ontem no MDB e da Bancada do Amém, mas quando no PDT para servir como secretário da Saúde de Pedro Celso Zuchi, PT, fez remendos parecidos para atender demandas salariais dentro da secretaria. Pagou horas extras que não eram horas extras. O assunto rola até hoje na Justiça e lhe incomoda. E ele teme pagar caro e sozinho.
Como disse na sessão um dos mais ferrenhos opositores que virou um dos mais fiéis aliados de Kleber e Marcelo, o vereador Procópio, o que se precisa é fazer a revisão do Plano de Carreira e criar estabilidade jurídica e aumentos nos vencimentos para todos. E não de gambiarras. Este Plano de Carreira, Kleber prometeu e faltou aos servidores.
Como se vê, o mundo político-administrativo de Kleber e Marcelo está desabando. Primeiro, foram com sede demais ao pote neste assunto. Segundo, em dificuldades eleitorais, o que estava unido está se esfacelando ao seu redor. Terceiro, os vereadores parceiros, estão tentando salvar a própria pele contaminada pela lama de um governo muito marqueteiro, vingador e no outro lado, de pouca efetiva entrega à sociedade.
Na sessão de terça-feira, tardiamente, mas deve se registrar, venceu à razão. Ganhou o gasparense. Uma das raras vitórias do eleitor e eleitora de Gaspar nos oito anos de governo de Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo. Estranho mesmo foi ver o PT reclamar na tribuna de que o assunto não foi debatido, mas, ao mesmo tempo, estar ao lado de Kleber e Marcelo. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
Morreu mais uma vítima de Covid-19 moradora de 88 anos de Gaspar. O óbito foi no dia 18 de junho, mas ela lutava contra a doença desde o dia primeiro de abril. Agora são 224 as mortes por Covid-19 em Gaspar. Novamente, todos em silêncio. Estranho. Muito estranho. E repetido. E por anos. A dengue, com todo o estardalhaço, só fez até agora, uma morte.
Esta é a segunda morte por Covid-19 este ano em Gaspar. A primeira, com o mesmo silêncio e só registrado aqui, foi no dia 9 de março, de uma senhora de 81 anos, que estava internada desde o dia 28 de fevereiro. Em Ilhota, morreram ao todo 42 pessoas residente lá. A última foi no dia 22 de novembro. Um masculino de 84 anos internado desde o dia 14 daquele mês.
No ambiente de marketing e internamente acendeu o sinal amarelo à pré-candidatura do PL de Gaspar a prefeito com o delegado Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff. As pesquisas mostram que ela não deslancha para além da bolha bolsonarista.
De outro lado e muito estranhamente, os próprios candidatos ainda não colocaram fogo nos olhos, a coordenação da campanha está nas mãos de parte da elite do PP, que que tem Marcelo de Souza Brick como cabeça de chapa como continuidade do governo de Kleber Edson Wan Dall. Soma-se no PL além da falta de liderança, o desencontros de agendas e o apoio da empresarial que elegeu Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo, e parcialmente, também já esteve com Pedro Celso Zuchi.
Este desânimo, achando que a franquia Jair Messias Bolsonaro, será a solução de tudo e de que a campanha ainda não começou de verdade, está provocando questionamentos internos no PL, União Brasil e PRD. Em público todos negam. E para complicar, estão se criando grupos bolsonaristas em apoio a outros candidatos. Um deles, é onde está o líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, na Câmara, o ex-petista Francisco Solano Anhaia. Na falta de consolidação da candidatura de Paulo Norberto Koerich, todos estão tirando casquinhas da imagem de Bolsonaro. E isto via fazer falta lá no dia seis de outubro.
Em Blumenau, por outro lado, está tudo bem esclarecido. O deputado estadual e delegado Egídio Maciel Ferrari, PL, (o primeiro à esquerda na foto ao lado) não perdeu tempo e foi a Balneário Camboriú neste final de semana associar a sua imagem com a ex-primeira dama Michele Bolsonaro a eventos políticos e religiosos (foto) de lá, com o padrinho recém chegado ao PL, o prefeito Mário Hildebrandt e com a companhia do anfitrião Fabrício de Oliveira e o governador Jorginho Melo. Experimentados, lá em Blumenau ninguém do conservadorismo, da direita, da extrema direita, do bolsonarismo quer dar sopa para o azar.
Gaspar preferiu estar em evento periférico no distrito do Belchior, com Zé Trovão, exatamente na semana em que ele foi enquadrado pela Justiça – e até pode ser preso por isso – por não pagar pensão alimentícia. Para um partido quem tem um dos pilares o discurso de família… Já do diretor do PL de Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho, escolheu o morador de oportunidade em Balneário Camboriú, Renan Bolsonaro, e outros que estão em olhos de furações, para aparecer nas redes sociais.
A desculpa dos dirigentes do PL, bolsonaristas e radicais daqui, quando cobrados, além da irritação pela cobrança e acusações de que os observadores estão trabalhando “escondidos” para outros candidatos, alegam que a campanha de verdade ainda não começou. para essa gente, só começou para os outros candidatos do campo do conservadorismo e direita, porque esses outros não possuem o padrinho que os deixaria em situação confortável neste momento como o PL de Gaspar com Bolsonaro e Jorginho Melo. Pode ser. Todavia, é um risco mal calculado que se quer correr. É que poderá faltar fôlego lá no final, para quem não largar competitivamente como outros já se lançaram e estão na estrada, fazendo chuva, sol, noite ou dia. Simples assim!
Quase três anos depois de proposta na Câmara, a tortuosa avenida de 999 metros, de altos e baixos e cheia de pegadinhas nas suas perigosas rótulas, recebeu oficialmente na semana passada na Câmara, o nome de Avenida Gaspar. Ela liga as avenidas Francisco Mastella (Sete de Setembro) e Frei Godofredo (Santa Terezinha).
Entre aspas ficou o nome de “Helmuth Wehmuth”, conhecido entre nós como Jacaré – daí o “pasto do jacaré” onde criava o seu gado. Jacaré morreu com quase 100 anos era o proprietário daquelas terras desapropriadas para que se fizesse um dos quilômetros mais caros que se tem conhecimento: R$12 milhões pagos pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e que precisam de urgentes e caros reparos ainda não cobrados da prefeitura a empreiteira Progresso Ambiental.
O empreendedor, empresário e o profissional Helmuth Wehmut se fosse vivo, direto e observador como era, teria desaprovado o traçado e o resultado de como ficou e está aquela ligação na sua propriedade. E por que?
Helmuth começou a vida como motorista de caminhão e teve até a famosa linha de luxo Expresso Presidente daqueles bons tempos. Como experiente neste assunto, sabe que esta ligação agora chamada de Avenida Gaspar é uma pista de provas aos motoristas. Até caminhão entalado lá já ficou e ninguém se mexeu para arrumar aquele defeito que se tornou uma perigosa lombada física. A obra em si é um desafio à engenharia diante da deterioração da obra em tão pouco tempo. Isto foi lembrado na tribuna pela vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT.
Já escrevi e despertei a imprensa para o caso onde o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, tenta intimidar e até punir o vereador Alexandro Burnier, PL. O que não escrevi ainda é que o assunto tomou uma proporção que o governo gasparense, seus politicos e “çábios” não mediram antecipadamente. Agora estão assustados. É só olhar as redes sociais com comentários abertos, como o Instagram da Cãmara onde se colocou uma “nota oficial” sobre o assunto, para ver como a indignação comeu solta.
Desde o início avisei que usual forma de vingança e chantagem da prefeitura e do atual governo de Gaspar eram mais um tiro no próprio pé. E foram vários. Acuado, orientado pelos seus “çábios” e principalmente exposto, o governo foi desafiado a montar uma CPI por seus prepostos na Câmara, inclusive por um ex-alinhado que ajudou a enterrar duas contra o governo de Kleber Edson Wan Dall, Luiz Carlos Spengler Filho, PP e Marcelo de Souza Brick, PP, o advogado e vereador, Francisco Hostins Júnior, que depois de traído por Kleber e o MDB, foi dar no PL.
Para não permitir o surgimento de mais uma CPI em pleno período eleitoral, o fiel escudeiro do atual governo, o vereador Roberto Procópio de Souza, MDB, inventou a convocação do ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, atual chefe de gabinete e quem comprou as floreiras e as bocas de lobo “inteligentes”, bem como o atual secretário Douglas Francisco Muller, quem denunciou e pediu a punição do vereador Alexandro Burnier, PL.
A reunião acontecerá as cinco horas da tarde desta quinta-feira, se até lá nada mudar. É para colocar panos quentes e o governo se livrar da própria armadilha que armou e caiu. O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, desiste do pedido de punição ao vereador Alexandro Burnier, PL, e o Burnier, vítima que o próprio governo criou, desiste do desafio de arrumar cinco assinaturas (três ele tem) para se instalar a CPI e apurar tudo isso mais à fundo. O medo disso tudo é que pode sobrar para o pré-candidato e ex-secretário da pasta, Roni Jean Muller, MDB (primo de Douglas) e candidatura apadrinhada pelo atual líder de governo, Francisco Solano Anhaia, MDB. Roni como secretário não fez nada para consertar nem tirar o que estava guardado.
Dedo na ferida e todos da Bancada do Amém, quietinhos. Na última sessão, o advogado e vereador Francisco Hostins Júnior, PL, na foto ao lado, colocou o dedo neste tumor aberto e dolorido. Ele era na época da compra dessas floreiras secretário de Saúde. “Eu não tinha dinheiro para exames. Vim aqui [Câmara} e pedi R$1 milhão e vocês [vereadores] aprovaram do Orçamento da Câmara para a secretaria sem dinheiro. Como é que o governo tinha mais de R$2 milhões para comprar floreiras e bueiros inteligentes?“. Pior, ficaram por anos estocadas sem uso, na cor errada a comprada e supostamente com itens faltantes. Cruel, mas tardio, este desabafo de Hostins Júnior. Meu Deus!
Isto mostra a falta de prioridade e planejamento do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP. Se a denúncia de Alexsandro Burnier, PL, fez o governo se mexer e ir para a rua montar estas floreiras, percebeu-se que se trata de uma desarmonia e deboche arquitetônicos. Mais do que isso: as flores escolhidas foram as erradas.
Em uma semana, as plantas e flores destas floreiras do balacobaco já estão todas comprometidas. Não há equipe para repô-las e os entendidos dizem que o que se plantou é uma escolha equivocada. Não há equipe e orçamento para manutenção. Os manacás da Avenida das Comunidades são exemplos de escolhas certas e resultados expressivos. Aprendizado zero.
Pior mesmo será no caso dos bueiros chamados de inteligentes que estão expostos como funciona em duas fotos: uma ao lado e outra, abaixo. Esta inteligência consiste num gradeado para reter a sujeira deixada pela má educação das pessoas e pela falta de varrição e manutenção da cidade. Este gradeado retém este material e com isso não se entope a tubulação pluvial.
Mas, para que isso aconteça, a prefeitura precisa de equipe permanente de manutenção para recolher esses detritos retidos nos bueiros “inteligentes”. Ninguém sabe quem vai fazer isso em Gaspar e nem gente há. Pois se não limpar, vai haver alagamentos. Simples assim! Por outro lado, o mato já começa a vencer a empreiteira contratada para debelar aquilo que tomou conta da cidade por meses afio. Muda, Gaspar!
Mútuas acusações I – O ex-aliado, o advogado e vereador Francisco Hostins Júnior, PL, ao analisar tudo o que acontece – e que nada é diferente do que este espaço relata há anos aqui e por isso, sou combatido – o que é parte do jogo – e desmoralizado pelo poder de plantão de todas as formas, incluindo chantagens e vinganças – diz que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, está tampando o sol com a peneira. Ou seja, em linguagem clara: enganando. Estou de alma lavada mais uma vez. E por gente que estava no coração desse poder. E foi traída.
Mútuas acusações II – O líder de governo Francisco Solano Anhaia, MDB, por sua vez, acusa o ex-aliado, o que enterrou CPIs e por isso era um “herói” para essa gente, Francisco Hostins Júnior, agora no PL, de “cuspir no prato que comeu”. Insinuou que Hostins Júnior como dirigente de entidade patronal teria ele pedido e “contribuído” para tornar Gaspar “mais florida”. Até pode. Talvez, não com estas dúvidas todas que estão explícitas.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, comprou um sítio no Alto Baú, em Ilhota. Vive postando a nova dolce vita da família por lá. Nada contra. Mas, para chegar lá, o Kleber vai por asfalto. Obra do prefeito de lá, também de segundo mandato de Érico de Oliveira, MDB. Se Kleber tivesse feito o mesmo que prometeu aqui em Gaspar a Rua Itália, no Gasparinho e a Vidal Flávio Dias, Belchior Baixo, no Distrito do Belchior, já estavam também asfaltadas. A Câmara faz anos que autorizou o empréstimo para isso. Mas…
O perigoso caminho da roça. Esta ligação entre Brusque, Brusque e Gaspar para quem entra nela parece que está num féretro. Uma agoniante fila só nos dois sentidos. Lenta. Parece que se está acompanhando um enterro. E vai piorar. Tudo porque políticos, incluindo o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, nos interesses de alguns empresários que invadiram as terras marginais da rodovia para seus negócios, são contra a duplicação, a mobilidade e consequentemente o desenvolvimento da região.
E para piorar, o Deinfra, da secretaria de Infraestrutura e Mobilidade do governo de Jorginho Melo, PP, tocada pelo deputado Jerry Comper, MDB, deu uma pincelada de asfalto sobre o que estava ruim, mas se esqueceu de sinalizá-la horizontalmente. Trevos alemães comprometidos e de noite, com chuva, e sem esta sinalização, ninguém sabe onde está realmente no leito da rodovia. Impressionante o descaso com a vida das pessoas.
13 comentários em “O RETRATO CONTINUADO DO GOVERNO KLEBER MARCELO: MENOS HORAS DE TRABALHO PARA ALGUNS SERVIDORES, MAS COM SALÁRIOS MAIORES. OITO VEREADORES IMPEDIRAM ESTA FARRA. INCLUINDO PARTE DA BANCADA DO AMÉM. ELA RACHOU DIANTE A ESPERTEZA DO PP. JÁ O PT, VOTOU COM KLEBER E MARCELO”
Bom dia.
Hoje haverá artigo inédito. Como venho reportando, não estando de férias e doente, mas por afazeres particulares, estou com dificuldades de entrar com regularidade, três artigos por semana, para a alegria de uns, tristeza de outros e uma série de especulações, dizendo que eu fui devidamente silenciado por gente que não gosta de esclarecimentos.
Até daqui a pouco
O DIA QUE LULA CEDEU AO PODER REAL DO MERCADO, por Maria Cristina Fernandes, no jornal Valor Econômico
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou ao Palácio do Planalto às 8h30 desta quarta-feira e só saiu mais de 12 horas depois, quando terminou a reunião da junta orçamentária com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esteve ao lado de Lula nos eventos do Palácio ao longo do dia, mas foi a conversa que tiveram antes da primeira agenda presidencial, às 10h, que parece ter sido decisiva.
Haddad vinha recebendo cenários os mais catastróficos. Se o governo agisse agora, ainda daria tempo de retomada até 2026. Se continuasse nessa toada, devolveria o chapéu para a extrema direita. O ministro chegou com um arsenal de dados para mostrar o impacto do falatório sobre o dólar, inflação e juro. Desta vez, funcionou. Convergia com os muitos recados de grandes banqueiros e empresários que, por meio de ministros, fizeram chegar, nos últimos dias, suas preocupações ao presidente.
Ao meio-dia e meia, no breve discurso de lançamento do plano safra da agricultura familiar, Haddad era a imagem do entusiasmo. Até um “querida Janja” soltou. Lula foi breve e ponderado. Governo não joga dinheiro fora e tem responsabilidade fiscal. Ponto. Não foi só o gogó, porém, que derrubou o dólar. O palavrão ao longo do dia foi contigenciamento. Na reunião que entrou pela noite, acertaram-se os ponteiros do compromisso fiscal redivivo, com o corte dos R$ 25 bilhões em despesas e o contigenciamento do Orçamento.
Tão importante quanto conhecer as razões pelas quais o presidente reagiu é entender o que o levou à aloprada das últimas semanas. Não era nessa toada que vinha, tanto que seu ministro da Fazenda ganhou credibilidade para tourear as pressões e as dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal. A mesma que estava por um fio até a reação desta quarta.
No início de junho, Lula recebeu pesquisas indicando que ele estaria despencando nas redes e que, para reverter esse declínio, seria preciso foco num tema, juros e bancos, e num personagem, Roberto Campos Neto. Chegam ao palácio as pesquisas as mais diversas, sem que o governo as tenha encomendado. Como esta trouxe o que queria ouvir, Lula comprou. O pavio, encurtado pelo flerte do presidente do Banco Central com a política, queimou dias a fio.
Quando Lula chegou à casa de Haddad na noite da última sexta-feira o aguardavam cinco economistas: Luiz Gonzaga Belluzzo, Luciano Coutinho, Guido Mantega, Gabriel Galípolo e Eduardo Moreira. A reunião vinha sendo planejada há muito tempo para tentar dar um norte à política industrial do governo. Lula resistia. Acabou por aceitar, mas, pela conjuntura, o encontro acabou tomando outro rumo.
Em uníssono, tentaram convencê-lo a se preservar. A bola, disseram, deveria ficar com o anfitrião. O presidente estava indignado e indisposto a se dobrar a um mercado que agora investe contra o real mas assistiu inerte à queima de R$ 300 bilhões na tentativa de reeleição de seu antecessor. Os economistas saíram de lá com a expectativa de terem sido capazes de conter Lula. Ao conversar por telefone com um amigo no sábado, Haddad confortou-o: “A poeira vai baixar”. Estavam todos enganados. O presidente dobrou a meta nas entrevistas que deu às rádios baianas na segunda e terça.
O recuo desta quarta sinaliza que Lula, ainda que tardiamente, resolveu dar ouvidos aos comensais da sexta. De um deles, ouviu: “É uma questão de poder real. A Presidência tem poder formal, é o mercado que tem poder real”. E não foi o BC independente quem o inventou. Belluzzo, um dos presentes ao jantar, costuma citar Keynes (“As regras autodestrutivas da finança são capazes de apagar o sol e as estrelas porque não pagam dividendos”) e o discurso de Franklin Roosevelt, em 1936, na Convenção Democrata.
Neste discurso, Roosevelt descreveu o que considerava o desvirtuamento, pela finança, do país imaginado por seus fundadores: “Novos impérios foram construídos a partir do controle das forças materiais. Mediante o uso das novas corporações, dos bancos e da riqueza financeira, da nova maquinaria da indústria e do capital (…)Era natural e talvez humano que os príncipes privilegiados dessa nova dinastia econômica, sedentos por poder, tentem alcançar o controle do próprio governo. Eles criaram um novo despotismo e o embrulharam nos vestidos de sanções legais. Em seu serviço, novos mercenários procuraram arregimentar o povo, seu trabalho e sua propriedade”.
Naquele mesmo ano emergiu uma aliança de socialistas e comunistas para resistir ao avanço do fascismo na França. A Frente Popular introduziu férias de duas semanas e jornada de 40 horas. Em artigo nesta quarta-feira no “The Guardian”, Thomas Pikkety defendeu o programa da Nova Frente Popular remetendo-se àquela que a originou. Propôs recuperação do poder de compra dos trabalhadores (fermento da extrema direita), taxação da riqueza e reforma da governança corporativa e disse que os partidários de Emmanuel Macron não podiam considerá-las farinha do mesmo saco do programa da Reunião Nacional de Jordan Bardella.
Aceitar o poder do mercado, neste momento, é uma maneira de evitar que a extrema direita volte a galope ao poder no Brasil, a exemplo da ameaça que paira sobre os Estados Unidos, França e alhures. A notícia de que o presidente americano, Joe Biden, já aceita discutir sua substituição, e a perspectiva de uma aliança de Macron com a esquerda para o segundo turno deste domingo sinalizam uma possível reação. Ao aceitar que o mercado tem um poder contra o qual não tem instrumentos para concorrer, Lula, paradoxalmente, mantém o Brasil no jogo da resistência ao avanço da extrema direita.
UMA PROPOSTA INDECOROSA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elaborou um projeto de lei para permitir a renegociação das dívidas dos Estados com a União. A exemplo dos socorros anteriores, a proposta tem tudo para gerar perdas para o País, mas esta, em particular, tem aspectos realmente inovadores, para dizer o mínimo.
Parte-se do princípio de que qualquer acordo entre credores e devedores deve ser benéfico para ambas as partes. Quem está endividado busca fôlego financeiro para honrar a dívida, e a outra ponta vislumbra a chance de receber algo em troca desse gesto de boa-fé.
Eis a primeira inovação da proposta. Não foi a União, como credora, quem propôs os termos da proposta, mas um senador. O senador, em tese, poderia atuar de maneira isenta, tal qual um mediador a facilitar uma negociação entre as partes. Mas esse mesmo senador não apenas representa um dos Estados mais endividados do País, como é um potencial candidato ao governo desse mesmo Estado em 2026. É, portanto, parte interessadíssima no fechamento desse acordo.
Para aceitar qualquer proposta, o credor costuma estipular algumas condições que demonstrem um verdadeiro comprometimento do devedor com o acordo. Assim foi feito no passado recente. O governo federal assumia a dívida do Estado que, em troca, se comprometia a adotar medidas austeras, como reformas administrativa e previdenciária e privatizações de estatais – ações que requeriam sacrifícios em termos de popularidade e muita articulação política dos governadores. Caso os termos do acordo fossem desrespeitados e o devedor deixasse de honrar sua parte, o credor podia executar a dívida de maneira antecipada. Assim, Estados que deixavam de pagar as prestações da dívida com desconto podiam perder o direito de receber transferências constitucionais e voltar a ter de pagar a parcela integral de suas dívidas com a União.
Desta vez, a renegociação seria diferente. Segundo o Estadão, bastaria aos Estados anunciar investimentos genéricos em educação, infraestrutura e segurança pública, oferecer suas estatais à União para que elas sejam federalizadas e contribuir com um fundo de equalização que bancará ações em outros Estados que nada têm a ver com as dívidas renegociadas.
Ao que parece, o governo federal não se opõe a essa proposta indecorosa – ao menos, pelo que Pacheco tem declarado. Segundo ele, Estados que adotarem as três medidas – investimentos em educação, infraestrutura e segurança pública, contribuição para o fundo de equalização e a federalização de estatais – poderão zerar os juros da operação, hoje em 4% mais IPCA, e manter apenas a correção pela inflação.
Mais do que rejeitar, o governo Lula da Silva não deveria nem sequer discutir um acordo sob esses termos. Trata-se de um incentivo aos Estados gastadores, que jamais cumpriram os termos das propostas anteriores, e uma desmoralização daqueles que, ingenuamente, atuaram com algum grau de responsabilidade para colocar as contas em dia.
Federalizar estatais é o mesmo que aceitar um novo passivo, dado que essas empresas costumam ser um ralo por onde escoa o dinheiro público. Não é preciso imaginar o que pode ocorrer. Basta lembrar que a Eletrobras gastou R$ 25 bilhões, em 20 anos, para sustentar distribuidoras de energia federalizadas em uma renegociação anterior, até que elas fossem finalmente privatizadas.
Se essa proposta prosperar, a União pagará juros mais altos do que cobrará dos Estados para financiar sua própria dívida. Por fim, criar um fundo de equalização significa ampliar ainda mais a percepção do mercado sobre o risco fiscal em um momento crítico, em que o dólar chegou a ultrapassar a barreira de R$ 5,70 em razão das péssimas sinalizações que o governo tem dado nessa seara. Trata-se de um instrumento paralelo por meio do qual o dinheiro vai circular fora das amarras e restrições impostas ao Orçamento.
A sorte do governo Lula da Silva é que os Estados diretamente envolvidos nas discussões ainda não chegaram a um consenso sobre o acordo e – pasme o leitor – ainda consideram a proposta insuficiente para ajudá-los. Eis uma oportunidade de ouro para reiniciar essa discussão sob outros termos.
A RETÓRICA POPULISTA DE LULA SEMEIA A INFLAÇÃO, editorial do jornal Folha de S. Paulo
São típicas da retórica populista a pretensão de personificar o interesse do povo, sempre tratado como massa amorfa e incapaz, e acusações contra supostos inimigos de tais aspirações. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que nunca se afastou muito desse padrão, decidiu aprofundá-lo num recente frenesi de entrevistas e pronunciamentos.
“Eu não sou um presidente da República que está junto do povo. Eu sou o povo que está na Presidência da República deste país por conta de vocês”, discursou Lula de modo quase caricatural no sábado (29), em São Paulo, ao concluir uma longa sequência de autoelogios.
Os inimigos escolhidos são, mais uma vez, o Banco Central e o mercado financeiro, que estariam envolvidos em uma conspiração para manter os juros elevados. “O que você não pode é ter um BC que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação”, disse o petista na segunda-feira (1º), desta vez arvorando-se em falar em nome da nação.
Mesmo para um mandatário desde sempre amigo dos microfones, a escalada verborrágica dos últimos dias é evidente —foram ao menos oito entrevistas a veículos de comunicação e 13 discursos desde a semana retrasada. Já os objetivos não parecem tão claros, e os resultados são desastrosos.
Só nesse período, a cotação do dólar saltou 4,7%, segundo a taxa média calculada pelo BC, aproximando-se do patamar de R$ 5,70, o que tende a pressionar a inflação.
Pudera: em 16 dias, Lula indicou que espera do próximo chefe do BC mais alinhamento a seus desígnios, desautorizou medidas de controle de despesas públicas aventadas por sua equipe e, nesta terça (2), disse que o governo fará “alguma coisa” contra a alta do dólar.
Não há lógica no falatório. Os quatro diretores indicados pelo governo petista ao BC votaram pela interrupção da queda dos juros, amparados por argumentação técnica. A desvalorização do real só torna ainda mais difícil retomar o corte das taxas.
O mercado, ambiente no qual se formam preços, reage às incertezas alimentadas por Lula quanto às contas públicas, a autonomia da política monetária e o controle da inflação. Intervir nesse movimento, sem estancar suas causas, será inócuo na melhor das hipóteses.
Em menos de seis meses, Roberto Campos Neto deixará o BC e não servirá mais de bode expiatório para as mazelas da economia. Na toada de hoje, seu sucessor corre risco de assumir em um cenário hostil, de impacto do câmbio na inflação e perda de credibilidade.
A piora das condições financeiras, cedo ou tarde, chega à produção e ao emprego, e os mais atingidos são os pobres em cujo nome pretende falar o populismo.
O PESO DE LULA NA INFLAÇÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
As estimativas de analistas do mercado financeiro para a inflação sobem semana a semana há, ao menos, dois meses. Para este ano, a previsão já atinge 4%, ou seja, um ponto porcentual acima do centro da meta de 3% e só meio ponto abaixo do teto; para 2025, a projeção é de 3,87%. A tendência já havia sido verificada no recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que constatou consistente piora na percepção dos analistas para o comportamento inflacionário, ainda que os resultados fiscais negativos no curto prazo já fossem favas contadas.
Tanto o RTI quanto o Focus são elaborados pelo Banco Central (BC), com base em modelos de projeções coletados em mais de cem instituições financeiras. A deterioração das previsões, é bom ressaltar, não se deve apenas ao acompanhamento de preços ou ao comportamento desta ou daquela commodity agrícola ou mineral, ou mesmo aos reflexos da economia norte-americana. Contribuem – e muito – para o cenário as incertezas futuras no mercado doméstico e, neste tópico, o presidente Lula da Silva tem se esmerado em potencializar a inquietação.
Por óbvio, tem pesado muito nas expectativas de inflação a constatação de que a revisão das despesas prometidas pelo governo não será suficiente para equilibrar o orçamento público, ainda mais diante de uma arrecadação já no limite. E desde que decidiu substituir as lives semanais roteirizadas por entrevistas a veículos de comunicação, Lula da Silva se transformou numa fonte inesgotável de insegurança.
A cada declaração estouvada, faz disparar o dólar, recalibra opções de analistas, deixa o mercado em polvorosa e, depois, se diz surpreso com o resultado. Sem medir as palavras, chamou de “cretinos” os especialistas que atribuíram um pico na cotação do dólar em parte às dúvidas que ele manifestou sobre a necessidade de cortar gastos, em entrevista ao portal UOL, mesmo diante de um déficit primário de R$ 61 bilhões, o segundo pior desde 1997. “Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes”, disse Lula, ignorando o fato de que a alta do dólar naquela quinta-feira tinha ocorrido imediatamente depois de sua fala desastrosa, e não antes, conforme cronometrou o Estadão/Broadcast.
Dizer que não tem certeza da urgência de cortar despesas é assinar um atestado contra a responsabilidade fiscal. Sem que Lula ao menos demonstre efetivo interesse em equilibrar as contas, será necessário manter os juros altos para conter a inflação.
Mas Lula não está nem aí. Em entrevista à rádio mineira O Tempo, indiferente ao caos que espalha, voltou a criticar os juros e garantiu que “isso vai mudar” quando ele puder indicar o presidente do Banco Central. Ou seja, o presidente anunciou, a quem interessar possa, que o próximo presidente do BC será só um nome no crachá, pois a política monetária será ditada pelo Palácio do Planalto.
Enquanto isso, a inflação sobe. No momento em que se relembra o lançamento do real, que há 30 anos restabeleceu o poder de compra da moeda nacional e abriu caminho para o desenvolvimento maduro do País, é preciso reforçar a mensagem de que o controle da inflação não é uma dádiva da natureza, mas resultado de responsabilidade fiscal – aquela que Lula parece desdenhar.
Boa questão. De dependesse de Lula, do PT e da esquerda do atraso, o Real nunca existira. Foram e são contra. É só olhar a política macroeconômica atual. Lula, PT e a esquerda do atraso precisam de mendigos sustentados pelos próprios pobres para se manterem no poder como elite cheia de privilégios e marcas de corrupção, “limpas” pela Justiça não no mérito, mas no trâmite do processo, que pode ser sanado.
O REAL FUNCIONARIA HOJE? por Pedro Dória, no jornal O Globo
Duas políticas públicas definem a Nova República, aquilo que a democracia brasileira melhor construiu desde o fim da ditadura. Foram o Plano Real e o Bolsa Família. Passamos as últimas semanas celebrando os 30 anos da primeira, mas pouco falamos de um dos elementos essenciais para seu sucesso: a imprensa. Porque, para além do instante de brilho da ideia dos economistas Persio Arida e André Lara Resende, no coração do Real estava a necessidade de ele ser bem compreendido pela sociedade. O Plano Real deu certo porque foi bem explicado, e isso ocorreu nas páginas de jornais e revistas, no rádio e, principalmente, nas telas de televisão. Compreender esse aspecto da história é importante porque ela nos impõe uma pergunta: será que seria possível hoje? Provavelmente a mesma ideia, hoje, não daria certo.
A inflação brasileira não era um problema simples de resolver. Entre 1979 e 1983, o governo João Figueiredo tentou três planos econômicos pra resolver a inflação. José Sarney lançou cinco planos. As pessoas lembram o Plano Cruzado, mas não Plano Bresser, Plano Verão. Lembram o Plano Collor, mas não que o governo Collor apresentou quatro planos em dois anos e meio. Não foi só por incompetência que tantos governos fracassaram. O problema era difícil mesmo, e não só porque era um monstro que nos fazia passar cheques na casa do milhão recorrentemente. A economia era indexada.
Desde os anos 1960, o Brasil foi se habituando a indexar contratos. Salário, aluguel, contratos diversos já tinham reajuste mensal previsto por um índice predeterminado. O resultado é que, além das forças da própria economia, que elevavam os preços, inúmeros valores já aumentavam automaticamente. Acabar com a inflação exigia resolver os problemas na base da economia, tirar dos contratos o gatilho de aumento que já estavam na cultura brasileira e, ao mesmo tempo, acostumar a população psicologicamente a pensar numa economia sem inflação. Sem os preços mudarem todo dia.
A beleza do Plano Real é a simplicidade da ideia. Ainda assim, uma ideia tão original, tão fora da caixa, que, mesmo simples, não tem nada de trivial. Era fazer com que os dois valores convivessem durante meses. O preço em cruzeiro real mudaria todo dia. O preço em URVs ficaria igual todo dia. No valor do imóvel, no valor do frango, no da dúzia de rosas na feira. Em toda parte. Para funcionar, aquilo precisava ser explicado. Reiterado. Martelado na cabeça de todo mundo. Para que, um dia, a plaquinha em cruzeiro real desaparecesse e, no lugar da URV, surgisse, elegante, um R$.
A imprensa explicou. Ativamente, durante meses, todos os dias. Foi um trabalho insistente. O Globo Repórter chegou a dedicar uma edição inteira ao tema, em que jornalistas colhiam perguntas nas ruas para ser respondidas pela equipe econômica, gente como o então presidente do Banco Central, Pedro Malan. Os telejornais iam para supermercados, feiras. Mostravam as plaquinhas com os preços. Repetiam mais uma vez o que aquilo queria dizer. Todos os veículos trabalharam intensamente nesse serviço de informação.
O plano só teria uma chance de dar certo se o brasileiro compreendesse o que acontecia. Se ele entendesse que, no momento em que a plaquinha com o preço na moeda antiga saísse dali, a hiperinflação acabaria. Não porque os preços estivessem congelados. Mas porque a economia teria entrado em ordem. Se o brasileiro não acreditasse, seguiria aumentando os preços, os valores de contratos mensais, tudo.
Não era todo mundo que acreditava no Plano Real. Muito partido de esquerda bateu — e bateu duro. Mas, naquele Brasil, era possível ainda mobilizar grande parte da sociedade em torno de um projeto comum, e não havia uma máquina digital de desinformação instalada. A polarização afetiva, como a chamam Felipe Nunes e Thomas Traumann no livro “Biografia do abismo”, não era a realidade política.
Democracias só resolvem problemas grandes se sociedades são capazes, de tempos em tempos, de se unir num projeto comum. Esse tipo de união dá gás, gera otimismo e, por isso mesmo, fortalece o projeto. Um sistema de comunicação que tenha anticorpos com força suficiente para eliminar desinformação é também fundamental. E fazer isso num ambiente onde vozes dissonantes sigam tendo espaço é justamente a arte de uma democracia vibrante e saudável.
O Plano Real fundou o Brasil contemporâneo. Ele foi, depois do tropeço de Fernando Collor, a prova de que o país democrático tinha tudo para dar certo. Em grande parte, deu. Vivemos num país muito melhor para mais brasileiros do que aquele de antes.
BRIGA DE FOICE, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
A reta final da tramitação dos projetos de lei para regulamentar a reforma tributária avança por um caminho bastante previsível. A alíquota padrão do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dificilmente será mantida em 26,5%, como o governo havia estimado ao enviar as propostas ao Legislativo. Os pareceres ainda não estão fechados e, até lá, os principais setores da economia farão de tudo para tentar garantir alíquotas mais baixas para si mesmos.
Trata-se de um movimento legítimo, mas que tem como consequência a elevação da alíquota padrão dos demais setores. De forma geral, essa tem sido a resposta do Ministério da Fazenda ao analisar os pleitos, principalmente em se tratando de temas sensíveis como a cesta básica, cuja lista de itens totalmente desonerados é bastante restrita.
Essa escolha não é nenhuma maldade. Nos últimos anos, a título de beneficiar os mais vulneráveis, a cesta básica foi ampliada até chegar a 745 alimentos, de acordo com um relatório elaborado pelo Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e divulgado pelo antigo Ministério da Economia em 2021.
Com uma lista tão ampla, o governo deixou de arrecadar R$ 34,7 bilhões no ano passado, valor que equivalia a um quinto do orçamento do Bolsa Família, de R$ 175,7 bilhões. A diferença é que a desoneração da cesta básica não beneficia apenas os mais pobres, mas alcança, sobretudo, famílias de renda mais elevada, que consomem mais produtos e em maior quantidade.
O tema já havia sido debatido pelo Congresso na votação da emenda constitucional que aprovou a reforma tributária sobre bens e serviços. A ideia inicial do governo era reonerar todos os itens da cesta básica e devolver os impostos apenas aos mais pobres, na forma de cashback.
A proposta, no entanto, não avançou, e o governo optou por criar duas listas – uma, de 18 itens, com impostos zerados e outra, um pouco maior, com desconto de 60% sobre o IVA cheio. Carnes e outras proteínas de origem animal fazem parte dessa segunda, o que já bastou para criar uma celeuma com o agronegócio e representantes de supermercados.
Ainda assim, o governo mantinha um discurso único, ainda que o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, não escondesse sua preferência pelo cashback – visão que é compartilhada pelo Banco Mundial. Para Appy, a desoneração generalizada tem caráter regressivo, tende a se perder ao longo da cadeia e pode ser capturada por agentes econômicos para ampliar sua margem de lucro.
O discurso unificado, no entanto, sofreu um grande revés na semana passada, quando o presidente Lula da Silva defendeu a inclusão do frango entre os itens da cesta básica que serão isentos da cobrança de impostos. “Não vamos taxar frango, é o que o povo come todo dia”, afirmou, em entrevista ao UOL.
Era tudo que os setores econômicos queriam ouvir. Agora que o presidente abriu a porteira das exceções, parlamentares querem acrescentar não apenas o frango, mas todos os tipos de pescado e carne bovina na lista desonerada, inclusive os tipos mais nobres. Como mostrou o Estadão, se a investida der certo, a alíquota padrão do futuro IVA subirá para 27,1%, segundo uma ferramenta elaborada pelo Banco Mundial.
Fingindo não compreender o princípio da neutralidade da reforma, os deputados querem distribuir essas bondades sem elevar a alíquota padrão. Como não há formas de operar esse milagre, alguns já defendem sobretaxar jogos de azar eletrônicos e os carros elétricos com o Imposto Seletivo. O imposto do pecado, ao menos em tese, visa a desestimular o consumo de produtos que fazem mal à saúde e ao meio ambiente, mas cada vez mais parece assumir um caráter arrecadatório.
O que Lula da Silva e os parlamentares se recusam a entender é que cada item que garante um tratamento especial na reforma sobrecarrega os demais. Esses movimentos não apenas podem comprometer a espinha dorsal da proposta, como remetem a práticas que conduziram o atual sistema tributário ao colapso. Foi de exceção em exceção que chegamos a um dos modelos mais confusos, regressivos e injustos do mundo.
UM VÍCIO POR OUTRO, por Diogo Schelp, no jornal O Estado de S. Paulo
O Congresso trilha um caminho ambíguo em relação a dois temas com impacto sobre a saúde pública, as relações familiares e a criminalidade. Avança no Senado, depois de aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que legaliza cassinos, bingos, bicho, apostas online e outros jogos de azar. E chegou do Senado para discussão na Câmara a PEC que criminaliza a posse de qualquer quantidade de drogas. Os usuários, a critério do juiz, receberão penas alternativas.
A PEC das Drogas é uma resposta ao STF, que decidiu que portar até 40 gramas de maconha não é crime. O argumento dos parlamentares favoráveis à criminalização é o de proteger as famílias brasileiras dos impactos nocivos que o vício em drogas provoca.
Já o PL da Jogatina é fruto do lobby no Congresso e do desespero do governo Lula por mais uma fonte de receita. Jogos de azar também causam dependência e destroem famílias. O vício em jogo leva ao endividamento, à depressão e ao alcoolismo. Porém, muitos dos parlamentares que apoiam a criminalização dos maconheiros são os mesmos que querem liberar a jogatina, esquecendo-se, momentaneamente, da “defesa da família”.
Sobra oportunismo dos representantes do povo na aplicação de uma moral seletiva – e falta coragem para enfrentar problemas reais de frente, com a busca de soluções cientificamente embasadas. O julgamento do STF que descriminalizou o consumo de maconha é um puxadinho malfeito de uma lei de 2006. Alivia pelo lado da demanda, mas não resolve a questão da oferta: os usuários conseguem maconha de algum lugar, na maioria das vezes do crime organizado. A PEC das Drogas tampouco ataca esse problema. Se os parlamentares consideram que é melhor ter os jogos de azar sob a regulação do Estado do que sem controle na mão da contravenção, por que a mesma lógica não se aplica à cannabis?
Estudos sobre a legalização da maconha em Estados americanos ao longo dos últimos 12 anos mostram que a medida não teve efeitos significativos, nem para melhor, nem para pior, nos índices de dependência de drogas, criminalidade ou acidentes de trânsito. Por outro lado, as autorizações para apostas esportivas online nos Estados Unidos aumentaram a procura por serviços de apoio a jogadores patológicos em 43%. Em ambos os casos, maconha e jogos, o único “benefício” concreto foi o aumento da arrecadação de impostos. Ao fim e ao cabo, é isso que vem definindo a política pública.
Bom dia.
Sobre a votação da terça passada, realmente ficou confuso destinguir quem votou a favor ou contra o PL 100 pq ocorreram TRÊS votações.
Tenho quase certeza que na primeira o vereador Dionísio votou contra.
Vc está certa. Mas, quando foi o PL global, votou a favor
RESULTADO DO PISA EXPÕE MAIS UMA VEZ GESTÃO DEFICIENTE NA EDUCAÇÃO, editorial do jornal O Globo
O Brasil continua a colher maus resultados em testes internacionais que avaliam a educação. Na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o resultado dos alunos brasileiros na faixa dos 15 anos de idade ficou entre os 15 piores de 64 países num campo crítico para a economia moderna: a criatividade. Com 23 pontos, 10 abaixo da média da OCDE, o Brasil está no mesmo patamar de Peru, Panamá e El Salvador.
Apenas um em cada dez estudantes brasileiros foi capaz de pensar em ideias originais ou abstratas para resolver problemas do dia a dia, diz Gisele Alves, gerente executiva do Edulab21, laboratório de ciências para a educação do Instituto Ayrton Senna. A criatividade está associada ao desempenho nas demais competências. De acordo com o relatório do exame, 30% da capacidade criativa tem relação com o rendimento acadêmico em matemática, disciplina em que 73% dos estudantes brasileiros estão no nível 2 em uma escala de 1 a 6. Outros 10% estão vinculados ao nível socioeconômico. Um terceiro fato considerado inibidor da criatividade é o uso exagerado de dispositivos eletrônicos — ainda que possam ser instrumentos de ensino eficazes quando usados em sala de aula.
O resultado do Pisa é mais um indicativo de que algo vai mal no sistema educacional brasileiro e deveria aprofundar a reflexão sobre a qualidade do ensino básico. A educação tem sido tratada como prioridade nas políticas públicas e recebido recursos orçamentários crescentes. Ainda assim, cada nova avaliação tem demonstrado que nada disso tem sido suficiente para melhorar o nível dos alunos.
Apenas na semana passada, depois de longo atraso, o governo apresentou as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) para os próximos dez anos, sem ter cumprido integralmente nenhuma das 20 metas da versão anterior, de 2014. O novo ensino médio, aprovado em 2017, ainda nem começou a ser implementado. A depender da agilidade do Congresso, as mudanças só começarão a entrar em vigor no ano que vem.
O resultado do Pisa expõe mais uma vez a dificuldade brasileira de implementar políticas eficazes na educação e de executá-las com competência. O país vive um paradoxo. Isoladamente, diversas escolas, públicas e privadas, apresentam rendimento compatível com a OCDE. Mas tem sido um desafio reproduzir esse modelo por toda a rede de ensino. Constata-se que falta gestão e mão de obra competente. Dentro e fora das salas de aula.
Mestres Vocacionados merecem REVERÊNCIAS, descompactação salarial e plano de Carreira.
Os demais deveriam fazer teste vocacional e mudar de profissão.
Os respectivos secretários e ministro TAMBÉM.
E o Bedelhildo. . .
Sem eira nem beira e sem PL 100!