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O GOVERNADOR CARLOS MOISÉS TEM UM MÊS PARA GARANTIR PRESENÇA NO SEGUNDO TURNO E SABER SE DESATOU O NÓ QUE ELE DEU EM SI PRÓPRIO

Faltam exatos 30 dias para a votação e resultado – de poucos minutos depois de fechadas as urnas – de primeiro de turno nas eleições gerais de dois de outubro. O governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, por incrível que pareça, continua um outsider da política catarinense, quase tanto quando ainda como foi o Comandante Moisés, PSL (lembram-se desse partido?), que surpreendeu no primeiro turno e lavou no segundo, em 2018.

O “comandante” virou o governador Carlos Moisés, mas continuou um ente estranho a política, reinventou-se e quando quase todos o davam como morto, está vivo e quase longe das oligarquias, se não fosse pela aliança de sobrevivência de ambos que fez com o MDB, e a atração que exerceu sobre os municípios, os eternos esquecidos dos governos que se instalam na Ilha da Magia. Ou seja, tornou suprapartidária a sua campanha à reeleição.

Pois é. O comandante Moisés, um jovem Tenente Coronel da Reserva do Corpo Bombeiro Militar, com carreira basicamente feita no Sul do estado, empunhou a bandeira das mudanças e se agarrou ao mito da vez, outro militar, mas que teve que ir para a reserva compulsoriamente por desatinos disciplinares na caserna, Jair Messias Bolsonaro, então também no PSL.

Logo se separaram. Carlos Moisés, encastelou-se na Casa da Agronômica com poucos. Os políticos que dominavam em várias castas o estado, construíram barricadas para a retomada do velho modus operandi, do domínio pelos vícios e se armaram à vingança. O próprio “comandante” abriu o inesperado e amplo flanco aos adversários com compra dos respiradores. Eles não ajudavam ninguém a respirar para se salvar da Covid, até porque a maioria deles, nem chegou por aqui, mesmo se pagando antecipado, a preço de ouro, a quem não provava ter o equipamento e nem se ele funcionava.

Incrível afoitos adversários na retomada do poder pela caneta e não pelos votos que não tiveram e agora, ainda correm atrás. O que era a corda no pescoço de Carlos Moisés, virou a sua boia de salvação. Impressionante como seus experimentados algozes conseguiram serem tão amadores. Não mereciam, e não merecem governar: vivem de oportunismo barato. Transformaram Carlos Moisés em vítima e ele se salvou de dois impeachments, de uma CPI e de quebra, provou que a vice dele, Daniela Cristina Reinehr, ex-PSL, hoje no PL, era o perigo maior para o governo, o estado e os algozes dele.

Se Carlos Moisés continua no páreo, deve simplesmente ao erro que cometeu e ao exagero na dose do veneno que prepararam contra ele para a vingança de retomar o poder no tapetão. Nem mais. Nem menos. Este erro que ainda é caro a Carlos Moisés, mas mudou completamente o jeito de ser do então antipolítico Comandante Moisés. Ele então, juntou forças, articulou-se minimamente na Assembleia via a deputada Ana Paula da Silva, a Paulinha, ex-PDT, e fez o que nenhum governador – incluindo aí o finado Luiz Henrique da Silveira, MDB, com suas secretarias regionais – fez: trouxe os municípios para o centro do seu governo, e o tal Plano 1000 é um desses artifícios.

Carlos Moisés não disparou e isso mostram as pesquisas, afinal dos quatro anos, um ele ficou na Agronômica jantando e cantando aos amigos, outro ele lutou contra os impeachments e a montagem da recomposição do jeito novo de governar. Desperdiçou dois. O legado que tenta transformar em votos, é de dois anos que foram realmente diferenciados. Este é o mérito que se está julgando nas urnas.

E seus adversários, quase todos no mesmo campo ideológico, como os senadores Esperidião Amim Helou Filho, PP, Jorginho Mello, PL e ex-prefeito da Capital, Jean Loureiro, do União Brasil, e que representam o velho e os que se armaram para derrubá-lo, estão penando. É que com a fragilidade dos partidos, as lideranças municipais suprapartidárias se não estão explicitamente a favor de Carlos Moisés, estão disfarçadamente trabalhando a favor, ou no mínimo, não estão combatendo frontalmente o governador.

É o que se vê em Blumenau – que hoje faz 172 anos de fundação e homenageia a Hermann Otto Bruno Blumenau – por exemplo, na ação bem clara e deliberada de Mário Hildebrandt, do Podemos. E ela contamina, até porque há resultados locais e principalmente nas parcerias com o governo do estado. Já em Gaspar, mesmo sendo Kleber Edson Wan Dall do MDB, o partido coligado com Moisés, ele esconde que as verbas prometidas para algumas obras aqui – e onde ele está na foto -, são acordos que montou com Carlos Moisés, via os deputados que atendem alguns cabos eleitorais do município. Na foto o anúncio da pavimentação do que falta da Rua Pedro Leonardo Schmitt, na localidade do Macucos.

E Kleber diz que não sabe bem a razão pela qual ele correu do pau da candidatura de deputado. Faltou-lhe em algum tempo da sua vida política, fazer o Carlos Moisés fez para salvar minimamente a biografia e mesmo sem estar num partido forte, ser competitivo nos votos e na articulação. Carlos Moisés colocou café no bule. Kleber, preferiu tomar café e esvaziar o bule. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Atualização das 14h16min deste 02.09. A ouvida das testemunhas do caso em que se duvida que a candidatura do vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick no Patriota tenha sido feita no tempo permitido pela legislação, acontecerá amanhã, sábado, às 14h, no sistema híbrido, do Tribunal Regional Eleitoral.

Agora a tarde, o assessor do vereador Giovano Borges, e atual presidente da comissão provisória municipal do PSD, partido onde esteve filiado Marcelo, foi intimado na Câmara de Vereadores de Gaspar. É lá que trabalha Diego Vilvock. Foi ele, como secretário do PSD e de uma reunião do antigo diretório, quem assinou a ata que abriu brechas para os questionamentos.

Esta ata da reunião do dia 11 de abril deste ano dá a entender que Marcelo, exatamente pela omissão e falta de transparência, não teria saído do PSD, sendo que isso deveria ter acontecido no dia dois abril, limite do calendário eleitoral deste ano. É por esta ata se questiona material e formalmente o imbróglio. Marcelo presente na citada reunião, em ata e ato tão relevante, não menciona a troca de partido e participa da reunião liderando-a como se estivesse no partido.

Giovano Borges, que no PSD coordenada a campanha de Marcelo, no Patriota, já saiu em defesa dele, anexando uma declaração onde reafirma que Marcelo compareceu naquela reunião na condição de vice-prefeito. Dependendo do que acontecer na audiência e o resultado a ser considerado pela Justiça, este assunto deverá ter novos desdobramentos na Justiça Eleitoral contra a candidatura.

A Covid entre nós ainda não acabou. E continua matando. Mas, você não vê, lê ou ouve nada deste assunto na cidade. É bem menos do que o exagero do ano passado. Mas, diante de outras doenças como a Dengue e agora a Varíola dos Macacos, de longe, a Covid é a que mata gasparense. Ou você ouviu que a Dengue ou a Varíola matou algum de nossos moradores?

No dia 15 de março chorávamos 215 mortos pela Covid. Hoje são 218. Uma morte aconteceu no dia 21 de junho, outras duas neste agosto encerrado: dia cinco e 16. Um silêncio oficial só. Em Ilhota, o total está estagnado em 41 vítimas.

O caixa de campanha a deputado estadual do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, aumentou: ele recebeu R$6.100,00 do diretório estadual. Agora, isso se soma aos R$11.364,00 que tinha de doadores partidários.

No caixa de Marcelo de Souza Brick, Patriota, e de Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, continua tudo inalterado: respectivamente R$9.600,00 e R$106.000,00 para outro.

Anuncia-se a vinda da majoritária do União Brasil, PSD e Patriota aqui em Gaspar. Aproveitam a cata votos no feriadão de Blumenau. Uma pergunta incômoda que não quer calar: o líder das pesquisas ao senado, Raimundo Colombo estará aqui? Quando foi governador por quase oito anos, só o mau tempo o fez chegar aqui e por helicóptero que não conseguiu chegar a Lages, sua terra natal.

Agora em campanha Colombo encontrou Gaspar no mapa para pedir votos?

Novo acidente na Rua Frei Godofredo, a parte que foi municipalizada pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi da Rodovia Ivo Silveira, a que liga Gaspar a Brusque. Um bafafá e muita indignação nas redes sociais, principalmente porque a Polícia Rodoviária Estadual se negou a atender o acidente.

Blá, blá, blá e de má intenção quando se vê políticos e cabos eleitorais nesta discussão. Se tivesse a rodovia duplicada como quer o governo do estado e alguns de lá por interesses de negócios não querem, possivelmente este acidente não teria acontecido.

Se o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota tivesse se preocupado com a demarcação de trevo alemão ou construção de rótulas numa rua municipalizada, mais este acidente, possivelmente não teria acontecido, bem como se a Ditran, não fosse uma peça decorativa e de ocupação política na estrutura da prefeitura de Gaspar. Simples assim. Acorda, Gaspar!

O senador Jorginho Mello, PL, diz não saber a razão pela qual patina. Há muitas. Entre elas, a de ter que carregar um candidato a senador que ninguém conhece e que deveria estar transferindo votos para ele. E não o contrário.

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7 comentários em “O GOVERNADOR CARLOS MOISÉS TEM UM MÊS PARA GARANTIR PRESENÇA NO SEGUNDO TURNO E SABER SE DESATOU O NÓ QUE ELE DEU EM SI PRÓPRIO”

  1. O DATAFOLHA E MARCO MACIEL, por Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Bolsonaro parece preso na piada de Marco Maciel, o grande vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso. Faltando alguns dias para a eleição, o marqueteiro disse ao candidato:

    – O nosso adversário está na frente, mas vem caindo, enquanto estamos subindo.

    Ao que o candidato perguntou:

    – E o senhor acha que a intersecção das duas linhas ocorrerá antes ou depois do dia da eleição?

    Pelo Datafolha, em três meses Lula perdeu três pontos e está com 45% e Bolsonaro ganhou cinco ficando com 32%. Admitindo-se que ele recupere a aceleração, pois na última semana ficou parado, a intersecção das duas linhas ocorreria em 2023.

    O Datafolha levou água para a possibilidade de um segundo turno. Ciro Gomes e Simone Tebet tiveram bons desempenhos no debate de domingo, mas continuam comendo poeira.

    O sinal de perigo para Bolsonaro continua vindo de Minas Gerais. O governador Romeu Zema, que se elegeu na maré de 2018 e descolou-se de Bolsonaro, está com 52% das preferências (cresceu 5 pontos). Na região Sudeste, é em Minas que Lula mantém a maior vantagem sobre o capitão: 47% a 30%.

    Só o tempo dirá quanto custará ao PT e a Fernando Haddad, seu candidato ao Governo de São Paulo, ter aninhado na sua vice a mulher de Márcio França, que abandonou a disputa, apoiando-o. A professora Lúcia França tem sólida carreira profissional, mas é novata em disputas eleitorais. Márcio França lidera a disputa pelo Senado.

    MORO E OS PARTIDOS

    O ex-juiz Sergio Moro diz que deixou o partido Podemos porque pretendia auditar suas contas e a proposta não andou. Vá lá.

    O partido rebateu mostrando as notas fiscais que ele apresentou, pedindo reembolso de R$ 45 mil. Listava a compra de roupas, inclusive bermudas, além de uma despesa com alfaiate.

    Se ele tivesse achado notas fiscais desse tipo no sítio de Atibaia, pobre Lula.

    Como juiz na Vara de Curitiba, Moro conheceu à saciedade as vísceras dos partidos políticos nacionais.

    Como dizia Guimarães Rosa, em geral são casas onde homens sérios entram, mas por lá não passam.

    LULA SE MEXEU ANTES

    Bolsonaro deixou passar a primazia na condenação da tentativa de assassinato da ex-presidente argentina Cristina Kirchner.

    Logo ele, que há quatro anos correu risco de morte ao tomar uma facada em Juiz de Fora.

    Lula pulou na frente condenando o atentado, atribuindo-o a um “criminoso que não sabe respeitar divergências e a diversidade”.

    A iniciativa era conveniente, até porque o cidadão que empunhava a pistola é brasileiro.

    DEMOFOBIA

    Aqui e ali aparecem comentários que especulam sobre a adesão dos brasileiros mais pobres a Bolsonaro por causa do dinheiro do Auxílio Brasil.

    É um raciocínio lógico, contaminado por uma pitada de demofobia.

    Lula ganhou prestígio popular com o Bolsa Família, mas em seus oito anos de governo aumentou o salário mínimo, alavancou as cotas nas universidades, fez o Prouni e estimulou a agricultura familiar.

    A BRIGA PELA BALA E A VETERANA DEFENSORA DAS ARMAS

    A Taurus aborreceu-se com a decisão do Exército de propor a suspensão definitiva da exigência de fiscalização para a importação de armas e munições. A barreira seria substituída pela certificação internacional dos produtos.

    Veterana defensora da venda de armas, a Taurus celebrizou-se em 1999, quando seu presidente Carlos Alberto Murgel explicou: “Não é o revólver, a faca ou o porrete que comete assassinato, que mata, que agride. São as pessoas que fazem isso”.

    De lá para cá o governo brasileiro passou a estimular a posse de armas e o mercado nacional tornou-se mais atrativo.

    Com várias fábricas e uma montadora nos Estados Unidos, onde ela se tornou uma empresa poderosa, a Taurus exporta a maior parte de sua produção.

    O afrouxamento da fiscalização para a importação de armas atrairá mais fornecedores para o mercado brasileiro.

    Diante desse risco, a indústria advertiu: a nova regra “incentiva empresas como a Taurus, que possuem fábrica no exterior, a reduzirem os investimentos no Brasil, passando a produzir mais unidades no exterior e exportarem para o Brasil, já que essa falta de isonomia cria custos que tiram a competitividade da indústria nacional”.

    Nos últimos 50 anos, esse tem sido o argumento de todas as indústrias para fechar o mercado nacional.

    Como agora as armas caíram na roda, o debate seria enriquecido se algum interessado colocar no pano verde uma nova vertente:

    Quem está interessado na abertura do mercado brasileiro para os fabricantes internacionais de armas?

    Talvez algum conhecedor do mercado saiba, pois até 2018 a turma da bala parecia formar um sólido bloco.

    Afinal, como disse Carlos Alberto Murgel na defesa das armas, não são as canetas que fazem as normas: “São as pessoas que fazem isso”.

    EREMILDO, O IDIOTA

    Eremildo é um idiota e tem um fraco por bandidos desde o milênio passado, quando o assaltante Lúcio Flávio ensinou que “bandido é bandido e polícia é polícia”.

    Com tantos maganos prometendo combater a corrupção, o cretino acha que deveria ser organizada alguma homenagem aos assaltantes que levaram o carro da senhora Rosyneide Cordeiro, em Cariacica (ES), há uma semana.

    Ela estava com suas duas crianças e os bandidos mandaram que saíssem do veículo, levando-o.

    No carro estava a cadeirinha especial do menino Kauã, de 4 anos, avaliada em R$ 17 mil. Dois dias depois, o carro foi devolvido, com um bilhete:

    “O crime pede perdão. Na hora da tensão, não deu para ver o problema da criança. E o carro está sendo devolvido”.

    FUTURO DO STF SERÁ COM MAIS MINISTROS SE NINGUÉM SE MEXER

    Se ninguém se mexer, o próximo presidente ajudará na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional nº 275, que aumenta de 11 para 15 o número de ministros do Supremo Tribunal Federal.

    A PEC foi apresentada em 2013 e desengavetada em setembro do ano passado. É um docinho.

    Agrada deputados, senadores, alguns magistrados e procuradores, bem como a onipresente Ordem dos Advogados.

    Os quatro novos ministros seriam nomeados pelo presidente do Congresso, a partir de listas tríplices enviadas pelo Conselho Nacional de Justiça, pelo Conselho do Ministério Público e pela OAB, dependendo da aprovação pelas maiorias da Câmara dos Deputados e do Senado.

    Essa girafa ampliaria o número de ministros, mas reduziria a carga de trabalho e os poderes do Supremo Tribunal, limitando-o a tratar de questões constitucionais. O varejão seria transferido para o Superior Tribunal de Justiça.

    Bolsonaro já indicou que simpatiza com a ideia de expandir o Supremo. Lula nunca foi tão longe.

    CNJ ENGARRAFADO

    No dia 12, a ministra Rosa Weber assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça. No CNJ, ela encontrará uma fila de algo como 200 processos esperando julgamento.

    Sem maiores esforços, poderá zerar essa conta em três meses.

    Limpará a pauta e mostrará a que veio.

  2. PREOCUPAÇÃO

    Quem assistiu no sábado a audiência na Justiça Eleitoral sobre o caso de suposta filiação fora do prazo (do PSD para o Patriota) do vice-prefeito a candidato a deputado estadual, Marcelo de Souza Brick, ficou preocupado. Escreverei mais tarde sobre este caso. O outros não podem…

  3. DECEPÇÃO

    Gente que esteve lá, gente que veio de fora e assessora os candidatos da coligação onde estão Gean Loureiro, União Brasil, e Raimundo Colombo, PSD, ficaram preocupadíssimos com o que viram ontem aqui em Gaspar. Ainda escreverei sobre isso.

  4. Esa manchete deste sábado no jornal Folha de S. Paulo, dá a dimensão de quanto o presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, é rejeitado na reeleição, exatamente no seu próprio público. A manchete e a pesquisa provam que o Brasil é conservador e talvez direitista. Impressionante como o seu jeito ogro e suas incoerências fez ele perder a maioria dos eleitores e está prestes a perder a presidência para quem encarna exatamente o oposto, e ainda está enlameado com atos de explícita corrupção – e que agora também se estampa no atual governo.

    Datafolha: 56% dizem que política e valores religiosos devem andar juntos. Para 60%, valores familiares falam mais alto do que boas propostas econômicas de candidatos

  5. DESEJO DE LULA DE VENCER A ELEIÇÃO NO PRIMEIRO TURNO VAI SE SORNANDO UM SONHO DE VERÃO, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo.

    A pior notícia para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favorito nas pesquisas, é que o desejo de vencer a eleição em primeiro turno vai se tornando um sonho de verão, cada vez mais inviável. Mas o presidente Jair Bolsonaro não pode comemorar, porque, com um pontinho a mais daqui e dali, ele caminha muito devagar e praticamente não sai do lugar. A diferença entre Lula e Bolsonaro, no Datafolha, era de 15 pontos e caiu para 13, mas continua alta a um mês das urnas. Urnas eletrônicas, aliás.

    A cada rodada, Lula perde um ponto nos votos válidos, decisivos para a vitória em primeiro turno. Tinha 54% em maio, 53% em junho, 52% em julho, 51% no início de agosto e está agora com 48%. Precisaria ter 50% mais um para fechar a eleição em 2 de outubro. Não é essa a tendência.

    Isso empurra a eleição para mais tensão e mais medo, introduzindo uma interrogação sobre o resultado. Mas, atenção, Lula continua francamente favorito no primeiro e no segundo turno. No primeiro, tem 45% a 32% de Bolsonaro. No segundo, 53% a 38%. E a rejeição é um fator que dificulta as investidas do atual presidente da República para realmente ter chances de vitória.

    Bolsonaro melhora a avaliação como presidente, o que é tradicional nas campanhas quando começa a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, mas sua rejeição, que é abaixo dos 50% na pesquisa Ipec, continua acima no Datafolha, oscilando de 51% para 52%. A de Lula subiu três pontos, mas ainda num patamar bem mais confortável, de 39%.

    A pesquisa também traz outros sinais bastante relevantes, como o efeito nulo do aumento do Auxílio Brasil. de R$ 400,00 para R$ 600,00 nas intenções de votos de Bolsonaro. Na última rodada, Lula tinha 56% entre os que recebem o benefício e continua com os mesmos 56%. E Bolsonaro continuou empacado em 28% nesse recorte.

    Outra novidade é o avanço de Simone Tebet, do MDB, a partir da entrevista ao Jornal Nacional, do debate nas TV Bandeirantes e Cultura e do início da propaganda eleitoral do rádio e da TV. Ela cresceu de 1% para 7% no Sul e oscilou positivamente nas demais regiões. Também melhorou entre quem ganha até dois salários mínimos, as mulheres e quem tem curso superior. Tebet subiu no geral de 2% para 5% e vai se aproximando no limite da margem de erro de Ciro Gomes, do PDT, que foi para 9%.

  6. BOLSONARISMO NOS DEVOLVEU À TERRA DOS CONSTRASTES PRIMITIVOS, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo.

    O governo Bolsonaro nos devolveu às contradições e aos contrastes os mais primitivos. A economia ganhou um suspiro em razão da liberação pré-eleitoral de recursos e da alta das commodities pós-retomada da economia mundial, até que venha a ser alvejada pelas sucessivas elevações de juros -“as consequências vêm sempre depois”- e pelo risco de recessão global. De toda sorte, é um alento para uma parcela de brasileiros ao menos.

    Os pobres “ficaram esfaimando” (apud Gregório de Matos) porque não tinham como enfrentar a inflação de alimentos, decorrente da alta demanda internacional pós-pandemia -que ajudou a fabricar “a alegria” do PIB, mas contribuiu para produzir fome e elevar a Selic, que vai cobrar seu preço em baixo crescimento, o que, por sua vez, pune muito especialmente os pobres. É um mecanismo que exclui os excluídos de sempre.

    Não tenho a menor ideia se o crescimento do PIB “acima do esperado” no segundo trimestre vai ter impacto importante na eleição. Os números do Datafolha só serão conhecidos depois do fechamento desta coluna. A elevação temporária de R$ 200 no Bolsa Família (“Auxílio Brasil” é bolsonarês), segundo outros levantamentos, não surtiu, até agora, entre os mais pobres, o efeito na intensidade esperada. Podem ter evitado (e nunca se saberá) números ainda piores para Bolsonaro. A pesquisa Genial-Quaest captou até certa irritação de parte importante do eleitorado com medidas na boca da urna.

    Para surpresa de ninguém, governistas estão aplaudindo em êxtase o crescimento e anunciando amanhãs sorridentes, na certeza de que Paulo Guedes, como ele mesmo sugere, descobriu a Pedra Filosofal da economia. Na sua formulação, o mundo vai entrar em recessão, e o Brasil vai ter um ciclo longo de crescimento -uma coisa, assim, solitária, decorrente da sua genialidade. O acontecimento único poderia ser batizado de “Partenogênese do Crescimento”, que não depende de outros parceiros.

    Estivesse eu no comando da campanha dos adversários de Bolsonaro, não hesitaria em levar ao ar as declarações mais entusiasmadas dos representantes do governo a exaltar o seu milagre econômico. E, na sequência, os pobres seriam convidados a levantar do sofá e visitar a geladeira e o que, no meu interior, chamava-se “guarda-comida”. Há algumas explicações que, numa exposição teórica, requerem certos pressupostos abstratos que podem soar incompreensíveis. Não obstante, eles encontram tradução na carnadura concreta da vida. “Quando foi a última vez em que sua criança tomou iogurte?” Não há que se menosprezar o crescimento do PIB. É preciso lhe dar visibilidade máxima.

    Sim, são paradoxos que muitos já julgávamos vencidos pela marcha civilizatória. Eles não se resumem a esse crescimento que se explica, em boa parte, pelos truques de estímulos artificiais ao consumo e pela demanda internacional, que já está em queda e que convive com a volta da fome em massa. Retornamos àquele passado em que se perguntava: “Crescimento para quem?”.

    Depois das duas PECs pré-eleitorais, que sucederam a dos precatórios, tudo escancaradamente ilegal e fura-teto, Guedes, o da Pedra Filosofal, agora especula sobre decreto de calamidade para manter o Bolsa Família em R$ 600, embora a peça orçamentária preveja R$ 405. E o faz daquele seu jeito despachado: “É evidente que nós vamos pagar. Tem uma solução temporária. Se a Guerra da Ucrânia continua, prorroga o estado de calamidade, e aí você continua com R$ 600”.

    Como é mesmo aquela história de que “os mercados gostam de previsibilidade”? A única coisa previsível nesse governo é a certeza de que os valentes podem fazer qualquer coisa para evitar a alternância do poder. Observem que não tratam opositores como adversários, mas como inimigos. Em essência, criminalizam a democracia. Bolsonaro afirmou em Curitiba, na quarta, que o poder não emana do povo, “a não ser que ele escolha bem seus representantes”.

    Eis o modelo que deriva do que Guedes chama de união de liberais e conservadores. Como já escrevi aqui, esta eleição já se dá sob o signo da excepcionalidade porque sob o impacto de ilegalidade. Outubro vem aí, na terra dos contrastes primitivos.

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