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O MONOLOGO. MAIS UMA VEZ, A CAMPANHA ELEITORAL MUNICIPAL EM GASPAR EXCLUI O ELEITOR E A ELEITORA DO DEBATE. A CONFRONTAÇÃO DE IDEIAS E PROPOSTAS SÃO ATOS “PERIGOSOS”

Vou escrever mais um artigo que ninguém irá, a não ser eu mesmo. ler, segundo os políticos e os donos do poder de sempre em Gaspar. Então, não devo me incomodar com as queixas desses poderosos trazidas por terceiros amestrados e defensores de seus interesses. Ou a mentira tem realmente pernas curtas?

Vamos ao que interessa.

Leio que em São Paulo – e não me importo propositadamente com a vizinha Blumenau que seguirá uma linha assemelhada a de São Paulo -, haverá pelo menos 12 debates públicos com os candidatos a prefeito. O primeiro, já aconteceu, o da Band. E haverá outra dezena de sabatina em ambientes públicos e veículos de comunicação, portais, todos com relevantes participações na mídia social.

Aqui em Gaspar, provavelmente haverá um só debate, e arranjado às vésperas das eleições para que a repercussão dele na comunidade, se houver, seja a mínima possível no eleitorado, diante da coleta dos votos nas urnas em seis de outubro. É proposital. Sobre sabatinas críveis, nem vou tocar neste assunto.

Mas, aí, alguém me diria: “você não pode comparar São Paulo com Gaspar!

Certo; concordo, eu responderia. A começar pelo tamanho e complexidade das duas cidades. Entretanto, o que fica evidente, neste questionamento contra a falta de debates, é que Gaspar continua tão pequena neste tipo de tema, com donos, sem transparência e as eleições neste contexto, são coisas que dizem mais respeito a grupos de interesses de poder – e não exatamente a políticos -, que em alguns casos, até eles fingem estar divididos, mas no fundo, ganhe um ou outro, tudo estará resolvido entre eles e na maior parte, só para eles.

Ao invés de discutir a cidade do presente e do futuro com os seus cidadãos e cidadãs viventes por aqui, os quais, verdadeiramente, bancam a precariedade e o atraso com os pesados impostos, os que fazem as escolhas com os seus votos livres e num ambiente democrático, ou seja, os verdadeiros merecedores das atenções e resultados dos futuros administradores, quando chega esta época, tenebrosamente, tudo se esconde, ou então, arrumam-se cortinas de fumaças – como por exemplo, a obrigação de se seguir o calendário vacinal nas crianças – para não discutir os antigos e permanentes problemas de sempre, bem como, a sempre “prometida” virada de chave dos discursos do passado que nos algema permanentemente nele. 

Agora, estamos, falsamente, e isto foi armado de forma intencional mais uma vez, discutindo se um candidato é de esquerda, de direita ou de centro e não o que exatamente os atores que armam esta pantomima, bem como o que mais interessa à cidade e suas pessoas: se o candidato – e seu grupo – possui capacidade de administrar, produzir resultados diferenciais e tirar a cidade do buraco que esses donos da cidade querem como sua voz – e não a população por sua representatividade – de poder.

Hoje, por exemplo, sequer é feita a manutenção da cidade, quanto mais no planejamento urbano, saúde, educação e obras de infraestrutura como saneamento, mobilidade e abastecimento de água. O prefeito ontem estava distribuindo fotos dele gerenciando a Fecam- Federação de Consórcios de Municípios de Santa Catarina – lá de Florianópolis. E aqui, a coisa pegando fogo.

Numa cidade menor que São Paulo e que a usei como exemplo, em tese, o debate e o contato com os cidadãos e cidadãs seria mais facilitado do que, por exemplo, numa metrópole com milhões de habitantes. Mesmo sendo menor, sabe-se que os tempos mudaram, as exigências são outras. Ao invés das reuniões, dos tradicionais encontros nos botecos, canchas de bochas e garagens de correligionários, cabos eleitorais, líderes comunitários, ou até os falecidos comícios, o ambiente de comunicação tecnológica evoluiu e exige novos comportamentos de comunicação. Ou seja, é muito mais fácil promover estes debates, confrontação e eles, a partir disso, espalharem-se pela cidade. 

Todavia, com candidatos inventados, candidatos obrigados a explicações e até candidatos sem propostas objetivas, candidatos obrigados a deixarem siglas tradicionais vivas, os patrocinadores poderosos de candidatos escolhidos por eles estão temerosos com o desempenho nas urnas de seus escolhidos. Se ainda fosse possível, para esses poderosos, o escolhido deles seria indicado por um conselho de “çábios”, amigos comuns e por quem jura defender a democracia. Tudo fazem para que não haja questionamentos, exposição e contrapontos dos que querem furar esta bolha. 

O medo de quem ainda não chegou em meados dos anos 20 do século 21 é a exposição dos seus inventados. Então não querem debates, sabatinas e textos esclarecedores como este. E à suposta falta de agenda comum entre todos os candidatos para fugirem da confrontação, desde agora, é a desculpa esfarrapada que se está pregando por aí. Ora, se os candidatos fogem assim tão precocemente do embate de ideias é porque têm pouco a dizer de diferente à cidade, cidadãos e cidadãs.

Como dizia o ex-primeiro ministro do Brasil, Tancredo de Almeida Neves, “quando a esperteza é demais, ela como o próprio dono“. Até no monólogo, é facultado ao ator, interpretar diversos personagens. Aqui, por enquanto, nem isso. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Perguntar não ofende: como está mesmo a integração dos ônibus coletivos de Blumenau em bairros de Gaspar? O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o vice Marcelo de Souza Brick, PP, e uma penca de vereadores, chegaram a fazer lives nas suas redes sociais andando nos ônibus da Blumob anunciando a solução para os gasparenses. Faz tempo isso. Mais um teatro.

A única coisa que conseguiram de verdade, e com aparência de vingança e numa empresa que já foi a queridinha deles em tempos eleitorais, foi tirar a concessão da Verde Vale na ligação intermunicipal entre Ilhota e Blumenau, passando por Gaspar, exatamente para a que explora o transporte coletivo aqui. E nesta troca, nada mudou neste itinerário intermunicipal. Inclusive a precariedade.

Há uma guerra devastadora de bastidores em curso. Somente ontem, terça-feira, dia 13, o candidato do Republicanos em Gaspar, Oberdan Barni, conseguiu aparecer como candidato a prefeito de Gaspar no site do Tribunal Superior Eleitoral. Em um meme desabafo que espalhou nas redes sociais, Oberdan reproduziu a página do TSE que o coloca como candidato com a seguinte observação: “agora acaba a fofoca dos melancias [ referindo-se ao PL dos empresários, PP, MDB e que usa Bolsonaro como marca para ter votos] de Gaspar. Eita! Candidatura registrada. Vamos juntos fazer a mudança que Gaspar precisa“.

O recado tinha endereço: o PL que tomou o Republicanos em Santa Catarina e vem tentando, por todos os meios, inviabilizar a candidatura de Oberdan Barni, em Gaspar, tudo para facilitar a vida do candidato Paulo Norberto Koerich e que, ironicamente, já serviu como secretário de segurança ao ex-governador do Republicanos, Carlos Moisés da Silva. Oberdan está registrado na justiça eleitoral, mas ele sabe que sofrerá para se estabilizar juridicamente. E se vencer esta etapa, vai sofrer no ambiente econômico. “não vou desistir, não“, insiste. “Quanto mais eles armam contra mim, mais forte fico“, assegura, depois de ter recebido uma visita pessoal do deputado estadual, e ex-presidente do partido, Sérgio Motta, no final da semana passada e que se assustou com os relatos.

Ontem, com este registro de Oberdan Barni explicitado no site do TSE, algumas apostas foram perdidas na cidade que diziam que ele nem chegaria a este ponto. Outras, foram reformuladas e dobradas contra Oberdan. A forte reação no PL contra o registro já era esperada, mas a surpresa veio do grupo que quer continuar o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PP. Há um temor de pulverização da avaliação do governo de oito anos como pouco se viu antes na história eleitoral de Gaspar.

Uma fonte ouvida e que pediu para não ser identificada afirmou que “parece que ele [Oberdan Barni] não tem medo, é teimoso e está com sorte até agora. Vamos ver se ele consegue sobreviver os próximos 15 dias em que será julgado a condição dele candidato pela Justiça Eleitoral”. A mesma fonte não soube precisar o que pode impedir neste momento Oberdan de ser candidato a prefeito de Gaspar.

Não tem jeito. Em Gaspar, o Conselho Tutelar – que é autônomo, em tese – possui vagas obrigatórias para cinco conselheiros. Já informei, que a secretaria de Assistência Social do governom de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, trabalha com quatro. Advertida, bancou. O Ministério Público avisado, mandou a prefeitura preencher a vaga com os cincos previstos na Lei. Foi feita eleição para isso. É só chamar os suplentes, sucessivamente. A prefeitura de Gaspar se fez de desentendida e afrontou legislação e o MP, mais uma vez.

Foi aí que o Ministério Público de Gaspar resolveu endurecer. Ontem, dia 13, a juíza Camila Murara, a que cuida da Vara da Infância e Adolescência, atendeu a Tutela de Urgência pedida pelo MP de Gaspar. Deu 48 horas para a prefeitura resolver este assunto e fixou multa diária de R$10 mil em caso de descumprimento. Sério: precisava chegar a este ponto? Teve dias, que o Conselho Tutelar de Gaspar só funcionou com dois dos cinco conselheiros. Este é o retrato continuado da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP. Muda, Gaspar!

O governador Jorginho Melo, PL, perdeu na primeira instância, a ação que moveu contra o ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos. Num debate na tevê, Carlos Moisés disse que Jorginho, como senador, pediu-lhe em reunião, para não trocar contratos mais favoráveis financeiramente ao estado na área de segurança. Na Justiça, por enquanto, prevaleceu a tese e a argumentação de Carlos Moisés na tevê. Então…

O PT desiste em Itajaí. Concentrará esforços em Blumenau, Gaspar e Brusque.

A Defesa Civil de Gaspar acaba de se desfazer de seus técnicos. O ex-motorista do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, mesmos qualificados e necessários, achou-os esses técnicos dispensáveis. Pediu outro da Superintendência do Meio Ambiente. Ele lhe atenderia melhor no entendimento da Defesa Civil de Gaspar.

Isto é o que realmente avança em Gaspar. A Defesa Civil de Gaspar vem tentando substituir a área de meio ambiente de Gaspar para atender as demandas de loteadores em empreendimentos que travaram na técnica e autônoma Superintendência Municipal de Meio Ambiente. Esta manobra corre, mais uma vez, o alto risco de judicialização e contra os empreendedores. Muda, Gaspar!

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14 comentários em “O MONOLOGO. MAIS UMA VEZ, A CAMPANHA ELEITORAL MUNICIPAL EM GASPAR EXCLUI O ELEITOR E A ELEITORA DO DEBATE. A CONFRONTAÇÃO DE IDEIAS E PROPOSTAS SÃO ATOS “PERIGOSOS””

  1. Pingback: OUTRA VEZ A VOZ ÚNICA DOS EMPRESÁRIOS? ELA TERIA MAIS VALOR EM GASPAR SE FOSSE DE REPÚDIO AO QUE PEDIU EM 2020 E FOI IGNORADO E ATÉ SACRIFICADO - Olhando a Maré

  2. DINO ACIONOU UM DETONADOR, por Bruno Boghosian, no jornal Folha de S.Paulo

    Flávio Dino acionou um detonador que, de uma forma ou de outra, tem potencial para mudar de maneira drástica o jogo de forças entre governo e Congresso. Depois de proibir a distribuição de verba sem transparência pelos parlamentares, o ministro decidiu limitar as emendas impositivas, liberadas de forma obrigatória para deputados e senadores.

    A criação dessa ferramenta pelo Congresso, em 2015, foi uma revolução nas regras de governabilidade. O Executivo passou a ser obrigado a mandar milhões para os redutos de cada parlamentar. Com isso, o Planalto perdeu o poder de negociar a liberação de dinheiro em troca de apoio na Câmara e no Senado.

    A verba garantida transformou de forma radical a relação de parlamentares e presidentes. Se um deputado sabe que tem R$ 37,8 milhões por ano para sua base eleitoral, ele não precisa passar o pires nos gabinetes de ministros. Tem conforto para ampliar a pressão sobre o Executivo e pode ficar tranquilo na oposição.

    Dino ameaçou zerar o jogo. O ministro afirmou que emendas impositivas violam a separação de Poderes porque reduzem a prerrogativa do governo de executar o Orçamento. Na prática, ele congelou pagamentos, deu ao Planalto o direito de aferir se as emendas estão “aptas à execução” e mandou refazer as regras.

    A aposta explosiva de Dino parece estar depositada na oferta de um balão de oxigênio ao governo. Nesse cenário, presidentes voltariam a ter a capacidade de usar as emendas para formar suas bases de apoio no Congresso ou, no mínimo, negociar novos critérios de pagamento que reduzam a desvantagem do Executivo.

    O efeito, no entanto, também pode ser o contrário. Nada tira da cabeça de deputados e senadores que existe uma dobradinha entre Dino e Lula para enfraquecer o Congresso e inutilizar a ferramenta mais importante que o centrão tem para eleger os próximos presidentes da Câmara e do Senado. Secar a fonte na qual os parlamentares bebem há quase uma década seria mais do que um pretexto para uma crise grave.

  3. O STF 9DE NOVO) NO MEIO DA ONDA, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    A defesa que o presidente do STF fez do ministro Alexandre de Moraes vai muito além de puxar a fila de ajuda ao colega, no centro de mais uma forte turbulência política. Trata-se não do indivíduo, mas da instituição.

    Moraes virou hoje o retrato 3 x 4 da participação direta do Supremo na política. Visto hoje por boa parte da população como uma instância que toma decisões políticas, por razões políticas, querendo atingir fins políticos.

    É importante reiterar que deixou há tempos de ser relevante a existência ou não de fatos para sustentar essa percepção. Também no Brasil a “veracidade” dos fatos empalidece diante da percepção e da “narrativa” criada a partir deles.

    No âmbito no qual se encaixa o “caso” Moraes, o STF é vítima da famosa lei das consequências não intencionais. Num passado já longínquo (2019…), a instituição se sentiu atacada por uma campanha levada adiante sobretudo nos meios digitais, e montou um inquérito em defesa própria.

    Não há muita dúvida sobre o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro ter identificado nos tribunais superiores, especialmente no STF, “o” adversário político por excelência, e tê-lo tratado como tal. Bisonho, Bolsonaro produziu muito mais barulho e alarido no meio digital do que ações concretas (que estariam ao seu alcance) para constranger o que considerava uma postura, por parte do STF, que o teria impossibilitado de governar.

    A participação do STF na política é muito anterior ao fenômeno político Bolsonaro, mas hoje não é mais possível enxergar uma coisa sem a outra. Particularmente

    os eventos do 8 de Janeiro solidificaram num STF sempre dividido entre seus 11 egos uma unidade que encontrou novamente no inquérito das “fake news” uma potente arma de ataque.

    Em outras palavras, gostem ou não disso os ministros do STF, a instituição foi arrastada para o centro do debate político – no qual a atuação de tribunais superiores, como o TSE, virou assunto central. As vozes mais influentes dentro do Supremo há algum tempo manifestam preocupação com esse estado de coisas, mas nada quiseram ou nada puderam fazer quando Moraes se transformou numa espécie de superstar – para o bem ou para o mal.

    O resultado de tudo isso é negativo e está sendo colhido sob forma preocupante. É na perda de autoridade e legitimidade. Podem os ministros do STF – como fizeram agora mais uma vez – alegar que essa perda careceria de pressupostos racionais ou factuais.

    Mas essa discussão se tornou fútil. O “caso” Moraes é grave não pelos atos do indivíduo. Mas pela maneira como hoje o STF é visto por larga parcela do público.

  4. ORDEM INFORMAL FERE O DEVIDO PROCESSO LEGAL, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    As revelações desta Folha acerca de procedimentos informais envolvendo o ministro Alexandre de Moraes e seu estafe em investigações presididas por ele deveriam merecer rigorosa atenção pública.

    Trata-se de um desdobramento da inaudita concentração de poder em um mesmo magistrado, como ocorre no heterodoxo e interminável inquérito das fake news.

    As mensagens obtidas pela reportagem mostram um fluxo alheio às formalidades exigidas na comunicação estratégica entre o gabinete de Moraes no STF e o órgão do Tribunal Superior Eleitoral responsável pelo combate à desinformação.

    Em nome do ministro, por um aplicativo de mensagens, um de seus assessores no Supremo fazia demandas ao chefe do serviço do TSE sobre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvos do inquérito que tramita, sob a chefia do ministro, na corte constitucional.

    O servidor da Justiça Eleitoral então confeccionava relatórios que, remetidos ao Supremo, sustentaram medidas de força decretadas por Moraes, como bloqueios de contas em redes sociais e multas. A verdadeira origem dos pedidos de investigação —o próprio gabinete de Moraes— não consta dos laudos produzidos no TSE. Não foram investigações espontâneas, e isso deveria estar claro nos autos.

    O caráter esdrúxulo do mecanismo informal não escapou aos interlocutores. Numa conversa, o assessor do STF sugere mudar a conduta para que a manobra não soasse descarada. Tampouco se disfarçou o incômodo diante de pedidos específicos do ministro que não eram encontrados nas redes. A orientação para um desses casos foi a de recorrer à criatividade.

    Não estão em questão a boa-fé de Alexandre de Moraes nem a obtusidade da ala do bolsonarismo que flertou com a ruptura institucional. Discutem-se os meios utilizados para enfrentar a ameaça, real.

    À diferença das autocracias, o Estado democrático de Direito não pode abrir mão do caminho regular e transparente para perseguir os seus objetivos. Não deveria haver poder nas sombras, ilimitado.

    A imagem de um juiz que, mediante ordens informais, escolhe os alvos que depois serão atingidos pela sua caneta conflita com o cânone clássico das liberdades civis.

    É uma pena que, por espírito de corpo, colegas de Moraes tenham se apressado a conceder-lhe um novo salvo-conduto. Há acusados e investigados que poderão, com base nas informações que vêm sendo levantadas pelo jornalismo profissional, solicitar a nulidade de provas ou a reversão de decisões.

    Já sabem que contarão com a antipatia do tribunal que deveria zelar pelas prerrogativas fundamentais dos brasileiros, entre as quais fulgura o devido processo legal.

  5. Lamentável o que aconteceu em relação ao Conselho Tutelar e Defesa Civil. A atual administração municipal não respeita dois órgãos importantes na suas esferas de atuação. Está na hora da verdadeira mudança em Gaspar. O povo não suporta mais tanta incompetência e ingerência.

    1. Desculpe-me. Você que já foi secretário de Asssistência Social em Gaspar e trabalha no judiciário entregando intimações, sabe que não se trata de incompetência, mas de método. E dos piores: contra gente em estado muitas vezes, crítico de graves vulnerabilidades. Impressionante

  6. OS SUPERPODERES DE MORAES, por Bruno Boghosian, no jornal Folha de S. Paulo

    A PGR tinha dado todos os sinais de sua letargia quando Alexandre de Moraes mandou engavetar um pedido de investigação contra Augusto Aras. Era agosto de 2021, e o ministro afirmou que faltavam indícios sobre o interesse do procurador-geral em dar guarida a Jair Bolsonaro para, entre outros crimes, tentar demolir o sistema eleitoral.

    A tolerância com a omissão da PGR e a concentração de poderes no Supremo contam duas partes da mesma história. Moraes se acostumou com a presença de Aras como um objeto inanimado na paisagem institucional. Em vez de corrigir o vício, o ministro deu um jeitinho para ocupar aquele espaço.

    O acúmulo de superpoderes no gabinete de Moraes ganha novos contornos com as revelações dos jornalistas Fabio Serapião e Glenn Greenwald. Reportagem na Folha aponta que o ministro participou da fabricação de relatórios do TSE que ele mesmo usaria, no STF, para ordenar medidas contra suspeitos de difundir material com teor golpista.

    As mensagens trocadas entre assessores dos dois tribunais mostram que Moraes não foi apenas um juiz rigoroso contra aqueles que representavam um risco à democracia. Nesse quesito, há queixas razoáveis, mas o ministro agiu às claras, submeteu suas decisões a escrutínio público e foi respaldado pelo tribunal.

    A decisão de queimar etapas em segredo e simular passos desse processo, por sua vez, indica que Moraes escolheu ignorar alguns limites à sua autoridade. É ilustrativa a mensagem que um auxiliar envia para ordenar a alteração de um relatório que deveria ter sido produzido de forma espontânea: “Ele cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia”.

    A preparação de um golpe foi uma ameaça real, e os suspeitos exibiram provas ao ar livre. A movimentação de Moraes foi a única defesa consistente daquele período, mas isso não impede que seus métodos sejam questionados. Aceitar que um ministro tenha o controle absoluto do processo e recorra à informalidade para aplicar a lei é um erro.

  7. 50 ANOS COM A CHINA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Amanhã completam-se 50 anos do restabelecimento de relações diplomáticas com a China. Em meio século, ela foi de anátema à condição de maior parceiro comercial do Brasil. Se as negociações avançarem, o presidente Xi Jinping descerá em Brasília ainda neste ano. (Ele já esteve em Pindorama, em 1996, aos 43 anos, no Ceará.)

    Lula restabeleceu as relações cordiais com a China, açoitadas durante o governo de Jair Bolsonaro. Ele acusava a China de ter criado o vírus da Covid-19 e dizia que seu embaixador estava no Brasil para derrubá-lo. Chegou a pedir sua remoção, sem sucesso.

    Pelo mundo afora, entender o Império do Meio exige algum esforço. A primeira lei racista e xenófoba dos Estados Unidos mirou nos imigrantes chineses que haviam construído a ferrovia transcontinental, no século XIX. Por cá, a imigração chinesa foi condenada por escravocratas como o Visconde de Sinimbu e por abolicionistas como André Rebouças.

    Enquanto a China viveu o que hoje chama de “século de humilhações”, o Brasil praticamente ignorou-a. Em 1944, a poderosa mulher do general Chiang Kai-shek, o rival de Mao Tsé-Tung, passou uns dias na Ilha de Brocoió, no Rio. Cuidava da saúde, mas foi-se embora queixando-se da umidade.

    Desde 1949, quando Mao entrou em Pequim, até 1974, o Brasil só reconhecia como China a Ilha de Taiwan, para onde Chiang, batido, havia recuado. (Nos anos 1960, o Partido Comunista do Brasil mandou 41 militantes para treinamento militar na China, 14 foram para a guerrilha do Araguaia e 12 morreram por lá.)

    Esse quadro começou a virar em fevereiro de 1974.

    O presidente americano Richard Nixon havia visitado Pequim em 1972. Deng Xiaoping havia saído do ostracismo, Mao Tsé-Tung já não enxergava direito e dizia que estava “convidado para tomar um drinque com o rei dos infernos”.

    O presidente eleito Ernesto Geisel recebeu o embaixador Antônio Francisco Azeredo da Silveira e ouviu:

    — Não ter relações com a China é o maior irrealismo do mundo.

    Geisel estava de acordo e perguntou por que o Itamaraty não se manifestava.

    — Medo, medo dos militares — respondeu Silveira.

    Dias depois, foi além:

    — O senhor reconhece a China de graça.

    Ilusão democrática de Silveira, que viria a ser o novo ministro das Relações Exteriores. O general Golbery do Couto e Silva achava que “isso ainda está um pouco longe”. Consultado, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Sylvio Frota, foi contra. O Serviço Nacional de Informações grampeou uma delegação que veio a Brasília.

    O empresário Giulite Coutinho, que era estimulado pelo professor Delfim Netto, levou pela segunda vez uma comitiva a Pequim. Só no dia do embarque souberam que um dos intérpretes havia sido preso no Brasil em 1964. Ele explicou:

    — São águas passadas. Vamos olhar para a frente.

    Geisel se reuniu com os ministros militares e disse:

    — Se vocês querem ser coerentes, então vamos cortar relações com a Rússia também e vamos nos isolar, vamos virar mesmo uma colônia dos Estados Unidos.

    Geisel e Silveira bateram o martelo.

    Frota aceitou a decisão de Geisel, mas, anos depois, ao ser demitido, acusou o presidente de ser um criptossocialista e, entre outros exemplos, citou o reconhecimento da China.

  8. GALÍPOLO PAGA POR FALATÓRIO DE LULA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Tido como mais provável indicação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência do Banco Central, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição, deu declarações que chamaram a atenção pela ortodoxia na análise dos riscos inflacionários e na disposição de tomar eventuais medidas necessárias.

    Na semana passada, em palestra, destacou que a projeção oficial de um IPCA acumulado de 3,2% nos 12 meses encerrados em março de 2026 é tratada no BC como “acima da meta” —e, portanto, um motivo para elevar os juros.

    A avaliação é algo surpreendente, em especial para um indicado pelo governo petista. Mesmo para um dirigente mais conservador, a diferença entre o número esperado e a meta de 3% ao ano poderia ser considerada menos digna de nota.

    Galípolo também se alinhou entre os membros do Comitê de Política Monetária que consideram haver mais riscos de alta do que chances de queda da inflação, qualificando o atual cenário econômico como “desconfortável”.

    Não se sabe quantos dos oito demais membros do colegiado pensam da mesma maneira, mas o diretor afirmou que todos se declaram prontos a fazer o que for preciso para levar a variação de preços aos limites perseguidos.

    Já na segunda (12), reforçou a mensagem ao dizer que a possibilidade de elevar a taxa Selic, hoje em pesados 10,5% anuais, está, sim, “na mesa” do Copom.

    Venha ou não a ser o escolhido para o comando do BC, Galípolo claramente faz um trabalho preventivo para aplacar as incertezas gerais em relação à política monetária a partir do próximo ano, quando a cúpula da instituição terá maioria indicada por Lula.

    O presidente da República, afinal, fez sucessivos ataques à autonomia do BC, aos juros e até às metas de inflação, a seu ver, ambiciosas demais. Despertou, assim, o temor de que o órgão se torne subserviente às preferências do Planalto —como ocorreu sob Dilma Rousseff (PT) e resultou em recessão profunda com inflação alta.

    Difícil saber se Galípolo, que também abraçou posições heterodoxas no passado recente, tem real convicção sobre o que disse. De todo modo, o compromisso público assumido com a meta indica, no mínimo, um bem-vindo reconhecimento dos riscos a enfrentar.

    Já se paga um pedágio, portanto, pelas manifestações demagógicas de Lula. A credibilidade, que reduz os custos do controle da inflação, dependerá das ações cotidianas.

  9. Miguel José Teixeira

    O piNçador Matutildo, piNçou:
    “O PT desiste em Itajaí. Concentrará esforços em Blumenau, Gaspar e Brusque.”
    O Bedelhildo, “se-espantou-se”:
    Ué. . .não foi para Itajaí que o “manquinho coveiro” dos PeTralhas catarinenses fugiu, para lá resgatar o prestígio da sigla?
    E o Chatildo. . .
    O eleitor “papa-siri” não caiu no conto da “democra$$ia”!

    1. Em Itajaí, o PT do médico Volnei Moratoni – o intervencionista que paralisou o porto, empregos e polpudos recursos decorrentes da atividade portuária para a própria prefeitura, já tinha se “mudado” para o MDB para se disfarçar, transmutar e voltar ao poder quando o PT estava em baixa. Então…

  10. odete.fantoni@gmail.com

    No guverno krebis, quando alguém insatisfeito com a falta de contrapartida do poder público municipal na área da saúde, educação e infraestrutura se manifestava a respeito, ele, Kleber, mandava o REPRESENTADO pra delegacia.
    Será que Gaspar vai melhorar se levarem a delegacia pra dentro da prefeitura?

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