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O MDB DE GASPAR PERDEU A COROA, O REINADO E O PROTAGONISMO DE DÉCADAS DOS HISTÓRICOS. SEM LIDERANÇA, OS JOVENS MINARAM O CASTELO DE PODER. ELE TINHA MUITO MAIS AREIA DO QUE CIMENTO E PEDRA

No artigo de sexta-feira escrevi aqui: EM MEIO A BOATOS DE DESISTÊNCIA, KLEBER LANÇA O VICE, PELA SEGUNDA-VEZ, COMO SEU PRÉ-CANDIDATO À SUA SUCESSÃO; CANCELA O “SEU MDB” E A ENTREVISTA COLETIVA PARA “EXPLICAR” UM FATO POLÍTICO FUNDAMENTAL DAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO; E SAI DE GASPAR

O artigo – mesmo diante da cortina de fumaça criada com a “caravana de ajuda humanitária e operacional” montada às pressas para atender aos atingidos nas enchentes do Rio Grande do Sul – não foi suficiente para abafar a repercussão no MDB da notícia velha e esperada da véspera: o anúncio pelo porta-voz do MDB de Marcelo de Souza Brick, PP, para ser, oficialmente, o pré-candidato a prefeito de Gaspar em outubro deste ano.

O bate-e-volta de horas do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e o vice do próprio vice Marcelo da zona das tragédias no estado gaúcho, viagem feita para alimentar as suas redes sociais e gerar com isso, empatia dos políticos, reflete o cálculo mal feito desta operação. Lá, descobriram que aqui estávamos à espreita de nova enchente e de problemas tão graves ao que foram resolver lá em três municípios.

O artigo da sexta-feira passada, mesmo assim, continuou dando o que falar na cidade – arredores, Florianópolis e Brasília. A tensão na coligação PP, MDB e PSD está prá lá de aceitável. Se eu publicar tudo o que ouvi, e sem pedir nada para ninguém, não sobra nada, sobre nada.

O artigo irritou, sobremaneira os emedebistas que estão na prefeitura e os que querem estar lá, mesmo que Marcelo não vença. Entenderam?

Eles articularam o falso poder e agora estão em queda livre. E não se deram conta disso, completamente. Estão acostumados a ter a última palavra no senso de propaganda e verdade, ameaçar, calar e processar os de opinião diferente. Mais: satanizam à transparência e já estão apontando culpados ao descobrirem que estão fracos por conta dos seus próprios erros, falta de liderança, renovação, confiabilidade e entrega de resultados para a comunidade.

A verdade é que esse pessoal não aceita, de que o MDB de Gaspar está sumindo do mapa como protagonista do cenário político ao não ter ao menos um candidato – mesmo que não competitivo – na cabeça nas eleições deste ano. Isto não acontecia desde 1969, quando Arno Genésio Schmitt, um dos fundadores do partido, foi candidato pelo MDB. E na eleição seguinte, O MDB já tinha prefeito eleito em Gaspar.

O prefeito Kleber e a atual presidente do partido, a sua ex-secretária de Educação e atual vereadora Zilma Mônica Sansão Benevenutti, conseguiram o que poucos imaginaram, ainda mais naquilo aos que elegeram Kleber, que fizeram de tudo para o MDB ser o centro das atenções e ser o provedor para seleto grupo escolhido não só no MDB e oportunistas bem comuns nestes ambientes, mas também no PP, PSD, PDT e PSDB: o desmanche desenfreado do MDB e deste núcleo de poder, interesses e principalmente, à falta de resultados para a cidade numa gestão de oito anos.

O dia da derrota chegou. E bem antes das eleições diretas pelas mãos do povo. Doído para ser aceito por muitos deles. Outros, principalmente, os jovens e que se aproveitaram do poder como poucos, estão distribuindo culpas anônimas para todos os lados. Mais, no anonimato estão alimentando e revelando o que pode se classificar como “podres” e incompetência da atual administração. Tem tudo para feder muito mais e ser combustível do palanque eleitoral deste ano. Por isso, nos bastidores, já começaram as composições para mitigar e frear tudo isso.

De cinco vereadores que elegeu em 2020, O MDB se dará por contente se conseguir colocar dois na Câmara na próxima legislatura.

O que significa isso? Além da derrota, o tamanho do erro. Privilegiou-se o individual ao partido, à cidade e futuro do MDB como força política e líder de processos de ocupação do poder desde 1969, mesmo não tendo prefeito seu eleito. Simples assim. Unido, o MDB de Gaspar, ao menos, foi um opositor de respeito. Agora, nem isso.

Imagino o que diriam neste momento de velório e enterro sem cerimônias o que passaria pela cabeça dos ex-fundadores do MDB de Gaspar, com os quais convivi e os conhecia nos seus sonhos e determinações como Osvaldo Schneider, o Paca (prefeito de 1973/77), Bernardo Leonardo Spengler (prefeito de 1997/99 – o único a não completar o mandato), Arno Genésio Schmitt, Henrique Deschamps entre outros. Deixo de incluir nesta lista o ex-prefeito Luiz Fernando Poli (1977/83). Ele estava no MDB e foi eleito por uma aliança de esquerda chamada de MDN, antes dele ir para a direita via o antigo PFL, por não aguentar o MDB. Também não incluo Adilson Luiz Schmitt, (prefeito de 2005/2009). Adilson não foi fundador e o MDB que não conseguiu dobrá-lo para uso político da máquina da prefeitura ao seu modo correu com ele do partido Adilson hoje está no PL.

O CANDIDATO INVIÁVEL

O MDB de Gaspar ter candidato para marcar terreno é uma coisa. Possuir um candidato competitivo à altura de quem está no poder de plantão é outra coisa bem diferente. O MDB de Gaspar – ao menos até a hora que publico este artigo, apensar de todo o chororô e acusações – não terá um, nem outro neste ano.

O que agrava tudo, mostra não só o retrocesso e o erro grave erro político cometido em 2020, quando só pensaram no poder e trouxeram para a aliança, por ação do grupo que hoje apoia Paulo Norberto Koerich, PL, o atual vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, então no PSD, mas que depois disso já passou pelo Patriota, assinou ficha no PL e estacionou no PP?

Já naquele 2020, o MDB ficou com medo de perder o poder já no primeiro mandato de Kleber e preferiu antecipadamente assinar a sentença de morte. Agora só está entregando o corpo para o enterro. Simples assim. Ou alguém quer contar uma história diferente?

Resumindo: aquela união era um aviso do que hoje se reclama. Foi desprezado. Agora, o MDB de Gaspar perdeu os anéis, os dedos e a mamadeira que os alimenta nos cargos públicos e na fama de ter poder para negociar alguma coisa, pois a possibilidade de o Marcelo ganhar com apoio integral do PP e do próprio MDB, é praticamente nula. E não é uma percepção pessoal, mas isto está escrito nas pesquisas de ambos os partidos e que as escondem do público. Se pode mudar? Pode. Mas, por enquanto não há fatos novos. E mais do que isso, não há líder confiável que possa conduzir esta mudança. Também simples assim.

Quem articulou tudo isso para chegar onde chegamos neste 20 de maio de 2024? O ex-presidente do MDB de Gaspar, Carlos Roberto Pereira. Ele não está mais no partido e nem na linha de frente da política gasparense, mas torce e tem as suas preferências, inclusive de vinganças. Nos bastidores, quer a desgraça de todos.

Quem foi o instrumento suprapartidário de tudo isso? O grupo de empresários. Ele já mudou de lado outra vez e já tem outro candidato no lugar do então dos seus queridinhos Kleber e Marcelo. Quem desarticulou tudo isso? A ganância, Kleber, os “çábios”, a marquetagem do século 20 que transformou as redes sociais num quintal de quinta categoria de quem deveria se apresentar como um gestor, realizador e estrategista do século 21. Quem arruinou tudo nesta ganância? O gabinete paralelo sob as bençãos do Senhor, criado pelo irmão de templo e de outras afinidades, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, bem como, o novo prefeito de fato, o deputado federal, Ismael dos Santos, PSD.

Quem está na praça esperneando supostamente em nome do espólio do MDB de Gaspar para talvez ficar com ele e reerguê-lo dos escombros e cinzas? O vereador e ex-presidente da Câmara, Ciro André Quintino. Não vou repetir o que já escrevi sobre Ciro. Mas, se ele estivesse se viabilizado no mandanto de vereador, agora não estaria choramingando, distribuindo culpas e pedindo para que outros mandem recados desrespeitosos por montagens em aplicativos aos que lhe passaram a perna. A mulher Joelma, hoje, tem mais crédito do que o próprio Ciro. Só isso, responde às muitas questões usadas para desqualificar a decisão de apontar Marcelo como pré-candidato sucessor de Kleber.

AS CASCAS DE BANANAS

A primeira casca da banana que Ciro escolheu para escorregar ele próprio teve a iniciativa de ir ao outro lado da rua para este escorregão. Ora, se é verdade que o partido o traiu, em primeiro lugar, Ciro devia não ter ido ao lançamento da pré-candidatura Marcelo. Não devia ter aplaudido o anúncio. Não devia estar sorrindo nas fotos que distribuíram do convescote. Foi um ato pró-forma, e como escrevi lá no início do artigo, estava tratado desde 2020. Ou seja, Kleber apenas cumpriu o tratado em 2020 e só fez isso, pois sabe que Marcelo será derrotado com as pesquisas internas que tem na mão. E ao que parece, não está se importando com isso. Por quê. Esta derrota é também a de quatro anos de gestão de Kleber. Nem mais, nem menos.

A segunda casca de banana que Ciro resolveu pisar – e escorregar – foi jogada por ele mesmo na calçada em que anda diariamente. Foi um erro político incompreensível a sua trajetória política e de liderança nestes últimos quatro anos na Câmara. Faltou foco, discurso, coerência e simancol. Insistiu no velho, naquilo que o desgastava. Perpetuou-se nos hábitos que não inspiram confiança não só nos eleitores e eleitoras, mas principalmente, a uma massa crítica de formadores de opinião, apoiadores e gente que pode meter a mão no bolso para ajudá-lo.

Ciro não mudou o discurso, não se atualizou, não saiu do seu mundinho, não agregou conteúdo e mais do que isso, não conseguiu enxergar Gaspar, além do saudosismo e do populismo barato sempre expressou nos seus discursos, atitudes, viagens e agora, nas ausências reiteradas de parte das sessões da Câmara, só porque não é mais o reizinho dela.

Finalmente, a terceira casca de banana. Perguntei a ele: Durante quatro anos você fez campanha para prefeito. Por quê está declinando ao menos de ser candidato a vice? “Para mim, time que não joga não tem torcida. Partido que não tem candidato, não tem militância. Infelizmente, o partido não entendeu isso. Achou que como o PP já esteve conosco em três oportunidades, seria a nossa vez de ceder. Decisão da maioria… Não quero ser eu o primeiro nome da história a colocar o partido como vice… Já vi em outras cidades; e não funciona. Preparei-me para ser prefeito [sic]. Trabalhei para isso. Por isso, acho que posso contribuir com o MDB ajudando meus amigos na legenda para vereador e mantendo o partido vivo”.

Como expliquei acima, desde 2020 havia um acordo com Marcelo, seja em que partido ele estivesse. Isto até balançou. E só vingou porque o governo Kleber é tóxico a qualquer candidato, mesmo que o escolhido fosse Ciro. Por outro, lado, Ciro não se viabilizou. O PP não estará com Marcelo. Assim, como o MDB e isto está cada vez mais claro. Então o quadro da corrida eleitoral tende a mudar muito daqui para frente com esta escolha. E se Ciro não se cuidar, ele pode até não se eleger vereador. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Estes foram os candidatos do MDB de Gaspar: Arno Genésio Schmitt (1969), Osvaldo Schneider (1972), Luiz Fernando Poli (1976), Dário Beduschi (1982), Bernardo Leonardo Spengler (1988, 1992 e 1996), Adilson Luiz Schmitt (2000 e 2004), Ivete Mafra Hammes (2008), Kleber Edson Wan Dall (2012, 2016 e 2020).

Agora, em 2024, o MDB de Gaspar, se tudo correr bem, terá a chance de indicar o vice do Marcelo de Souza Brick, aninhado a última hora no PP, que praticamente já o deixou não mão. Exaghero? Quem do PP está com ele? Pelo que se sabe, só o presidente Luiz Carlos Spengler Filho.

Para entender o que é governo – que atrapalha tudo – e iniciativa privada que alavanca tudo, mas precisa ser fiscalizada. Quando o governo mete a mão, tudo se atrasa. O porto de Navegantes e o de Itajaí fica um defronte ao outro na foz do Rio Itajaí Açú. Um é privado. O outro é gerido pelo município de Itajaí sob concessão do governo Federal. 

Um, exemplo nacional. Não tem vagas nos seus berços que trabalham 24 horas por dia. O outro, está parado há mais de um ano à espera da burocracia re-conceder uma operação provisória a um particular. Prejuízo mínimo de R$15 milhões por mês para os cofres da prefeitura, afora outros tributos e geração de centenas empregos diretos e indiretos. Mas, a prefeitura de Brasília e Brasília insistem em serem “donos” do porto, mesmo ele sendo algo inútil devido à burocracia.

Mas, parece que agora, a agonia estatizante vai para um desfecho. Afinal a JBS, a amiga de Luiz Inácio Lula da Silva – na criação das tais empresas brasileiras vencedoras – e do PT, vai ser sócia de quem ganhou já a licitação e sofre para botar a casa de pé contra os que querem tudo estatizado neste país, gerando boquinhas para gente sem capacidade de produzir resultados. 

A Seara, que é uma marca da JBS que a comprou da Bunge, e devido a isso, ela já opera há anos em Itajaí, um terminal de congelados. Ele era da antiga Braskarne, a qual foi no pacote da venda da Seara, empresa criada pela antiga Ceval Centro Oeste e a Alimentos. Este terminal foi, sob todos os protestos – como até o dos sincicatos fecharem o canal da barra para a saída e entrada de todos os navios -, o primeiro porto privado do país. Quem fez esse porto ser privado? A Ceval, nascida e com sede em Gaspar. Por quê a Ceval foi audaz e pioneira? Por causa das suas pessoas e da liderança executiva de Vilmar de Oliveira Schürmann. Nem mais. Nem menos.

Síndrome do Céu Azul I – Enquanto Gaspar adotava exageradamente – sem plano e conhecimento prévios das necessidades – três cidades no Rio Grande do Sul, as chuvas de poucas horas neste final de semana colocaram as barbas de molho nos da Defesa Civil, agora tocada pelo ex-motorista – desde a campanha eleitoral – e irmão de templo do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, Ezequiel Hintz. Saíram com céu azul e dando espetáculo nas redes sociais. Voltaram, pedindo milagres.

Síndrome do Céu Azul II – Pior sorte teve Rio do Sul. E Blumenau experimentou o gostinho de mais de oito metros além do nível normal em poucas horas. Estão advertidos, pela repetição aqui e pelo exemplo no Rio Grande do Sul, o governador Jorginho Melo, PL e os prefeitos do Vale do Itajaí. Se o governador não pegar este assunto na unha, esta articulação que faz ele para ter e fazer candidatos do seu PL por todos os lugares do Vale do Itajaí, vai levá-lo à derrota se São Pedro não der uma mãozinha até seis de outubro.

Síndrome do Céu Azul III – Inclusive se a sociedade organizada, o governador Jorginho Melo, as estruturas das Defesa Civil e Procuadorias estadual e municipais não enfrentarem, abertamente, os que travam na burocracia, chantagem e ideologia, o pleno funcionamento da Barragem Norte, em José Boiteux, a desgraça será ainda maior. E esta gente da chantagem está na praça, por falta de discurso e argumentos, fingindo-se protetores dos fracos, oprimidos, originários e pedindo votos para os que eles qualificam de invasores, os únicos capazes de elegê-los e sustentá-los na busca do poder.

Síndrome do Céu Azul IV – Um espetáculo sem resultados práticos para a sociedade. Os políticos de Gaspar, pré-candidatos, com mandatos ou não, estavam neste final de semana nas redes sociais anunciando as enchentes daqui, pedindo atenção e precaução. São os mesmos que ainda não resolveram os problemas óbvios, urgentes e necessários como a garantia de operação dos diques do Bela Vista e da Margem Esquerda entre outras. O atual líder da Defesa Civil, por exemplo, ficou quieto. Era um peixe engolido pela correnteza. Está na fase de aprender a fazer e apor a assinatura digital nos documentos oficiais. Meu Deus!

Quem disse que tudo é paz no PL de Gaspar. Ele está aglutinando gente sem identificação com o partido, bolsonarismo e até mesmo com a própria direita. No outro lado, quem já foi o expoente bolsonarista e até o principal dirigente do PL de Gaspar como Márcio Cézar, acaba de postar na sua rede social, apoio explícito a Marcelo de Souza Brick, PP. Para bom entendor, gestos como este tem significado.

Um monte de caminhões, máquinas próprios e de terceiros que prestam serviços remunerados pela prefeitura de Gaspar foram levados ao Rio Grande do Sul. Nada contra, se controlados. Entretanto, antes, porém, eles deviam ter passado na Rua David Bonetti, no Alto Gasparinho (foto ao lado). Estava tão estragada quanto muitas das estradas do Sul onde Gaspar se meteu a socorrer. “Casa de ferreiro, espeto é de pau” como diz o ditado

A Capital Nacional da Moda Infantil nas páginas policiais. A manchete regional foi esta para fechar a semana: “Suspeita de sonegar impostos e falsificar roupas de grife leva polícia à empresa em Gaspar“. Convenhamos, não fica bem.

No Samae de Gaspar quando se pede água potável via caminhão pipa para alguma emergência, o pedido é negado sob a alegação de que o veículo não é apropriado. E falam que isso são das exigências da vigilância sanitária. Mas, para o Rio Grande do Sul, estas exigências desapareceram? Outra. O Samae de Gaspar mandou água potável para o Rio Grande do Sul na semana passada em garrafas, como mostra a foto durante o carregamento. Elogiável. 

No domingo, aqui, todavia, o Samae pedia à população para economizar no consumo. A produção tinha diminuído devido à recorrente turbidez provocada pelas cheias do Rio Itajaí Açú. Quer mais? Na Rua Bonifácio Haendchen, no Belchior Alto, no Distrito do Belchior, o Samae, “cortou” a rua para consertar a tubulação da rede. Entretanto, mais uma vez, foi a população de lá que resolveu sinalizar (foto abaixo, com o uso de um pallet) o perigo para o buraco mal enchido do reparo. Pré-candidatos (a vereadores e prefeito), prefeito e vice passaram no domingo pelo improviso a cada de votos em evento na Sociedade Harmonia. E mesmo assim, nada.

Registro. Importante reoxigenação. A Acig desde quinta-feira, dia 16, tem novo presidente: Eduardo Deschamps – Lumini Contabilidade. Ele substituiu a Edemar Ênio Wieser – Momil Alimentos. A Acig já teve como presidente o ex-deputado Francisco Mastella,e que por conta disso, foi também presidente da Facisc, o primeiro do interior do estado. Mastella, era um executivo de finanças no final da década de 1970 e início da de 1980 da extinta Ceval Alimentos, incorporada nos anos 90 pela Bunge Alimentos.

Denise, mulher do deputado Federal Ismael dos Santos, PSD, o novo prefeito de fato de Gaspar, segundo os bastidores e informações publicadas na imprensa e redes sociais neste final de semana, estaria pulando fora da dobradinha com o Novo, do ex-promotor Odair Tramontin. Duas leituras são feitas para este desalinho. Uma delas, diz muito sobre a atuação do próprio MP do qual Tramotin não tem mais ligação operativa. 

A segunda,  e mais forte, é de que o delegado Egídio Maciel Ferrari, eleito pelo deputado estadual pelo PTB – que não existe mais e que formou o PRD na fusão com o Solidariedade – mas, recém chegado ao PL e para onde foi também o prefeito de lá Mário Hildebrandt, estaria com dificuldades para deslanchar. E diante dessas supostas dificuldades, juntando a fome com a contande de comer, Denise viria em socorro de Jorginho, PL, e Egidio com a rede de apoiadores ligada as igrejas evangélicas neopentecostais.

As coisas de Gaspar. Como parte do Maio Laranja, a prefeitura alugou o Bela Vista Country Club por cerca de R$23 mil para a palestra do Procurador da República, Guilherme Schelb. Nem se fala do custo da palestra. Mas, se a prefeitura tivesse alugado o Salão Cristo Rei, aqui no Centro, pagaria cerca de R$2 mil. Se tivesse ido à Associação da JBS, no Poco, Grande, Talvez, um pouco mais.

No sábado, Guilherme Schelb estava na Igreja evangélica neopentecostal Impac, na Rua Rodolfo Vieira Pamplona (foto ao lado). Não consta, ao menos por enquanto, que a prefeitura tenha pago pelo local. O tema da palestra de Guilherme Schelb? Abuso infantil.

Um pré-candidato foi visitar com alguns de seus apoiadores um empresário numa agenda pré-agendada. Conversa boa, até que o empresário perguntou na lata ao pré-candidato: é você ou essa gente aí ( referindo-se aos que estavam acompanhando o pré-candidato na visita ao empresário) que vai mandar na prefeitura se for eleito? Foi preciso um cafezinho a mais para continuar o papo e se esquecer este assunto. E o recado foi dado. E não é o primeiro.

A prefeitura de Gaspar torce para que o tempo melhore e ela, com a monteira de máquinas e material que botou lá na Arena Multiuso, área que o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, desapropriou, não pagou e não a regularizou, portanto não é do município, possa terminar esta semana o terreno para 1º Rodeio Internacional e o 40º Rodeio Interestadual do CTG Coração do Vale. Ele começa na quarta-feira, dia 22 e vai até domingo. A volta da chuva está marcada para quinta-feira, segundo a Epagri Ciram.

Aí não dá. A compra do terreno com o exorbitante preço de R$14 milhões pagos à vista a pela prefeitura de Gaspar a Furb, naquele imóvel que ela tinha no bairro Sete de Setembro, foi parar no Ministério Público. Fuçando no assunto, o vereador Alexsandro Burnier, PL, descobriu que sequer foi pedida uma perícia técnica para se fazer uma avaliação e se comparar os preços do metro quadrado com outros terrenos lideiros no alto valor pago pela prefeitura, fundamento da dúvida, qwuestionamentos e da comoção pública, os quais precisaram até de polícia na Câmara para a Bancada do Amém aprovar o referido projeto na Câmara sem sem o bafo no cangote dos que pediam explicações.

Aviso aos leitores e leitoras deste espaço. Devido a compromissos particulares, não posso garantir até dois de junho o mínimo de três artigos por semana, como de hábito. Antecipadamente, as desculpas. As leituras minhas e do Miguel José Teixeira, continuarão sendo compartilhadas normalmente. Muda, Gaspar!

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18 comentários em “O MDB DE GASPAR PERDEU A COROA, O REINADO E O PROTAGONISMO DE DÉCADAS DOS HISTÓRICOS. SEM LIDERANÇA, OS JOVENS MINARAM O CASTELO DE PODER. ELE TINHA MUITO MAIS AREIA DO QUE CIMENTO E PEDRA”

  1. A REALIDADE ALTERNATIVA DO SR. DIAS TOFFOLI, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    A fábula sobre a Operação Lava Jato a que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli tem se dedicado a escrever nos últimos meses ganhou mais um capítulo anteontem. Monocraticamente, como se tornou habitual, o ministro declarou a “nulidade absoluta” de todos os atos processuais e investigações em desfavor de ninguém menos que o notório empreiteiro Marcelo Odebrecht, uma das figuras mais identificadas com o esquema do “petrolão” do PT.

    De antemão, é preciso registrar que, fosse Dias Toffoli minimamente cioso das obrigações que as leis, a ética profissional e o senso de decência impõem à toga, ele não deveria assinar uma lauda sequer em processos envolvendo a Novonor (antiga Odebrecht) ou seus altos executivos, por absoluta suspeição. Como é público, Marcelo Odebrecht já identificou Dias Toffoli, em depoimento oficial, como sendo “o amigo do amigo de meu pai”, numa referência ao presidente Lula da Silva, à época investigado no âmbito da Lava Jato, e ao pai do empresário, Emílio Odebrecht – de fato, um amigo de longa data do petista.

    Mas, ignoradas essas barreiras legais e éticas para atuar no caso, o céu se tornou o limite para a imaginação fértil do sr. Dias Toffoli, como o ministro demonstrou ao longo das 117 páginas de sua decisão. Nessa peça de realismo fantástico, o mesmo Marcelo Odebrecht que se notabilizou por seu envolvimento direto e abrangente no maior esquema de corrupção de que o Brasil já teve notícia seria, na verdade, uma pobre vítima da truculência do Estado a merecer o amparo da mais alta instância do Poder Judiciário.

    Como a realidade factual é irrelevante para quem está empenhado em acomodar a História em sua agenda de ocasião, o ministro Dias Toffoli não pareceu constrangido com o fato de que Marcelo Odebrecht confessou a prática dos crimes dos quais foi acusado – em particular, o pagamento de propina para ao menos 415 políticos de 26 partidos. Espancando a lógica, o ministro manteve hígido o acordo de colaboração premiada assinado pelo empresário em seus bônus, mas tornou inválidos os seus ônus.

    Zombando da inteligência alheia – ou simplesmente dando de ombros para os fatos –, Dias Toffoli quer que a sociedade acredite que um dos mais bem-sucedidos empresários do País, assessorado, portanto, por uma equipe de advogados altamente qualificados, teria sido alvo, ora vejam, de um “incontestável conluio processual” engendrado pelo então juiz Sérgio Moro e membros da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba (PR). E tudo isso com o objetivo de cercear “direitos fundamentais do requerente (Marcelo Odebrecht), como, por exemplo, o due process of law”. Tenha paciência.

    Dito isso, por mais relevante que seja a participação individual do ministro Dias Toffoli nessa cruzada revisionista da Operação Lava Jato, seu papel é menos importante e nefasto para a institucionalidade republicana do que a omissão de seus pares no STF. Desde setembro de 2023, Dias Toffoli tem tomado uma série de decisões monocráticas em favor de empresários que confessaram graves crimes. E o fizeram não porque foram submetidos a uma terrível violência patrimonial e psicológica por agentes do Estado, mas porque foram espertos para identificar um bom negócio – os acordos de leniência e de colaboração premiada – quando estiveram diante de um.

    Nenhuma dessas decisões tem sido escrutinada pelo STF como instituição colegiada. E é crucial para o País que o sejam o mais rápido possível. Só o plenário da Corte será capaz de sopesar as ilegalidades cometidas durante a Lava Jato e suas reais implicações nos casos individuais. Se depender apenas de Dias Toffoli, a criança será jogada fora com a água do banho.

    1. bem que o colunista poderia ter lembrado que o mesmo Dias Toffoli suspendeu a cobrança de um acordo de leniência para os irmãos Batistas (JBS) no valor de R$ 10,3 bilhões (isso mesmo) e que a advogada da empresa é sua esposa Roberta Rangel. Daí pra frente, espera-se o que?

      1. Bem que poderia. Mas, a hora de lembrar disso, é em seis de outubro. O único jeito de penalizar esta gente. Se Dias Tóffoli age deste jeito, é porque o Senado e os senadores, não agem, por prerrogativa constitucional, para conter Dias Toffoli e os demais com esta sanha. Se Dias Tóffoli age assim, é porque o próprio STF não leva a análise e julgamento estas liminares. Todos poderosos e cumplices e que só o silencioso voto poderá detê-los.

  2. MORO FEZ O OPOSTO DE DELTAN; PT E PL NÃO DEVEM RECORRER AO STF, por Raquel Landin, no UOL

    O senador Sérgio Moro conseguiu salvar o seu mandato ao fazer o exato oposto do ex-deputado Deltan Dallagnol, avaliam advogados especialistas em direito eleitoral.

    Moro se manteve o máximo possível fora da mídia, construiu apoios dentro e fora do Judiciário e sua defesa desconstruiu dentro do processo os argumentos da acusação

    A absolvição por unanimidade desanimou os partidos. Segundo apurou a coluna, PT e PL não devem recorrer ao STF. No PL, a decisão já está tomada. No PT, essa é tendência, mas ainda haverá uma discussão interna no partido.

    A coluna conversou com quatro advogados especialistas e a avaliação é de que a chance de um eventual recurso do PL e do PT ao Supremo Tribunal Federal é zero.

    O assunto não é matéria constitucional, que é a missão do Supremo e três ministros da corte já votaram no TSE: Carmen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.

    O voto do relator, o ministro Floriano de Azevedo Marques foi bastante contundente. Ele mandou recados aqui e ali de que “o juiz Moro cassaria o senador Moro”, mas deixou claro de que faltavam provas contundentes contra o senador.

    O consenso geral entre os senadores é que o julgamento foi técnico, mas não faltou movimentação política. Ao contrário de Deltan que partiu para o confronto, Moro recuou

    Ele buscou apoios no Judiciário e chegou até a se encontrar com o ministro Gilmar Mendes, um dos principais críticos da Lava Jato. Sempre tão isolado no Congresso, fez ainda a costura política, conseguindo o apoio do seu partido o União Brasil e dos senadores David Alcolumbre e Rodrigo Pacheco.

    O advogado Gustavo Guedes, responsável pela defesa de Moro, conseguiu, portanto o que parecia impossível tempos atrás. Absolve-lo por unanimidade. Ao contrário de Deltan, que foi condenado por unanimidade

  3. PRESENTE DE GREGO PARA O PRÓXIMO PRESIDENTE DO BC, por Zeina Latif, no jornal O Globo

    O trabalho dos bancos centrais de manter a inflação baixa ou na meta é influenciado por sua reputação, ou seja, pela crença de que serão capazes de cumprir sua missão. Ocorre que muitos fatores externos afetam essa construção de credibilidade. No Brasil, a política econômica do governo tem jogado contra.

    Um termômetro da credibilidade do Banco Central é o comportamento das expectativas inflacionárias, e elas estão aumentando. As projeções de inflação do mercado estão em 3,74% para 2025 e 3,5% para os anos seguintes.

    Independentemente do seu grau de acerto (na verdade, com frequência os analistas subestimam a inflação), há efeitos práticos da desancoragem das expectativas, como a tendência de repasse mais intenso de aumentos de custos ao consumidor, como mostra a pesquisa de Carlos Carvalho e outros economistas.

    Mesmo em meio à queda da inflação corrente, as expectativas para anos futuros pioraram. A percepção de responsabilidade fiscal frouxa e o temor de pressão política sobre o BC são as prováveis razões para isso.

    O primeiro movimento foi ainda na transição de governo, com a chamada PEC da Transição, que autorizou o aumento expressivo de gastos públicos (ao menos R$ 145 bilhões) em 2023. É possível que os ataques do presidente Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e à autonomia da instituição tenham contribuído para consolidar o movimento.

    As expectativas de longo prazo saltaram de 3% para 3,5% ao longo de 2023 — chegaram a atingir 4% quando Lula sinalizou que poderia elevar a meta de inflação, o que não ocorreu.

    Mais recentemente, as expectativas para 2025 voltaram a subir, movimento que coincidiu com o relaxamento das metas fiscais do governo a partir de 2025, isso depois de iniciativas para elevar as despesas este ano.

    A expansão fiscal também eleva o risco inflacionário ao estimular a demanda em ritmo superior à capacidade de ampliação da oferta. É, possivelmente, o que ocorre agora, tanto no setor de serviços como na indústria, cujos níveis de utilização da capacidade instalada estão se aproximando das máximas históricas, segundo as sondagens da FGV.

    O mercado de trabalho aquecido também poderá se tornar um gargalo, elevando o risco inflacionário. Ainda que a taxa de desemprego seja elevada em termos absolutos (o desemprego é estruturalmente alto no Brasil, em boa medida por conta do reduzido capital humano, que afeta a empregabilidade de muitos), nota-se o crescimento dos pedidos de demissão, que é um indicador usual do descompasso entre oferta e demanda de mão de obra.

    A ideia é que os indivíduos pedem demissão quando identificam elevada probabilidade de se recolocarem tempestivamente e em condições melhores. Ainda, é possível que o Bolsa Família revigorado esteja afetando a oferta de trabalho.

    Como resultado, salários crescem em ritmo mais forte, o que poderá alimentar a inflação adiante. A política de valorização do salário mínimo em ritmo superior aos ganhos de produtividade do trabalho coloca mais pressão nos custos das empresas. E muitas delas não andam muito bem das pernas, a julgar pela elevada inadimplência.

    Vale comentar que o impulso à demanda vai além daquele contabilizado no resultado primário do governo. Há gastos que correm por fora do orçamento. É o caso daqueles ligados a fundos (alguns da época da pandemia que foram mantidos), como aponta Marcos Mendes. Outra frente é o crédito direcionado, cujo crescimento poderá ser mais um fator a reduzir o espaço para cortes de juros pelo BC.

    O maior risco fiscal impacta também a dinâmica nos preços de ativos (juros, dólar e bolsa), aumentando o desafio do BC. A reação dos mercados às turbulências externas recentes foi maior comparativamente a episódios anteriores em 2023. Apesar da melhora posterior dos mercados internacionais, observa-se uma pior performance em comparação a outros emergentes.

    Nota-se certa rigidez nos preços de ativos em piores patamares. Reverter a deterioração da confiança de investidores exigirá maior esforço do governo para reconquistar o compromisso com a responsabilidade fiscal.

    Isoladamente, cada um dos pontos acima pode parecer pouco relevante. Porém, tudo somado, aumenta-se a dificuldade do próximo presidente do BC em controlar a inflação. Ela seria ainda pior se a atual diretoria estivesse sendo ousada no corte dos juros.

  4. A JUSTIÇA NO BRASIL, por Augusto Franco, no X

    Deixa ver se estou entendendo. O TCU liberou relógio de luxo para Lula, o STF extinguiu a pena de Zé Dirceu, Toffoli anulou os atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht, Fachin arquivou inquérito da Lava Jato contra Renan e Jucá. Tudo no mesmo dia. Ou estou enganado?

      1. É verdade. E em Gaspar, os petistas sem proposta e projeto, mas ainda achando que o desastre do presente lhes dará a vitória sem precisar se explicar, ainda chamam ele de “papai Lula”. Papai do que mesmo? Quando esses seus filhos obedientes descobrirem que esta afinidade familiar é para o atraso e corrupção, poderá ser tarde demais.

  5. ANALFABETISMO ASSOMBRA O NORDESTE, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Um dos retratos mais exemplares e perversos do atraso brasileiro, o analfabetismo é daqueles temas que inspiram análises adversativas, em que uma boa notícia é invariavelmente sucedida por um porém. É esse o caso dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada, com base no Censo 2022: naquele ano, 93% dos 163 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais estavam alfabetizados – uma taxa de analfabetismo, portanto, de 7%. Algo positivo se comparado ao índice de 2010 (10%) e notável quando se sabe que, em 1940, quando iniciada a série histórica, chegava a inacreditáveis 56%.

    Há um porém nos números apresentados. Vem do Nordeste mais da metade dos 11,4 milhões de analfabetos do Brasil, uma região cuja taxa é simplesmente o dobro da média nacional. Ou seja, mais de 14% da população do Nordeste não sabe ler e escrever uma carta simples. Se é verdade que a curva dos números é descendente (19,1% em 2010; 14,2% em 2022), também é verdade que há uma insistente desigualdade no Brasil, assim como uma inconcebível lentidão na redução do analfabetismo entre nordestinos e pessoas mais velhas.

    Chega a ser espantoso que, no Brasil, haja 50 municípios com índices de analfabetismo iguais ou superiores a 30%, dos quais 48 – isso mesmo: 48! – estejam no Nordeste. E o mais surpreendente: trata-se da mesma região que se notabilizou por ilhas de excelência na escola pública, atestada por sucessivos testes de avaliação de âmbito nacional e internacional.

    São notórios os bons exemplos e resultados educacionais de municípios do Piauí e de Alagoas, e de Estados como Ceará e Pernambuco – além de Sobral, cidade cearense do ministro da Educação, Camilo Santana. Diferentemente do que sugere o senso comum, a educação básica pública brasileira não é exatamente uma terra arrasada. Há experiências bem-sucedidas em alguns sistemas educacionais, entre Estados e municípios País afora, marcados por ensino de qualidade, boa gestão, capacidade de formação de professores e diretores de escolas e, sobretudo, continuidade das boas políticas – condição essencial para resultados positivos de longo prazo.

    De novo, porém, estamos diante de uma análise adversativa: todos os Estados nordestinos tiveram melhora significativa, muitos deles em nível mais acelerado do que outras unidades da Federação – é natural ter avanço em ritmo menor quando a curva já se encontra em patamar melhor. Nenhum desses Estados, contudo, superou a marca de 87% na taxa de alfabetizados. Tal disparidade certamente não começou ontem, e sim é fruto de um histórico de atraso e de intermitência de garantia de recursos para a educação, sobretudo a educação básica e gratuita. (Recursos só foram assegurados à educação a partir da Constituição de 1988 e, mais adiante, com a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996.) É também um sinal de que programas voltados para a alfabetização de jovens e adultos não tiveram bons resultados em diferentes governos. Em português ainda mais claro: programas do gênero foram varridos para debaixo do tapete ao longo da história brasileira.

    O fato é que sucessivos governos fecharam a torneira do analfabetismo focando na universalização do ensino dos mais jovens. Era um imperativo, mas insuficiente. A alfabetização de adultos pouco avançou no País – tanto que o índice nacional é menor entre a população de 15 a 19 anos (1,5%) e maior entre pessoas acima de 65 anos (20,3%). As faixas etárias mais altas, em síntese, não tiveram acesso à expansão educacional que aconteceu no Brasil a partir do início da década de 1990. As consequências são conhecidas, isto é, pessoas que se inserem no mercado de trabalho em profissões que exigem baixa qualidade. Com isso, a elas não é garantida a expectativa do chamado “bônus educacional” na renda ao eventualmente voltarem para a escola. No caso nordestino, não seria exagero dizer que, na prática, a redução do analfabetismo é favorecida na medida em que as pessoas analfabetas com mais idade vão morrendo.

    É um dado sombrio de um país que prometeu erradicar o analfabetismo até este ano.

  6. Desumanos estão os políticos e nós que os elegemos, sustentamos e não conseguimos enquadrá-los

    O IA ESTÁ QUASE HUMANA, por Pedro Dória, no jornal O Globo

    OpenAI e Google lançaram as novas versões de seus modelos de inteligência artificial (IA) na semana passada, e em ambos os casos representam um novo salto. O que chama mais a atenção é o GPT 4o, capaz de conversar como se fosse gente. Pois é: ficou difícil se comunicar com Alexa, Google Assistente e Siri. Ficaram primitivas demais num estalar de dedos. Mas, do ponto de vista técnico, o relevante é que os dois modelos agora são multimodais. Mais uma palavra importante para nosso vocabulário neste mergulho que a humanidade está dando, agora de mãos dadas com IAs.

    Um modelo de IA é multimodal quando é capaz de lidar com texto, som e imagem simultaneamente. Os modelos anteriores operavam em paralelo. Um era de vídeo, outro só de texto, um terceiro convertia texto para fala. Ser multimodal é o que dá ao celular a capacidade de “enxergar” algo com a câmera e descrever o que vê com voz imediatamente — num tempo similar ao que tomaria a nós, humanos.

    Aí está a principal diferença entre os dois modelos lançados na semana passada. O “o” minúsculo do GPT 4o, da OpenAI, é de onidirecional. Omni, em grego, é algo para todo lado. Ele é multimodal nas duas direções. Compreende toda informação que chega a ele, não importa se porque falamos, porque mostramos ou escrevemos. E também responde de forma multimodal. É capaz de construir informação em voz, em imagem ou texto. Não importa.

    O Gemini 1.5, do Google, é multimodal apenas no sentido da informação que entra. Mas, ao dar suas respostas, ainda precisa recorrer a outros modelos de IA quando sai do texto. Tecnicamente, isso quer dizer apenas que o Google está meio passo atrás da OpenAI. Na maneira como lidamos com um e com o outro, a diferença é entre uma ferramenta útil e conversar com um ser humano.

    Ser onimultimodal permite ao novo ChatGPT algumas coisas. Uma é nos ver pela câmera do celular. Com a compreensão que construiu do que é um ser humano, interpreta nossas emoções. Pode, portanto, nos ver, nos sentir e nos responder num tom de voz compatível. Sim, o novo ChatGPT dissimula emoções na maneira como fala. Ri, flerta ligeiro, se mostra aberta e interessada. No feminino. A voz e seu jeito, na apresentação, lembravam Samantha, a IA do filme “Ela”, interpretada na fala pela atriz Scarlett Johansson, dirigida por Spike Jonze. A inspiração de como apresentar foi nítida. E confessada. A ficção científica cria mundos possíveis, os engenheiros implementam o projeto. Parecia um futuro longínquo. Chegou.

    Ou chegou — ou está chegando. Nem o poder pleno do GPT 4o nem o Gemini 1.5 estão à disposição do público ainda. As empresas prometem distribuir tudo em pacotes nas próximas semanas e meses. Nisso, o Google escolheu um caminho distinto da OpenAI. Em vez de lançar um pacote de software único, espalhou as possibilidades de seu modelo em muitas implementações diferentes.

    Uma delas, apenas insinuada, vem na forma de óculos. Não um aparelho como o Apple Vision Pro, mas uma armação normal, similar ao Ray-Ban da Meta. Não dá para enxergar nada pelas lentes, mas há caixa de som e microfone discretos nas hastes e lentes na frente. É possível andar pelo mundo conversando com a assistente digital, pedindo informação, enquanto ela interage podendo ver o mesmo que nós. Ainda não tem data de lançamento.

    Outra novidade virá mais rápido, é muito mais simples, incrivelmente útil — e pode quebrar meia internet. Quem fizer uma busca no Google passará a encontrar não apenas links para páginas relacionadas, mas também um texto com uma resposta detalhada. O número de cliques em links despencará no momento em que o Google responder o que buscamos. Prático, claro. Mas o Google responderá com informação que alguém pagou para produzir. Sites, muitos sites, sem visitas não terão como se sustentar. O risco, sério, é começar a esvaziar a internet de informação.

    Esse problema as IAs ainda não resolveram. Quem paga pela informação produzida por toda a humanidade que ela deglute para dissimular ser humana?

  7. DUAS FACES DO FLAGELO, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    São recorrentes, por inevitáveis, as comparações da catástrofe no Rio Grande do Sul com a calamidade da recente pandemia. Em vários aspectos, inclusive os efeitos político-eleitorais, muito menos dramáticos porque não implicam perdas de modo direto e imediato.

    Em decorrência da crise sanitária, deu-se mal o governante agressivamente negacionista. Jair Bolsonaro pagou com a derrota o preço da insensibilidade. Mas tampouco deu-se bem o governador que, diligente, providenciou o primeiro lote de vacinas contra a Covid-19. João Doria foi visto como excessivo na propaganda do feito.

    Portanto, o ponto de equilíbrio na percepção da sociedade entre o oito e o oitenta na atuação de detentores de poderes públicos é de difícil calibragem. Por mais que os envolvidos no enfrentamento à tragédia gaúcha digam que nem de longe pensam em benefícios ou malefícios eleitorais neste momento, eles estão em suas mentes. Seja na luz ou na treva.

    Na cena aberta, o ambiente é de colaboração, mas no pano de fundo os governos federal e estadual travam a disputa da proatividade. Uma competição benéfica para os salvamentos, a ajuda aos desabrigados, a reconstrução do estado e da vida das pessoas. É o lado A, iluminado, do embate.

    No lado B, trevoso, residem a mesquinhez e o oportunismo. Acusações mútuas, ainda que em voz baixa nos escalões oficiais, que evidenciam o intuito dos aproveitadores; o uso do anúncio de medidas de apoio para discursos de palanque; a disseminação da cizânia nas redes sociais, uns explícitos na vazão da raiva, outros disfarçados de bom-mocismo. Exibem-se todos como exploradores do infortúnio.

    A eleição é a hora de aferição do desempenho dos políticos, candidatos ou patrocinadores de candidaturas. E ainda que esse julgamento tenha mais peso nas cidades gaúchas, o desastre mobilizou o país inteiro —que não esquecerá, agora ou em 2026, como não esqueceu da pandemia.

  8. TERAPIA ARRISCADA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    O negacionismo na área da saúde da gestão Jair Bolsonaro (PL) saiu de cena com a mudança de poder, mas ainda há rastros de insensatez. Em relação à dependência química, tanto Planalto quanto Congresso Nacional desafiam princípios de tratamento preconizados pela OMS e pela lei brasileira.

    É o que se vê no suporte às comunidades terapêuticas (CTs). Só em emendas parlamentares individuais (sem contar as de bancada e comissões), foram destinados R$ 56 milhões no Orçamento deste ano a essas entidades controversas.

    As CTs realizam um trabalho baseado em isolamento social, abstinência e religião —em 2020, 74% delas eram católicas ou evangélicas.

    No entanto a Lei Antimanicomial, de 2001, veda “a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares”.

    A privação total do acesso à droga é criticado por especialistas, já que o paciente em algum momento não estará internado e precisará lidar com a oferta de psicoativos. Daí os melhores resultados da combinação de convívio social e familiar com a redução de danos.

    Quanto à religião, a espiritualidade pode ser fator importante para a saúde física e mental. O problema é o foco em uma crença específica.

    Pior, inspeções realizadas em parceria entre o Conselho Federal de Psicologia e Ministério Público Federal, além de estudos técnicos, mostram punições de pacientes e violações de direitos.

    Por isso a legislação indica que o cuidado público de dependentes seja realizado pelo SUS, por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Entretanto, em 2022, só 1% do orçamento nacional em saúde foi destinado a essa rede —a OMS recomenda 6%.

    Bolsonaro inflou o aporte às CTs. Apesar da redução sob Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até março ainda havia 262 unidades financiadas pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

    É de lamentar que parlamentares direcionem dinheiro público a políticas públicas baseados em ideologia ou crença religiosa, não em critérios de eficiência e eficácia —e que o governo se submeta a pressões desse tipo.

  9. MÉTODO, por Augusto Franco, no X

    A polarização cria um ambiente favorável à conversão de adversários em inimigos. Até que não sobre espaço para a política, para a negociação e para o entendimento, mas só para a antipolítica. “Nós, os bons”, temos de acabar com “eles, os maus”. Destruir, destruir, destruir.

    1. Isso que temos um exemplo recente mostrando que a polarização não nos leva a lugar algum. Basta olhar para a dobradinha Lula X Alckmin.

      1. A polarização só interessa a quem não tem proposta de governo ou de soluções para a comunidade. Fica quieto, cria um inimigo fictício e tenta sair do embate limpo e descomrometido.

  10. GOVERNO LULA INCITA PATRULHA DA INFORMJAÇÃO, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo

    Sob o pretexto de combater as chamadas fake news sobre a tragédia no Rio Grande Sul, foi criada uma plataforma online para que cidadãos denunciem postagens das redes sociais.

    A ficha de inscrição, contudo, não especifica o tema das enchentes, abrindo assim uma brecha para acusações aleatórias: ‘Você encontrou alguma notícia falsa ou desinformação nas redes sociais? Compartilhe o caso nesse campo, informando links, se houver’.”

    O termo ‘notícia falsa’ estimula perseguição à imprensa, ao dar abertura para a denúncia de textos jornalísticos. Se considerarmos o fato de que boa parte dos usuários de redes sociais sequer sabe diferenciar uma reportagem factual de uma coluna opinativa, o resultado dessas acusações pode ser tenebroso.

    Além disso, se o conceito de fake news é nebuloso até mesmo entre pesquisadores das áreas da comunicação social e da linguística, imagine para o público em geral. Logo, as chances de surgirem acusações injustas são enormes.

    Não há transparência sobre quem avaliará essas denúncias e quais critérios serão utilizados. E o governo federal já deu mostras de ter dificuldades nessa seara.

  11. CRISE DO RS E ERROS DE LULA MINAM ALTA DO PIB, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Com boa parte dos dados do primeiro trimestre já disponíveis, tudo indica que a economia brasileira teve bom desempenho no período, depois da estagnação observada na segunda metade de 2023.

    Acumulam-se incertezas, entretanto, a começar pelos impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul, que devem se manifestar ao longo dos próximos meses.

    O IBC-Br, indicador de atividade do Banco Central, subiu 1,08% entre janeiro e março na comparação com o trimestre anterior, a partir do desempenho do comércio e do setor de serviços —que respondem pela maior parte da economia e devem compensar a estagnação da indústria e alguma queda da agropecuária.

    Do lado da demanda, o vigor do emprego e da renda sustenta a alta do consumo das famílias, que deve garantir expansão do Produto Interno Bruto de cerca de 0,6% no trimestre, a julgar pela expectativa mediana de analistas.

    Com essa trajetória, seria possível obter crescimento acima de 2% neste ano, menos que em 2022 e 2023, mas ainda assim um resultado satisfatório diante de todas as incertezas e também dos erros notórios cometidos pelo Executivo nos últimos meses.

    Mas as dúvidas para o restante do ano são crescentes. O desastre gaúcho pode subtrair entre 0,3 e 0,5 ponto percentual do PIB no ano, ainda segundo estimativas muito imprecisas e preliminares.

    Mesmo considerando que a reconstrução, uma vez iniciada, impulsionará a atividade, ainda é cedo para antever quando e em que montante isso será possível.

    O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tampouco contribui para boas expectativas. O quadro positivo recente decorreu em parte da queda da inflação e dos juros desde o ano passado, com algum alívio na concessão e no custo do crédito.

    Tal trajetória pode ser prejudicada, porém, quando se tem em conta a indisciplina fiscal, que já vem pressionando os juros para cima. Se no início do ano esperava-se que a taxa Selic seria reduzida a cerca de 9% anuais, hoje não se descarta que fique em dois dígitos.

    Gastança e intervencionismo tacanho, como na troca de comando na Petrobras, mostram que a intenção do Planalto é retornar às práticas nefastas do passado que tantos prejuízos trouxeram ao país.

    Os debates sobre os limites do aumento de impostos e a necessidade de controle de despesas apenas começam a tomar corpo na área econômica do governo. Infelizmente, o presidente da República dá sinais de que não dará nenhum passo nessa direção.

    Ao contrário, quanto mais próximas as eleições presidenciais, maior o risco de que seja dobrada a aposta no rumo errado.

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