É feriado na cidade? Não aqui neste espaço. No palanque do desfile já tem até gente lendo este blog, repassando-o, comentando, praguejando, mas dirá a todos que nunca leu o que escrevi, que ouviu dizer que aqui saiu alguma coisa que lhe disse… E assim vai.
Retomando.
Hoje é dia nos 90 anos de emancipação de Gaspar. Já tratei disso. Foquei em uma ingratidão histórica desses 90 anos, na sexta-feira, em A NONAGENÁRIA GASPAR NÃO DEU UM PIO A QUEM LHE DEU ESTA “INDEPENDÊNCIA” DE BLUMENAU. COISA DE ESTORIADORES Os demais veículos, fizeram edições especiais, repetidas há décadas, louvando o que se conhece, para arrecadar mais patrocínios. Estão no papel deles. comercialmente está difícil para todos nesse ramo. Eu não dependo do pires. E quanto mais estende o pires, mais os políticos gostam. Sabem o que isso representa.
Se a mídia tradicional se repete, não cria expectativa, também não se diferencia pela novidade. E aí perde audiência pela curiosidade e a intensa competição das redes sociais que vivem da “novidade”. Já as ferramentas digitais facilitam tudo no acesso e interação delas ao novo.
Retomando pela segunda vez.
Qual a primeira novidade deste final de semana? O ex-presidente do PL de Gaspar, o ex-candidato do PL de Gaspar derrotado nas eleições de 2020, e candidato a prefeito de Gaspar do PL neste ano e que se achava pré-candidato cativo pelo partido, o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, começou a reativar em volume, as suas mídias sociais. Normal. Necessário. E qual o primeiro sucesso que lançou sob a batuta de um novo marqueteiro que contratou? De que ele, Rodrigo, não sumiu do embate político-administrativo de Gaspar desde a derrota em 2020 para Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PP.
É pracabá. Um engenheiro contrariando a Lei de Newton? Só se for um engenheiro político ou mal assessorado. Ainda mais quando ele é professor desta matéria: a física.
Perguntar não ofende: Rodrigo está assumindo que está mesmo com a pré-candidatura a prefeito pelo PL neste ano ameaçada? Rodrigo, ao menos nesta, piscou.
É que botaram a água no chope de Rodrigo. E ele ficou quente nas próprias mãos de Rodrigo É que o delegado Paulo Norberto Koerich, ex- membro do primeiro escalão do ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, eleito pelo PSL no que é hoje o PL, está com ficha assinada, no escurinho no PL. Tudo aconteceu lá em Florianópolis e sob o apadrinhamento do governador Jorginho Melo. O governador já morou em Gaspar e via os seus filhos possui uma relação direta com o atual presidente do PL de Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho, cujo pai, já falecido, foi um dos ícones do MDB e prefeito de Gaspar.
Retomando pela terceira vez.
Paulo Norberto Koerich virou um candidato biônico lançado por um grupo de empresários – a maioria oriunda do PP onde está o vice-prefeito Marcelo. Este grupo já fez Kleber prefeito uma vez com Luiz Carlos Spengler Filho, PP, de vice, e outra vez, com Marcelo tirando-lhe de uma disputa solo. E por isso, prometeu-lhe dar apoio agora para ser candidato a prefeito no lugar de Kleber, mas como se vê, retirou esse apoio, porque não confia mais nele bem como acha difícil ele vencer. Este mesmo grupo até já foi parceiro do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT.
Retomando pela quarta vez.
“PARA AQUELES QUE AFIRMARAM QUE SÓ APAREÇO EM ANO DE CAMPANHA”
Rodrigo está lavando a minha alma, pois escrevo sobre este incompreensível sumiço e alienação sobre os problemas da cidade e às dúvidas da administração de Kleber e Marcelo há três anos. Mais. Culpo este sumiço e alienação, como parte por tantos erros do governo de Kleber e Marcelo. É só revisitar o blog. Não foram nem um ou dois artigos e citações neste sentido. Rodrigo tinha um mandado (não é mandato, pois este é do eleito) de 22,21% dos votos válidos para se não quisesse confrontar o que mal estava aí contra a cidade, ao menos mostrar que ele, se tivesse sido eleito, e se fosse candidato agora, faria diferente.
Ficou quieto. Uma conivência inexplicável e por extensão, consentida. Vergonhosa, diria. E ela começou a cobrar o preço político de Rodrigo. Estava escrito e na cara. Elementar. Tanto que dentro do próprio partido foi surpreendido por um tufão chamado deputado estadual, e seu amigo desde os tempos do PV, Ivan Naatz, de Blumenau. Rodrigo foi até apeando da presidência do PL. Tudo para permitir conciliações.
E com todos estes sintomas de que ele não era mais o principal ingrediente da receita, somado ao passado de ter sido do governo petista de Zuchi, Rodrigo, ao invés de aproveitar a oportunidade para se redimir e lançar um pacto de redenção contra este comportamento de que vou me dar bem no de quanto pior Kleber e Marcelo forem, preferiu escolher uma casca de banana que lhe colocaram no outro lado da rua para escorregar. E feio. Rodrigo está arrumando culpados pelo tombo. E o principal deles? Eu! Credo!
Rodrigo saiu do falso conforto e resolveu se expor. Sentiu a temperatura. Fez de forma amadora e equivocada. E não foi boa a repercussão.
A primeira peça de pré-campanha foi uma justificativa. Qualquer manual marqueteiro diz ser isso uma imprudência. Mas, devo estar ultrapassado nesta arte onde a dominei como poucos. Assista. Volto a seguir.
O título da peça, é o subtítulo acima, é de matar qualquer especialista da área do coração.
A peça é um engana que eu gosto. Ela reúne fotos, em aceleração, dando a falsa impressão de que houve muitas coisas podem ter sido realizadas pelo Rodrigo. Pode. Porque ninguém consegue identificar coisa alguma. Ou seja, até na propaganda usa um truque. Perguntei ao presidente do PL de Gaspar de quem tinha sido esta “ideia”. E ele desconversou secamente: “boa pergunta“. A resposta mostra o tamanho do buraco no PL de Gaspar: ou que já se sabe que foi um tiro no próprio pé, ou que o diretório de Gaspar não está no comando desse processo. Simples assim.
Os que tiveram coragem de comentar nas redes sociais, Rodrigo retrucou de que estavam influenciados por esta “coluna” (errado, aqui é blog, a minha coluna no Cruzeiro do Vale encerrei por comum acordo há muitos anos, antes do evento Rodrigo, o que prova que nem atualizado ele está com a cidade). Até mesmo para quem tinha se declarado eleitor ou eleitora dele no passado, mas já não tem a mesma pegada no presente foi descortês na resposta.
Rodrigo está se explicando no vídeo e aos munícipes que já o tinha como esperança e mudança. Entenderam?
SER DIFERENTE AO QUE ESTÁ AÍ PRECISO SER PERCEBIDO COMO DIFERENTE
Retomando pela quinta vez.
Como assim, estas pessoas que o questionaram estão influenciadas pelo que escrevo aqui? Não entendi. Se este blog ninguém lê, como o Rodrigo – e outros do seu entorno – mesmo fala por aí.
Ora, se o próprio Rodrigo não me lê, como me escreveu afirmando isso, então, é contraditório, ao mesmo tempo, admitir, publicamente, que eu estou “influenciando” o ex-eleitores e ex-simpatizantes dele, os quais quiseram mudanças, mas perceberam agora, que Rodrigo não consegue ser mais o porta-voz dessa expressiva parcela do eleitorado.
Rodrigo como a lenda da avestruz, enterrou a cabeça no buraco para se livrar de ver e combater os problemas reais da cidade. E pelo jeito, de olhar como a falta de comunicação e interação dele com a cidade nestes anos de sumiço estão cobrando um preço que ele avaliou, e vem avaliando, de forma equivocada.
Rodrigo não entendeu que essa gente, sua eleitora no passado, repito – ao cobrar esta inexplicável ausência dele nestes anos todos em que a cidade entrou administrativamente em parafuso está lhe dizendo que perdeu a confiança, ou quer uma nova promessa para não se enganar na escolha deste ano que parece ser crucial para a cidade, cidadãos e cidadãs.
Impressionante esses políticos. Rodrigo, poderia estar nadando de braçadas. Agora, está se segurando em boias. Não vale dizer que é diferente ao que está aí. É preciso de atitude para ser percebido. E elas faltaram porque o próprio Rodrigo renegou à esta iniciativa. E agora, Rodrigo quer transformar tudo em poucos dias. E por que? Viu a sua indicação como candidato pelo PL está na berlinda. E que ele perdeu o controle total sobre isto como queria e achava que tinha. Novamente, simples assim! Se tivesse ocupado o lugar desde 2021…
UM CANDIDATO SEM PLANOS
É claro que ninguém queria ver Rodrigo atirando pedras em Kleber e Marcelo. Mas, que ao menos viesse a público dizer que Kleber e Marcelo estavam errados e que se ele, Rodrigo, fosse o prefeito eleito, faria diferente, como e o porquê disso. Teria com isso, construído um discurso, até porque Kleber e Marcelo não precisariam realizar as suas sugestões.
Agora é tarde. Nem dizer o que fará, é capaz de antecipar para causar impacto e se diferenciar. Onde está sem plano de governo. Tem concorrente, que nunca governou Gaspar, fazendo isso desde o ano passado. Ou seja, Rodrigo está igualando aos demais (Zuchi, Kleber, Marcelo, Ciro…) no passado e no presente e sinalizando um futuro igual ao que não se quer.
Rodrigo é engenheiro. Já trabalhou na prefeitura na área de Planejamento com Zuchi. Gaspar está sem um plano diretor há oito anos. Uma balbúrdia. Uma banca de negócios. Uma área nebulosa, cheia de problemas e áudios com conversas cabulosas vazadas. Rodrigo está quieto.
Rodrigo é engenheiro, foi do PV, partido Verde, que diz lutar pelo meio ambiente. Gaspar não recolhe e não trata nada de esgotos. É uma cidade doente. Há quatro anos Rodrigo está quieto. Não se sabe nada sobre o que pensa sobre este assunto e o que fará se eleito. E assim vai.
Rodrigo é professor universitário, um acadêmico com múltiplas titulações importantes. Sobre a área de educação que deixa pobres sem creches e sem aulas em turno integral, nem um pio ontem e hoje. Nenhuma bandeira empunhada. Era isto, que deveria estar no vídeo deste final de semana: mudanças, comprometimentos. Mas, nada.
E o concorrente de Rodrigo dentro do PL, o doutor Paulo, como chamam por aí, o delegado? Possui padrinhos bem posicionados aqui e em Florianópolis. É um home de bastidores. Mas, vai ter que dar explicações na campanha. Afinal, a prefeitura de Kleber e Marcelo está de corpo fechado. O PT vai colocá-lo exposto. Já cravou esse embate. Na foto de abertura deste artigo, o delegado está no churrasco da Apae – que foi um sucesso, apesar do calor e feriadão -, neste domingo, um sucesso de público e conversas ao pé do ouvido. Este grupo é que impulsiona o delegado.
Ambos – Rodrigo e o delegado – foram “assadores” de churrascos. Não se tinha notícia disso deles antes nesta festa. O delegado até lida com espetos na festa da Comunidade São Cristóvão. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Urgente I. Mais uma pessoa residente em Gaspar morreu de Covid-19. Agora são 223 óbitos na cidade. Não ocorria morte por Covid-19 dede o dia 29 de outubro do ano passado, o antepenúltimo desta longa lista foi no dia nove de janeiro de 2023. O deste mês foi uma mulher de 81 anos. Ela morreu no dia nove de março. Na prefeitura, um silêncio só. Era um ritual durante a epidemia. Agora, só se fala em dengue. Mas, oficialmente ninguém morreu por aqui. Cortina de fumaça.
Urgente II. Circulou nas redes sociais uma morte por dengue em Gaspar. O que diz a secretaria de Saúde de Santa Catarina, baseando-se nos exames que passaram por seus laboratórios (Dive) com as informações municipais? Agora são 19 mortes confirmadas por dengue nos municípios de Araquari (01), Indaial (01), Itajaí (03), Itapiranga (01) Joinville (11), Navegantes (01) e São Francisco do Sul (01). Ainda, (08) oito permanecem em investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde (Joinville, Itapoá, Palmitos, Pedras Grandes, São José, Tijucas, Tubarão e Xaxim) com apoio da Secretaria de Estado da Saúde.
Decisão do PT de Gaspar: mais cuidado naquilo que vai surfar na campanha. Acham os próximos a Pedro Celso Zuchi de que ele não tem necessidade provar nada, pois já foi três vezes prefeito e quase todos os eleitores em Gaspar sabem como ele governa e as pesquisas mostram, que a gestão do seu sucessor se não foi pior, não avançou e frustrou as expectativas dos gasparenses. Reconheceram que exageraram sobre esta mania de Luiz Inácio Lula da Silva mandar montanhas de verbas para cá.
O artigo de quarta-feira passada NÃO TEM JEITO. O PT DE GASPAR É TÃO IGUAL AO PT DE BRASÍLIA. OS 70 MILHÕES QUE ZUCHI DISSE QUE LULA MANDOU PARA CÁ EM 2023, UM PRESIDENTE “ZÉ DAS COUVES” ESTARIA OBRIGADO A MANDAR TAMBÉM. OU ESTARIA CASSADO foi entendido de que não se pode criar embaraços gratuitos naquilo que aparentemente está caminhando para um bom final em outubro deste ano.
O grupo que criou o candidato Paulo Norberto Koerich fora do PL oficial de Gaspar vai se reunir hoje. Vai tentar conduzir uma solução única dentro do partido. O problema é que esta solução está com a espada de Dâmocles. E ela está sob a cabeça de Bernardo Leonardo Spengler Filho, mas quem vai ameaçar dividir a criança ao meio, como Salomão, é o governador Jorginho Melo, que não abre mão de influenciar e decidir aqui.
Qual o impasse? Há uma inclinação dentro do PL de Gaspar para a candidatura do delegado Paulo Norberto Koerich. Mas, entre os dois do PL, Paulo não está à frente de Rodrigo Boing Althoff na pesquisa feita na semana passada. Rodrigo não quer ser vice de Paulo. Nem Paulo de Rodrigo. Mas, as mesmas simulações desta pesquisa, apontam que os dois juntos é um fato que pode marcar coesões, atrair outros partidos do espectro de centro e conservador e deslanchar. Falta um líder para unir o que resiste ficar junto.
O delegado Paulo Norberto Koerich, diz a quem quiser ouvi-lo, que até aceita ser candidato, mas acha que todos devem se unir para no máximo haver três candidaturas competitivas em Gaspar: Pedro Celso Zuchi, PT, um que represente a sucessão de Kleber Edson Wan Dall, MDB, com Marcelo de Souza Brick, PP, ou até Ciro André Quintino, e ele Paulo Norberto. O União Brasil já está dentro da coligação com o PL com qualquer candidato. O Novo diz que não, mas se sabe que este “não” é apenas de fachada.
O problema está com Oberdan Barni, Republicanos. Ele resiste a qualquer chapão da direita ou dos conservadores. A esperança de Paulo Norberto reside numa ação do ex-governador Carlos Moisés da Silva, de quem Paulo Norberto foi ao equivalente hoje, seu ex-secretário de segurança. Por enquanto, esta ideia não deu liga e ninguém conseguiu demover Oberdan da sua obstinação de ser candidato. Ele olha as pesquisas e a forma como os adversários tentam desconstituí-lo como candidato viável no ambiente conservador. Acorda, Gaspar!
5 comentários em “O PL DE GASPAR TROPEÇA NAS PRÓPRIAS PERNAS. DA IMPOSIÇÃO DE NOMES, PESQUISAS EXCLUINDO PRÉ-CANDIDATOS E ATÉ GENTE QUE PERDEU LUGAR CATIVO SE EXPLICANDO À RAZÃO DO SUMIÇO”
DISPUTA INGLÓRIA, por Merval Pereira, em O Globo
O presidente Lula sente que a situação política não está favorável a seu governo, mas repete os erros, mesmo quando poderia evitá-los. Ao chamar Bolsonaro de “covardão” por não ter conseguido executar o autogolpe planejado, retira das instituições o mérito de terem impedido a ilegalidade, além de chamar mais uma vez para a briga seu adversário preferido no momento.
Seu próprio discurso é um dos problemas. Ele continua querendo fazer o contraponto ao bolsonarismo, atacando Bolsonaro pessoalmente, chamando a atenção para a disputa dos dois lados, em vez de apresentar-se como a melhor alternativa com atos. O presidente Lula exacerba o ambiente político, chama Bolsonaro para a briga, na certeza de que é boa para ele essa disputa. Mas isso cria um ambiente tenso no país, ele não procura se aproximar dos que apoiam Bolsonaro por falta de opção.
Lula não consegue se colocar como opção às pessoas que não gostam de Bolsonaro e rejeitam o PT. Ao ficar nessa disputa, restringe seu raio de ação, pode ganhar por pouco, como da outra vez, mas pode perder por pouco também, porque o país está dividido. E não consegue esvaziar o apoio a Bolsonaro — apoio que tem lógica, pois seus seguidores se sentem menosprezados, constrangidos pelo assédio dos petistas.
É um apoio do antipetismo, e mais de quem é de direita, de extrema direita, nesse tipo de confronto com a esquerda. E uma das coisas em que o PT erra é exatamente na exacerbação do oposto, colocando-se como única alternativa, sem abrir espaço para os que lhe fazem oposição, mas sem radicalismos.
Lula trouxe para a disputa política, e não é de hoje, a vontade de dizer “ou ele ou eu, não tem escolha”, o que se torna um constrangimento desnecessário. O governo tem de mostrar como as coisas estão bem — se é que estão, se ele acha isso e os números mostram, e por que as pessoas não estão se sentindo bem. Acho que uma boa parte disso é culpa do próprio governo.
Outro problema sério que tem sido abordado, com certa cautela até agora, é a comunicação do governo, que tem perdido a disputa com a direita e a extrema direita nas redes sociais. Claramente, a equipe atual não está preparada para essa disputa. A primeira-dama Janja trabalha nos bastidores para assumir o controle da comunicação digital. Não sei se ela sabe fazer isso, se tem gente para isso, mas acertou no diagnóstico: é preciso mudar a comunicação digital.
É claro que não adianta ter boa propaganda para um produto ruim, mas é fato que o governo não sabe fazer a comunicação digital como deveria. É por aí que poderia melhorar um pouco a imagem do governo. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez uma apresentação em nome do governo — daquelas em que tudo está certo, tudo ótimo, o próprio presidente falou:
— Vocês vão se surpreender porque tem muitas boas notícias.
Apresentou essa análise da situação, mas não explicou por que a popularidade está caindo se tudo está dando certo. Parece que os primeiros números da economia neste ano estão indo muito bem. O próprio Lula falou que cresceremos muito mais do que imaginam neste ano e no ano que vem. Tem de procurar saber o que está fazendo com que perca a popularidade se as coisas estão indo bem. Esse é o grande defeito do governo, que não quer ver, não quer analisar onde está o problema.
Um deles é o ambiente tenso em que o PT coloca o país. Para quem governa, o ideal é que o ambiente político seja apaziguado. Quem gosta de confusão é a oposição, por isso a permanente disputa. Não se trata de aceitar um retrocesso nos avanços civilizatórios já alcançados. Ao contrário, é preciso mantê-los. Mas Lula tem razão quando sente que as pautas “progressistas” do Supremo Tribunal Federal (STF) podem conturbar mais ainda a situação política
CORRUPÇÃO INVESTIGADA PELA LAVA JATO FOI REAL, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Decorridos dez anos da deflagração da Lava Jato, os acertos e erros, o apogeu e a derrocada da operação foram devidamente esmiuçados. Neste momento, o mais proveitoso é recordar que o esquema de corrupção investigado foi real —para não vê-lo repetido.
Na época, uma Petrobras hipertrofiada por preços historicamente elevados do óleo no mercado global proporcionava contratos superfaturados a empreiteiras, que compartilhavam lucros com dirigentes da estatal e distribuíam dinheiro farto para campanhas eleitorais.
Tudo isso foi confessado por envolvidos, entre executivos da estatal e das construtoras. Como relatou o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, em artigo publicado na Folha, foram recuperados R$ 2 bilhões em multas e devoluções acertadas em acordos de colaboração com a Justiça.
O balanço da Petrobras relativo a 2014, durante o governo Dilma Rousseff (PT), calculou perdas de R$ 6,2 bilhões —mais de R$ 10 bilhões em valores atuais— atribuídas à corrupção então descoberta, que não se limitava ao período. Naquele ano, a companhia amargou prejuízo de 21,7 bilhões (mais de R$ 36 bilhões hoje).
Revelou-se que Luiz Inácio Lula da Silva, então ex-presidente, mantinha relações demasiadamente próximas com grandes empreiteiras do esquema, o que custou ao líder petista condenações por corrupção, hoje anuladas.
A credibilidade e o prestígio da Lava Jato foram contaminados por ações espetaculosas, prisões preventivas que se perpetuavam sem motivo claro e, principalmente, por messianismo e ambição política de expoentes como o ex-juiz Sergio Moro, hoje senador ameaçado de cassação, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que teve o mandato de deputado cassado em 2023.
Ambos parecem alvo de uma reação também excessiva aos impactos da operação —que se observa ainda nas decisões monocráticas do ministro Dias Toffoli, do STF, que suspenderam o pagamento de multas bilionárias fixadas em acordos de leniência firmados com a Novonor (ex-Odebrecht) e a JBS.
O Supremo também se deixou levar pelos altos e baixos da Lava Jato ao provocar grande tumulto jurídico e político em relação à possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, corretamente admitida em 2016 e depois revogada em 2019.
Outros retrocessos, como a escolha de procuradores-gerais fora de lista tríplice e baseada em expectativa de lealdade ao presidente, ameaçam o que há de positivo no legado da operação. Políticos e instituições jogam contra a própria imagem ao permitir que volte a ganhar força a histórica percepção de impunidade no país.
O Novo tem pronto seu projeto . Candidatura própria com chapa pura. O eleitor merece ter uma outra alternativa. Somos direita genuína, anti-esquerda e oposição declarada a atual gestão. Temos respeito pelo eleitor . Simples assim.
Para o governo de Kleber e Marcelo ler e entender. Para Zuchi entender, como por enquanto, o governo de Lula lhe é tóxico também.
HAJA LÁBIA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Um dos principais auxiliares do presidente Lula da Silva, o ministro Rui Costa (Casa Civil) assim identificou a razão da notável corrosão na popularidade do chefe: a comunicação do governo. Minimizando as pesquisas que indicaram crescente reprovação ao presidente e tentando reduzir o peso de qualquer fragilidade da atual gestão, Costa acha que é preciso aperfeiçoar a comunicação do governo e aproximá-lo de quem lê notícias via WhatsApp. “É alcançar as pessoas com informações corretas”, disse ele, em entrevista recente à GloboNews. O ministro do PT está convicto de que os números da popularidade não representam a realidade do governo.
Questão de fé, por definição, não se discute. Segundo a parolagem petista, o atual mandato do demiurgo só tem produzido boas notícias; o problema estaria na percepção popular, ruim porque o governo não conseguiu fazer suas “informações corretas” chegarem às redes. Em outras palavras, a piora não teria se dado em razão dos fatos: além dos bons resultados apresentados, o presidente estaria cumprindo fielmente seu desiderato de trabalhar para reunir eleitores, famílias e amigos afastados por divergências políticas, governaria com sabedoria e conciliação, tentando conjugar as ideias do PT com outras forças e pensamentos fora das tribos petistas, e não teria espalhado diatribes que afrontam mentes moderadas – católicas, evangélicas, judaicas ou agnósticas.
Pelo menos neste caso, Costa não recorreu à habitual criminalização do inimigo preferencial da esquerda: a “grande mídia corporativa”. Tampouco lançou mão de teorias conspiratórias comuns aos governos de natureza populista – a crença numa grande articulação entre veículos jornalísticos, como um esforço intencional da mídia e dos críticos para desestabilizar o governo. Em outros termos e outros tempos, a narrativa de perseguição da imprensa não raro era também adotada pelo então presidente Jair Bolsonaro. Mas a intenção de Costa de fazer chegar as “informações corretas” ao distinto público denota a habitual má vontade lulopetista com o trabalho da imprensa.
Se o problema está na percepção pública, sugere Rui Costa, no fim das contas quem será responsabilizado por isso é a comunicação do governo – aquela que, em última instância, atua na mediação entre o que o governo faz e como atinge a opinião de cidadãos. Ao aderir à tese, o ministro reforça a máxima segundo a qual a comunicação é o “mordomo” das crises dos governos, isto é, aquele sobre o qual habitualmente recai a culpa, ainda que seja necessário reconhecer as deficiências da comunicação lulopetista, em que imperam a falta de conhecimento sobre as exigências do ambiente digital, as falhas improvisadas ou bem pensadas do grande líder e a pajelança palaciana, incapaz de achar uma voz crítica que dissuada, divirja, aponte ao presidente as armadilhas das bombas que solta. Ao contrário, não falta quem surja para dobrar a aposta e justificar as lambanças do companheiro-em-chefe, como ocorreu no trágico episódio da comparação do conflito de Israel com o Hamas ao Holocausto.
Se Lula fala e faz o que quer, como quer e para quem quer (e não para quem precisa), não há estratégia de comunicação genial o suficiente para consertar o defeito de origem. Eis o ponto: marketing político ou comunicação oficial não substituem o que só um bom produto pode suprir. Na ausência deste, não há boa estratégia, mensagens, bons canais ou quaisquer outras artimanhas narrativas para convencer o distinto público do contrário e assegurar outra percepção popular. O governo Lula tem se mostrado um produto que passou do prazo de validade, concebido para as afinidades tribais, não para um País complexo e uma população diversa e com expectativas de mudança real em suas condições de vida. Antes de tentar seduzir os brasileiros com a ladainha antediluviana sobre luta de classes, que não faz nenhum sentido para os cidadãos que querem liberdade para aproveitar as novas oportunidades de trabalho e empreendedorismo, é preciso chegar à vida real das pessoas – que Lula, ocupado demais consigo mesmo e com seus devaneios, parece desconhecer. O ministro pode não enxergar, mas o culpado pelos problemas de comunicação está no gabinete presidencial, a poucos metros do seu.
FICÇÃO IDENTITÁRIA, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo
Na última década, o Oscar tem buscado premiar mais panfletos sociais e políticos do que filmes. O fenômeno é resultado da ascensão do movimento identitário, que cobra por indicação e premiação de histórias de opressão de minorias, e reclama quando elas não recebem estatuetas.
Mas, neste ano, não se viu a tradicional indignação por um filme dirigido por um negro (Cord Jefferson), com elenco negro e baseado no livro de um escritor negro (Percival Everett) não ter sido premiado nas categorias de melhor filme e ator —venceu em roteiro adaptado.
Talvez porque o excelente “Ficção Americana” satirize aspectos nefastos do movimento identitário.
Thelonious “Monk” Ellison, escritor e professor universitário negro, tenta publicar um livro baseado numa peça de Ésquilo. Contudo, mesmo que o editor avalie bem a obra, não a vê como relevante para a experiência afro-americana.
Como resposta irônica, Monk oferece sob pseudônimo um livro sobre uma família negra pobre disfuncional, envolvida com criminalidade, e permeado por gírias. O trabalho é sucesso de público e crítica.
Aponta-se, assim, o erro em considerar a identidade como ponto gravitacional de todos os aspectos da vida do indivíduo, inclusive estéticos. E não uma identidade multifacetada, mas presa à ideia de opressão. Como diz John McWhorter, ao resumir tal distorção conceitual do movimento identitário: “o significado de ser negro é passar a vida inteira enfrentando o racismo”.
Dessa forma, a militância, em vez de combater, acaba por estimular caricaturas ressentidas de minorias.
Negros, mulheres e homossexuais não precisam escrever apenas sobre a violência do preconceito. São sujeitos curiosos, com vivências e interesses variados. O teatro de Ésquilo não é admirado apenas por gregos.
Há quem culpe o mercado editorial, controlado por brancos. Mas o mercado apenas supre a demanda de um nicho, que se baseia em estereótipos artificiais consagrados pela insensatez da ficção identitária.