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O PL DE GASPAR QUER SUCEDER A KLEBER. NÃO COMO ADVERSÁRIO E SIM COMO PARTE DO GOVERNO QUE ESTÁ SOB DÚVIDAS. OS BOLSONARISTAS CRÍTICOS DOS ERROS ESTÃO ÓRFÃOS E COMENDO POEIRA

Se você é leitor ou leitora habitual deste espaço, você já leu esta observação abaixo, MUITAS outras vezes. Então, vou repeti-la ou refrescar à memória dos “esquecidos”, ou para os novos por aqui.

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Este texto foi alterado às 12h34min. É a segunda vez, em duas semanas, fato até então incomum, com a desculpa de prometer e até trazer recursos para obras na cidade de emenda parlamentar vinda do Orçamento do Estado, sob a administração e indicação do seu gabinete, que o deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau, apareceu no gabinete do prefeito de Gaspar. 

Na verdade, embutido neste gesto político, está à projeção do PL de Gaspar ao jeito e mando do deputado. Ao mesmo tempo, Ivan espalhou recados visuais para todos os lados. Enquanto o deputado ainda é um agente político ele pode fazer isso. É que Ivan trabalha para ser indicado a desembargador no Tribunal de Justiça e aí, este tipo de articulação, em tese, estaria comprometida. 

A primeira “visita” destas duas semanas do deputado Ivan Naatz eu a retratei em HÁ UM SENTIMENTO DE MUDANÇAS EM GASPAR, MAS QUEM PODERIA MOVÊ-LA, PARECE NÃO QUER ISTO. NA SOMBRA, OS GATOS SÃO PARDOS. Então vou encurtar a conversa para o meu leitor e leitora. Eles já sabem dessa história, ou então, os não habituados, podem revê-la no link em caixa alta.

Retomando.

Desta vez, o deputado Ivan não prometeu ajuda. Trouxe R$200 mil. A comitiva foi a mesma. Da primeira vez o deputado Ivan foi levado ao gabinete de Kleber Edson Wan Dall, MDB, pelo vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, pois o próprio deputado exibe por aí a ficha de filiação de Marcelo, apesar de ela não aparecer no sistema nacional filiaweb do TSE; ou PP, talvez, mas que está cada vez mais “distante” para Marcelo. E por quê? Os “históricos” do PP de Gaspar se reuniram há poucos dias. E entre eles bateram o martelo contra a entrada de Marcelo no PP. Temem o que está claro: podem até ganhar a eleição com um candidato importado, mas não vão levar o poder. Por isso, preferem fazer o que fizeram das outras vezes que se associaram com o MDB, ou quando fingiram que eram oposição ao PT: ocupar espaços de barganha prometendo a tal governabilidade a partir da Câmara.

Nesta última “visita” de sexta-feira passada na prefeitura quem recebeu o deputado Ivan no gabinete de Kleber acompanhado do vereador Alexsandro Burnier, PL? O próprio Marcelo (na foto acima de frente olhando a assinatura do deputado Ivan no papelinho). Estranhamente, Kleber não estava lá. Ausentes, como na vez anterior, o que está vestido de candidato a prefeito pelo PL de Gaspar, o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff; o presidente do partido em Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho e os demais suplentes a vereadores do PL.

Quando o deputado me enviou a foto do encontro para conhecimento – e como eu não sou repórter de informações comoditizadas, nem estou obrigado à propaganda partidária e dos políticos, mas posso analisá-las como fatos e o que se trama nos bastidores dessa gente que não prega prego sem estopa, cujas minhas interferências os políticos odeiam naquilo que esclareço, arrisquei-me à seguinte pergunta que a considerei “inconclusiva”. E eu só a reproduzo porque o deputado não me pediu o off do rápido diálogo entre nós. 

  • Onde estavam o prefeito de Gaspar, o pré-candidato a prefeito pelo PL de Gaspar e o presidente da Comissão Provisória do PL de Gaspar?” 

E o deputado Ivan me respondeu na lata. Não inventei nada. Apenas ratificou o que sempre escrevi e fui desmentido, retalhado e desacreditado pelos que estão no PL de Gaspar se achando a cereja do bolo, e que está sendo comida por gente que está em outra festa.

  • Eu estava acompanhado do único que tem mandato em Gaspar e o único que me ajudou a reeleger deputado e o único que devo algum tipo de explicação, o vereador Alex. Portanto não senti falta de ninguém. Estava entre os meus amigos [os da foto, incluindo o vice-prefeito Marcelo]”.

O QUE REVELA ISTO? 

Primeiro a repetida ladainha deste espaço – líder em audiência – de que Rodrigo, ex-companheiro de dura lida no PV de Ivan -, estão hoje muito distantes. Rodrigo, para salvar os seus negócios, fingiu não ver os erros de Kleber – seu amigo, pois até foram candidatos a prefeito e vice juntos quando perderam a corrida pela prefeitura em 2012. Esperou ser carregado nos braços como um candidato viável para a suposta mudança. 

Como se vê, por sucessivas manobras, Rodrigo está sendo descartado. E o governador Jorginho Melo, PL, pelo jeito vai ter que lavar as mãos, pois o próprio Rodrigo não se viabilizou até agora. Quer ser ungido. E de lambuja, ainda pelo caminho está deixando viúvos os bolsonaristas gasparenses. E para piorar, o próprio Jorginho vem sendo questionado dentro do PL e nos diretórios locais pelas interferências de força que faz por candidatos que escolhe. E Gaspar é mais um desses casos.

Sem saídas, emergencial, comendo poeira ontem à noite, só ontem e depois de passar parte da tarde na festa da comunidade São Judas, na Margem Esquerda, com o secretário de Obras e Serviços Urbanos, Roni Jean Müller, aliás, Roni foi assessor de Rodrigo na Câmara, atabalhoadamente postou um vídeo tímido mostrando que a gestão de Kleber e Marcelo estão falhando. Agora? Só agora? Como se vê todos estão no mesmo saco e tiveram chances para sair dele separando o joio do trigo.

E em paralelo, por outro lado, o time de Rodrigo, nas redes sociais, jogava “merda” no ventilador, para atingir o concorrente que está lhe tomando espaço no campo da direita e conservadorismo, exatamente porque Rodrigo se escondeu nesse tempo todo. Como se vê, na impossibilidade de enfrentar um governo errante, enfrenta um candidato que ganha este espaço de mudanças que o próprio PL abdicou por se omitir e neste momento por falta de articulação para resultados.

Segundo: que o PL, por composição com Marcelo – e não por contestação, mudança e nova alternativa – quer ser o sucessor daquilo que está sob sérias contestações na cidade sobre atual governo. O PL com Marcelo, Alexsandro e Ivan não quer abrir a caixa preta; não quer mudar; só ganhar. Vai colocar tudo num mesmo saco, ensacar, abafar e disfarçar com a conversa mole de que o perigo é o PT voltar e assumir com Pedro Celso Zuchi, onde Kleber, primeiro com Luiz Carlos Spengler Filho e agora com Marcelo, se mostrou tão igual a Zuchi.

Por outro lado, e para concluir. Quem pode estar apostando alto demais e por isso, entrando em parafuso é o próprio vereador Alexsandro Burnier, o elo mais fraco desta trama de vingança e ajuntamento diante dos ajustes entre os políticos sob críticas e questionamentos. Ele próprio sempre disse – e está gravado – que por ele, nem precisava existir partido. Durante o seu mandato nunca se soube se ele realmente era oposição a Kleber ou um governista envergonhado com a liberdade de se rotular como oposição. Todos os assuntos cabeludos contra o governo ou que exigiam o esclarecimento do poder de plantão passaram por ele, mas, coincidentemente, nenhum deles foi adiante. Só alguns discursos superficiais de oportunidades. Ou seja, recados.

Por causa disso, é que o falecido Amauri Bornhausen, PDT, mesmo então sendo da Bancada do Amém – onde estão onze (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) dos 13 vereadores e ex-servidor público municipal, cresceu. E na ausência Amauri, foi a vez Dionísio Luiz Bertoldi, PT, se tornar a melhor voz para expor as feridas, dúvidas, incoerências e à falta de resultados do governo de Kleber e Marcelo. 

Alexsandro sempre ensaiou alguma coisa. Ao final esquecia e ensacava. A que está para ser ensacada desta vez, é o suspeito contrato de limpeza urbana com a Ecosystem. Por enquanto, só recados cifrados. De verdade? Nada! Afinal, não fica bem para quem vai estar na próxima campanha eleitoral junto com Marcelo, o vice de Kleber, ter esta mancha desnudada para o bem ou para o mal e prejudicar a aliança que se costura com a mão hábil do deputado Ivan Naatz. Na escuridão, todos os gatos parecem ser pardos como diz um ditado popular. É preciso de luz. E os políticos, por enquanto, preferem as trevas. E o povo pagando caro a conta da luz que não acende.  Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Batido o martelo Projeto de Lei 84/2023 que permite vender vários imóveis em Gaspar, inclusive a antiga agência do Besc (foto ao lado) que o ex-incorporador dele, o Banco do Brasil, tentou leiloar, mas usando uma prerrogativa da lei, a prefeitura de Gaspar comprou pelo preço mínimo para uma finalidade e o abandonou. Este PL vai à votação nesta terça-feira. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e o vice Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, decidira bancar os questionamentos e os desgastes. Kleber chegou pedir sessão extraordinária para a quarta-feira, as 18h30min, véspera da feriado, para liquidar este assunto. Mas, a matéria foi incluída para a sessão de amanhã, apesar da pauta, ainda não ser pública.

O governo de Gaspar aposta alto na procuradoria geral, na proteção dos órgãos de fiscalização e na falta de interesse dos vereadores de oposição diante das frágeis alegações que pipocaram durante o debate desta matéria. A outra aposta do governo é no pulso do relator deste PL, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP. Ele já enfrentou coisas piores. O governo de Gaspar está sem caixa e corre para fechar as contas com recursos extraordinários. Um grupo, que não é dos vereadores de oposição, todavia, tenta instruir uma denúncia no Ministério Público Estadual. Aguarda-se.

Por outro, lado, esta insistência do governo nesta autorização legislativa obrigatória, e neste leilão, pode afastar possíveis compradores. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, já afirmou na Câmara, sem provas, é bem verdade, de que o leilão é de cartas marcadas para alguns imóveis. É o que corre nas apostas pela cidade também. Alguns desses imóveis estão eivados de insegurança jurídica. Ela foi criada pelo próprio governo. Tudo feito para perseguir, dar lições, constranger e criar prejuízos a seus críticos neste e no governo de Pedro Celso Zuchi, PT.

Tanto que o PL 86/2023 “tentava corrigir” parcialmente esta insegurança jurídica. Mudava, mais uma vez, o zoneamento na ocupação do solo urbano. E a sacanagem é tão clara que a audiência pública na Câmara para debater este assunto marcada para quinta-feira passada, foi simplesmente cancelada. Foi supetão e na última hora. Quem quis assisti-la presencialmente – pois a Câmara de Vereadores de Gaspar deu agora para esconder do povo que ela diz representar, os vídeos de audiências públicas e CPIs -, deu com a cara na porta fechada. O relator da matéria é o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT.

Questionado, o vereador petista esclareceu o que todos já sabem há muito e inclusive do governo petista gasparense. “Há duas maneiras para você fazer a coisa andar: a primeira você dá transparência para o munícipe; a segunda faz no peito”. Foi o que aconteceu no tempo do governo de Pedro Celso Zuchi, PT: fez-se no peito. E se repete no atual governo que não é petista, mas se inspira nele. Farinhas do mesmo saco nas questões de trocas, no jogo entre poucos e na perseguição aos que pedem a lei para seus direitos e à transparência à cidade.

Qual a alegação fajuta para o cancelamento da audiência de quinta-feira? É que a secretaria de Planejamento Territorial, tocada pelo servidor de carreira, Carlos Bornhausen, MDB, vestido de candidato a prefeito para tomar o espólio do vereador Amauri pelo sobrenome, mas que a família de Amauri condena, alegou que não tinha técnicos para explicar aos vereadores à plateia ou à cidade, as razões das mudanças já submetidas ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano. Estes servidores tinham outra agenda. Quem acredita nisso? Acorda, Gaspar!

Registro I. No sábado pela manhã, a Apae de Gaspar inaugurou a sua reestruturação física. Quem veio aqui? O ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos (foto ao lado no centro). Foi no governo dele que a Apae de Gaspar conseguiu R$5,2 milhões para estas obras. Veio conferir. Para a Apae foi um ato de agradecimento. E o ex-governador estava muito à vontade e até foi tietado. Na placa, o nome era do atual governador, Jorginho Melo, PL, que não mandou ninguém para representá-lo. Nem o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, apareceu.

Registro II. Carlos Moisés da Silva, Republicanos, foi extremamente comedido quando falou sobre política. Inclusive nas poucas e rápidas entrevistas. Acho que faltaram perguntas. E essa gente daqui não está acostumado a isso. Teve gente que esperava mais das respostas. Nesta foto, o ex-governador está (à esquerda) com o Delegado de Polícia de Gaspar, Paulo Norberto Koerich, seu ex-número um da polícia civil e no rodízio o que hoje equivale a ser o secretário da Segurança do estado. Do lado direito está o pré-candidato a prefeito de Gaspar pelo Republicanos, o empresário Oberdan Barni.

Registro III. Paulo Norberto Koerich já foi cooptado, pessoalmente e em Florianópolis, pelo atual governador Jorginho Melo, PL, para não se aventurar em outros projetos que não os do PL de Gaspar. Provavelmente não será candidato a nada. Quieto ajudará muito ao projeto do PL e que se movimenta para estar na mesma balaia do MDB e PP numa frente ampla que se faz com a desculpa para enfrentar o PT. Nesta o delegado ficou “trancado”.

Registro IV. Na visita a Gaspar Carlos Moisés da Silva, Republicanos, não deixou escapar os seus planos políticos. Ficou no básico. Ele quer apenas mapear alguns municípios para aumentar o número de vereadores e tornar viáveis alguns candidatos a prefeito. Sobre 2026 fala no partido ter um representante na Câmara Federal e que parece ser ele mesmo.

Registro V. Sobre a janela de oportunidade com a possível cassação do senador Jorge Seif Júnior, PL, e uma nova eleição, Carlos Moisés continuou mudo sobre ele ser candidato ou apoiar alguém.

Registro VI. Por outro lado, com Clarindo Fantoni (na foto acima a esquerda, acompanhado e mostrando as instalações da Apae de Gaspar ao ex-governador), empresário e ex-vice-prefeito na primeira dobradinha do PP com o então MDB de Adilson Luiz Schmitt, hoje ele está sem partido, mostrou na Apae um show de transparência e resultado para a sociedade, numa causa social e essencialmente filantrópica. Uma pena que políticos e gestores públicos de Gaspar não conseguem se espelhar para dar a mesma dinâmica ao Hospital de Gaspar um poço sem fundo de recursos públicos e resultados pífios para os mais vulneráveis, doentes e precisados de esperanças de cura.

Perguntar não ofende ao governador Jorginho Melo, PL, ao secretário de Infraestrutura e Mobilidade, deputado Jerry Comper, MDB, de Ibirama; ao presidente da Cãmara e cabo eleitoral de Jerry, Ciro André Quintino, MDB; aos que não querem a duplicação, mas a permanente perigosa picada contra o desencolhimento regional: como mesmo estão as obras de recuperação da Rodovia Ivo Silveira, entre Brusque e Gaspar? Esta gente lida com a falta de memória dos seus eleitores e eleitoras.

O que apareceu nos gabinetes do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e de alguns seus secretários? A bandeira de Israel. Como se vê, tudo é marketing e bem arquitetado. Se esta percepção de oportunidade tivesse sido no campo da gestão de Gaspar para os gasparenses, Kleber e a coligação que o adorna já teria sucessor sem adversários viáveis.

Sintomas das distâncias do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e de Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, dos eleitores e eleitoras por falta de resultados práticos à cidade, cidadãos e cidadãs. Sábado foi Dia do Funcionário Público. Todos os políticos homenageando-os. É certo! Entretanto, este ano, preocupação teve uma razão de ser. São com os funcionários municipais – efetivos, empregados, estagiários, comissionados e em cargo de confiança – que os políticos apostam como cabos influencers cabos eleitorais para continuar no poder de plantão.

Uma provocação do bem. O advogado e ex-procurador geral de Gaspar no governo de Adilson Luiz Schmitt, sem partido, Aurélio Marcos de Souza, depois de concluir outras duas graduações, está inscrito para o Enem deste ano. “Você vai fazer outra faculdade?” perguntei. “A princípio, não. Vou concorrer, no exemplo, com os meus filhos. Eles se prepararam. Eu não”.

Uma simples moção de repúdio tomou um terço da sessão da Câmara de terça-feira. Ela mostrou como o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, esteja vulnerável e desgastado porque vem enfrentando naquilo que manobra e esconde da população, mas ao mesmo tempo, ferrando-a. A autoria da Moção foi do petista Dionísio Luiz Bertoldi. Do meme ao lado que irritou os governistas, também.

O repúdio é contra os preços das altas taxas impostas por decreto pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. A Moção foi rejeitada por dez dos 13 vereadores. Além do próprio autor, ela só recebeu voto favorável de Alexsandro Burnier, PL, e de Francisco Hostins Júnior, MDB, que já foi líder do governo de Kleber e seu secretário da Saúde. “Enquanto o prefeito não explicar as razões e as fundamentações dos valores dessas taxas, esta é a minha posição”, justificou na tribuna Hostins Júnior o seu voto contra o governo de Kleber. Na verdade, ela, por si só, já é uma ferida exposta.

Enquanto Francisco Hostins Júnior, MDB, ensaiava o enfrentamento, José Carlos de Carvalho Júnior, MDB, funcionário efetivo a nível técnico, que também já foi um entre muitos secretários de Saúde de Kleber Edson Wan Dall, MDB, por outro lado, guardava as suas armas e munições que ensaiou contra o governo na sessão anterior e se alinhou silenciosamente ao governo. E Francisco Solano Anhaia, MDB, como líder do governo teve que rebolar e misturar o fedor do passado para justificar o mau cheiro do presente.

Para ele, o petista Dionísio Luiz Bertoldi não possui autoridade para questionar o atual governo, pois quando Pedro Celso Zuchi foi governo, fez algo igual ou pior: permitiu a venda de terrenos públicos por particulares no cemitério e o município não viu a cor do dinheiro, caso que deu em CPI e que o Ministério Público foi atrás de punições ao prefeito. 

Parece que o líder de Kleber Edson Wan Dall, MDB, não percebeu duas coisas que não funcionam a favor da transparência do governo de Kleber e muitas delas por proteção da Bancada do Amém, como a rejeição de uma simples moção que se faz um teatro danado para desconstituí-la. Ingenuamente, acha-se que a boca fechada da imprensa isso não chega nos eleitores e eleitoras, silenciosamente, e com exageros, via os aplicativos de mensagens

Primeiro que a CPI contra este assunto e a responsabilidade de Zuchi deu resultado. Segundo, baseado nela e outras iniciativa, o Ministério Público foi atrás. E por causa disso tudo, o caso já está na Justiça, com o prefeito com parte dos bens bloqueados exatamente para cobrir o que permitiu ou mandou mal na época. Resumindo: já enquadrado.

Este jogo de cena é para apenas enganar a distinta plateia com casos do passado que não deveriam se repetir no presente. Sempre escrevo aqui algo que é do ex-primeiro ministro do Brasil, Tancredo de Almeida Neves: “quando a esperteza é demais, ela come o dono”. Kleber Edson Wan Dall, MDB, usou uma legislação de 2014, do tempo de Pedro Celso Zuchi, PT, e que não usou esta lei. Kleber e seus “çábios” leram-na, interpretaram-na e a usaram para ferrar os vivos nos seus bolsos com os seus mortos. E fizeram isso, só depois de esperar por sete anos para os cemitérios se encherem de mortos.

Isto poderia ter sido evitado se houvesse a audiência pública prevista no Projeto de Lei que favoreceu esta cobrança quando ela tramitou na Câmara. O relator da matéria, Giovano Borges, PSD, fez a tramitação seguir a jato e cortou, literalmente, a audiência prevista, diante do cochilo da minguada oposição. O governo não queria. E ele atendeu.

E agora, na tribuna, para a plateia desinformada, diz que a audiência tirou da pauta não era obrigatória. Pode ser. Mas, como o vereador representa o povo, como ele sempre diz, devia ao menos ouvi-la. Hoje, Giovano Borges, PSD, que fez a sua parte para o governo é também parte do caixão que enterra os políticos o prefeito e o vice, Marcelo de Souza Brick,  ex-PSD, hoje patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, o seu parça de sempre.

Todo final de semana, os vestidos de pré-candidatos a prefeitos em Gaspar estão nas comunidades católicas sendo fotografados e pedindo ajuda a santo padroeiros. Estão esperando o perdão dos pecados que cometeram como políticos com as comunidades e rezando por milagres.

O ex-vereador de Blumenau, o ex-deputado estadual e duas vezes candidato derrotado a prefeito de Blumenau, que estava num longo período sabático na política, Jean Jackson Kuhlmann depois que não conseguiu a vaga na Alesc, voltou ao cenário político. Ele depois de deixar o PSD agora está no PP. Kuhlmann era padrinho e patrono do PSD de Gaspar e de Marcelo de Souza Brick, hoje no Patriota, mas com ficha assinada no PL e que se ensaiava ir para o PP se nada desse certo.

Quando vereador da Bancada do Amém na Câmara de Gaspar precisa dar exemplos e elogiar o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, Podemos, naquilo que não se tem como referência por aqui, se não é ato falho, é a constatação simples de uma triste e dura realidade que a própria bancada se desgasta negando. É um circo. E sem lona.  Acorda, Gaspar!

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10 comentários em “O PL DE GASPAR QUER SUCEDER A KLEBER. NÃO COMO ADVERSÁRIO E SIM COMO PARTE DO GOVERNO QUE ESTÁ SOB DÚVIDAS. OS BOLSONARISTAS CRÍTICOS DOS ERROS ESTÃO ÓRFÃOS E COMENDO POEIRA”

  1. O DÉFICIT ZERO ERA RUDIMENTAR, por Elio Gaspari nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    Lula diz que é uma metamorfose ambulante e é mais que isso. É também, desde sempre, um urso que come seus donos. Na galeria desse urso há várias cabeças, e as de Antonio Palocci, seu ministro da Fazenda, e José Dirceu, o “capitão” de seu time, são as mais conhecidas. Em algum momento, por boas razões, eles acreditaram na imagem que projetavam. Palocci expeliu-se, e Dirceu sofreu em silêncio.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não cabe nesses dois figurinos, mas só o tempo dirá o que Lula pretendeu ao se afastar da meta do déficit zero para 2024. Ela estava bichada desde o primeiro momento, desde a hora em que Haddad prometeu um crescimento inviável da arrecadação. Deu-se um caso de perigosa manipulação de expectativas. Lula, Haddad, o mercado e a torcida do Flamengo sabiam que a meta estava bichada, mas confiavam numa expectativa.

    O risco embutido no episódio do café da manhã com os jornalistas é a possibilidade de repetição da joelhada que o ministro Antonio Palocci levou da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em 2005. Na ocasião, o Ministério do Planejamento anunciou um plano de ajuste fiscal de longo prazo, e Dilma fulminou-o com duas palavras:

    — É rudimentar.

    Haddad prometia déficit zero graças ao aumento da arrecadação. Era sonho, mas, como a arrecadação patinou, o controle do déficit deveria vir pelo controle de gastos. Qualquer semelhança com o dilema de 2005 não é coincidência.

    A joelhada de Dilma marcou o início do ocaso de Palocci. Ela falava por Lula.

    Quando Lula se dissociou da quimera, nada disse de novo. A questão está em saber quanto ele quer de déficit. A defesa dos gastos de Dilma/Lula daria no que se viu, uma amarga recessão.

    O Lula de 2023 tem um Congresso mais voraz e uma oposição mais intransigente. Quando Haddad diz que precisa de apoio político, a vaca olha para o brejo. Se ele não tem apoio em casa, do outro lado da rua é que ele não virá.

    Se Lula e Haddad pensam que podem administrar a economia com os truques que aplicam à questão da segurança pública, vem coisa ruim por aí. Na segurança, o governo anuncia reuniões e mudanças burocráticas inócuas. Isso não funciona para a economia. Falar em “ralos tributários” equivale a incensar operações policiais espetaculares contra bandidos. Aliviam a pressão e satisfazem os ministros, mas têm pouca serventia.

    Qualquer família sabe como lidar com déficit: se a arrecadação é insuficiente, devem-se cortar despesas. Lula e o comissariado petista não gostam dessa ideia.

    A sensibilidade que acompanha o debate econômico é compreensível, mas está exacerbada pela falta de ideias e iniciativas do governo. O Lula 1 teve o Prouni, o Luz para Todos e a defesa das cotas em universidades públicas. Isso para não falar nos programas tucanos reciclados com criatividade no Bolsa Família. A reforma tributária tem muitas virtudes e tantas exceções que ainda é prematuro avaliá-la. Não faz sentido que, em quase um ano de governo, o Planalto reine num deserto de ideias novas.

    Governo sem ideias novas vê-se obrigado a discutir as ideias dos outros.

  2. A COISA JÁ ESTAVA FEIA ANTES DA FALA DE LULA, por Lua Aiko Otta, no jornal Valor Econômico

    Antes mesmo de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocar em xeque a estratégia econômica do seu próprio governo, ao afirmar que o resultado fiscal de 2024 não precisa ser zero, era de apreensão o clima nos bastidores do Ministério da Fazenda. No jovem time do ministro Fernando Haddad, a habitualmente alta disposição para enfrentar desafios já vinha cedendo lugar para o reconhecimento das grandes dificuldades que há pela frente. A declaração de Lula foi a cereja amarga do bolo.

    “Depois de tudo o que aconteceu, a Selic recuou um ponto. Um ponto!”, comentou um integrante do Ministério da Fazenda um dia antes da fala do presidente. A taxa, completou, segue muito alta. Está em 12,75%, ante 13,75% em janeiro. É um fator que estressa a vida de pessoas e empresas. “As pessoas acham que está tudo bem, mas não está”, avaliou.

    Pelo roteiro traçado por Haddad no início do ano, era para o ambiente econômico estar mais desanuviado a essa altura do campeonato. Aprovado o novo arcabouço fiscal e retomada a capacidade do governo de desempatar, a seu favor, as disputas com contribuintes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), esperava-se que as dúvidas sobre a política fiscal estivessem dissipadas e o Brasil, visto como um país que entrou novamente nos eixos.

    Não foi o que aconteceu. Depois de um fim de primeiro semestre bem-sucedido, o clima continuou azedo.

    O início do segundo semestre confirmou o cenário ruim. A arrecadação federal iniciou uma sequência de quedas. Em termos reais, os recuos em relação a igual mês de 2022 foram de 13,73%, em junho, 4,20% em julho, 4,14% em agosto e 0,34% em setembro.

    Até a semana passada, os dados preliminares de outubro não eram alentadores. No entanto, é um quadro que pode ter mudado ontem, último dia do mês.

    Mais grave ainda foi a piora no cenário externo. A subida dos juros nos EUA e a perspectiva de sua manutenção em nível elevado por mais tempo do que o esperado (meados de 2024) trazem dois grandes problemas para o país.

    O primeiro é na atração de investimentos. O Brasil, com seu sistema tributário caótico e sua estabilidade macroeconômica ainda por se consolidar, não consegue competir com os Estados Unidos na preferência dos gestores de fundos internacionais.

    O segundo foi apontado pelo secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, em entrevista ao Valor. Se os juros nos Estados Unidos forem mantidos em nível elevado, isso atuará como um limitador para a queda das taxas no Brasil. Há risco de atividade econômica ficar mais limitada.

    Na visão de integrante da equipe econômica, o Banco Central “está doido” para desacelerar os cortes nas taxas de juros. Na sua visão, a dificuldade do governo em avançar com propostas no Congresso Nacional pode dar o pretexto que falta.

    Na mais recente ata do Comitê de Política monetária (Copom), é ressaltada a importância de o governo implementar a agenda de ajuste fiscal que ele próprio propôs.

    Nas contas da equipe econômica, diferença entre chegar ou não o déficit zero em 2024 está na Medida Provisória (MP) 1.185/2023, a que trata do impacto de subvenções estaduais na base de cálculo de tributos federais. A proposta enfrenta resistência das bancadas regionais e das grandes empresas, que temem a elevação de sua carga tributária.

    Importante parceiro de Haddad na aprovação de propostas econômicas ao longo deste ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, (PP-AL) tem dito que, para destravar a tramitação dessa proposta, é preciso convencer os congressistas de seu mérito.

    Ao lado de Lula, o ministro reuniu-se ontem com deputados para discutir essa e outras medidas que têm por objetivo elevar as receitas.

    Tudo somado, o atingimento do déficit zero em 2024 já parecia, antes mesmo da fala de Lula, mais difícil do que quando a meta foi traçada. O terreno para o seu descumprimento estava em preparação. Por exemplo: em entrevista ao Valor no início de outubro, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que a meta zero era o objetivo – mas o resultado poderia ser diferente.

    Na prática, a fala de Lula mudou a meta para um déficit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. A questão é se e quando isso será formalizado.

    Presente à reunião com Lula e Haddad, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) disse aos repórteres Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto, deste jornal, que a mudança da meta parece estar decidida. Serviria para acomodar as frustrações pelo lado das receitas. No entanto, haveria um compromisso de não expandir despesas.

    Descumprir a meta em 2024 implica uma “punição” ao governo. Segundo as regras do arcabouço, as despesas de 2025 só poderão avançar ao ritmo de 50% do aumento das receitas em caso de descumprimento, e não 70%, como é o padrão. Não se trata de cortar despesas, e sim de conter o aumento delas.

    Ainda assim, o governo caminha para fazer um “gol de mão” e driblar essa regra, num episódio que lembra os inúmeros “furos” no teto de gastos. O novo arcabouço fiscal pode ser desmoralizado logo na estreia.

  3. ESTRAGO FEITO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarar seu descompromisso com a meta de zerar o déficit primário federal em 2024, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não se saiu melhor.

    Em entrevista, abusou de condescendência com os profissionais da imprensa, o que é sempre um mau sinal. Irritado, não respondeu perguntas óbvias de jornalistas a respeito de qual é, afinal, o plano do governo, restando claro que não conta com o apoio do presidente na tarefa de equilibrar as contas.

    A sinalização é ruim não porque já houvesse ceticismo no setor privado —expectativas de analistas apontavam para um resultado negativo até maior, de R$ 89 bilhões, equivalente a cerca de 0,8% do PIB.

    Mas, com o sinal verde de Lula, que voltou à carga nesta terça (31) para dizer que não cortará gastos, todas as demandas políticas, do Planalto e do Congresso, poderão agora ser incluídas no Orçamento.

    Sem a liderança do Executivo, não será possível conter a sanha por emendas parlamentares, agora impositivas, que deixarão de ser contingenciadas, entre outros itens. O governo discute o tamanho da revisão da meta, que pode apontar déficit de pelo menos 0,5% do PIB no ano que vem. Com isso, as projeções para 2024 devem piorar.

    O mandatário age para aplacar pressões de seu núcleo político, que deseja manter obras e, com isso, evitar o já esperado desaquecimento da economia. A popularidade presidencial também dá sinais de queda, o que tende a aumentar bastante a impaciência.

    Desde sempre já estava claro que todo o edifício do novo arcabouço fiscal dependia de mais receitas, mas ao menos Haddad prometia algum controle de gastos. Se a agenda já era difícil no Congresso, que insiste em aprovar despesas, fica quase impossível antever qualquer disposição mais cautelosa.

    Será um erro grave manter esse rumo. As consequências para a economia serão danosas, na forma de juros mais altos, como já se observa, além de desvalorização do real e aumento da inflação. Com gastos frouxos, a política monetária terá que ser mais apertada.

    A cantilena de que há interesses escusos por trás da demanda de austeridade não se sustenta. Longe de ganância do mercado, é a mecânica inescapável da indisciplina fiscal que impõe custos para a sociedade. Eis o círculo vicioso que aprisiona o país na armadilha do baixo crescimento.

    Não ajuda, além disso, que os juros internacionais estejam em alta, o que recomenda cuidado redobrado. Corre-se o risco, agora cada vez mais palpável, de que se colha o oposto do que se busca —degradação econômica e mazelas sociais. O filme poderá se repetir, sempre com final infeliz.

  4. O INIMIGO MORA EM CASA, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    Não se espantem, mas é provável que Luiz Inácio da Silva não busque a reeleição em 2026. Ele não pode acenar com essa hipótese agora, sob pena de entregar o governo antes do tempo. É o tal do lugar-comum da expectativa de poder que se retroalimenta e permite governar.

    Havendo sentido na probabilidade de Lula não ir a um quarto mandato aos 81 anos de idade e tendo quase perdido o terceiro para uma figura de péssimas credenciais, o primeiro da fila para disputar seria Fernando Haddad.

    Digo seria, e pode ser, porque o presidente não reforça, antes fragiliza, seu ministro da Fazenda quando se dá ao desfrute de pontificar a respeito do que não entende: os meandros, as causas e os efeitos do caminhar da economia. Elege o “mercado” como seu malvado predileto, mas nesse palanque só agrava os problemas.

    Haddad vinha dando um duro danado na defesa do déficit zero. A impossibilidade da meta era voz corrente, uma realidade até, mas a insistência nela sinalizava compromisso, um desestímulo ao estouro das contas.

    Menos de um ano e o governo já aderiu ao centrão —e não o contrário, como se especulava. Minoria no Parlamento, o PT tampouco faz valer sua maioria no Executivo para ajudar. Só não atrapalha mais com as posições vocalizadas pela presidente Gleisi Hoffmann porque ela não é interlocutora autorizada.

    Fernando Haddad é visto (ou era) como tal. Lula retira autoridade do ministro indo no sentido contrário ao adotado por Itamar Franco quando deu autonomia ao titular da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, inscrever-se como sujeito oculto e essencial do Plano Real e abriu caminho para eleger o sucessor.

    Itamar conteve por um período o temperamento difícil e manteve a mira direcionada ao objetivo maior de médio prazo. Em sua insensata certeza de ser o guia genial de todos os povos, Lula faz o oposto e ainda contrata escândalos futuros. Nessa toada, contribui para tornar turvo o horizonte da reeleição.

  5. A presidente do PT, Gleise Hoffmann, caiu de pau contra a Folha quando o jornal se indignou contra a posição de Lula de desqualificar a política econômica do próprio governo criando ao mesmo tempo insegurança econômica e de investimentos privados. Ontem o fato se repetiu contra o editorial do jornal O Estado de S. Paulo. Hoje, certamente, será a vez de O Globo. É o PT, a Gleise, o Lula, a Janja, o Rui Costa e a esquerda do atraso onde eles sempre estiveram, na utopia e contra a inclusão

    O IMPACTO DA FALA DESASTRADA DE LULA NOS JUROS, editorial de O Globo

    A penúltima reunião de 2023 do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa amanhã com o mercado num clima de dúvida. O encontro acontece quatro dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter declarado que a meta fiscal de 2024 dificilmente será zero. Ao ser questionado hoje sobre o tema, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou seu compromisso com a meta assumida pelo governo: “Minha meta está estabelecida: vou buscar o equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias para que tenhamos um país melhor”.

    A declaração desastrada de Lula vai além de desautorizar publicamente quem ele próprio escolheu para cuidar da economia. Lula volta a agir como se fosse um comentarista econômico, não um ator com poder de influenciar expectativas do mercado. Com isso, só contribui para dificultar o desafio do BC. Haddad tentou aliviar o clima, e a maioria dos analistas acredita que o BC cortará os juros em meio ponto percentual (para 12,25%). Mas cresceu a dúvida sobre quando terminará o ciclo de queda iniciado em agosto.

    A projeção para a taxa básica em dezembro de 2024, que já esteve em 9%, começou a subir, como mostrou o relatório Focus divulgado hoje. As declarações de Lula provavelmente ajudarão a deteriorá-la ainda mais. Caso a perspectiva se confirme, o BC, cujo mandato é zelar pelo combate à inflação, será obrigado a manter o juro mais alto. Por enquanto, o banco tem cumprido sua missão. A previsão atual é que a inflação feche 2023 e 2024 acima do centro da meta (3,25% e 3%), mas abaixo do teto (4,75% e 4,50%).

    Lula demonstrou desconhecimento sobre a necessidade de o governo equilibrar suas contas para mudar a trajetória ascendente da dívida pública, de modo a contribuir para a queda dos juros. Causa espanto a incompreensão, dada a gravidade do cenário externo. A expectativa é que a política monetária americana continue restritiva por um bom tempo devido à resiliência da inflação. Por isso as taxas de longo prazo nos Estados Unidos estão em alta. Com juros mais altos, os títulos da dívida americana atraem mais capital externo, e o dólar se valoriza. Nos países em que perde força, os importados encarecem e aumentam a inflação. Isso ainda não aconteceu por aqui, mas essa é uma fonte de preocupação.

    Não é a única. Com a guerra na Ucrânia, o mercado global de energia sofreu um solavanco. Agora o conflito é no Oriente Médio. Relatório do Banco Mundial divulgado ontem projeta, com base na desaceleração da economia global, que o barril de petróleo deverá cair de US$ 90 para US$ 81 no ano que vem. Mas, caso a guerra entre Israel e Hamas se alastre e países exportadores cortem a produção, o documento prevê dois cenários alarmantes. No médio, os estragos seriam semelhantes aos provocados pela guerra no Iraque em 2003, e o valor do barril chegaria a US$ 121. No pior, comparável ao embargo de 1973, alcançaria US$ 157.

    Na ata da última reunião do Copom, o presidente e os diretores do BC ressaltaram a necessidade de cooperação do governo: “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”. Ao final da reunião desta semana, precisarão ser mais enfáticos.

  6. A CULPA É SEMPRE DOS OUTROS, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    Nem parecia o mesmo Fernando Haddad. Ar cansado, contrariado, impaciente e, enfim, mal-humorado, o ministro da Fazenda disse a jornalistas que prometeu déficit zero em 2024, mas sabe-se lá se vai cumprir. E não concordou nem discordou do chefe Lula, que lhe passou uma rasteira e anunciou o fracasso da promessa antes de discutir com ele os vários ângulos de uma questão tão sensível. Pior: no fim do ano, com Haddad correndo contra o tempo para aprovar suas pautas no Congresso.

    Sem ter como atacar o presidente, contar a verdade e apontar o dedo para o chefe da Casa Civil, Rui Costa, Haddad descarregou a culpa – ou a raiva? – no Congresso e no Supremo. Segundo ele, não foi Lula quem sabotou o País, foram os dois outros Poderes, que, desde 2017, vêm insuflando privilégios para empresas e secando a arrecadação federal.

    “A estimativa de arrecadação não está se confirmando, mesmo com o PIB crescendo”, reclamou. Mas não assumiu a culpa, que jogou em fatores já conhecidos quando levantou a bandeira do déficit zero: juros, “ralos tributários”, “erosão da base fiscal do Estado” e duas decisões de seis anos atrás: o Congresso criou uma brecha que aumentou subvenções de R$ 39 bilhões para R$ 200 bilhões e o STF retirou PIS/Cofins do cálculo de ICMS de empresas de cigarros, logo, a Receita vai ter de “devolver” R$ 4,8 bilhões a elas. Mas quem pagou não foram as empresas, foram os consumidores…

    O ministro da Fazenda tem razão ao reclamar do Congresso, do STF e de empresas e setores gananciosos, mas isso não elimina uma realidade: a visão antiquada, populista e perigosa de Lula e do PT sobre rigor fiscal e controle da inflação. Não é de hoje que Haddad e Rui Costa se confrontam, um tentando trazer pragmatismo e confiança, o outro sendo o fiel escudeiro das ideias do PT no Planalto.

    Haddad tem uma relação quase filial com Lula, mas Rui Costa está a passos do gabinete e dos ouvidos de Lula, tão sensíveis a pregações populistas. Rigor fiscal, corte de gastos e respeito à matemática, ou ceder à tentação do discurso fácil de que, “no meu governo, não tem corte”? O risco de Haddad – e do governo – é ele perder a capacidade de influência sobre as decisões econômicas de Lula.

    Se Rui Costa está mais perto do PT e das velhas convicções de Lula, Haddad se aproximou tanto de ideias mais modernas quanto de BC, Câmara e Senado, mundo empresarial, setor financeiro e mídia. Fez-se essencial. Se a economia for bem, o destino de Lula e do governo é um; se for mal, é outro. “Ir bem” significa seriedade, consistência e credibilidade, não um “saco de bondades” enganosas.

  7. Miguel José Teixeira

    Dois belo artigos. Mas, alguma novidade nos seus conteúdos? Nada mais do que o continuísmo do método “corja vermelha”, agora respaldado pela prerrogativa máxima: “pecado é roubar e não poder carregar”!

  8. POLÍTICOS NO COMANDO DAS ESTATAIS: UM “RIVIVAL, por Bruno Carazza, no jornal Valor Econômico

    Severino Cavalcanti era um político do baixo clero que, por um desatino da política brasileira, assumiu a Presidência da Câmara dos Deputados em 2005. Segundo os relatos da imprensa na época, o deputado teria pressionado Lula, então em seu primeiro mandato, a lhe dar o direito de nomear um apadrinhado para “aquela diretoria da Petrobras que fura poço e acha petróleo”.

    Eduardo Cunha, outro célebre presidente da Câmara, acreditava que indicar um aliado para a diretoria ou a vice-presidência de um banco público, como a Caixa Econômica Federal, lhe daria mais poder e influência do que obter um Ministério.

    Diante de tanto interesse no controle das decisões de bancos públicos e estatais, que têm orçamento e flexibilidade de contratação e despesas muito maiores que os órgãos da Administração Direta, não causa surpresa a ampliação do corpo diretivo dessas companhias nos últimos anos. Para se ter uma ideia, em 1994 a diretoria da Caixa era composta por seis integrantes – mesmo número de membros de seu Conselho de Administração. Hoje, além do presidente, são doze vice-presidentes e 25 diretores-executivos; já o conselho tem oito assentos.

    Com uma carteira de crédito de mais de R$ 1 trilhão, no caso da Caixa, e um orçamento de investimentos de US$ 78 bilhões para o ciclo 2023-2027, que deve der ampliado em breve pela Petrobras, empresas públicas e de capital misto despertam a cobiça da classe política. Não foi à toa que o maior caso de corrupção de nossa história teve as duas estatais como palco, protagonizando operações que desviaram bilhões para grandes grupos privados, como Odebrecht e JBS.

    Como resposta à devassa que havia levado diversos executivos e políticos para a prisão, em meio ao processo de impeachment de Dilma, o então presidente em exercício Michel Temer (ele próprio investigado por ser beneficiado pelo esquema nas estatais) sancionou a Lei nº 13.303/2016, que reforçava as regras de governança corporativa desses entes.

    Entre as medidas prudenciais previstas na Lei das Estatais estava a vedação de indicações para o Conselho de Administração e a diretoria dessas empresas de detentores de altos cargos nos Poderes Executivo e titulares de mandatos legislativos, ainda que licenciados, assim como dirigentes de partidos políticos e qualquer pessoa que tenha participado com poder decisório em campanhas eleitorais nos 36 meses anteriores. O objetivo era blindar as estatais da influência política nos seus processos decisórios.

    Na última semana, duas decisões mostram como as boas ideias não prosperam no Brasil, diante dos interesses políticos. Primeiro, a Petrobras decidiu fragilizar sua política de governança corporativa, sinalizando uma intenção de voltar a permitir a nomeação de dirigentes partidários e políticos para sua diretoria e Conselho de Administração. Dois dias depois, Lula decidiu demitir a então presidente da Caixa, Rita Serrano, e nomear Carlos Vieira Fernandes, atendendo a pedidos de Arthur Lira e do Centrão.

    Como muito bem lembrou Malu Gaspar na sua última coluna n’O Globo, a classe política deve a Ricardo Lewandowski esse presente. Em um dos últimos atos de sua passagem pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro concedeu uma liminar suspendendo os dispositivos da Lei nº 13.303/2016 que restringiam a nomeação de políticos para a cúpula de estatais.

    Apesar de reconhecer que as exigências da Lei das Estatais representam “inovações altamente moralizadoras”, contribuindo para “conferir mais transparência, controle, previsibilidade e imparcialidade às atividades das empresas estatais” e assegurar que sua administração “seja levada a termo com o mais elevado grau de profissionalismo e eficiência”, o ministro Lewandowski deixou mais uma vez sua lealdade política prevalecer em seus julgados.

    Num exercício argumentativo que choca pela fragilidade, o ex-ministro considerou que a vedação temporária de indicação de políticos para posições estratégicas das estatais (válidas durante o exercício de seus cargos e no máximo até 36 meses de sua participação na vida partidária ou em disputas eleitorais) seria uma medida inconstitucional por ferir os direitos à isonomia e à igualdade dos políticos, pois a lei lhes impõe uma condição mais restritiva do que a válida para os demais cidadãos.

    Citando parecer da Procuradoria-Geral da República, Lewandowski ainda reiterou que as regras contra o aparelhamento político das estatais seria “uma espécie de punição pela participação partidária, com privação de direito em face de convicção política”.

    Na lógica de Lewandowski, em vez de se agir preventivamente limitando a possibilidade de captura política das estatais, o ideal seria confiar no espírito republicano dos dirigentes partidários – como se nossa história não tivesse inúmeros exemplos demonstrando justamente o contrário.

    O fortalecimento da governança corporativa das estatais deveria receber o apoio da população brasileira, independentemente das preferências políticas de cada um.

    Afinal, da mesma forma que não foi saudável o forte aparelhamento dos postos estratégicos de grandes estatais com militares indicados por Bolsonaro, a perspectiva de que políticos do PT ou do Centrão voltem a ocupar o comando de bancos e empresas públicas pode ser a reprise de uma velha história que, sabemos, não tem final feliz.

  9. A unanimidade fora do governo e Lula 3 vai se assemelhando cada vez mais a Dilma 2, a impichada.

    A IRRESPONSABILIDADE DE LULA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Em um surto de sinceridade, o presidente Lula da Silva afirmou que a meta de zerar o déficit fiscal no ano que vem não precisa ser cumprida. Segundo ele, o resultado dificilmente será atingido sem a realização de cortes orçamentários em investimentos e obras públicas, algo que ele não deseja fazer. “A gente não precisa disso”, disse o presidente, referindose à meta de déficit zero, em café com jornalistas no Planalto na sexta-feira passada.

    Quem escolhe a vida pública sabe que existem muitas coisas que não devem ser ditas – não porque elas não sejam verdade, mas pelos efeitos indesejados que essas verdades podem gerar. Mas foi exatamente isso que o presidente fez na semana passada, ao jogar uma pá de cal sobre a meta a que o próprio governo se impôs.

    Havia sido uma semana muito positiva no mercado financeiro. A prévia da inflação reforçou as apostas dos analistas sobre a manutenção do ritmo de redução da taxa básica de juros. Após a fala do presidente, o dólar voltou a romper o patamar de R$ 5,00, a bolsa caiu e os juros futuros dispararam, desancorando expectativas que guiam as decisões do Banco Central (BC) a menos de uma semana da reunião em que o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará a taxa básica de juros.

    Como esperado, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), saiu em defesa do chefe. Segundo ela, o mercado financeiro teve uma reação irracional, pois nunca acreditou de fato na meta do déficit zero. Hoffmann, no entanto, não é nenhuma amadora e sabe exatamente o impacto da mensagem que Lula da Silva passou.

    Quando os economistas demonstram ceticismo em relação ao déficit zero, cumprem sua obrigação de alertar a sociedade quanto à solidez das contas públicas. Quando a oposição ironiza o compromisso, faz o jogo político que dela se espera. Quando o Congresso resiste à meta, tenta ampliar seu acesso ao Orçamento. Quando o presidente da República em pessoa menospreza a meta anunciada pelo seu próprio ministro da Fazenda, está sendo apenas irresponsável.

    Ainda que inexequível, o déficit zero é sempre um objetivo defensável. Ele expressa uma disposição inicial ao acerto, o que já é muita coisa. Manter o objetivo inalterado significa caminhar em sua direção, o que implica pronta e imediata rejeição de medidas que abram mão de receitas ou aumentem gastos.

    Sabe-se que o mundo real não é exatamente assim. A própria pandemia de covid-19 mostrou o quanto demandas inesperadas podem surgir sem aviso prévio e precisam ser acomodadas. Não há, no entanto, nenhum motivo, neste momento, para renunciar previamente à meta no primeiro ano em que ela seria testada.

    Quando o presidente fala em “obras”, deputados e senadores entendem “emendas”. Ambas fazem parte da mesma rubrica de despesas não obrigatórias. A meta de déficit zero exige um corte na verba de gastos discricionários de até R$ 53 bilhões, de forma que as emendas não seriam poupadas. É disso que se trata: Lula está mais preocupado em saciar a fome de sua base fisiológica do que em bancar o compromisso de equilíbrio fiscal assumido pelo ministro Fernando Haddad.

    O Legislativo se sente credor do governo e sabe que é essencial para que a agenda do Executivo continue a avançar. Depois de meses de negociações difíceis e custosas, a Câmara aprovou o projeto de lei que tributa fundos exclusivos e offshore. No Senado, a despeito das críticas, a reforma tributária caminha para ser aprovada com benefícios superiores aos custos.

    Em troca, parlamentares querem a garantia de suas emendas, mesmo que elas comprometam o arcabouço a que eles mesmos deram aval. Afinal, se esse contexto piorar as expectativas a ponto de elevar a inflação e impedir a redução dos juros, Lula retomará as críticas ao Banco Central, isentando o Congresso e a si mesmo de qualquer responsabilidade.

    O ministro Haddad sai derrotado do episódio e sem qualquer moral para cobrar alguma austeridade da Câmara e do Senado. Quem realmente perde, no entanto, é o País, sobretudo os mais pobres, que Lula diz defender.

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