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O GOVERNO DE PAULO TERÁ MAIS DUAS JANELAS DE OPORTUNIDADES NA SEXTA-FEIRA, DIA 27, PARA PROVAR À CIDADE O TAMANHO DA TAL “HERANÇA MALDITA” QUE DIZ TER RECEBIDO DE KLEBER. A PRIMEIRA, A DA ENXURRADA, INEXPLICAVELMENTE, PERDEU-A

Alterado às 11h36min deste 18.02.25. Os novos “çábios” do governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, terão duas oportunidades de ouro para provar à cidade de que o já surrado e manjado discurso dele de que teria recebido uma cidade desorganizada, endividada, em frangalhos, é verdadeiro. Por conta disso, estaria prejudicando à implantação do discurso dele – e vencedor por ampla maioria nas urnas de outubro do ano passado – de mudanças e que por conta da desorganização, dívidas (ilustração abaixo) e sucateamento, o governo estaria num mato sem cachorros. 

Esta segunda – e terceira – oportunidade será na tarde sexta-feira da outra semana. Nela estão marcadas duas audiências públicas na Câmara de vereadores. A primeira é para a apresentação da “demonstração e avaliação das metas fiscais do 3º quadrimestre de 2024 por parte do Executivo Municipal“. A segunda, é para o Gestor do SUS no município de Gaspar, ou seja a secretaria da Saúde e que é uma continuidade do governo anterior, “apresentar o relatório quadrimestral da Saúde referente ao 3º quadrimestre de 2024″

Uma será as 16h e outra meia hora depois. É aí que começam as dúvidas. Se é permitido o amplo debate – inclusive de munícipes para pedir explicações sobre a numeralha dos relatórios, muitos deles escondendo aos leigos em contabilidade e gestão o que o novo governo classifica de herança maldita recebida de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, há, a priori, pouco tempo para essa apresentação, explicações e questionamentos.

Parece proposital. Ou então é a  simples repetição daquilo que aconteceu e se escondeu da cidade, cidadãos e cidadãs por quase oito anos no governo de Kleber e que levaram a este caos, ao menos no palanque. Porque quando eles se transformam em números contábeis, duas audiências desse tipo e vapt vupt tentam levá-los, mais uma vez, para debaixo do tapete. Ou seja, nada mudou até agora, inclusive na Câmara.

Em tempo. Quem organiza estas apresentações é a Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização. Ela é presidida pelo mais longevo dos vereadores José Hilário Melato, PP, e tem um único representante da base do governo, Carlos Eduardo Schmidt, PL. Os demais membros são Dionísio Luiz Bertoldi, PT; Giovano Borges, PSD, e Jean Roni Muller, MDB.

Na Comissão, este relatório está aprovado. Sintomático, não é? Já no aclaramento e discussões, estão abertos a todos. E quem quiser se fartar, terá, primeiro que se preparar para não passar vergonha com a turma bem preparada que deixou o governo. Preparação que a agora situação não fez nos anos anteriores quando na oposição, nem como cidadão ou cidadã de Gaspar. As dúvidas e ressalvas, ao menos, poderão constar da ata da apresentação dos relatórios em audiência pública.

UM RETRATO DO QUE KLEBER ENTREGOU A PAULO

O que estes relatórios vão traduzir em números e que vão ser todos eles auditados pelo Tribunal de Contas do Estado e vão constar da prestação de contas do prefeito Kleber e do vice Marcelo que a Câmara terá que aprovar ou rejeitar futuramente? Exatamente o que entregaram ao novo prefeito, que ele reclama que foram parcial propositadamente escondidos na fase de transição e que estão atrapalhando a retomada a pleno da nova gestão. Está então aí, diante da bancada que serviu ao ex-prefeito, a oportunidade de ouro de se provar este discurso. Ou vai repetir à inércia da transição? E por qual motivo?

Ah, mas quem vai apresentar este relatório já é o novo governo, dirão alguns abafadores de evidências. Certo! 

Mas, o relatório – que é de Kleber – não pode distorcer uma virgula sequer dos números que estão consolidados do velho governo.O que o governo de Paulo pode fazer, é, usando os números que não podem ser mais mudados, explicar o tamanho da bronca e suas implicações agora, neste ano e no futuro, bem como – e o mais importante- dizer como pretende se safar do que pegou na arapuca. Se não fizer isso, estará, sejam nos números macros da contabilidade, seja, principalmente, com a que come muito dinheiro e não retorna para a cidade e os mais vulneráveis, a Saúde, assumindo que exagera, arruma desculpas esfarrapadas, que está sem prioridades e rumo. Nem mais, nem menos.

Em parte, este quadro supostamente desesperador como se pinta, mas teima em não se provar e é preciso descobrir a razão disso, chegou aonde está por falta de fiscalização, incluindo as apresentações vapt-vupt desses relatórios na Câmara, todos abafados pela Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PSDB e PDT, a maior parte já encalacrada no que diz ser o novo governo), mas também pela falta de ânimo e preparo da fraca e despreparada oposição, incluindo a que se tornou governo.

JANELAS DE OPORTUNIDADES NÃO DEVEM SER PERDIDAS. FALHA A COMUNICAÇÃO. FALTA AÇÃO DOS POLÍTICOS E GESTORES

A primeira janela  de oportunidade, para se explicar com a população o governo de Paulo, perdeu. Talvez por inexperiência. Mas, porque entrou em campo a turma “do deixa disso” – repito encalacrada majoritariamente no “novo” governo. Ela agiu, instintivamente, para proteger o velho governo. E não foi coisa da inexperiência, não, mas de quem está neste processo sucessório há pelo menos quatro décadas.

Retomando. Com a enxurrada severa de um mês atrás, descobriu-se, para a surpresa de ninguém – pois isso corria solto na cidade por anos, foi ao palanque do vencedor e o “novo governo já estava no assento dele há um mês -, de que o maquinário próprio da prefeitura estaria sucateado, que faltava operadores e que a rica bengala de terceiros em que se apoia a prefeitura, estava descoberta por contratos. E a recuperação da cidade veio tardia e só após imitar os outros municípios que já recebiam ajuda de vizinhos e parceiros correligionários. Alguns desses esquipamentos ainda estão por aqui. Só não vieram os equipamentos das promessas da secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, de Jerry Comper, MDB, e Jorginho Melo, PL. Sintomático.

Retomando pelo segunda vez para fechar o artigo de hoje

Estas máquinas e equipamentos sucateados da prefeitura de Gaspar e que deixaram o governo, a cidade e os pagadores de impostos na mão na enxurrada e ainda deixam o governo do mutirão de final de semana de comissionados que se lançam a mais simples das manutenções, deviam estar expostos na praça Getúlio Vargas para todos verem as condições lamentáveis delas, se é que estão assim como o governo apregoa por aí. Mas deles, ninguém viu, só ouviu falar. 

Além disso, com dois meses de governo, Paulo não disse o que é imprestável e que já deveria estar num leilão de arremate fazendo caixa para as supostas combalidas finanças, bem como alardeando o plano de recuperação da frota. Há equipamentos que faltam, supostamente, apenas um parafuso e comprado, pois é impossível que não se tenha dinheiro em caixa para um parafuso, já estaria funcionando. Há equipamentos com defeitos mais complexos, caros e demorados. Mas, até estes deviam estar catalogados em uma lista de prioridades para recuperação e licitação para tal. Entretanto, por enquanto, nada. 

Ah, mas são dois meses. Sim! Antes era o primeiro dia (que foi perdido integralmente), a primeira semana, o primeiro mês. Daqui a pouco será o primeiro ano. O tempo voa. É preciso agir. É preciso ter equipe com este senso de urgência pública, para não comparar a iniciativa privada. 

Como se vê, a primeira oportunidade para se estabelecer na verdadeira tal herança maldita da sucata que recebeu de Kleber, o “delegado prefeito” Paulo, perdeu-a. A segunda, está marcada para o dia 27. Vai perde-la também via os seus vereadores, bem como a tigrada que o elegeu e que pode pedir explicações, por quem já está na boleia da secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, e da Saúde, todos como intimidades do antigo governo? Muda Gaspar!

TRAPICHE

O tempo é o senhor da razão, ou nada como um dia após o outro I. A bancada do “prefeito delegado” Paulo Norberto Koerich e do engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, entraram mais cedo do que se esperava no modo contradição. Quando na frágil e quase inócua oposição, o PL de ambos vivia fazendo vídeos sobre o mato sobre as ruas. Sabia que parte dessa responsabilidade não era exatamente da prefeitura, mas dos relaxados proprietários dos imóveis.

O tempo é o senhor da razão, ou nada como um dia após o outro II. Agora, depois que o mutirão, que não vai dando conta do mato dos ambiente públicos – a verdadeira obrigação da prefeitura e da rotina que desgasta todos os envolvidos – vai se construindo a narrativa – a maioria seus eleitores e acostumados a este relaxo – dessa obrigação de particulares sobre seus terrenos. Certo. O feitiço virou contra o feiticeiro. E um vídeo que percorreu os aplicativos de mensagens desmascarou autores, políticos campeões e votos nas suas contradições atrás de votos fáceis. A vida não será mais tão fácil como antes. A realidade chegou. E o artigo de hoje explica parte disso.

O tempo é o senhor da razão, ou nada como um dia após o outro III. O vereador Carlos Eduardo Schmidt, PL, quer recuperar a autonomia administrativa (que antes era ligada ao gabinete do prefeito e vice e não ao da secretaria de Obras e Serviços Urbanos como é hoje) e Orçamentária do Distrito do Belchior. Está certo! O que não se entende é a razão pela qual esconde quem relatou e votou a favor desse projeto na Câmara, a ex-campeã de votos e representante do Distrito, todavia, uma das fiéis da Bancada do Amém, Franciele Daiane Back, MDB.

O tempo é o senhor da razão, ou nada como um dia após o outro IV. Não dá para acender uma vela para os dois santos ao mesmo tempo. À época, este espaço avisou sobre as consequências do que o vereador quer reverter. O Distrito ficou calado e o Orçamento foi para a pasta tocada por Roni Jean Muller, MDB, que virou vereador e adversário de Carlos Eduardo Schmidt, PL. Não há relatos da época do vereador sobre a contrariedade dele sobre isto. Só para lembrar: quem criou o Distrito sob polêmica ao tentar mudar o nome de lá foi Pedro Celso Zuchi, PT. Quem deu autonomia administrativa e financeira, relativa, diga-se, foi Kleber Edson Wan Dall, MDB, o mesmo que a retirou para engordar o orçamento da secretaria de Obras e Serviços Urbanos.

A minha alma lavada I. O MDB de Gaspar está de ladeira abaixo. O ex-presidente do MDB daqui o que inventou Kleber Edson Wan Dall, MDB, o que fez três campanha para ele e chegou a ser o prefeito de fato da cidade, o que queria tornar o partido tão forte como o de Blumenau, onde já estava desaparecido, Carlos Roberto Pereira, acaba de pedir o boné para se dedicar, segundo ele, aos negócios e a família. com ele, está indo uma penca. E não será surpresa, se nela, não estará daqui a pouco o próprio Kleber.

A minha alma lavada II. O MDB de Gaspar tende a ir para as mãos do vereador Ciro André Quintino, que nasceu no PSDB, que está indo para o sarcófago. O MDB de Gaspar, que rejuvenesceu com gente sem alma partidária e política, está virando miragem, como sempre anunciei. E tudo acelerou com a morte em maio de 2022 do ex-fundador dele por aqui, o ex-prefeito, Osvaldo Schneider, o Paca (1973/77) e que os novos já o isolavam. Quando vivo, ele profetizou num dos meus raros encontros com ele: “essa gente não pensa na cidade e vai dar mal [politicamente]”. Bingo! Mas terá mais.

Vai e vem I. O União Brasil, de Gaspar, anunciou e empossou a sua “nova” Executiva. Todos em cargos comissionados da prefeitura, a crítica do passado não vale no presente. Normal se não fossem vários outros detalhes. O então presidente Thiago Machado ficou fora da nominata e da foto. Nela está, por exemplo, o ex-presidente do PRD, que resultado da fusão do Patriotas (onde inicialmente estava Marcelo de Souza Brick) e o PT (onde estava o ex-deputado e hoje prefeito de Blumenau, Egídio Maciel Ferrari) e que fazia parte da coligação vencedora de outubro por aqui. Aliás, ele veio do MDB. Gente de viés genuinamente ideológico…

Vai e vem II. O que rola nos bastidores? A entrada do Republicanos no governo de Paulo Norberto Koerich, PL, via o vice Rodrigo Boeing Althoff, PL. Com isso, oportunisticamente, o PDR se desmancha e surge o Republicanos usando novos não tão radicais como os do PL, e os que vão “sobrar” do PRD que não tinha expressão alguma por aqui e os que “sobraram” no União Brasil.

Tudo como antes I. A mesa da Câmara de Gaspar já autorizou o adiantamento do 13º salário do seus funcionários efetivos. E nem terminamos o mês de fevereiro. Está na lei esta possibilidade. De meados de dezembro até a primeira semana de fevereiro, a Câmara está tecnicamente em recesso. Mas, seus funcionários pegam férias quando ela está funcionando. E agora, a nova moda: além dos seis Corollas à disposição, os da Câmara podem usar seus carros e serão cobertos por R$1,19 o quilometro rodado.

Tudo como antes II. A Câmara de Gaspar faz apenas uma sessão deliberativa por semana. Na segunda sessão deste ano, sem ser festiva e casa cheia a fiscalizá-los como na primeira sessão, quatro dos 13 vereadores pediram para sair mais cedo. Temos campeões de votos, campeões de diárias e campeões de saidinhas, e reeleitos.

Orgulho bobo. Alguns vereadores e da base do “novo” governo, estão orgulhosos de terem produzidos centenas de indicações logo de cara. Essa gente não está olhando para o próprio umbigo. Quase todas as indicações são relacionadas a manutenção da cidade. Duas coisas estão bem explícitas: a que o velho governo falhava e que o novo não está dando conta so recado. Nem mais, nem menos. Ou então estão tratando como tolos nos seus discursos os gasparenses.

Lamuria. A líder do governo Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, ao se queixar de que a secretaria de Obras e Serviços Urbanos não dava conta do capim que tomada conta da cidade, argumentou que a prefeitura só possui um roçador. Não devia ter nenhum, mão de obra barata e difícil de contratar. O que a prefeitura com esse diagnóstico preciso da líder já deveria ter feito e não fez, foi licitar uma empresa para fazer este serviço emergencialmente. Muda, Gaspar!

Polêmica ou cuidados? I O “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, devido a sua origem, está empenhado em contratar apenados para a roçada da cidade. E isto já virou polêmica alimentados por vereadores da suposta oposição. Primeiro, não será de graça. Segundo, este serviço está inserido num processo de ressocialização assistido. Terceiro, há comutação da pena: quanto mais trabalha menos tempo fica o preso nos regimes a que está regulado.

Polêmica ou cuidados? II O uso de apenados para este tipo de serviço, muito comum, não é permitido a qualquer um como querem os do contra. Os perigosos continuarão trancafiados na cadeia ou prestando serviços lá no presídio. Os da comunidade, para não gerar constrangimentos, não serão usados nas tarefas daqui. Ah, mas não estaremos livres de incidentes? Sim! Mas, sempre serão incidentes como estamos sujeitos aos que estão soltos e ainda nem foram pegos pela polícia.

Triste constatação. Em 2018, com 67 mil habitantes, Gaspar tinha 45 policiais Militares na Companhia daqui, incluindo o comando dela. Hoje está com 32 para 73 mil habitantes. Há promessa de vir mais oito, mesmo assim, se todos ficarem aqui, é dez por cento a menos do efetivo de 2018 com menos pessoas. Isto mostra o tamanho da nossa vulnerabilidade não apenas na segurança, mas no entorno político sem voz e força política.

Empregado. O ex-prefeito de Ilhota, Érico de Oliveira, o Dida, MDB, já está empregado. É como assessor parlamentar do suplente de deputado estadual, Emerson Stein, MDB, ex-prefeito de Porto Belo.

Está na fase do ridículo I. Chegará o dia do descrédito e a oposição traiçoeiramente esperando o tempo do bote nos incautos e ingênuos. Os vereadores da base do governo estão trabalhando como se ainda fosse da oposição que não fizeram isso adequadamente ao tempo em que podiam fazer isso. Estão, ocupando e entupindo as suas redes sociais com problemas da cidade. O que eles esquecem? Que este problemas já são de responsabilidade do atual governo resolvê-los. Foi para isso que os vereadores da situação e o governo foram eleitos. Ou ainda estão em campanha?

Está na fase do ridículo II. Chegará o dia do juízo final. Os vereadores da base, prematuramente, mas coloca prematuro nisso, estão repassando a culpa da não solução daquilo que expõem nas suas redes sociais aos próprios secretários nomeados pelo “delegado prefeito” Paulo Noberto Koerich, PL, e muitos deles, escolhidos a dedo pelo engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, PL, que por ser engenheiro, conhece bem as soluções e o tempo delas. Coisa de doido. quem precisa de oposição, com uma situação dessas.

Está na fase do ridículo III. O que demonstra isso, que falta liderança política e partidária no governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL e Rodrigo Boeing Althoff, PL. É impressionante à omissão do presidente do partido em Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho. Se ele não possui esta condição, outro, fora da presidência, ou dentro da prefeitura deveria retomar as rédeas políticas do poder de plantão para pelo menos colocar os afoitos na terra da realidade. Afinal, roupa suja se lava antes em casa… se houver uma boa governança da casa.

Está na fase do ridículo IV. Não bastasse as expressões públicas de descontentamento em pronunciamentos na Câmara dos vereadores da própria base, o governo de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff está permitindo que terceiros vestidos de novos “çábios” esculachem no privado o que não conhecem, tecnicamente, ou que não tiveram chances de interferir. Por outro lado, o governo avalia como preocupante o desempenho, nestes primeiros 40 dias, de duas secretarias e do Samae. Cedo demais para tanta confusão e fogo amigo para quem se elegeu com a maioria dos votos dos gasparenses para mudar. Muda, Gaspar!

Como nada mudou, o descontrole continua. Uma van da secretaria da Saúde foi a Florianópolis levar quatro pacientes para consultas e tratamento. Normal. Um deles, é atendido imediatamente e quer voltar mais cedo. Um carro sai de Gaspar para apanhá-lo. Mais diária e motorista. Resultado dessa história. A van chega a Gaspar antes do carro que foi deslocado especialmente para trazer o paciente que conseguiu ser atendido mais cedo. Está tudo registrado. Então só resta praguejar contra este espaço. O que mudou mesmo?

Este blog que não é lido por ninguém, estranhamente, teve muitos questionamentos, no privado, sobre a não edição costumeira das segundas-feiras. Todos estavam avisado antecipadamente. Como de que provavelmente este será o único artigo da semana.

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10 comentários em “O GOVERNO DE PAULO TERÁ MAIS DUAS JANELAS DE OPORTUNIDADES NA SEXTA-FEIRA, DIA 27, PARA PROVAR À CIDADE O TAMANHO DA TAL “HERANÇA MALDITA” QUE DIZ TER RECEBIDO DE KLEBER. A PRIMEIRA, A DA ENXURRADA, INEXPLICAVELMENTE, PERDEU-A”

  1. Pingback: A SAFRA VAI TERMINAR. AS FRUTAS ESTÃO CAINDO DE MADURO E O "NOVO" GOVERNO DE GASPAR ESTÁ DESPREZANDO-AS. SE CONTINUAR ASSIM, CHEGARÁ UM TEMPO EM QUE VAI PASSAR FOME - Olhando a Maré

  2. IMPLICAÇÕES PREVISÍVEIS, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    A denúncia e a esperada condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado têm pelo menos duas previsíveis implicações. Embaralham o cenário da sucessão em 2026 e aumenta o descrédito em largas parcelas da população brasileira em relação a instituições como o STF.

    O roteiro que Bolsonaro pretende seguir é idêntico ao de Lula em 2018 – anunciar sua candidatura mesmo inelegível e mesmo se estiver na cadeia (hipótese nada desprezível). Esse script circunscreve um “herdeiro” ao âmbito da sua família, complicando consideravelmente articulações de centro-direita na busca de candidatos à Presidência entre os atuais governadores.

    A robustez da peça acusatória está muito longe de compensar a disseminada percepção de que Bolsonaro é vítima de perseguição judicial perpetrada por adversários políticos, entre os quais figura o Judiciário. Justa ou não, essa percepção do papel dos julgadores é um dado da realidade política brasileira.

    Vale lembrar qual era a percepção em relação ao STF quando julgou o mensalão e o petrolão. Em boa parte a atuação dos juízes era vista como “fazendo justiça” – tratando-se de corrupção, justiça pela qual há muito se ansiava. E a reversão da Lava Jato no STF, ao contrário, figura como escárnio para vastas parcelas da sociedade.

    Mais difícil é avaliar o alcance do impacto da situação jurídica de Bolsonaro na relação entre Congresso e STF. O conflito é bem antigo e está crescendo, mas sua temperatura depende do oportunismo de vários caciques do Centrão. No momento, não parecem dispostos a comprar uma briga por Bolsonaro na questão da anistia.

    Quanto a Lula, a denúncia de Bolsonaro traz alívio apenas passageiro, desviando por alguns dias o foco do noticiário. Fenômeno que deve se repetir quando começar o espetáculo do julgamento. Porém, tem escassa capacidade de remediar por si só a perda de popularidade. Essa questão está ligada diretamente à própria figura de Lula, envelhecido, desgastado e sem ideias.

    O “imponderável previsível” nesse cenário é qual ajuda Donald Trump prestaria a Bolsonaro. O governo americano já está exercendo pressão sobre o Brasil e o STF via a Organização dos Estados Americanos e é alta a probabilidade de que a aplicação de tarifas se amplie para uma dura disputa política sobre o papel do Judiciário brasileiro na regulação das redes sociais e questões de liberdade de expressão na linha do que Elon Musk e o vice-presidente J.D. Vance vêm abordando.

    Sem uma voz e sem articulação clara, a centro-direita é que vai se sentir espremida. •

  3. LULA, O FRENTISTA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O presidente Lula da Silva defendeu que a Petrobras venda combustível diretamente aos consumidores, sem a intermediação de distribuidoras e redes de postos. Trata-se de um diversionismo mequetrefe, com o objetivo de forjar culpados para uma escalada de preços da qual seu governo é o principal agente. Beira a leviandade dizer que “o povo, no fundo, é assaltado pelo intermediário” e precisa “saber quem xingar” quando o preço sobe, já que o governo, segundo o petista, é quem leva a fama.

    O constrangedor discurso de Lula foi feito no terminal da Transpetro, em Angra dos Reis (RJ), numa cerimônia especialmente cara ao presidente: o anúncio de licitação para contratar a construção de oito navios para a frota da Petrobras. O evento recendia a nostalgia de um tempo em que Lula e o PT reinavam absolutos em mandatos presidenciais sucessivos prometendo fazer o Brasil grande de novo, tendo o Estado como o formidável motor do desenvolvimento. Não por acaso, é exatamente a estatolatria perdulária do lulopetismo que cria o ambiente ideal para a carestia.

    Mas, como de hábito, Lula preferiu a mistificação. E caprichou: “O povo não sabe que a gasolina sai da Petrobras a R$ 3,04 e que, na bomba, ela é vendida a R$ 6,49. Ou seja, é vendida pelo dobro do que ela sai da Petrobras. Mas, quando sai o aumento, o povo pensa que foi a Petrobras que aumentou. E nem sempre é a Petrobras, porque cada Estado e cada posto têm liberdade de aumentar na hora que quer”. Segundo o petista, “o povo brasileiro não tem as informações necessárias para fazer um juízo de valor”, razão pela qual, “quando sai um anúncio de aumento no diesel, na gasolina ou no gás, a Petrobras e o governo federal levam a fama, mas muitas vezes a Petrobras não tem culpa nenhuma”. Para arrematar, Lula afirmou que “o povo tem que saber quem é o filho da mãe disso”.

    Ora, Lula sabe muito bem, ou deveria saber, já que tem assessores perfeitamente capazes de lhe explicar isso, que não se pode comparar a gasolina que sai da refinaria, ainda sem a incidência dos impostos federais e estaduais e sem a mistura de etanol, com a que sai da bomba dos postos de combustíveis. Mais de 20% do valor que o consumidor paga por litro no posto corresponde a impostos. O preço é formado também pelo custo de transporte e logística e pelas margens de distribuidoras e revendedores, que o presidente classifica como “assaltantes” – ignorando o fato de que o preço dos combustíveis é livre desde 2002. Fiscalizar e combater eventuais cartéis é tarefa de órgãos reguladores do governo, em defesa dos consumidores.

    O presidente propõe que a Petrobras abasteça diretamente grandes consumidores, sem intermediários. Para prestar esse serviço, a empresa precisa de autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, o que inclusive é feito para produtos em desenvolvimento, mas não será isso que irá baratear o preço dos combustíveis. A Petrobras já teve sua própria distribuidora, a BR, atual Vibra, e nem por isso regulava os preços na revenda.

    Houve época em que o governo interferiu diretamente no mercado, segurando preços de gasolina e diesel, mas isso se deu nas próprias refinarias, como o congelamento irregular realizado na gestão de Dilma Rousseff, que resultou num desastre financeiro para a Petrobras.

    Depois da devastação nas contas da Petrobras durante a trevosa era Dilma, a atual gestão petista na empresa não consegue manter os preços nas refinarias inalterados por muito tempo. Mesmo derrubando seguidamente pilares de governança da companhia, há limites para a interferência estatal difíceis de transpor.

    A bem da verdade, a interferência política nos preços dos combustíveis não é exclusividade do lulopetismo. Foi assim nos governos de Jair Bolsonaro, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, na maior parte dos casos por meio de subsídios, zerando os impostos federais por um tempo para forçar uma queda de preços. De um jeito ou de outro, porém, sempre que um presidente reclama do preço dos combustíveis, é porque seu governo está nas cordas.

  4. Quem acha que este texto abaixo não tem nada a ver com Gaspar, deve relê-lo. E a carapuça está bem à mostra

    DEFENSOR OU TRAIDOR? O DILEMA DA SITUAÇÃO E OPOSIÇÃO NA POLÍTICA BRASILEIRA, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do município de Gaspar (2005/08), graduado em Gestão Pública pela Udesc, e filiado do PL de Gaspar. Artigo extraído das suas redes sociais.

    Ao caminhar pelas ruas da minha cidade e acompanhar as discussões em municípios vizinhos, tenho observado um aspecto preocupante: aqueles que estão na situação – os aliados do governo – VÊM APRESENTANDO COMPORTAMENTOS TÍPICOS DE OPOSIÇÃO. Em vez de apoiar de forma coesa as medidas e projetos do governo, esses atores criticam e se opõem publicamente a determinadas decisões. Essa mudança de postura vem causando uma confusão profunda na mente do eleitor, que apostou na mudança de rumo do município em 180 graus e agora se vê diante de discursos contraditórios.

    Na política brasileira, os termos “SITUAÇÃO” e “OPOSIÇÃO” são fundamentais para entender como o poder se organiza. De modo geral, quem está na situação apoia o governo, empenhando-se em implementar projetos e políticas que promovam o bem comum. Em contrapartida, a oposição tem o papel crucial de fiscalizar, criticar e sugerir alternativas, mantendo o equilíbrio necessário em um sistema democrático.

    Situação: Apoio ao Governo
    Estar na situação significa alinhar-se ao governo, seja em nível municipal, estadual ou federal. Esse apoio pode ocorrer tanto de maneira direta, por meio de coligações partidárias, quanto de forma indireta, quando há convergência de interesses. Em um país onde predomina o presidencialismo de coalizão (ABRANCHES, 1988), um governista de base é frequentemente composto por grupos com agendas diferentes, mas que se unem em torno de um projeto comum.

    Fernando Limongi (2006) ressalta que essa união de interesses é essencial para a estabilidade política, embora muitas vezes exija negociações e acordos estratégicos para manter a coesão necessária. Assim, a situação geralmente busca aprovar as medidas do governo e defender suas ações, garantindo o suporte institucional necessário.

    Oposição: Fiscalização e Contraponto ao Governo
    Por outro lado, a oposição desempenha um papel vital na manutenção do equilíbrio democrático, atuando na fiscalização das ações do Executivo e propondo alternativas. Norberto Bobbio (2000) defende que uma oposição atuante é necessária para a democracia, impedindo o abuso de poder e estimulando o debate plural.

    No cenário político brasileiro, a oposição pode assumir diversas formas – desde posturas mais combativas até ações que buscam consensos e sugestões construtivas. Giovanni Sartori (1994) destaca que, apesar da fragmentação frequentemente observada, a oposição exerce uma função importante ao desafiar e equilibrar as decisões governamentais.

    Quando a Situação Faz Oposição a Si Mesma
    O verdadeiro dilema surge quando os próprios aliados do governo começam a agir de forma crítica. O que leva alguém a questionar suas próprias decisões? Essa prática pode ocorrer por diversos motivos:
    • Divergências internas: Mesmo dentro da base de apoio, diferentes correntes ideológicas podem levar a discordâncias sobre determinadas políticas.
    • Estratégia eleitoral: Em períodos pré-eleitorais, alguns aliados adotam um discurso crítico para se distanciar de medidas impopulares, sem necessariamente romper com a administração.
    • Pressão política: Críticas pontuais podem ser utilizadas como forma de negociação, transferindo a concessão de benefícios individuais ou vantagens estratégicas.

    Segundo Levitsky e Ziblatt (2018), essa movimentação pode ser vista tanto como um sinal de vitalidade democrática, permitindo ajustes e autocorreção, quanto como um indicativo de instabilidade quando se torna frequente e sem justificativa consistente. Robert Dahl (2001) enfatiza que a previsibilidade nas alianças é crucial para a governabilidade; se a situação se opõe a si mesma sem fundamentos sólidos, o resultado pode ser a fragilização das instituições e a perda de confiança dos investidores.

    Chamada de Atenção
    Eu e tantos outros que somos filiados ao partido da situação, responsável por comandar o executivo municipal, não podemos carregar esse piano sozinhos. Embora alguns se aproveitem do poder sem assumir suas responsabilidades, a carga recai injustamente sobre aqueles que se dedicam a manter o rumo traçado. Essa situação se tornará desgastante e, certamente, não será perpétua. É urgente que sejam feitas correções para evitar que o ônus recai sobre os cidadãos ou sobre o apoio popular, comprometendo a estabilidade e o futuro da gestão.

    Conclusão
    A linha entre ser aliado e ser opositor torna-se tênue quando os “próprios defensores do governo adotam discursos que contradizem os objetivos coletivos”. Essa incoerência gera um AMBIENTE DE INCERTEZA E DESCRÉDITO, prejudicando a estabilidade política e a confiança nas instituições. A política exige clareza e coerência: é legítimo que existam críticas e ajustes, mas o excesso de contradições pode sinalizar um jogo estratégico que prioriza interesses individuais em detrimento do bem comum.

    Para que a democracia prospere, é essencial que tanto a situação quanto a oposição atuem com responsabilidade, mantendo sempre o compromisso com o interesse coletivo. Compreender essa dinâmica é fundamental para que os participantes possam interpretar os movimentos políticos com um olhar crítico e informado.

    Referências Bibliográficas
    ABRANCHES, SH “Presidencialismo de coalizão: O dilema institucional brasileiro”. Revista de Ciência Política , 1988.
    BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política . Brasília: Editora UnB, 1997.
    DAHL, Roberto. Sobre a Democracia . São Paulo: Martins Fontes, 2001.
    LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem . Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
    LIMONGI, Fernando. “Democracia e o papel do Legislativo no Brasil”. Revista Brasileira de Ciência Política , 2006.
    SARTORI, Giovanni. Engenharia Constitucional Comparada . São Paulo: Edusp, 1994

  5. O INFERNO ASTRAL DE LULA, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    Na segunda-feira da semana passada, um conhecedor de Brasília e de Lula dizia: “Ele não sabe governar com pouco dinheiro.” Na sexta veio o Datafolha com o tombo de sua popularidade. Em seguida, chegou o Ipec informando que 62% dos entrevistados preferem que ele não dispute a reeleição. A erosão da popularidade do governo deu-se até mesmo no segmento de seus eleitores. Desde os tempos da Lava-Jato, Lula não tinha uma semana tão amarga.

    Não é só Lula que está com um problema, nem é só o PT, prestes a completar 45 anos, numa situação esquisita. Divide-se entre ideias velhas, acreditando em reforma ministerial e projetos juvenis. A raiz de todas as dificuldades instaladas na segunda metade do mandato está lá atrás, nas primeiras semanas do Lula 3.0. Ele e seus companheiros leram mal a vitória de 2022. Não foi Lula quem ganhou, foi Bolsonaro quem perdeu.

    Em 2022 formou-se um arco de defesa da democracia. Um clima de entendimento com o Centrão é condição necessária para manter a governabilidade, mas não é suficiente. A preservação do arco democrático demandaria outros entendimentos, e eles foram desprezados. Em 2026, com Bolsonaro fora do pleito, esse arco estará mutilado, pois a direita não precisa mais de trogloditas assumidos.

    Curto de dinheiro, Lula 3.0 está sem marca e acredita que pode resolver o problema colocando seu marqueteiro na Secretaria de Comunicação. Com a economia andando de lado, Lula e o PT gastaram dois anos tentando transformar Roberto Campos Neto em bode expiatório. O tempo passou, os juros estão a 13,25% por decisão unânime do Copom, e é Gabriel Galípolo quem está no Banco Central.

    O governo pensa grande e esquece o varejo. Até as pedras sabem a relevância da segurança pública para os cidadãos. O Ministério da Justiça produziu um plano grandiloquente com um jabuti destinado a transformar a Polícia Rodoviária Federal numa nova entidade. É sempre bom relembrar que, no governo de Bolsonaro, a PRF era conhecida como Polícia Rodoviária do Flávio. Afinal, todo governo sonha em dispor de sua polícia. Resultado: a ideia atolou, e a oposição de alguns governadores desacelerou as mudanças, inclusive as bem-vindas.

    Na outra ponta, a dos bandidos, um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais aponta indícios de que as duas grandes facções criminosas contornam rivalidades e colaboram em pautas comuns. Vexame maior, não há. Os bandidos se entendem, enquanto os Poderes divergem.

    Assim, parou também a ideia que levaria as dezenas de sistemas de segurança a falar entre si. A unificação dos sistemas contraria os interesses estabelecidos, que se beneficiam de contratos e favorecem a balbúrdia. Isso, do lado das autoridades encarregadas de zelar pela ordem.

    Chegou-se ao extremo de o prefeito do Rio de Janeiro anunciar a criação de uma nova polícia (4,2 mil contratações até 2028), ressalvando que ela não reprimirá milícias, nem traficantes.

    Com as más notícias, sai do baú a discussão da conveniência de uma nova candidatura de Lula, como se houvesse alternativa na cartola dos mágicos.

  6. CONGRESSO TEM O DEVER DE DAR FIM AOS SUPERSALÁRIOS, editorial do jornal O Globo

    Na abertura do ano judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, minimizou o peso da Justiça nos cofres públicos. Afirmou que o custo dos tribunais para os contribuintes, atualmente em 1,2% do PIB (ou 1,6% se considerado o Ministério Público), é decrescente. Ora, Barroso esquece o essencial: a Justiça brasileira é, por todas as medidas disponíveis, a mais cara do mundo para a sociedade. Nos países emergentes, os tribunais custam 0,5% do PIB. Nas economias avançadas, 0,3%. Além de caríssima, a Justiça brasileira é ineficiente. O Índice do Estado de Direito, medida da percepção sobre o trabalho dos tribunais elaborada pelo World Justice Project, põe o Brasil em 80º lugar entre 142 países.

    O argumento de que, em contraste com outros países, o Brasil tem uma Constituição que judicializa toda sorte de tema — portanto, necessariamente terá uma Justiça mais cara — não justifica os supersalários recebidos pela elite nos tribunais e nas procuradorias, que corresponde a apenas 0,06% do funcionalismo. Só os juízes custaram em 2024, de acordo com levantamento do GLOBO, R$ 6,7 bilhões em auxílios e indenizações recebidos além do teto salarial (R$ 46.266, a remuneração mensal dos ministros do STF). Isso sem contar benefícios comuns na iniciativa privada, como auxílio-saúde, auxílio-alimentação ou gratificação natalina. Levando tudo em conta, o total chega a R$ 12 bilhões, ou um décimo do custo do Judiciário. Na média de todos os tribunais do país, o pagamento acima do teto por magistrado foi de R$ 270 mil. Isso para uma categoria que está na fatia de 1% de maior renda no país.

    A situação tem piorado. Em 18 estados analisados pelo centro de pesquisa Justa, as despesas com tribunais, Ministério Público e Defensoria Pública saltaram até 36% entre 2022 e 2023. Acrescentando ao próprio salário toda sorte de “penduricalho” que possa ser considerado “verba indenizatória”, mais de 90% dos juízes e procuradores ganham acima do que a Constituição permite, segundo o economista Bruno Carazza. A Carta prevê expressamente que verbas indenizatórias fiquem fora do teto salarial, mas não define a categoria. Isso deveria ter sido feito por lei federal, mas até hoje não foi. No vácuo, uma infinidade de decisões burla o espírito da lei com auxílios de todo tipo, de moradia a pré-escola.

    Na semana passada, em ato tão necessário quanto raro, o ministro do STF Flávio Dino anulou decisão da Justiça Federal em Minas Gerais que concedeu a um ex-juiz federal valores retroativos de auxílio-alimentação. Dino faz eco a posições assumidas pela ex-ministra Rosa Weber e pelo ministro Gilmar Mendes contra tais abusos. É mais que bem-vindo o desafio à postura corporativista do Judiciário, que só tem contribuído para agravar as distorções.

    Chegou a hora de o Brasil enfrentar de forma sistemática os desvarios. É papel dos congressistas fazer valer o limite legal para remuneração do funcionalismo. Infelizmente, em dezembro, o Congresso promulgou uma emenda constitucional mantendo os supersalários inalterados até a lei regulamentar as verbas fora do teto. Venceu o lobby da elite do funcionalismo, perdeu o país. O governo promete para este ano um Projeto de Lei sobre o assunto. Executivo e Legislativo têm o dever de dar um fim aos supersalários e à farra dos auxílios extrateto.

  7. A DENÚNCIA DE GOLPE DE ESTADO PELO CLÃ E A TURMA BOLSONARISTA. AVISO

    Aqui neste meu espaço, pouco vou tratar e principalmente reproduzir artigos sobre a Denúncia da Procuradoria Geral da República, sobre o possível Golpe de Estado orquestrado pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL. Isto ficará essencialmente ao leitor e garimpador de artigos na mídia brasileira, o Miguel José Teixeira.

    Por que vou ficar olhando a maré, e só olhando, neste caso?

    Primeiro para não ser repetitivo

    Segundo, para não cair na armadilha do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, que está fazendo um governo de merda e precisa de distrações para não continuar mal avaliado. Então alguém precisa olhar outros assuntos tão importante quanto este para deixar os leitores e leitoras minimamente informados e induzi-los à reflexão

    Terceiro, porque Jair Messias Bolsonaro, PT, é vítima da sua própria esperteza autoritária. Usou a Lava Jato para convencer parte do eleitorado e descartou Sérgio Moro, o que retirou da carreira e o atraiu para servir de verniz de luxo, exatamente para prioritariamente salvar sua família enrolada, salvar milícias e mais do que isso, acabou com a Lava Jato e com isso trouxe de volta a corrupção sem freios, como também para o cenário político competitivo, o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, o PT e a esquerda do atraso. Se estamos sofrendo e passando por perrengues hoje na economia, na instabilidade institucional, isto se deve a Bolsonaro, a direita xucra (que pode estar em qualquer partido). Ela é fanática, vingativa, maluca, segregadora, com traços claramente ditatoriais e como a estrema esquerda e a esquerda do atraso, contra a liberdade de expressão – nas mídias tradicionais e nas redes sociais. Essa direita xucra, com Bolsonaro – e por isso perdeu, quando no poder não fez a lição de casa e foi tão danosa quanto foi e é o PT. Na economia, humilhou Paulo Guedes. Pior, mal usou a popularidade a transformou em outro tipo detestável de populismo. Atrasou o Brasil. Abriu caminho para a volta de um passado estatal ruim que já tínhamos superado. Não modernizou a administração pública, leis e não ampliou a competitividade. Cricou uma relação incestuosa com os poderes Legislativo (principalmente) e o Judiciário (para malandramente se salvar a si, e que deu no que está dando) Pudera, Bolsonaro, o centralizador, o mandão, o doido, continuou o mesmo anarquista que um dia foi expulso do Exército por exatamente ser indisciplinado em coisas de alto teor explosivo.

    Por derradeiro. Essa gente precisa sentir na pele o que é passar tempos na cadeia. Estimularam ingênuos, idosos e radicais a ocuparem espaços públicos com depredação para supostamente abrir espaços populares de revolta. Eles, os que ingenuamente serviram de bucha de canhão e achavam que estavam se tornando heróis de uma nova história – estão todos mofando nos presídios. Todos sendo condenados como golpistas que em média tomam penas as quais variam em torno de 17 anos e para gente com 60 e 70 anos, ou mais. Se estes inocentes úteis foram pegos, qual a razão para os mentores, ou ao menos inspiradores desse sonho de verão, passarem impunes? Antes da anistia para os cabeças dessas maluquices que era a de mudar a ordem constitucional, é preciso anistiar os bobos da corte que já pagaram e entenderam que foram usados e deixados na rua da amargura por gente maluca e graúda.

  8. O QUE EXPLICA A QUEDA DE LULA, por Joel Pinheiro da Fonseca, no jornal Folha de S. Paulo

    A relação do governo Lula com a sociedade azedou. Em dezembro, foi a opinião do mercado. O vídeo do ministro Haddad misturando corte de gastos com isenção do imposto de renda foi a gota d’água da confiança dos investidores, que tiraram dólares do Brasil a uma taxa recorde. Em janeiro, foi a opinião popular, dessa vez pelo vídeo do deputado Nikolas Ferreira sobre o Pix. Era esperado algum efeito, mas o tombo revelado pelo Datafolha surpreendeu.

    Apenas com os dados socioeconômicos seria difícil explicar essa piora. Pobreza e miséria atingiram os menores níveis da história, segundo o IBGE. O desemprego caiu para 6,2%. Há quem diga que o desemprego baixo é uma miragem criada pelo Bolsa Família, que tiraria pessoas da procura por emprego. Não é o que os dados mostram: tanto a subutilização de mão de obra quanto o número de desalentados estavam em queda.

    Há quem suspeite dos números do IBGE. Mas esses números são corroborados por todas as outras medidas. Os dados do Caged (que conta o número de trabalhadores com carteira assinada) mostram aumento de cerca de 1,7 milhão de empregos com carteira assinada em 2024. Novembro viu a maior quantidade de carteiras assinadas da história do Brasil. A massa salarial — ou seja, a soma total do que é pago aos trabalhadores — também cresceu e chegou ao seu recorde no último trimestre do ano passado.

    No lado do consumo, o varejo não via um crescimento forte assim desde 2012. De acordo com a PMC do IBGE, o aumento foi de 4,7%. Segundo os dados da Serasa Experian, o aumento foi de 3,8%. Você e eu provavelmente consumimos mais também. E, no entanto, algum de nós acha que o governo vai bem?

    A inflação estourou a meta do Banco Central, mas para nossa história 4,83% não é fora do padrão. Será que o povo está mais sensível do que nunca à inflação, ou ainda passou a acompanhar o boletim Focus e já antecipa a crise fiscal?

    Neste momento, todos apontam a inflação dos alimentos, muito acima do IPCA, a 7,7%. Algo não me convence numa explicação que pare por aí. O preço do café subiu 50% no ano até janeiro de 2025, é verdade. Em 2011 ele subiu 53%, e nem por isso a aprovação do governo foi para o chão. É o aumento de alguns preços que leva à percepção negativa ou é a percepção negativa que leva à seleção de alguns aumentos de preço para explicá-la?

    A queda abrupta de dezembro para cá também indica que não foi só por causa dos alimentos, já que a alta deles vem desde agosto. Seja como for, se a piora na avaliação for apenas efeito do preço dos alimentos, o governo está com sorte. A previsão é que a inflação deles caia também. Basta não fazer nenhuma loucura e dar sinais de que o governo leva a sério o ajuste fiscal que o dólar deve seguir em queda e, com ele, a inflação aqui dentro. Eu só duvido que isso baste para recuperar a boa vontade perdida.

    Talvez, só talvez, a piora na percepção não seja mera derivação direta da economia. Mais do que encontrar aquele dado objetivo que explica o tombo, me parece que a guerra pela percepção e pela boa vontade do eleitorado tem uma autonomia própria, e nessa o governo — na verdade, toda a esquerda — perde de lavada. É preciso conquistar a confiança para que as pessoas vejam mais o bem do que o mal.

  9. IMPOPULARIDADE PODE AUMENTAR A IRRESPONSABILIDADE FISCAL, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O tombo inaudito no índice de aprovação de Luiz Inácio Lula da Silva não é só má notícia para o petista, já que enseja temores no mercado de que o Planalto abrace de vez a irresponsabilidade fiscal daqui em diante, gerando impactos severos sobre a inflação que afeta sobretudo os mais pobres.

    Segundo pesquisa do Datafolha, entre dezembro e janeiro, a taxa de entrevistados que consideram seu governo ótimo ou bom despencou de 35% para 24%. Na mão inversa, a reprovação subiu de 34% para 41%.

    Ambas as marcas são inéditas para o mandatário, considerando seus governos de 2003 a 2010 e o atual. A desaprovação se espraia até mesmo em segmentos tradicionalmente lulistas.

    A crise decorre de problemas pontuais e estruturais. No primeiro grupo, encontra-se o desastre de gestão e comunicação em janeiro, quando a edição de uma medida para vigiar transações acima de R$ 5.000 no Pix foi criticada e chegou a ser alvo de uma campanha de fake news.

    Já as questões subjacentes à queda são mais complexas. Apesar de ter na Fazenda um ministro que se diz comprometido com o rigor fiscal, Fernando Haddad, na prática Lula tem minado qualquer ideia de austeridade.

    De tal irresponsabilidade decorreu a disparada do dólar ao final de 2024, pressionando a inflação de alimentos e outros itens básicos, que afeta principalmente a renda dos mais pobres —nesse grupo, a aprovação do presidente caiu de 44% para 29%.

    A recente alta do preço dos ovos é uma provável nova trincheira a ser explorada pela oposição, que na crise do Pix foi eficaz em maximizar danos. Manifestações contra o presidente, marcadas para 16 de março, poderão dar uma medida do desafio a ser enfrentado por Lula.

    Em favor do petista, há divisão nas hostes rivais, cortesia da insistência de Jair Bolsonaro (PL) em dizer que será candidato em 2026, mesmo impedido.

    Políticos mais óbvios que poderiam se colocar na disputa, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), não o fazem e perdem exposição. Com isso, mutações do bolsonarismo —o cantor Gusttavo Lima é um exemplo— ocupam o noticiário.

    Dadas as incertezas sobre a guerra tarifária proposta pelo americano Donald Trump, que pode impactar câmbio e inflação aqui, o horizonte visível é tenso e agravado por pressões políticas domésticas, como a expansão do apetite por cargos do centrão.

    As medidas sugeridas para tentar melhorar a popularidade de Lula enfrentam obstáculos, como a ampliação dos programas Pé-de-Meia e Auxílio-Gás, além da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000.

    Embora o pior cenário seja o da elevação dos gastos, é bastante provável que tudo siga como está, sem o aumento na gastança, pois o presidente já deve ter percebido, pelos números da pesquisa, que a irresponsabilidade fiscal não está funcionando.

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