Este artigo não tinha razão de ser. Resolvi sair dos meus negócios e atender as dezenas de postagens que apareceram no meu whatsapp. E de gente que se diz do governo. Ontem, segunda-feira, dia seis de março, caiu um toró em parte de Gaspar. Isto tinha sido anunciado no domingo. Há um ciclone extratropical no litoral e influencia o tempo por aqui. Onde caiu água além do normal, mais uma vez a drenagem não deu conta. As imagens que percorreram a cidade nos aplicativos de mensagens não deixam dúvidas sobre os resultados contra a cidade, cidadãos e cidadãs.
Então, este não é o meu foco. Repetitivo, seria.
E o que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, como um repórter, e não exatamente como um administrador eleito e obrigado a soluções, estava “reportando”, do seu carro, dirigindo, ao vivo, nas redes sociais? Que os motoristas que tivessem que cruzar a cidade de oeste a leste (sentido Blumenau ao litoral), evitassem a Avenida Duque de Caxias, no Centro. É que uma simples haste de um semáforo estava preste a desabar e a Ditran, atordoada, estava no local, tentando se livrar dela e devido a isso, o trânsito se complicava não só ali, pois num efeito dominó, agravado pela chuva, refletia em toda a cidade.
Primeiro. Meus leitores e leitoras sabiam deste problema desde o dia onze de fevereiro. Ou seja, faz quase um mês. E desde então, a Ditran, como é conhecida a Diretoria de Trânsito ligada a secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa e não a secretaria de Planejamento, como seria o lógico, não tomou providências. Se tomou, estava lá refazendo o serviço mal-acabado. Inclusive em decorrência dessa fragilização operacional e técnica, entre outras, na sexta-feira, dia 24 de fevereiro, eu postei A DITRAN DE GASPAR É DECORATIVA À CIDADE, AUSENTE E CUSTOSA AOS CIDADÃOS. OS POLÍTICOS E GESTORES PÚBLICOS É QUE FIZERAM-NA ASSIM
Não era algo exatamente contra a Ditran. Mas, contra o nanismo proposital que tomou conta dela diante das ações destrambelhadas dos políticos num ambiente técnico.
Segundo. E por que este problema levou o prefeito Kleber aparecer nas redes sociais como o repórter do trânsito e orientador da cidade? Porque nada foi feito para reparar, retirar ou substituir desde antes do dia onze de fevereiro, quando um acidente colocou abaixo, parte daquele semáforo na esquina da Rua Doralício Garcia. Ao contrário. Surgiu uma notinha num dos jornais oficiais da cidade, atendendo a oficialidade de plantão, informando que a pane relatada por mim era uma notícia falsa. E depois essa gente não sabe a razão da falta de leitores e leitoras.
Terceiro. Quando o prefeito Kleber deixa a Ditran chegar ao nível de falência operacional, quando ele desdenha um problema real e vendo a haste de um simples semáforo se transformando em algo que vai atrapalhar a cidade e por isso, disfarça de coisa nova, como fez neste vídeo, está também claro de que falhou a sua máquina de prover soluções à cidade, cidadãos e cidadãs naquilo que é menor. Está claro que no ambiente maior e que antecede a solução, não existe planejamento, este tão propagado nas múltiplas reuniões oficiais do seu gabinete com o primeiro escalão.
Conclusão óbvia: tudo improdutivo. Até porque puxa-saco dependente de emprego público como comissionado, não coloca o dedo na ferida para não se arriscar a ficar órfão no mercado de trabalho diante da incompetência que lhe acompanha.
O que está bem claro e todos estão cansados disso, pois não muda, pela repetição do erro, que falta o mínimo a uma gestão: manutenção daquilo que se envelhece, se deteriora e é acidentado, como foi o caso. O marketing do prefeito Kleber o deixa exposto ou então a equipe que ele montou para torná-lo um administrador exemplar o boicota. Impressionante. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Nelson José Wan Dall, irmão do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, não é mais comissionado na secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, regional de Blumenau, onde estava empregado desde junho de 2019. A secretaria foi tomada pelos de confiança do governador Jorginho Mello, PL, importando-os do DNIT, de onde tinham sido expelidos pelo ex-ministro e hoje governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos.
Só para lembrar. O titular desta pasta é o deputado estadual Jerry Comper, MDB, mas a caneta dele está sem tinta.
Escrevi ontem que o senador Jorge Seif Júnior, PL, estava nos Estados Unidos, aplaudindo o presidente Jair Messias Bolsonaro, PL. Na plateia, também estava a deputada Federal Júlia Zanata, PL, de Criciúma.
Já a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo, PL, postou foto friorenta Estônia, onde estava como observadora internacional das eleições de lá. Hum!
A chuvarada de domingo e ontem, segunda-feira, em Gaspar, mostraram, mais uma vez, fragilidades, no sistema de drenagem pluvial. Aí alguém me diz, que foi muita água, acima do suposto normal. Certo! Entretanto, muito do que se viu, foi falta de simples manutenção. Mas, o pior estar por vir.
Penso que isto está fora de discussão diante das novas realidades criadas pelas mudanças climáticas. Se não mudar o discurso e ficarmos reféns desses políticos malandros, estaremos correndo atrás do próprio rabo.
É preciso, urgente, apurar e delimitar as áreas de risco e cuidá-las para não serem ocupadas. Segundo, onde estão ocupadas, é preciso criar soluções mitigadoras e que não são baratas. é preciso educar e isso começa na escola. Os adultos não vão mudar.
Terceiro, de agora em diante, o “novo normal” são chuvas anormais e bem acima da média histórica que conhecíamos. Então, as redes coletoras e de fluxo, deverão ter outras dimensões para suportar este “novo normal”, e que não é um achismo, mas pode ser medido e previsto de forma científica e técnica. E não será empregando gente leiga e cabo eleitoral. Acorda, Gaspar!
4 comentários em “O MARKETING DE KLEBER É ALGO A SER ESTUDADO. TRABALHA CONTRA ELE. MIRA NO DETALHE E NÃO CONSEGUE ENXERGAR O TODO. É CONSTRANGEDOR”
DIAMANTES VITALÍCIOS, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo
Os diamantes são eternos. Os almirantes bentos, eternos. Os assessores dos almirantes com coragem para entrar no país com encomenda de Jair Bolsonaro: eternos. (Os assessores com dinheiros nas cuecas, idem; os senadores com dinheiro na cueca.)
Eternos porque, no Brasil, a República ainda não superou o império do contrabando. (Nada a ver, hoje, com o capitão da Liesa.) Daí por que, até o último dia, mobilizando pelo menos três ministérios, o capitão Bolsonaro, presidente, tentou fazer entrar ilegalmente no país o presente milionário da ditadura saudita. Tinha certeza de que conseguiria. Não conseguiu. Terá havido outras vezes? O que haverá passado? Quanto passou?
Passou. Tem passado.
Os diamantes são eternos. Os bentos e suas mulas, eternos. Eternos também os juscelinos, porque eterno o uso do Estado para abrigo de interesses privados. Os diamantes passam.
A ascensão do deputado Juscelino Filho é produto da sociedade, via orçamento secreto, do governo Bolsonaro com o consórcio parlamentar liderado por Arthur Lira. Esse modelo de relacionamento foi premiado por Lula, de quem Juscelino se tornou ministro. Ainda é? E, caindo o filho, já caiu?, qual outro indicado do papai Alcolumbre, essa joia, virá? Cuidado com o trânsito das joias.
Lula venceu Bolsonaro. A democracia venceu. Certo? A vitória da democracia não pode servir para sombrear a República. Como lidar com os apelos das joias?
Os diamantes tentam entrar, na mochila de algum juscelino, porque eterna, entre nós, é a cultura de apropriação patrimonialista do Estado. Diamantes não entram sozinhos. Diamantes têm bentos. O orçamento, senhores. O Estado, donos. Os estados são ainda capitanias hereditárias. Ou haverá outra conclusão ante o que este jornal reportou na edição de ontem? Que, dos atuais 232 conselheiros em tribunais de contas do país, 30% são parentes de políticos.
Qual a contribuição — à infâmia — do primeiro escalão de Lula?
Renan Filho, ministro dos Transportes, conseguiu que a mulher se tornasse — em dezembro de 2022 — conselheira do Tribunal de Contas de Alagoas, estado que governou até abril do ano passado. E o que será isso, senão se servir do poder, da influência, para privatizar espaços de natureza impessoal como os de fiscalização dos usos de dinheiros públicos?
Waldez Góes, ministro do Desenvolvimento Regional, outro afilhado de Alcolumbre na Esplanada, nomeou a mulher para o Tribunal de Contas do Amapá em fevereiro de 22, enquanto ainda governador. (Escrevi sobre Góes e Alcolumbre na semana passada: aqui.)
Suponho que seja desnecessário registrar que integrantes dessas cortes não têm como função ganhar R$ 41.800 vitaliciamente, mas julgar as contas dos chefes dos Executivos. Nepotismo é proibido no serviço público. Os diamantes, porém, passam.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, estrela do petismo, tem a mulher como conselheira do Tribunal de Contas do Piauí desde janeiro de 2023, estado que governou até março de 2022. O que ele diria se Tarcísio de Freitas, ao fim de seu governo em São Paulo, operasse por fazer a mulher conselheira do tribunal de contas estadual? Diria nada. Porque sem moral.
Sem moral também vai o poderoso ministro Rui Costa, da Casa Civil, grão-petista, que ora trabalha para que a mulher seja conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, estado que dirigiu pelos últimos oito anos.
Como é que lida com Juscelino Filho? Com Daniela do Waguinho? Com que autoridade? Mais facilmente compondo com a turma do “deixa-disso”. Donde eternos, os juscelinos. (E os waguinhos.)
A federação de patrimonialismos conhecida como União Brasil saiu em defesa do ministro do Quarto de Milha. Os vendedores de terrenos na Lua (apoio em bloco de partido que não existe) querem que os petistas tratem o rapaz — ou o próximo rapaz — da mesma maneira como aos seus. Os elmares decerto considerando injustiça que Juscelino caia — já caiu? — por tão pouco.
O que será viagem em avião da FAB e umas diárias para visitar equinos e prestigiar a inauguração de praça com nome em homenagem ao cavalo do sócio, o que serão uns orçamentos secretos para asfaltar a estrada que serve à própria fazenda perto da multiplicação de patroas em cargos vitalícios?
A largueza dos costumes oferece um Estado a cada um. Cada um entendendo à própria maneira. Diamantes a todos. Diamantes vitalícios. Juscelino vai. Outro vem. As joias ficam.
Se petista graúdo, ex-governador, ministro, pode ter família eternizada no Estado, na folha do Estado, por que os alcolumbres não poderão ter juscelinos e outros representantes do orçamento secreto no ministério de Lula? Qual o problema em Elmar Nascimento, do União Brasil de Lira, continuar governando a Codevasf?
O União Brasil, bento seja, só quer carinho para com o Juscelino que vier. Só quer os mesmos pesos e medidas na partilha do Estado. Diamantes vitalícios a todos.
Bom dia.
Muita gente confunde religião (cabresto) com espiritualidade (Deus em toda parte).
Gaspar só é Gaspar por conta da enorme influência religiosa na cidade .
A maioria dos cidadãos gasparenses acha que uma bíblia embaixo do braço transforma padre e pastor em profetas das palavras divinas, que eles possuem um canal direto com Deus.
Por consequência, os POLÍTICOS OPORTUNISTAS e ORDINÁRIOS, nadam de braçadas nesse rio sem piranha.
Quando algum deles chegar no patamar ESPIRITUAL do GIGANTE Padre Lancelotti, aí eu também ACREDITO.
🙌❤️
E SE O 8/01 TIVESSE SIDO NA NICARÁGUA?, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo
Bolsonaristas criticam o presidente Lula por relações complacentes ou até amigáveis com ditaduras absurdas, mas o então presidente Jair Bolsonaro e sua mulher, Michelle, são presenteados com joias em ouro e diamantes, em valores do outro mundo, por uma das ditaduras mais sanguinárias do planeta, a da Arábia Saudita. E nem se sabe o porquê dos presentes…
Com toda razão, petistas e adversários caem de pau em Bolsonaro e Michelle, por causa das mil e uma noites e joias das arábias, mas o presidente Lula se recusa a assinar um manifesto de 55 países contra a ditadura abjeta da Nicarágua e a favor da população nicaraguense. Também não se sabe o porquê…
São coisas diferentes? Sim, com certeza, porque presentes pessoais de muitos milhões de reais são criminosos e o fato de terem sido dados ao presidente e à primeira-dama pela ditadura saudita é só um dado do redemoinho escandaloso. Mas nem por isso se deve tapar boca, olhos e ouvidos para a omissão do governo Lula diante do que ocorre na Nicarágua. Nesse caso, omissão é conivência.
A Nicarágua, maior país da América Central, fica entre o Oceano Pacífico e o Mar do Caribe, abriga quase 7 milhões de habitantes e saiu em 1979 de uma ditadura sangrenta para uma democracia humanista que evoluiu drasticamente para uma outra ditadura sangrenta.
E o líder da revolução libertadora é o mesmo que agora massacra opositores: Daniel Ortega.
Relatórios da OEA e da ONU citam desde deportações, prisões arbitrárias, torturas e estupros até assassinatos. A última “pérola” do regime foi confiscar o direito à nacionalidade de adversários, sob forte rechaço dos países latino-americanos. Mas a reação do Brasil foi o silêncio, constrangedor e indesculpável, ainda mais para quem se arvora “líder regional”.
Embaixadores arriscam três explicações extraoficiais. Uma: o documento principal não é do Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas de um assistente. Outra: o histórico de não ingerência do Brasil em questões internas e que não lhe cabe decidir o que é ou não ditadura. Bem… E a terceira, curta e grossa: “Lula não quer contrariar a ala radical do PT”.
O fato é que, como a invasão do MST em fazendas produtivas na Bahia, ignorar a condenação do regime de Ortega é dar carne aos leões: à oposição e particularmente à extrema direita, que alardeava na campanha que Lula seria leniente com ditaduras, MST, até fechamento de templos (o que não aconteceu). E deixa no ar: qual teria sido a reação do Brasil se os atos terroristas de 8/1 tivessem sido na Venezuela, na Nicarágua, em Cuba…? Silêncio, não ingerência?
O CASO DAS JOIAS DA ARÁBIA SAUDITA EXPÕE CONTRADIÇÃO DO FUNCIONALISMO, editorial de O Globo
O caso das joias de R$ 16,5 milhões apreendidas com a comitiva de autoridades que voltavam da Arábia Saudita em 2021 — cujo destinatário, especula-se, era a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro — traz uma lição essencial a respeito do serviço público no Brasil. O episódio mostra que dois tipos de servidor convivem no mesmo órgão de Estado, a Receita Federal: aqueles que atuam como representantes exemplares da burocracia estatal, atuando em nome do interesse público, e aqueles que, por oportunismo, carreirismo ou motivo torpe, não hesitam em ceder às pressões de quem ocupa o poder.
No primeiro grupo, estão os auditores que, como determina a lei, apreenderam as joias que não haviam sido declaradas (um colar, um par de brincos, um anel e um relógio). Também estão nesse grupo todos os que resistiram à pressão para liberá-las. E ela veio de toda parte, como comprovam documentos e ofícios. Primeiro, do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, cujo assessor Marcos André Soeiro tentou passar com o contrabando na mochila pelo raio X do aeroporto de Guarulhos. Depois, do Ministério das Relações Exteriores, que solicitou liberação à alfândega. Em seguida, do então secretário da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes. Por fim, do próprio Jair Bolsonaro, poucos dias antes de deixar a Presidência. A resistência é prova eloquente de que há no funcionalismo profissionais de ética irrepreensível.
Infelizmente, não são todos. Na própria Receita, a atitude de Vieira Gomes foi inaceitável. Atuando em coordenação com o gabinete da Presidência, ele ordenou, no final da gestão Bolsonaro, que fossem ignorados leis e protocolos para liberar o pacote apreendido — sem sucesso, já que não havia na documentação prova de que as joias iriam para o acervo presidencial (um outro pacote que a Receita deixou de apreender fora, segundo o jornal Folha de S.Paulo, parar no acervo pessoal de Bolsonaro). Ainda na Receita, causou escândalo a atuação do então chefe de inteligência Ricardo Pereira Feitosa, acusado de violar o sigilo fiscal de desafetos de Bolsonaro no início do governo.
No país conhecido pelo “você sabe com quem está falando?” e pelo “jeitinho”, é fundamental reconhecer o trabalho dos servidores públicos íntegros, que seguem a lei sem abrir espaço a exceções arbitrárias. Ao mesmo tempo, é preciso punir os que prevaricam ou se dobram a pressões (Vieira Gomes, ao contrário, foi premiado com um cargo em Paris).
O que assegura o comportamento ético não é a estabilidade no emprego, como tantos supõem. Ela é importante para manter a autonomia em carreiras de Estado, mas pode funcionar tanto como escudo contra as pressões políticas quanto como salvaguarda contra as punições (garantia de que nada acontecerá em caso de violação). Criar mecanismos de premiação e punição no serviço público é tarefa essencial da reforma administrativa. O atual governo deveria reabrir o debate sobre ela, em vez de ceder aos pleitos das corporações do funcionalismo que preferem esquecer o assunto.