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O PT DE GASPAR MOSTRA A RAZÃO PELA QUAL O PARTIDO NÃO TEM CHANCE ALGUMA EM SANTA CATARINA

Ainda está para ser explicado, a razão pela qual o ex-advogado sindicalista, ex-prefeito de Blumenau e ex-deputado Federal, o itajaiense Décio Nery de Lima, PT, está no segundo turno ao governo de Santa Catarina. É tão inédito que atordoa os padrões conservadores catarinenses. Desconfia de armações – não às fakes das urnas e preferidas dos bolsonaristas -, mas dos próprios conservadores: arrumaram um boi-de-piranha para a vitória sem sustos no segundo turno de Jorginho Mello, PL. 

E seria assim – o tal boi-de-piranha -, penso, com Carlos Moisés da Silva, Republicanos; Gean Loureiro, União Brasil, e até o também para o desgastado, Esperidião Amim Helou Filho, PP, o maior perdedor destas eleições catarinenses. Nem a mulher Ângela, nem o filho João, lograram êxito. Envelheceram não exatamente no físico – algo que nos acompanha sem retorno -, mas no discurso, na organização partidária. Estabelecerem-se de mentira na nova contextualização política catarinense e brasileira. O que verbalizam com eloquência não combina com o que praticam e votam no Senado, Câmara e Assembleia em favor da sociedade e dos seus eleitores que dizem representar. E este é o mote do artigo de hoje, mas na nossa aldeia.

Volto à história. O próprio Décio foi fruto dessa mudança daqueles que se negavam à atualização. Ele surpreendeu Blumenau ao derrotar Wilson Rogério Wan Dall, naquilo que seria hoje o PP, numa eleição ganha com folga até 15 dias antes do pleito, num tempo em que não se tinham aplicativos de mensagens. A rede social se limitava ao Orkut para pouquíssimos privilegiados à lentíssima internet reservada a alguns poucos pontos. Naquele tempo, valia a mídia tradicional. Valia o que se decidia no Tabajara, na Acib, nos Clubes de Serviços, nas Lojas Maçônicas de lá.

O movimento sindical – onde Décio estava no de metalurgia – e o forte sindicato dos trabalhadores têxteis – em assembleias armadas e carros de som, com ajuda logística do sindicalismo do ABC paulista – fizeram o papel de virar uma eleição em questão de horas. Espetacular. Fui testemunha e avisei os donos da campanha de Wilson Wan Dall – e ele é testemunha incrédula – de que estava em curso um fenômeno que não tinha mais controle. Mandaram-me catar coquinhos. Virou a cidade. Virou a economia. Passaram-me a respeitar desde então naquilo que tinham apenas como propriedade de castas. E os empregados têxteis – os que viraram aquela eleição – tiveram também que sair do armário, desempregar, empreender, sofrer e até vencer. Ao final, tornaram Blumenau mais dinâmica, diversificada, forte sem a dependência dos nomes tradicionais, que a bem da história, chegaram aqui pobres e empreenderam. Wilson, com ajuda do algoz PT é Conselheiro do Tribunal de Contas até hoje.

Na mesma onda amarela – sim, porque esconderam o vermelho e de propósito -, o empregado aposentado da Petrobrás, Pedro Celso Zuchi, aproveitou-se da brigaçada entre partidos e os vestidos de poder por aqui – como se está hoje -, e em 2000 levou a prefeitura da sua cidade de Gaspar pela primeira vez. Criou corpo, mas PP e MDB unidos em algo quase impensável até então pela suposta inimizade ideológica, derrotaram-no em 2004 com o Adilson Luiz Schmitt. De lá para cá, o PT armou dois mandatos seguidos com Zuchi em 2008 e 2012. Não deu mais chances. Vinganças, confusões, perseguições e desgastes. E eu sou um desses produtos naquilo que odeiam da transparência e onde só eles são honestos.

O resultado de tudo isso, o próprio Zuchi sentiu na pele no domingo passado. Acho que o “reinado” dele e do PT por aqui até que durou muito. Mais de 20 anos. A geração Kleber Edson Wan Dall, MDB, com múltiplos partidos, incluindo o forte PP, por exemplo, em seis anos de poder efetivo está esfacelada. A de Adilson, durou menos de três.

Zuchi e o PT se contaminaram pelo poder, que lhes parece eterno enquanto curtem e se fascinam em falsas glórias. É a história da humanidade. Civilizações e gerações a repetem num circuito de vícios que as fazem surgir, fortalecer, dominar, enfraquecer, desaparecer e se tornar história. A foto deste artigo, feita muito recentemente, é simbólica disso tudo. Diz representar Gaspar na faixa. Mas, na foto está a família, basicamente.

Não vou escrever do berço do petismo no Vale do Itajaí catarinense. Também não vou escrever como Décio se elegeu para o segundo turno, estranha e basicamente com os votos dos pequenos municípios agrícolas e agroindustriais do Oeste do Estado. Afinal, a vizinha Blumenau padece do mesmo mal e por culpa do seu próprio criador, Décio. Vou me ater a nossa Gaspar. E com apenas quatro números para reflexões. Há tantos outros e não é de hoje. Eles se sobrepõem a qualquer contaminação, ranço ou equívoco meu. Vou comparar aos números de uma mesma eleição a de domingo

Caminho para concluir. Para começar em 2018, Zuchi obteve 9.722 sufrágios dos gasparenses para ser deputado e obteve uma suplência. Neste ano, apenas 5.638. “Ah, mas estamos num reduto conservador, Herculano”. “Pode ser”, respondo. “O mesmo reduto conservador que deu três mandatos a Zuchi, certo? O mesmo reduto conservador que neste ano deu 6.558 votos (mais de mil) a Décio para o governo do estado; o mesmo reduto conservador que deu 9.515 votos (quase três mil votos a mais) a Luiz Inácio Lula da Silva”. Tudo isso no mesmo dia.

O que estes números sugerem? Cansaço da cidade com Zuchi. Ele não conseguiu empolgar desta vez. Não passou confiança quando disse e construiu a ponte do Vale, mas que agora, prefere que a Rodovia entre Gaspar e Brusque seja uma picada para não incomodar os seus na duplicação necessária para a mesma mobilidade que enxergou na segunda ponte sobre o Rio Itajaí. 

A militância envelheceu, não está na foto, na caminhada, na passeata, do comício de encerramento de campanha do Bar do Mitinho. Acomodou-se e ele, como líder não se preocupou em estimulá-la e principalmente renová-la, como outro legado dele para a política, a cidade e principalmente os seus, além da prefeitura. Caiu na vala comum da humanidade.

Um líder não egoísta já teria colocado um outro potencial líder no lugar dele para se testar nas urnas num projeto de longo prazo. Mas, não. Repetiu as mesmas fórmulas que deixam no passado os dias de glórias de outros que jazem na nossa memória, como escreveu um saudoso poeta. Abriu o caminho para os adversários que estão ainda desorganizados, ou para um novo Décio, um novo Zuchi… Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

A NSC de Blumenau, diz e propaga, inclusive e principalmente para fins comerciais e de imagem, que é uma mídia regional do Vale do Itajaí. Nada a reparar. Mas, no Jornal do Almoço de ontem, colocaram dois jornalistas do Santa a analisar os resultados passados e presentes de representantes no Legislativo estadual e federal de Blumenau. Como assim?

E até citaram a campanha da Acib por representação local. A campanha da Acib era para a representação do Vale Europeu. Afinal, a quem interessa ter apenas Blumenau representação política, se todos os problemas são regionais como senso metropolitano? Impressionante! O jornalismo da NSC se pareceu ao discurso de político gasparense na campanha eleitoral. Deu no que deu: três derrotas impactantes para a cidade. A análise foi desastre para os objetivos comerciais e de imagem regional da emissora.

Antes que qualquer pesquisa séria apareça. Está claro que Jorginho Mello, PL, já mandou talhar o terno da posse. E Jair Messias Bolsonaro, PL, depois do susto, está com a faca (opa) e o queijo na mão. Luiz Inácio Lula da Silva, PT, terá cada vez mais apoio de “famosos”, entretanto, eles não transferem votos. E o passado de Lula – que se nega por malabarismos processuais e imperdoável complacência que enfraquece a Justiça brasileira – o condena.

Ontem, por exemplo, o anúncio do PDT acompanhado da exigência de se voltar atrás na Reforma Trabalhista – e que precisa avançar ainda mais, aliás -, não é apenas um tiro no pé de Lula e do petismo – que flertam com este tipo de ideia do atraso – mas, neste momento de ajustes para o segundo turno, onde se está no fio da navalha (opa, outra vez), e sim um tiro frontal na própria cabeça. Os conservadores agradecem.

Passado de glória. João Alberto Pizzollatti Neto testou o recall do recordista de votos, o funcionário público estadual e ex-deputado federal, ex-presidente estadual do PP João Alberto Pizzolatti Filho. Ele seria, há pouco tempo atrás um sucessor natural desse espólio de votos. A experiência nos números foi mais do que uma simples decepção, mas, uma advertência. Foi sucessor da má imagem.

O vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, que trocou o PSD pelo Patriota, ainda não desceu do palanque. Continua mentindo nas entrevistas – mais uma vez sem as perguntas necessárias – e nas explicações que dá para a sua derrota.

É simples: faltou-lhe votos não só para ele, mas para o partido nanico que escolheu na calada da noite e demorou dias para dizer isso à cidade e aos seus eleitores e eleitoras. Jogou e perdeu. Perderam Marcelo e os “çábios” e os riquinhos de múltiplos interesses – inclusive de poder – que o lançaram. Isto é fato.

Há mais de um mês expliquei como se dava esta complicada conta de chegada aos meus leitores e leitoras. Não era discursos. Eram números, todos acessíveis a Marcelo e os seus “çábios”. Estou de alma lava mais uma vez. Não na derrota de Marcelo, mas por ter esclarecido à cidade sobre a jogada e à dificuldade para ele ser eleito. Acorda, Gaspar!

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5 comentários em “O PT DE GASPAR MOSTRA A RAZÃO PELA QUAL O PARTIDO NÃO TEM CHANCE ALGUMA EM SANTA CATARINA”

  1. Com todo respeito, mas votar no Jorginho Mello e no Bolsonaro, eu não tenho estômago.

    A crise econômica só atinge da classe média pra baixo, basta olhar os números da concentração de renda.
    Quem era rico ficou milionário e quem era milionário, hoje desponta no ranking dos dez mais.

    Já a classe média ficou empobrecida;
    O pobre ficou palpérrimo e a Venezuela se espalhou por praças, viadutos e marquises das pequenas, médias e grandes cidades do Brasil.
    Só não ENXERGA quem anda de carro blindado pelas ruas do país.

  2. A prova do desconforto petista diante de nova realidade. Escondia o jogo. Agora, precisa fazer a jogada as claras. Isto não combina com o petismo.

    EMPRESÁRIOS PEDEM A LULA A DEFINIÇÃO DE MINISTRO E REFORMAS PARA MANTER APOIO, por Júlio Wiziack, no jornal Folha de S. Paulo, da sucursal de Brasília.

    O resultado acirrado da disputa presidencial e a liderança de Tarcísio de Freitas (Republicanos) na corrida pelo governo de São Paulo mudaram o clima eleitoral em boa parte do empresariado nacional, que agora pressiona o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por um plano bem definido para a economia em troca da manutenção de apoio no segundo turno.

    A mudança se deve a uma surpresa com os resultados das eleições, diante da demonstração de força de Jair Bolsonaro (PL) como cabo eleitoral, elegendo grande parte de seus candidatos ao Congresso e a governos estaduais.

    Freitas, ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, conquistou 42% dos votos válidos em São Paulo contra 35% de Fernando Haddad (PT), que liderava com ampla margem nas pesquisas de opinião.

    Um banqueiro disse, sob condição de anonimato, que, diante desse novo cenário, Lula passou a ficar a um telefonema de distância da vitória se ligasse para Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central que deu apoio ao petista recentemente.

    Meirelles é um nome bem visto entre o setor privado. Como ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB), sua gestão foi responsável pela aprovação do teto de gastos e da reforma trabalhista.

    Para essa pessoa, o empresariado —tanto do setor produtivo, quanto do mercado financeiro— quer estar do lado vitorioso e exige condições para demonstrar apoio público a partir de agora.

    Uma das reivindicações já chegou diretamente a Lula, segundo assessores e amigos do ex-presidente. Para eles, a simples indicação do ministro da Fazenda já atenderia a parte das expectativas.

    Caso contrário, querem um compromisso claro de Lula em relação ao controle de gastos e obediência a uma forte âncora fiscal –atualmente, está em vigor o teto de gastos (medida que corrige os gastos de um ano pela inflação do ano anterior).

    Além disso, pregam a defesa das reformas, especialmente a administrativa e a tributária. Também não querem a revisão das novas regras trabalhistas, embora aceitem algumas propostas aventadas por Lula durante a campanha.

    Um empresário da indústria, que não quis se identificar, afirmou que estava apoiando Lula, mas que, com o crescimento de Bolsonaro, poderia ficar com o atual presidente.

    Ele considera que Bolsonaro tende a manter o ministro Paulo Guedes à frente da Economia —com um plano que, apesar de não ser liberal como prometido, deu conta de melhorar alguns parâmetros econômicos, particularmente emprego e ambiente de negócios. Segundo esse industrial, o cenário torna difícil demonstrar apoio a algum candidato publicamente.

    No varejo, outro grande nome afirmou que, apesar de Lula ser matematicamente favorito no segundo turno, o desempenho de Bolsonaro causou uma “pressão psicológica” juntamente à divergência entre os resultados da eleição e as pesquisas eleitorais.

    Em sua avaliação, há chances de que Bolsonaro possa virar o jogo, especialmente entre os mais pobres no Nordeste e em Minas Gerais. O uso de palanques nos estados também será relevante.

    Lula teria de virar votos no Sudeste —enfrentando Bolsonaro com palanque de Tarcísio de Freitas em São Paulo.

    Integrantes da campanha do presidente afirmam que o governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), prometeu ao presidente uma virada no estado. Historicamente, o resultado da eleição em Minas indica o placar final da votação para Presidente da República.

    No entanto, esses assessores acham difícil que essa reversão ocorra, especialmente no norte do estado, que prefere Lula. Essa situação se repete no Norte e no Nordeste, onde os votos de Lula estariam consolidados.

    Para vencer, Bolsonaro teria de virar mais de 60% dos votos atribuídos a Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) —algo considerado improvável, mas não impossível.

    Um importante empresário de Minas disse que houve um susto geral com o resultado das eleições, mas que continua valendo a máxima dos políticos mais experientes do estado segundo a qual “eleição e mineração, só depois da apuração”.

    Um banqueiro importante em São Paulo explica que essa imprevisibilidade trouxe cautela no segundo turno.

    O empresariado também se preocupa com um possível aumento de abstenções no segundo turno, especialmente no Norte e Nordeste —base de apoio de Lula.

    Para esse grupo, os eleitores dessas regiões foram às urnas motivados por candidatos regionais —deputados e senadores— que já foram eleitos. A pressão desses candidatos para que compareçam às urnas novamente inexistiria na segunda rodada.

    Esses empresários também ficam inseguros diante da divisão de partidos no apoio a Lula —como o MDB, de Simone Tebet, e o PDT, de Ciro Gomes.

    No caso dos pedetistas, embora o partido tenha apoiado integralmente Lula, Ciro nem pronunciou o nome do ex-presidente ao divulgar um vídeo de apoio.

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