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O ENTÃO “PODEROSO” MDB DE GASPAR FOI O QUE MAIS SENTIU A DERROTA NAS ELEIÇÕES DESTE ANO. ESTÁ À MÍNGUA E ÓRFÃO. AGORA, PROMETE MUDAR E FAZER DAS CINZAS UM RECOMEÇO. MAS QUEM VAI LIDERAR ESTE PROCESSO? O VEREADOR CIRO?

A primeira da sessão da Câmara de Gaspar depois das eleições foi simbólica sob todos os aspectos. O primeiro deles é que ela durou quase duas horas e não a costumeira média 30 minutos dos últimos meses. Segundo: nenhum dos 13 vereadores saiu cedo como das outrora curtíssimas sessõesMais. A “Casa do Povo” estava cheia no plenário – e não precisou se chamar o choque da PM como aconteceu quando ela assim esteve com o povo da última vez. 

Os vencedores das eleições de domingo – os cinco vereadores do PL – incluindo o reeleito – e um do União Brasil – estavam todos lá. Simbólico. Mas, até quando? Porque, como bem lembrou Eliane Cantanhede, no artigo que publicou domingo no jornal O Estado de S. Paulo e eu o reproduzi aqui, “o poder atrai, mas também divide“. Além do mais, nunca se deve esquecer: este pessoal virou governo e poder.

De atirador de pedras, se tornou vidraça a partir do ano que vem. E não tenham dúvidas, esse telhado vai ser testado na qualidade e resistência do vidro que os protege. E se não se cuidar, pelas companhias do modelo antigo que insiste em desfilar por aí, antes mesmo de assumir, a continuidade do que se vê há mais de 30 anos parece ser a mais provável. Só o tempo será, mais uma vez, o senhor da razão.

Outro fato incomum – mas sinalizador, principalmente para quem vai depender de uma maioria de uma suposta oposição e que eu particularmente acho que não existirá logo de cara e se ela se criar é porque será devido a um profundo erro tático – além disso, se governar com qualidade técnica e sabendo dosar a limonada, durante todo o governo, a não ser que erre a mão muito nesta limonada, mas, muito mesmo ficará em minoria dos seis -, estava lá no convescote, o vice-prefeito eleito pelo PL, ex-vereador pelo socialista PV e ex-secretário de Planejamento do petista Pedro Celso Zuchi, PT, Rodrigo Boeing Althoff, PL, e que se diz especialista em gestão pública e ocupação urbana.

Rodrigo, na na extrema esquerda da mesa na foto abaixo, foi recebido com o incomum “tapete vermelho” pelo presidente da casa – o mais longevo dos vereadores e eleito para a oitava legislatura, em 11 disputas que tentou, José Hilário Melato, PP. Melato sempre foi da dita “suposta oposição”, mesmo quando na teoria não era para ser assim. Como adiantei no artigo da semana passada, passará por Melato, mais uma vez, este meio de campo para os vencedores em “desvantagem” no Legislativo. Estranha mesmo, neste contexto, foi a ausência do vencedor do pleito e futuro prefeito, Paulo Norberto Koerich, PL.

Retomando.

Uma bela sessão, mas cheia também de senões. Um deles foi a aprovação do PLC 09/2024. Ele “regulariza” as construções clandestinas – este é o termo que está bem claramente trata o PLC, não as supostamente como irregulares construções que vai dar “regularidade”.

Este PLC é de autoria e ex-bambambam do prefeito Kleber Edson Wan Dall e do MDB, mas, traído por ambos, por isso se filiou no PL, o vereador e advogado Francisco Hostins Júnior – que não foi a reeleição, mas elegeu a sua irmã, a educadora Sandra para o legado político dos Hostins que vem desde a década de 1980.

Quem Júnior Hostins ouviu para passar, mais uma vez, o pano no que classificou no PLC como clandestino? Os interesses da Ampe. E remendou o erro, porque antes, houve à falta de fiscalização dos órgãos competentes – incluindo o Ministério Público – e até intecionalidade dos que burlaram o Plano Diretor, alegando que desconheciam a legislação, ou que ela era defasado ou impraticável para o seu entender particular, necessidade ou gosto. Hum!

O Plano Diretor – para muitos incompreensível, mas não compartilho desta visão diante de tanto descalabros pontuais feitos nele e a quem usufruiu dele ultrapassado e emendado – está atrasado na sua atualização desde 2016, segundo o que determina o Estatuto das Cidades. Ou seja, desde quando Zuchi ainda era prefeito, que iniciou e até pagou muito caro uma empresa especializada de Florianópolis – quando se tinha a Furb aqui para isso – para apresentar algo que se engavetou. Desperdício.

Quem criou o Plano Diretor já todo desfigurado, ouvindo a população e entidades na época, para as necessidades daquele tempo e de uma visão de futuro que se foi embora e daí a necessidade de revisão, foi o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL (2005/08). Autoexplicativa à má vontade dos políticos e líderes sobre este assunto. 

Voltando à sessão de terça-feira passada. A aprovação unânime do PLC 09/2024 para proteger os errados naquilo que se classificou como “clandestino”, zomba, mais uma vez, contra aqueles que foram obrigados ao correto, ao que está na lei em vigor e quando tentaram fazer diferente, foram impedidos ou até punidos.

E qual a ironia deste episódio?

A aprovação do referido PLC que regulariza o “clandestino” aconteceu justamente na sessão em que o futuro vice, que é engenheiro, construtor e conhecedor do assunto, anunciou ser uma das prioridades do governo de Paulo Norberto Koerich, a solução desta questão que, diante do Plano Diretor defasado, do emaranhado de interesses e contradições – incluindo favorecimento e perseguições pontuais a investidores, amigos, críticos ou adversários.

Esta confusão de um Plano Diretor retalhado por diversas leis e interpretações pessoais dela por técnico, políticos e beneficiário, só facilita a vida ou a esperteza de alguns e ao mesmo tempo prejudica outros, a natureza e até expõe ao perigo diante das mudanças climáticas. Esta confusão permite só o desordenamento urbano, territorial, constrange e mais: abre-se espaços para vendedores de facilidades, cria-se brechas para chantagens, estabelece-se em litígios entre investidores, empreendedores, prefeitura e Ministério Público na chamada insegurança econômica e jurídica na expansão da cidade e seus negócios. 

Aliás, o prefeito eleito delegado Paulo Norberto Koerich, PL, reafirmou na sexta-feira, na entrevista que deu no Jornal do Almoço, da NSC Blumenau, o que dissera na terça-feira à noite o seu vice na Câmara. O futuro prefeito reafirmou à entrevistadora ser esta uma das prioridades dele quando assumir a prefeitura. A conferir.

Antes, porém, o prefeito eleito precisa chamar a turma que o elegeu, para eles terem uma mínima discrição sobre o tema e a inflkuÇência que dizem que vão ter nesta atualização do Plano Diretor. Mais, deve reafirmar diante todos que é ele quem vai liderar este processo. Pelo que se viu na semana passada, este assunto já possui vários canais e donos. Eles se dizem autorizados, acessíveis e prontos para regularizar as pendências, inclusive as que já estão sob judice. Ou seja, antes do novo Plano Diretor, pelo jeito, vem aí o Plano Puxadinho ou o Plano Padrinho, e principalmente para os amigos, acessíveis e apoiadores. De verdade, o que isto diferencia da atual esbórnia?

O MDB PROCURA O CAMINHÃO DA MUDANÇA DE ONDE ELE CAIU. E NÃO FOI NESTA ELEIÇÃO!

Feito o registro de um assunto delicado, que promete ser, finalmente, resolvido tecnicamente, com discussão ampla com a sociedade e normatizado pela via legislativa, mas já antes disso aparece politicamente disputado por vários donos, o que se viu na sessão de terça-feira passada da Câmara de Gaspar foi um chororô dos perdedores.

Entre eles, o que se sobressaiu naquela sessão foi a fala do líder do MDB, Ciro André Quintino, MDB (foto ao lado). É este o meu foco do artigo principal desta segunda-feira mesmo não sendo a abertura dele. Esta semana só escreverei e publicarei só mais um artigo. Muito provavelmente na quinta-feira. Tempo suficiente para ler e reler este textão.

Retomando mais uma vez.

E o melhor sinal de que as coisas estão mal no MDB de Gaspar, veio na observação do presidente da Casa: “quem é que vai falar pelo partido [horário da liderança do MDB]? O Procópio [Roberto Procópio de Souza, que migrou na última hora do seu sempre PDT na esperança de ter melhor sorte e se reeleger, mas não conseguiu] ou o Ciro [Ciro André Quintino, que já esteve no PSDB, morto por aqui e ainda tem como seu ícone representante, Jorge Luiz Prucino Pereira, o das conversas cabulosas que Melato – e a base de Kleber e Marcelo – tratou de enterrá-las numa CPI secreta; Ciro foi um dos rifados no MDB pelo esquema político de Kleber, na aspiração de ser o candidato do partido na eleição de dois domingos atrás. Engoliu a seco. Só resmungou entre paredes, diferente do que fez Júnior Hostins]?

– Sou eu“, respondeu Ciro. Descontada as incoerências, as mágoas e as dúvidas se Ciro terá estofo para emular a fênix emedebista gasparense, por outro lado foi um discurso bem interessante, de desconforto e corajoso até certo ponto. 

No fundo, Ciro e seu discurso traduziram três coisas: o abismo em que o ex-presidente MDB por aqui, o ex-prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, lançou o partido no voo cego com a criatura Kleber como o líder visível da agremiação; a presidência decorativa de Zilma Mônica Sansão Benevenutti; ela não só não se reelegeu, mas captou uma míséria de votos (260, com a nona suplência do partido); bem como a papagaiada em estava vestido de guarda-vidas Ciro, lançando a boia salvadora para si mesmo desse mar de ilusões do MDB de Gaspar. Ou seja, estou de alma lavada mais uma vez naquilo que escrevi e prenunciei para este “gran finale”.

Se Ciro quer que o MDB de Gaspar, mude e saia desta profundeza para onde foi tragado num processo lento e de anos afio, Ciro é o primeiro que terá que se recliclar na imagem, comportamento e resultados. Nem mais, nem menos. 

E Ciro sabe – e se ainda reluta nessa mudança de postura incluindo a de gregário que ao menos o ex-presidente Roberto tinha -, vai ser embrulhado mais uma vez, afinal ele próprio foi tragado pelo MDB que detona. E isto aconteceu lá bem no início quando se armou a sucessão de Kleber reunindo ainda os existentes PDT e PSDB que mais tarde por falta de vida e sem possibilidade de caminharem com as suas próprias pernas, se juntaram ao MDB, aliando do PP – que se dividiu mais tarde para dar vitória ao delegado Paulo e estar sem disfarce algum no PL – e PSD, este também minguado, mesmo diante da perspectiva de ser o partido da vez.

Esta foto ao lado, feita e distribuída pelo próprio PP, mostra o início do desastre para todos, não só para o MDB que agora Ciro quer “salvá-lo” do buraco onde está metido, mas de um projeto que iria além dos 30 anos de poder. Rostos novos, velhas práticas. E uma recusa insofismável nas urnas em seis de outubro deste ano. Por isso, Ciro precisa olhar para si mesmo.

Como candidato à reeleição, Ciro fez uma campanha para prefeito – ou até, para deputado estadual na sua própria cidade – e teve menos votos do que na eleição passada. A lista de razões é longa. Mas, pode-se destacar algumas. Ciro “instalou” parte do seu gabinete em Florianópolis em quase todo o seu mandato com o então deputado Jerry Comper, MDB, de Ibirama, e hoje um decorativo secretário de Infraestrutura e Mobilidade das armações ilimitadas de Jorginho Melo, PL.

Ciro – com um programa de rádio populista, distribuia prêmios e guloseimas, mas no programa para a boca no trombone, preferiu fechada-la aos problemas da cidade, afinal era governo. Ciro se gabava de possuir poderosos apoios empresariais, de ter uma equipe full time de comunicação de marketing (mas que nas últimas semanas foi dar no adversário PL). Tudo isso, para conseguir 850 votos, ou 2,34% dos votos válidos? E só não foi pior, porque a sua mulher Joelma Silveira (que se envolveu com o MDB Mulher, foto abaixo), enfezada com o calça-pé do partido ao marido, entrou na campanha, foi a novidade, como não tinha se visto antes.

Voltando e só para comparar e impedir a acusação de que eu exagero, que movo perseguições gratuitas, só porque trabalho com dados, fatos, história, memória e números dos próprios queixosos, além dos resultados que secretamente as urnas dão a eles: em 2020, o mesmo Ciro e ainda sem todo esse foguetório e estrutura, obteve nas urnas 995 votos (3,12% dos válidos). 

Era um aviso lá em 2020 e está claro de que Ciro, mais uma vez, não ouviu à advertência, como está advertido no plano de “reerguer” o MDB de Gaspar. E por que? É que em 2016, Ciro tinha sido o vice-campeão de votos na cidade (o campeão foi Júnior Hostins) com 1.425 votos, ou seja 4,04% dos válidos. Nesta eleição, a de dois domingos atrás, noves fora, Ciro, proporcionalmente, teve quase a metade dos votos de oito anos atrás.

É impossível que o vereador Ciro – com toda a experiência de três mandatos -e quatro eleições em cinco – e quatro presidência na Câmara e se sabe como manobrou para isso, a tal ponto do voto secreto ter sido varrido do mapa na Casa do Povo depois disso – não tenha entendido todos estes avisos vindos de seus próprios eleitores e eleitoras,os quais espanta com a sua marquetagem barata, pois em 2004, quando Ciro estava no PSDB e não se elegeu, fez 558 votos (1,92% dos válidos) e na primeira eleição dele como vereador em 2012, já no MDB, coletou 649 votos (1,94% dos válidos).

E olha que Ciro, entre as iniciativas que fez para aparecer, pedalou pela cidade. Para quê, segundo o mote da campanha? Para provar que a conhecia. Por outro lado, por ser governo, fingia que ela estava bem tratada. No fundo, ele – e todos – sabia que até a simples manutenção falhava. E no caso dele, não precisava andar pela cidade. Era só olhar a pilha de indicações dos vereadores, espantosamente, quase todos “aliados” do governo na Bancada do Amém, onde esteve onze dos 13 vereadores.

Então não é o MDB que precisa mudar, antes, todavia, é, penso, o próprio Ciro. Simples assim. E não será fácil. E não será com marketing, conchavos, relacionamentos improdutivos ou viagens sem finalidade a Florianópolis e Brasília, em assuntos que podem ser resolvidos com telefonemas, contatos e teleconferências. Será com atitudes e enfrentamento.

E começar pelas atitudes simples. Aqui ele não poder ser conhecido como o “campeão de diárias”, mas de votos -a moeda de trocas e respeito no mundo pólítico. Não poder ser o “campeão de saídas antecipadas” da única sessão ordinária semanal. Não pode ser o viajante, o fanfarrão, o amigo de todos que mostra nos vídeos mal-armados. O eleitor quer resolutividade. Os liderasdos, querem confiabilidade.

Ciro não pode ser o “inventor” da kombi que não serviu para fazer o que prometeu, ou seja, ser o gabinete móvel, ouvir o povo e dar expediente nos bairros. Ciro não pode ser apenas um produto de uma marquetagem amadora e inconsequente que o estampa como um brincalhão, que cola em tudo e em todos apenas para aparecer, gerar estampa nas redes sociais, provocar likes, os quais como se viu na eleição de seis de outubro não trazudem em votos e credibilidade.

No fundo, este aparato trabalhou contra o político Ciro e sua imagem que terá muito trabalho para mudá-la. Ela tratou todos como tolos, numa sociedade aberta, com aplicativos de mensagens desnudando, perigosa e silenciosamente, aquilo que a imprensa está obrigada a ficar calada e a grande maioria dos eleitores e eleitoras, por medo de retaliação, não explicita nas redes sociais a quem pensa ser celebridade.

Os fatos e as contas estão aí expressos em números irrefutáveis dos 850 votos de seis de outubro. E as assessorias dos deputados Carlos Chiodini (federal por Jaraguá do Sul e Itajaí) e Jerry já acenderam os sinais de alerta ao cabo eleitoral sem votos. Nem mais, nem menos.

BAIXOU O ESPÍRITO DE ULYSSES GUIMARÃES SOBRE CIRO. SERÁ?

Será que Ciro sabe ou possui à dimensão do que foi e representou Ulysses Guimarães (foto ao lado) para o Brasil e o MDB, então a resistência à ditadura militar que ela própria criou para dar falso ar de democracia bi-partidária daqueles tempos duros e que eu experimentei parte deles?

Ulysses morto em 1992, aos recém-completados 76 anos, em acidente aéreo em Angra dos Reis RJ e cujo corpo não se encontrou até hoje. Ciro tinha 21 anos quando isso aconteceu. E os fatos impactantes nesta idade, sempre nos marcam mais para a vida toda do que em outras épocas, segundo os neurocientistas. E eu, septuagenário, concordo.

Se Ciro sabe de todo o contexto histórico da saga e desse político e líder chamado Ulysses Guimarães, Ciro também está no caminho certo. Se não sabe, é mais outro que ouviu o canto da cotovia – descrito pelo dramaturgo Willian Shakespeare – e nem sabe que pássaro é este. É melhor se aprumar para não cair nas armadilhas que narrei nos parágrafos anteriores.

E por que? Ciro está correto quando diz, repetindo Ulysses – a quem deu o crédito – “ou mudamos, ou seremos mudados“, pronunciado por Ulysses em outra e para circunstância diferente. Mas, este chapéu – como abordei anteriormente – também serve para o que Ciro quis rotular como grave, o momento pelo qual passa o MDB de Gaspar. Contudo, a pergunta que não quer calar é esta: será ele, Ciro, o líder desta nova mudança? Pelo votos, quem está sendo mudado, gradativamente é o próprio Ciro e urgentemente terá que entender isso. Por pouco não foi eliminado desta vez. 

É da mesma terça-feira, a repetição de algo que já disse em outras ocasiões: “time [partido] que não joga, não tem torcida [eleitores]”. Novamente, frase de efeito para a torcida. Time para levar torcida ao campo e ser competitivo na tabela, antes precisa de organização, líder e craques para que haja expansão, confiança, paixão e fidelidade incondicional dessa torcida. Até nisso, Ciro mal exemplifica. O time MDB existe, mas é ruim, escala mal, joga péssimamente e vive das glórias do passado, olhando a sala de troféus e galerias de fotos. É memória. Deve ser respeitada. Mas, não vence partida ou eleições de hoje. Simples assim, novamente.

Entre tantos momentos hilários do seu discurso de terça-feira, esteve aquele em que invocou ao presidente do PL, Bernardo Leonardo Spengler Filho – presente na Câmara com o seu grupo político -, o testemunho de quão grande foi no passado o MDB de Gaspar. E eu poderia encerrar este comentário por aqui. Entretanto, sou obrigado ir adiante para esclarecer mais.

E não vale dizer – e só depois dos resultados de seis de outubro quando de tudo já estava consumado e se transformou num retrato – de que tudo isso foi fruto do “pior momento do MDB de Gaspar” – que já elegeu quatro prefeitos como Osvaldo Schneider, Luiz Fernando Poli, Bernardo Leonardo Spengler – o único a não cumprir todo o mandato -, Adilson Luiz Schmitt e Kleber Edson Wan Dall. É que tendo a chance de reverter, ou ao menos sair minimamente ileso dessa derrocada, o MDB de Gaspar preferiu apostar, dançar e brincar com o perigo o tempo todo.

Se o MDB de Gaspar saiu esfacelado das urnas, tem gente, individualmente, que se saiu dos oito anos de governo muito bem. Então…

UM BOM ESPELHO. MAS ATÉ ONDE ESTE ESPELHO REFLETE INTENÇÕES E IMAGENS VERDADEIRAS?

Se Ciro conhece a história, trajetória, a capacidade de articulação e principalmente a coragem do político despojado Ulysses Guimarães, deveria antes, ler mais sobre ele, seus discursos, enfrentamentos – como eu já fiz – e refletir sobre esta outra observação do “doutor” Ulysses: “quando as elites políticas pensam apenas na sobrevivência do poder oligárquico, colocam em risco a soberania nacional. A governabilidade está no social. A fome, a miséria, a ignorância, a doença inassistida são ingovernáveis. O estado de direito, consectário da igualdade, não pode conviver com o estado de miséria. Mais miserável do que os miseráveis é a sociedade que não acaba com a miséria.

O MDB de Gaspar quis ser acima de tudo oligárquico em Gaspar, em benefício de poucos. Foi sectário e promoveu a miséria – não apenas aquela da pobreza em si – mas, aquela que exclui o diálogo, amplia à perseguição e elimina a transparência governamental. A Saúde e a Educação foram impressionantemente frágeis no governo de Kleber, seja com Luiz Carlos Spengler Filho, seja com Marcelo de Souza Brick, ambos do PP. Queriam o que mesmo?

A ambição do MDB de Gaspar foi além das suas possibilidades e já ressaltei isso no artigo de quinta-feira passada em QUEM DERROTOU KLEBER, MDB, PSD E PP EM GASPAR? A FALTA DE RESULTADOS, TRANSFORMAÇÕES SOMADAS À FALTA DE TRANSPARÊNCIA, EQUIPES EFICIENTES, LIDERANÇA POLÍTICA E ADMINISTRATIVA. NADA MAIS. TANTO QUE SE PEDIU PELO MILAGRE. E ELE NÃO VEIO 

Ou seja, faltou, de verdade ao MDB, um líder para conduzir o governo – cheio de penduricalhos e interesses divergentes – não basta querer chegar ao bom porto, sob a falta de ventos ou nas tempestades. Nem mais, nem menos. Para quem navega com velas, à falta de ventos ou as tempestades são ruins, mas, nem sempre fatais. É também Ulysses Guimarães, o novo guru de Ciro quem cunhou esta frase: “eu tenho nojo da ditadura“, e o pernambucano, Jarbas Vasconcellos, companheiro de bancada e numa homenagem pos mortem completou “da mediocridade e da arrogância“. 

E isto está estampada na falsa propaganda do governo Kleber e das pessoas dele, na perseguição implacável aos críticos para esconder o que minimamente precisava ser feito ou entregue a comunidade como prometera em palanques e na propaganda enganosa.

E o que fez o MDB e o governo de Kleber? Nunca deram ouvidos a Ulysses. Perseguiram os que não se ajoelharam pelas esmolas e pelo “amém” incondicional. Usufruíram – e até se exibiram como ato de humilhação – e agora, derrotados no jeito de governar, não entregar resultados, na falta de transparência e ser, estão encontrando culpados, entre eles, vejam só: eu. Incrível, como eu sou valorizado na desgraça coletiva dos outros.

E para encerrar: seja bem-vindo Ciro, mesmo que tardiamente, ao que restou do MDB de Gaspar e ao espírito vagante de Ulysses Guimarães. Não vale usar o nome e as frases dele em vão, porque um contemporâneo de Ulysses, o liberal Tancredo de Almeida Neves nos ensinava: ” quando a esperteza é demais, ela come o dono“. E aqui, comeu. É só olhar as duas fotos abaixo. Elas dizem muito do que se passou nestes oito anos e do que aconteceu no domingo dia seis de outubro. Elas evitam que eu desenhe e por isso, amplie este textão. Desafiante, reconheço. Entretanto, é coisa só para líder.

Então, vale a pena lembrar o ” Dr. Ulysses” no final de sua “Oração do Adeus”, quando disse: “permitam que agora fale de mim. Já fiz discursos com amor e com cólera. Com cólera, não com raiva. Em política, raiva, só fingida ou combinada. Esse discurso eu escrevi com o coração e o leio com os olhos úmidos. Na política, mais difícil do que subir é descer. É descer não carregando o fardo pobre e fétido da vergonha. Descer desmoralizado pela covardia. Não descer com as mãos esvaziadas pela preguiça e pela impostura. Não descer esverdeado pelas cólicas de inveja dos que nos emulam, nos sucedem ou nos superam. Não descer com a alma apodrecida pelo carcinoma do ressentimento. Vou livre como o vento, transparente e cantando como a fonte. Desço. Vou para a planície, mas não vou para casa. Vou morrer fardado, não de pijama. Política se faz na rua ou com a rua. Vou para a rua, porque o governo desgoverna a rua”.

Ciro diz que está ouvindo as ruas. Então é preciso limpar os ouvidos e descer até elas, como recomenda Ulysses” para então mudado, subir e merecer o que quer: liderar um processo de reinvenção do MDB de Gaspar, por tudo o que representou na política gasparense.

Este discurso do velho Ulysses, vale também vale para o novo prefeito de Gaspar, o delegado Paulo Norberto Koerich, PL.

Ele evitou as ruas antes das eleições. Depois dela, igualmente. Não é mais delegado de gabinete. Não pode mais ser membro de confrarias. É prefeito. E de todos. E o gabinete de um executivo – inclusive empresarial, e nem falo de político – é sarcófago a qualquer um que recebe informações prontas a gosto dos acessíveis, amigos, os que fingem e agora viram amigos de última hora, os confrades – os quais a levam marmelada pronta ao gabinete ao sabor do dono. Aliás, o “dr Paulo”, fez fama, como policial investigativo e de rua. Então ele, mais que outros, sabe o que isso representa e como pode dar certo numa investigação como numa administração. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

O prefeito eleito Paulo Norberto Koerich, PL, foi entrevistado sexta-feira no “Jornal do Almoço”, da NSC TV de Blumenau. Dentre todos os prefeitos eleitos que foram entrevistaram e eu assisti (tudo disponível do Globoplay) Paulo foi menos desenvolto. Parecia que estava em campanha e nada podia ser revelado para não dar mote aos adversários, ou então, de que estava ainda na sua Delegacia de Polícia, com investigações sob sigilo. É preciso, urgente, trocar as chaves e o disco. Clareza e transparência são os melhores remédios aos pessimistas de sempre.

Sobre pesquisas. Por questões profissionais, lido com elas há quase 50 anos e não exatamente para fins políticos. Mandei fazer duas, às minhas expensas e segredo. Tudo para não cair em armadilhas naquilo que me diziam e ofereciam. O vencedor das eleições de Gaspar só teve a sinalização clara de que poderia vencê-las apenas 20 dias antes de seis de outubro. Esta foi a razão do título do artigo de de 29 de setembro ALGUÉM ACREDITA EM “ESPETACULAR” VIRADA NAS ELEIÇÕES DESTE ANO EM GASPAR? OS QUE ANUNCIAVAM ISTO, FIZERAM POUCO PARA ELA ACONTECER. SE NÃO VIER O ATRASO, ESTÁ SACRAMENTADA CONTINUIDADE DA MEDIOCRIDADE. O atraso era o PT.

Passada as eleições, evitei para não polemizar – até porque este tipo de treta faz parte do jogo de forças internas em qualquer campanha eleitoral -, anotei e agora repasso. Não foi tranquila a vida no comitê do PL, União Brasil e PRD de Gaspar. Queixas de preferência por determinados candidatos a vereador(a) e disputa por agenda com a presença do candidato da majoritária, foram a tônica em toda o período eleitoral.

Ausências, ciúmes, queixas, acusações e versões ainda continuam, mesmo diante de uma vitória insofismável. Se não colocar uma tampa neste caixão… ele será levado em cortejo pelos da enfraquecida oposição. Dependerá dos vencedores se darão esta vitamina aos perdedores.

Aí você me pergunta, qual o clima hoje. É só olhar algumas trocas de mensagens vazadas, alguns encontros e declarações intimas de familiares que estiveram na campanha eleitoral vencedora e agora querem o naco do poder maior do que podem carregar, ou para que o correligionário – que virou adversário, não tenha espaços diferenciados no futuro governo. Se era para mudar, está na hora de colocar os limites e se saberá o tamanho do estrago. Daqui a pouco além de ficar mais complicado dar este limites e fazer os remendos decorrente desse limite, o preço e desgastes serão maiores. Foi assim que o atual governo foi tragado por si próprio.

Já está mais do que na hora de alguém tomar rédea de liderança desse processo. Há muita gente atrás de boquinhas, favores e se apresentando como intermediário de soluções. O prometido corte nos cargos comissionados no governo do delegado Paulo Norberto Koerich, PL, se a coisa continuar assim, poderá estar comprometido. Parece que nada mudou. Tudo é velho. Só os derrotados, por enquanto, estão se deliciando.

Tanto o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, quanto o eleito, Paulo Norberto Koerich, PL, acertaram-se para esta semana começarem as conversas sobre a transição de governo. Excelente. Que venha a civilidade, as prioridades e a transparência. Ganharão Gaspar e os gasparenses. Mais do que ver o caixa e contas do presente e do futuro, é ver o que está sendo assinado e comprometido para o ano que vem, num Orçamento de R$510 milhões, o qual sequer absorveu a inflação prevista para os doze meses anteriores à elaboração desta peça fictícia chamada de Orçamento.

Por que disso? Vem se anunciando uma farra ordens de serviços (endividamento) – e não se faz segredo disso, incluindo pela voz do líder o do governo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB – na terça-feira passada. Ele não concorreu à eleição e ouviu vaias. Voltando. Entre elas, está a milionária, e talvez defasada tecnicamente, implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto, esquecido por 16 anos, mesmo com um TAC assinado pela prefeitura ao tempo de Pedro Celso Zuchi, PT, com o Ministério Público, solenemente ignorado até hoje. O novo governo é quem deve dominar este assunto completamente – do técnico, da execução as fontes de financiamento.

O prefeito eleito Paulo Norberto Koerich, PL, está sob pressão. E o primeiro teste será no que tange a escolha de seus técnicos – e não apenas os curiosos de sempre, com a desculpa de serem de “confiança”, do partido, do ajeitamento político-partidário, ou da vingança -, para verdadeiramente esquadrinhar o seu governo, liderar o processo de gestão e desde já, fazer escolhas (prioridades dentro daqueles cinco eixos que está na ponta da sua língua em qualquer entrevista), esclarecendo à cidade, cidadãos e cidadãs a razão das escolhas.

Rola uma conversa entre os graduados e que cuidam do caixa da prefeitura de Gaspar de que os vencimentos dos servidores efetivos e comissionados de Dezembro serão atrasados num “ajuste de caixa”. O seja, a equação da “bomba ficará” para o novo governo. Se isto acontecer, Kleber Edson Wan Dall, MDB, fechará os seus dois mandatos com “chave de ouro” o seu errático governo. E Paulo Norberto Koerich, PL, obrigado à uma solução (e rápida) terá a chance da segunda vitória. A primeira foi em seis de outubro.

Mais uma marquetagem do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, se desmancha e lava a minha alma outra vez. Desde sexta-feira está suspenso o caro e improvisado “Alô Saúde”, o atendimento público de telemedicina que foi anunciado como milagroso para – no periodo eleitoral, e só no periodo eleitoral como se prova agora e anunciei que seria assim, mas fui crucificado – resolver à incapacidade física do sistema de saúde em atender a população doente dos postinhos de Saúde, no horário e presencialmente, reduzido e diante da recorrente falta de médicos.

Estava na cara de que se tratava de propaganda, um gasto a mais e não devidamente esclarecido. O tempo se encarregou de provar que os políticos espertos estavam mais uma vez errados. Este “Alô Saúde Gaspar” serviu muito, aos que nem precisaram sair de casa, para obter os tais atestados de saúde para justificar à falta ao trabalho.

Aliás, entre uma dezena que foram nomeados durante o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, alguém ainda sabe quem é o atual secretário da Saúde de Gaspar? Ele é o dentista, vereador licenciado, funcionário público concursado para técnico na área sanitária e não concorreu a reeleição: José Carlos de Carvalho Júnior, MDB. Mas, quem comunicou a suspensão do “Alô Saúde Gaspar” foi Arnaldo Gonçalvez Munhoz Júnior. Político e chefe não podem se desgastar na imagem pública.

Está incomodando os puristas da direita e do bolsonarismo, os mais barulhentos, como o PL de Gaspar não possui esta identidade bolsonarista. Há exemplos que vão desde o comando da campanha que era do PP até o presidente do partido oriundo do MDB, passando pelos empresários que emprestaram apoio para outros governos. Mas, um dos homens de comunicação da campanha do delegado Paulo Norberto Koerich, PL, foi Ramires do Santos, PRD. Foi ele quem inventou a imagem de populista de Ciro André Quintino, MDB. Ramires é casado com Rubiana, filha de Walter Morello, um emedebista roxo e ainda com voz no atual diretório. Então…

Na campanha, o candidato Paulo Norberto Koerich, PL, havia assinalado de que não promoveria vereadores a secretários. Parece que está revendo esta premissa de palanque. Toma corpo a indicação da vereadora e educadora, Sandra Mara Hostins, PL, 692 votos, para a titularidade da secretaria de Educação. As contas estão sendo feitas e refeitas. Um suplente da coligação também está na fila de avaliação. Para lembrar. O PP de Gaspar fez três suplentes de vereadores secretários no atual governo e pelo acordo ficaram nas secretaria por quase quatro anos. Abertas as urnas de seis outubro, todos estão contando estórias para sustentar o fracasso eleitoral.

O ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, Roni Jean Muller, MDB, eleito vereador com 708 votos com está preocupado com o seu futuro. Acha que está e será perseguido por ter sido comissionado do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Certamente, não será por isso.

O campeão de votos, o reeleito Alexsandro Burnier, PL, 3.429 votos (9,43% dos válidos e o mais alto até agora), apareceu na Câmara para discursar com a bandeira de Gaspar sobre o seu ombro. Políticos do atual governo que a usaram, perderam prestígio, votos e mandatos. Além disso, no discurso se mostrou um “ingrato” ao seu melhor e gratuito cabo eleitoral: o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e o entorno de “çábios”, que o queriam vê-lo cassado por falta de ética, ao simplesmente ter colocado o dedo nas feridas das floreiras que mais parecem ferro velho e as bocas de lobo “inteligentes” e que se mostram cada vez mais “tolas”.

Não há dúvidas, que ensaio mal feito por Kleber Edson Wan Dall, MDB e o pessoal da secretaria de Obras e Serviços Urbanos para a sua cassação, exatamente, por ele ir atrás simples respostas das dúvidas geradas pelo governo, obrigação de um vereador na fiscalização do prefeito, foi o que alavancou a expressiva votação de Alexsandro Burnier, PL. A pergunta é: Burnier sabe que agora será vidraça?

Pergunta que não quer calar, o ex-vereador, o ex-vice-prefeito, o ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, o atual chefe de gabinete, Luiz Carlos Spengler Filho, e presidente do derrotado e dividido PP, já foi ao alfaiate, para ajustar a farda e voltar a ser um agente efetivo – que é – de trânsito na Superindendência da Ditran – Diretoria de Trânsito?

O irmão de templo, o citador de versículos, o “agroboy” inventado como secretário da Agricultura e Aquicultura, o sarcástico e humorista de redes sociais, o que tretou com o mais longevo dos vereadores e se deu mal, o vereador de primeira eleição, Cleverson Ferreira dos Santos, PP, lembrou a sua trajetória: a de ter chegado aqui aos 17 anos, sem raízes na cidade e ser eleito vereador. Agora ficou de fora, com apenas 680 votos. Outro ingrato. Quem o elegeu em 2020 foram as novas raízes: o bairro Bela Vista, a família e a comunidade evangélica, que, em parte, ele as desprezou desta vez. Então, deu no que deu.

Espantoso. No discurso que fez e mote do artigo de hoje, Ciro André Quintino, MDB, invocou o testemunho do presidente do PL, Bernardo Leonardo Spengler Filho, para a derrocada do MDB gasparense. Ele é filho do ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, ex-presidente do MDB dos bons tempos, e o único prefeito (1997/99) até agora a não completar o mandato. Se a moda pegar, Ciro terá páginas de testemunhas em outros partidos do então manda brasa nesta derrocada.

De verdade? Sabe quando o MDB começou a ficar fora do seu eixo? Quando em 2004 para vencer a tentativa de reeleição de Pedro Celso Zuchi, PT, se uniu ao PP, para a eleição de Adilson Luiz Schmitt, MDB. O PP nunca esteve fora do poder, nem quando o PT foi governo por aqui.

Obra de qualidade. Recentemente, o governo de Jorginho Melo, PL, via o secretário e deputado Jerry Comper, MDB, e até mesmo o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, recapearam o caminho da Roça chamado de Rodovia Ivo Silveira entre Gaspar e Brusque, ou Avenida Frei Godofredo no trecho gasparense, onde a prefeitura, andou dando retoques em alguns trevos. Pois é. Na sexta-feira, carros de passeios fizeram filas no acostamento para trocar de pneus estourados pelos buracos. De uma só vez, seis. O serviço de guinho e borracharias fizeram a festa.

Qual a primeira foto e informação desta semana nas redes sociais do prefeito de Gaspar, Kleber Esdson Wan Dall, MDB? De que está cuidando dos interesses da Fecam – Federação Catarinense de Municípios. Apropriado.

A rebelde sobre a realidade. A ex-campeã de votos e que não foi à reeleição, a representante do Distrito do Belchior, Franciele Daiane Back, ex-PSDB e agora no MDB, mas sempre na “Bancada no Amém”, ocupou a tribuna da Câmara na terça-feira e depois das eleições, para informar que há uma paralisia incomum pós eleição na prefeitura de Gaspar. Segundo ela, nenhum secretário, comissionado, ou servidor, está respondendo os seus whatsapp. Prometeu levar isso a público, como se o seu discurso não fosse público.

Mas, perguntar não ofende: isso já não era comum antes da eleição e por quase todo o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB? A própria vereadora já tinha tocado neste assunto antes na Câmara. Agora, é tarde demais. O rei já estava nú. Agora, está deposto na sucessão por falta de votos. E a vereadora por conta disso, nem resolveu se arriscar para saber o tamanho do tombo. Diz que sempre prometeu apenas dois mandato para si própria. Muda, Gaspar!

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11 comentários em “O ENTÃO “PODEROSO” MDB DE GASPAR FOI O QUE MAIS SENTIU A DERROTA NAS ELEIÇÕES DESTE ANO. ESTÁ À MÍNGUA E ÓRFÃO. AGORA, PROMETE MUDAR E FAZER DAS CINZAS UM RECOMEÇO. MAS QUEM VAI LIDERAR ESTE PROCESSO? O VEREADOR CIRO?”

  1. Pingback: O AMPLO ARCO DE COLIGAÇÕES DO GOVERNO DE OITO ANOS EM GASPAR CHEGOU AO FIM SEM TÁTICA DE COMBATE, SOLDADOS, ARMAS E MUNIÇÕES. NÃO É ESPECULAÇÃO. É O QUE RETRATA CLARAMENTE NOS RESULTADOS DAS URNAS. - Olhando a Maré

  2. Para ser lido por quem não entende como a intervenção no Hospital de Gaspar tornou um poço sem fundo de recursos públicos e mesmo assim, os doentes continuam doentes, esperando, esperando e isso, quando não morrem.

    PREÇO DA PRIVATARIA NA SAÚDE, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    A polícia do Rio foi rápida. Em poucos dias, prendeu Walter Vieira, sócio do laboratório PCS Lab Saleme, de Nova Iguaçu, cujos laudos criminosos infectaram com HIV seis pacientes que haviam recebido transplantes em hospitais públicos do estado. Em seu primeiro depoimento, o doutor atribuiu a responsabilidade pelo crime a um erro de três funcionários. Em nota, o deputado federal Dr. Luizinho (PP), secretário de Saúde do Rio por duas vezes, pediu que os “culpados sejam punidos exemplarmente”.

    Se o Ministério da Saúde e o governo do Rio olharem para baixo, o caso terminará com a culpabilização de meia dúzia de profissionais irresponsáveis. Se olharem para cima, verão muito mais, coisas sabidas, porém desprezadas. Verão que a saúde pública está sendo sucateada, privatizada, corrompida e arruinada.

    Quando começou a demonização do Estado, acreditou-se que, privatizando serviços de hospitais e de laboratórios, eles funcionariam melhor. Assim, a privataria produziu a figura das Organizações Sociais, que passaram a administrar serviços de saúde, inclusive hospitais. Ao mesmo tempo, profissionais foram obrigados a virar pessoas jurídicas. Esse truque abriu a porteira para o clientelismo, achatou os salários da turma do andar de baixo e engordou a remuneração do pessoal do andar de cima. Em seguida, criou-se um universo de contratos.

    O PCS Lab Saleme é uma vitrine. Pelo lado do prestígio profissional, presta serviços a 17 hospitais do Rio, inclusive à Central de Transplantes. Coisa de R$ 17,5 milhões.

    Pelo lado do prestígio de uma parentela, mostra o vigor privatista do deputado Dr. Luizinho. Um dos sócios é marido de uma de suas tias e colocou na sociedade o próprio filho, ex-funcionário da Fundação Saúde (R$ 4.751 de salário). Este, por sua vez, manteve interesses numa empresa que prestou serviços de radiologia ao Hospital Getúlio Vargas de 2021 a 2022, por cerca de R$ 8 milhões. Na Fundação Saúde, que cuida dos contratos com serviços, está uma irmã do deputado.

    Do governo do Rio e do Ministério da Saúde, saíram vozes anônimas dizendo que o caso do PCS Lab Saleme é um “ponto fora da curva”. Conversa fiada, ele é um ponto extremo da própria curva. A primeira queixa chegou à secretaria em setembro, e não chamaram a polícia.

    O governo do Rio reagiu dizendo que, a partir de agora, os exames de doadores irão obrigatoriamente ao Hemorio, orgão público habilitado a fazer exames de sangue. Tradução: a privataria avançou sobre um serviço público, aspergiu contratos e, quando a casa pegou fogo, voltou ao ponto de partida.

    A vida, essa trapaceira, fez com que o caso do PCS Lab Saleme aparecesse um dia depois de o Conselho Regional de Medicina de São Paulo suspender por 30 dias um médico que em 2016 foi contratado pela Prefeitura de São Bernardo do Campo para conduzir um mutirão de cirurgias de catarata. O mutirão foi realizado num hospital público pela equipe privada, e 22 pacientes foram infeccionados. Alguns ficaram cegos, porque a privatagem descumpriu protocolos de higiene e esterilização.

    Esse caso nada tem a ver com o do laboratório Saleme. Mostra apenas que a curva do sucateamento privatista é muito mais ampla e bem relacionada do que se pensa.

  3. A MISSÃO IMPOSSÍVEL DE HADDAD, por Vinicius Torres Freire, no jornal O Estado de S. Paulo

    Desde o início do governo, Fernando Haddad tem um problema maior. Em algum momento, quase todas as despesas públicas maiores não caberão no limite do arcabouço fiscal. O ministro da Fazenda sabia disso mesmo antes de apresentar seu projeto de contenção de despesas, déficit e dívida, entre março e abril de 2023.

    O problema continua. Desde abril, há suspeita de que a situação virá a se agravar —houve mudança de meta fiscal para 2025; Congresso e elites passaram a rejeitar impostos, com estrépito etc. Como se não bastasse, o ambiente econômico mundial está encrencado —mais sobre o assunto mais adiante.

    Em entrevista a Mônica Bergamo, nesta Folha, Haddad disse que tem tido mais tempo de falar com Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto: “…a soma do salário mínimo [seu efeito do reajuste na Previdência], saúde, educação, BPC é maior do que o todo”, com o que o teto do aumento de despesas “não vai ser “respeitado”, ainda que a receita cresça.

    É.

    Assim, os juros sobem e o real se desvaloriza, ainda que a “Faria Lima” cometa “algum exagero”, diz Haddad.

    Então, seria preciso rever aumentos reais do mínimo ou seu impacto sobre a Previdência, limitar o aumento de gastos com saúde, educação e de outras despesas ora sem controle. Ou fazer milagre a fim de compensar tais aumentos de gastos.

    A decisão de desatar o rolo depende de Lula, é óbvio (se o Congresso não atrapalhar). Haddad foi muito explícito, em público —o ministro diz tais coisas para a finança e empresários. Por quê? Está certo de que Lula vai tomar providências? Se não tomar, o que o ministro vai fazer? A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reafirmou nesta terça-feira (15) que Lula veta mexida na vinculação do piso da Previdência ao mínimo.

    A situação se agrava. No atacadão do mercado de dinheiro e de empréstimos para o governo, as taxas de juros de prazo maior do que um ano não estavam tão altas desde fevereiro de 2023. A taxa real de juros de um ano passou de 8%, por onde não andava desde dezembro de 2022. A taxa implícita de juros da dívida pública não é tão alta, em um trimestre, desde 2018.

    Desde junho, o dólar flutua entre a casa dos R$ 5,5 e a dos R$ 5,6, com respiros curtos em R$ 5,4. É problema potencial para a inflação e, assim, outro canal de pressão altista sobre juros. A pressão não vem apenas da desconfiança sobre as contas públicas.

    Há problemas com a China, por exemplo, que batem também no dólar. O país cresce menos e tem havido frustrações com os pacotes de estímulos de reaquecimento da economia. Uma China mais devagar ajuda, por exemplo, a derrubar preços de commodities (como petróleo e minérios) —e a economia do mundo rico esfria um tanto também. A sobra de petróleo no mercado mundial (em parte por causa da China) segura o preço do barril.

    Commodities com preço bom, do petróleo ao agro, contribuem para o aumento da renda nacional e da receita do governo.

    Há sinais incipientes de superaquecimento da economia brasileira. Isso e a falta de perspectiva de controle da dívida pública jogam expectativas de inflação para cima (note-se a expectativa embutida nas taxas nominais de juros, o preço que de fato os donos do dinheiro cobram).Como os males de artérias entupidas, hipertensão e diabetes, os efeitos daninhos da dívida sem controle não aparecem de hora para outra. Mas aparecem.

  4. ESTÁ DIFÍCIL DEFENDER O SUPREMO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Está muito difícil defender o Supremo Tribunal Federal (STF) ultimamente. O Estadão, recorde-se, esteve na vanguarda do apoio ao Supremo quando a Corte, de modo destemido, ajudou a desbaratar o golpismo que foi urdido pelos inconformados com a democracia durante o tenebroso mandato de Jair Bolsonaro na Presidência. Mas hoje já não há mais ameaça que justifique a excepcionalidade hermenêutica e moral que alguns dos ministros parecem reivindicar, pairando, como os deuses olímpicos, acima do bem e do mal. E isso, obviamente, é indefensável para os que, como este jornal, prezam os princípios mais comezinhos da República.

    Tome-se o exemplo de recente declaração do presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, a propósito da presença dele e de seus colegas de Corte em eventos empresariais privados mundo afora. Para o sr. Barroso, não há nenhum problema moral ou institucional quando ele e o ministro Dias Toffoli aceitam participar de um convescote para “discutir o Brasil” confortavelmente em Roma sob o patrocínio da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista – que inclusive integrou um dos painéis como palestrante. Além do fato de a mulher do sr. Toffoli, Roberta Rangel, advogar para a holding J&F, controladora da JBS, o próprio ministro exarou inesquecíveis decisões monocráticas que beneficiaram diretamente os irmãos Batista, em particular a que anulou uma multa de R$ 10,3 bilhões estabelecida no acordo de leniência firmado pelo grupo empresarial com o Ministério Público Federal. É esse tipo de comportamento que de fato torna urgente “discutir o Brasil” – e não precisa ser em Roma ou alhures, pode ser aqui mesmo.

    Pois para o sr. Barroso, quem critica sua presença e a de seu colega Toffoli no evento de Roma ou em qualquer outro do gênero, que lamentavelmente já se tornaram comuns, é movido por “preconceito contra a iniciativa privada”. Ora, este jornal, como sabem todos, é entusiasta da iniciativa privada desde sua fundação, lá se vão quase 150 anos. Ao mesmo tempo, contudo, é empedernido defensor da distinção entre o público e o privado, exatamente para que não haja contaminação de interesses privados na tomada pública de decisões, especialmente no terreno jurídico, como se espera no Estado Democrático de Direito. Por essa razão, repudiamos a presença de ministros do Supremo em eventos privados que têm, entre seus propósitos subjacentes, aproximar empresários com causas no Judiciário e juízes que podem vir a julgá-las.

    A fala do sr. Barroso recenderia a cinismo não fosse mais uma mostra de quão descolado o presidente do STF parece estar da realidade do País e, principalmente, daquilo que a sociedade espera do chefe do Poder Judiciário. À guisa de defesa, Barroso tornou a dizer que “conversa” com os mais variados setores da sociedade, demonstrando não ver problema algum em também “conversar”, ora vejam, com grandes empresários que têm total interesse em decisões do STF que afetam diretamente os seus negócios. Numa leitura eivada de autoritarismo das justas críticas que o STF tem recebido pela abertura que dá à desconfiança dos cidadãos, Barroso, na prática, espera que os brasileiros simplesmente confiem na integridade e nas boas intenções dos ministros do STF – afinal, é a instituição que, segundo suas palavras, haverá de “recivilizar” o Brasil.

    Basicamente, só há duas saídas para essa crise de confiança por que passa o Supremo há mais tempo do que seria suportável pela democracia brasileira. A primeira está em andamento no Congresso e tem o objetivo de conter a atuação do STF por meio de Propostas de Emenda à Constituição e projetos de lei. Não é a saída ideal, haja vista que implica uma politização que pode levar a resultados muito distintos – e mais perigosos – do que os esperados.

    A outra saída é a tão ansiada autocontenção. Mas, para que se autocontenham, é óbvio, primeiro os ministros do STF precisariam admitir que erram. E por ora não há sinal de que Suas Excelências deixaram de confundir a toga que vestem com a Égide de Atena.

    1. Para um político, obediente ao Senhor, aquele descrito nos livros sagrados que o político diz ser sua bússola moral e espiritual, deveria ser ” a vós, meus servos, entregarei incondicionalmente o prometido…”

  5. MÁ DIVISÃO, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

    Palestrante internacional onipresente e dedicado comentarista político da TV Justiça, também – nas horas vagas – ministro (presidente) do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, nosso recivilizador, falou em Roma contra a “apropriação do espaço público por elites predatórias”.

    Falou isso em evento privado patrocinado por empresas privadas de elite, entre as quais a dos irmãos Batista, de muitos interesses no STF. (Estava lá também Dias Toffoli, outro palestrante requisitado; que, na sua porção juiz, suspendeu – em dezembro de 2023 – multa de mais de R$ 10 bilhões devida pelo grupo J&F, dos Batista, em função de acordo de leniência.)

    Barroso tem cadeira – trono – no “espaço público”. E decerto considera que o problema – essa “apropriação” – ocorre noutros lugares da atividade pública; o que tornaria cômica a alienação, não fosse degradante.

    O presidente do Supremo não pisa no chão do mundo real, ou não avaliaria que o tribunal – sob cujo aval um ministro toca constituição própria – cumpre “bem a sua missão”. A percepção delirante faz lembrar o juízo de Cármen Lúcia, em 2022, no TSE, quando, guiada pelo Direito Xandônico, manifestou preocupação com o risco de a censura a um filme – pela qual votava – resultar em censura.

    Analisando a chaga da desigualdade social entre nós, disse Barroso desde a Itália: “Temos no Brasil um problema atávico, histórico e persistente de patrimonialismo, quando não de corrupção, que é essa má divisão entre o espaço público e privado”.

    “Má divisão.” Disse isso, um servidor público, juiz na Corte Constitucional, em evento privado custeado por empresas privadas com interesses na Corte Constitucional – que ele preside.

    Isso mesmo. Um ministro do Supremo – agente público – esteve à vontade para denunciar a “má divisão” entre os espaços público e privado palestrando em evento privado patrocinado por empresas privadas.

    Não sendo cínico, em nenhum momento lhe terá ocorrido que encarnava – expressava – a “má divisão”. Atávico. Né? Presidente, Barroso, de um Poder que exige – com razão, contra o patrimonialismo – transparência do Congresso sobre as distribuições autoritárias de emendas parlamentares, enquanto comunica opacidades sobre como são pagas (quem paga?) essas viagens para convescotes particulares (há cachê?) mundo afora.

    Questionar isso seria espécie de implicância do jornalismo, “preconceito contra a iniciativa privada” – decretou Barroso. Conceito que é bem formado, ministro, sobre a “apropriação do espaço público por elites predatórias”. Conceito, aliás, educado pelas provas de corrupção que vêm sendo enterradas – reescrita a história – pelo monocrata Dias Toffoli.

  6. DIREITA E ESQUERDA: UMA COMPARAÇÃO HISTÓRICA, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do município de Gaspar (2005/08), graduado em Gestão Pública pela Udesc

    A dicotomia entre direita e esquerda, apresentada no debate político desde a Revolução Francesa, tem sido utilizada para avaliar e analisar as diversas correntes ideológicas. Embora essa divisão seja útil para simplificar a complexidade do cenário político, ela não captura a totalidade das nuances e variações existentes. Este trabalho busca explorar as principais características das ideologias de direita e esquerda, analisando suas concepções sobre economia, sociedade, Estado, cultura e religião, com o objetivo de compreender como essas ideas se manifestam na história e na política contemporânea. Ao longo do texto, será argumentado que a divisão entre direita e esquerda é um espectro complexo e que as posições políticas podem se situar em diferentes pontos desse espectro, variando de acordo com o contexto histórico e cultural.

    1. ECONOMIA
    A economia é um dos campos em que as diferenças entre direita e esquerda se manifestam de forma mais clara. A direita, em geral, defende a liberdade econômica, a intervenção mínima do Estado e a crença na “mão invisível” do mercado, capaz de autorregula-lo e promover as prosperidades. Economistas como Adam Smith e Milton Friedman são expoentes dessa visão. Por outro lado, a esquerda, representada por pensadores como Karl Marx e John Maynard Keynes, critica o capitalismo por gerar desigualdade social e defende a necessidade de maior intervenção estatal para garantir a justiça social e a estabilidade econômica. Keynes, por exemplo, propôs políticas de estímulo fiscal para combater as crises econômicas, uma idea que influenciou o New Deal de Franklin D. Roosevelt.

    2. SOCIEDADE
    As visões sobre a sociedade também divergem significativamente entre direita e esquerda. A direita tende a valorizar a tradição, a posição social e a ordem estabelecida, defendendo a importância da família, da religião e dos valores conservadores. Pensadores como Edmund Burke e Friedrich Hayek são representantes dessa corrente. Já a esquerda, por sua vez, enfatiza a igualdade social, a justiça social e a defesa dos direitos das minorias. Jean-Jacques Rousseau, com sua defesa do “homem natural” e da igualdade entre os homens, e Karl Marx, com sua crítica à exploração do trabalho, são figuras emblemáticas pensamento desse.

    3. ESTADO
    A concepção do Estado é outro ponto central de divergência entre direita e esquerda. A direita, em geral, defende um Estado mínimo, com funções limitadas à garantia da segurança e da ordem. A esquerda, por sua vez, defende um Estado forte e intervencionista, com o objetivo de promover a justiça social e reduzir as desigualdades. A história da política demonstra diversas experiências de Estados com diferentes graus de intervenção, desde o Estado liberal até o Estado de bem-estar social.

    4. CULTURA E IDENTIDADE
    A cultura e a identidade são elementos cruciais na construção das identidades políticas. A direita tende a valorizar a identidade nacional, a tradição e os valores culturais estabelecidos, muitas vezes associando-os à identidade religiosa. A esquerda, por sua vez, enfatiza a diversidade cultural, a tolerância e a luta contra as formas de discriminação. Autores como Antonio Gramsci, à esquerda, analisaram como a cultura pode ser uma ferramenta de dominação ou de libertação.

    5. RELIGIÃO
    A relação entre religião e política é complexa e varia ao longo do tempo e entre diferentes sociedades. A direita, em geral, mantém uma relação mais próxima com as instituições religiosas, buscando aliar valores religiosos e políticos. A esquerda, por sua vez, tende a defender a laicidade do Estado e a separação entre religião e política. Contudo, há também correntes de esquerda, como a Teologia da Libertação, que integram a fé religiosa à luta por justiça social.

    6. POLÍTICA EXTERNA
    As visões sobre as relações internacionais também divergem entre direita e esquerda. A direita, muitas vezes, adota uma postura mais realista, priorizando os interesses nacionais e a segurança nacional. A esquerda, por sua vez, tende a defender o multilateralismo, a cooperação internacional e a defesa dos direitos humanos.

    CONCLUSÃO
    A divisão entre direita e esquerda é uma simplificação da complexidade do cenário político. As ideologias políticas são dinâmicas e evoluem ao longo do tempo, adaptando-se a novos contextos e desafios. É importante ressaltar que as posições políticas não são estáticas e que muitos indivíduos e partidos não se encaixam perfeitamente em uma ou outra categoria. A compreensão das diferentes ideologias é fundamental para participar de forma mais consciente no debate político e para construir uma sociedade mais justa e democrática.

  7. Para todos lerem e relerem, mas principalmente, os petistas, governo e os que gravitam na esquerda do atraso, principalmente na academia preservando as suas boquinhas em produzir mais trabalho e relatos científicos num mundinho deles que já se foi há muito.

    TEMOS POUCO TEMPO, por Pedro Dória, no jornal O Globo

    Talvez não esteja muito claro, mas a gente tem tempo de entrar na era da inteligência artificial. Não seremos, os brasileiros, desenvolvedores da tecnologia. Esse bonde já partiu. Mas o número de países nesse primeiro nível será muito pequeno. Estados Unidos e China, certamente, mais uns dois ou três. Se tanto. Mas há um segundo nível nessa corrida: é quem desenvolve tecnologia adjacente. O Brasil pode perfeitamente entrar nesse jogo. Quem fará as melhores IAs para uso em agricultura? Para exploração de petróleo ou mineração? Ou para preservação de florestas, controle de queimadas? São muitas as áreas em que podemos ser líderes mundiais. A alternativa é sermos meros consumidores. Então, o que é preciso fazer?

    O primeiro passo é que precisamos de um governo ágil. A tecnologia vem sendo desenvolvida muito rápido, não dá para esperar por 2026. É o governo Lula que precisa começar a atuar agora. Começa pelo investimento em cérebros. Todo mestrando em matemática, ciência da computação, engenharia ou disciplinas correlatas que for aprovado para um doutorado em IA deveria ganhar bolsa completa financiada pelo Estado brasileiro. Mais incentivos deveriam ser postos no jogo para que nossas melhores cabeças sejam aprovadas pelas melhores escolas, a começar pelas universidades de Toronto, Stanford ou MIT. É trabalho para fazer campanha mesmo. Botar pilha para a rapaziada estudar e retornar para cá.

    O Brasil deveria também abrir suas fronteiras. Já fomos um país de imigrantes. Seria ótimo se tivéssemos a coragem de voltar a ser. Trazer gente de fora areja o pensamento, traz novos pontos de vista, muda a cultura. Abre o panorama. A China é uma ditadura, por certo tem gente bem formada que gostaria de deixar o país. A Índia é outro canto do mundo que forma multidões com qualidade. Um programa de vistos permanentes com emprego nas melhores universidades brasileiras para quem tiver conhecimento em IA é outro jeito de aumentar o número de cérebros pensantes por aqui. Não temos as neuras de americanos e europeus com imigrantes. Se não temos, por que não trazê-los? É hora. Essas mulheres e esses homens que vierem de fora poderão criar negócios aqui e lecionar em nossas faculdades. Precisamos de cérebros em quantidade. Alguma hora precisaremos parar de exportar e começar a importar. Por que não agora? Por que nunca fizemos isso? Por que somos tão fechados ao mundo?

    Não bastam os cérebros sem infraestrutura. Microsoft, Google, Amazon e algumas outras companhias gastarão, nos próximos poucos anos, centenas de bilhões de dólares em parques de computadores para treinamento de IA. Suas principais dificuldades envolvem três elementos. O lugar para implantar esses armazéns de processamento precisa ser seguro — sem terremotos, furacões e outros riscos naturais. Eles precisam também ser alimentados por energia limpa, e é necessária muita água para refrigeração. O Brasil tem os três. Raros outros países têm.

    Não é difícil atrair esses negócios — só é preciso abrir mão de alguns dogmas. É preciso que o maquinário possa entrar no Brasil sem pagar imposto de importação e que não se façam exigências demais de ceder tecnologia ao país. Porque não precisa. Essas são instalações caríssimas, que custam bilhões de dólares. Quem instala uma pretende usá-la muito. E precisará de mão de obra. Se forem engenheiros vindos de fora ou locais, não importa. É gente com conhecimento de altíssimo nível. Gente que circulará pelas cidades vizinhas, frequentará os clubes por ali, manterá seus filhos nas escolas. Ao redor de uma instalação dessas pipocarão negócios relacionados à IA. Conhecimento atrai conhecimento, negócios atraem negócios.

    O último e necessário passo é desenvolver um grande modelo de linguagem como GPT ou Gemini, treinado primariamente com textos em português e espanhol. Isso faz muita diferença. Esses modelos são capazes de emular pensamento sofisticado. Se forem treinados com nossa língua, poderão trazer resultados mais surpreendentes do que os que nascem falando inglês. Para isso, o governo já tem um plano que não é mau, ainda mais se for permitido que o treinamento seja feito por quem já sabe e tem o equipamento. Se formos depender de uma IAbras, gastaremos muito dinheiro para não ver resultado nunca.

    O Brasil não precisa ser periferia na nova revolução tecnológica. Há tempo para nos desenvolvermos. Mas precisamos começar logo.

  8. O QUE EXPLICA A VITÓRIA DA DIREITA EM CAPITAIS NO NORDESTE, REDUTO LULISTA? por Carlos Madeiro, no portal UOL (Folha de S. Paulo)

    Candidatos a prefeito do PL ou apoiados por Jair Bolsonaro se destacaram em cinco capitais do Nordeste, região que historicamente dá as maiores vitórias ao PT e ao presidente Lula. Salvador e Maceió já fecharam a disputa no dia 6, e Fortaleza, Aracaju e Natal levaram bolsonaristas ao segundo turno.

    Analistas ouvidos pelo UOL atribuem os resultados mais a lideranças com relevância local do que à influência de nomes nacionais, como Jair Bolsonaro (PL). Para os cientistas políticos, as eleições municipais não tiveram debate nacionalizado e veem uma direita vitoriosa nas urnas, mas não necessariamente ligada ao ex-presidente, com um poder já consolidado nessas cidades.

    “Não acho que esse endireitamento é totalmente bolsonarista”, diz Luciana Santana, do Observatório das Eleições e professora de ciência política da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).

    Isso vale também, por exemplo, para a vitória da esquerda, de João Campos (PSB), no Recife, que foi apoiado por Lula, mas se fortaleceu graças ao sobrenome, que tem mantido uma hegemonia no poder pernambucano nos últimos anos.

    Vitórias no primeiro de turno de candidatos apoiados por Bolsonaro nas capitais do Nordeste:

    Maceió – JHC (PL) reeleito
    Salvador – Bruno Reis (União Brasil) reeleito
    Fortaleza – André Fernandes (PL) – ainda haverá segundo turno
    Natal – Paulinho Freire (União Brasil) – ainda haverá segundo turno
    Aracaju – Emília Corrêa (PL) – ainda haverá segundo turn0

    PL BRILHA EM MACEIÓ

    A mais marcante das vitórias do PL no Nordeste foi em Maceió, onde o prefeito João Henrique Caldas, o JHC, teve a segunda maior votação proporcional do país entre os eleitos em primeiro turno, com 83% dos votos. Além disso, na cidade, foram 11 vereadores do partido eleitos —o maior número do país.

    JHC, porém, é um nome que se ligou ao bolsonarismo apenas no segundo turno de 2022 —até então estava PSB. Mesmo Maceió sendo a única capital do Nordeste em que Bolsonaro venceu, JHC não fez qualquer menção a ele na campanha e usou toda sua campanha para tratar de temas locais.

    “Não há nenhuma evidência de que as vitórias do PL e de aliados de Bolsonaro em capitais do Nordeste ocorreram por causa do bolsonarismo. Isso fica muito claro quando a gente olha para Maceió, onde JHC ganharia independentemente do partido e não fez referências ao ex-presidente”, diz Santana.

    Em Aracaju, onde Emília Corrêa passou na ponta para o segundo turno, a situação é parecida: ela se filiou ao PL em março de 2024 e não usou a imagem de Bolsonaro na campanha. Além disso, tem um histórico político distante da extrema direita. “Ela foi para ter a candidatura avalizada por um grande partido e ter recursos do fundo eleitoral”, afirma uma pessoa próxima à candidata.

    EM FORTALEZA, BOLSONARISTA ESCONDE RÓTULO

    Em Fortaleza, a mais populosa cidade do Nordeste, André Fernandes chegou ao segundo turno após ter 40% de votos válidos e está numericamente à frente do petista Evandro Leitão.

    André, sim, é um bolsonarista raiz, que surgiu na onda de 2018, mas agora no segundo turno tem tentado se descolar dessa imagem e trazer o debate para a esfera municipal —afastando assim a força de Lula e do ministro Camilo Santana no Ceará do outro lado. “Não existe Lula contra Bolsonaro, não é uma campanha PT contra PL; é uma campanha dos mesmos de sempre contra nós”, disse.

    Para a cientista política Monalisa Torres, da UECE (Universidade Estadual do Ceará) afirma que Fernandes teve como trunfo o apoio de líderes religiosos, mas, especialmente, capitalizou bem o sentimento de rejeição à gestão dos grupos políticos locais (PT e PDT) ao longo dos últimos anos. Para ela, o debate eleitoral foi pautado localmente.

    “Você acha que o eleitor da periferia está preocupado com o banheiro unissex, com linguagem neutra? A mãe está preocupada se o filho vai chegar em segurança em casa, porque tá com medo da facção, de o filho morrer no meio do caminho; se vai conseguir chegar ao posto de saúde e ter atendimento; se ao acessar um ônibus tem um serviço de qualidade”, Monalisa Torres, cientista política

    O único nome que tem apostado todas as fichas no ex-presidente é o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL), que usa e abusa da associação a Bolsonaro e já gravou vídeo prometendo uma visita do “capitão” no segundo turno. Ele, porém, teve 20% dos votos válidos no primeiro turno e é visto como azarão na disputa agora contra o atual prefeito, Cícero Lucena (PP).

    Ele fez campanha ressaltando ter sido ministro de Bolsonaro e, na reta final do primeiro turno, contou com a presença da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, que fez ato público pedindo voto (e oração) para o candidato.

    CANDIDATOS SEM PL NA CHAPA E SEM APARECER

    Em Salvador, Bruno Reis tinha o apoio discreto de Bolsonaro e ignorou por completo, na campanha, o nome do ex-presidente. Ao mesmo tempo que teve apoio do PL, teve uma vice do PDT (Ana Paula Matos), ou seja, formou uma frente ampla, sem nacionalizar o debate.

    No caso de Paulinho Freire (União Brasil), que está no segundo turno em Natal, o apoio de Bolsonaro foi um pouco mais marcante: ele participou do lançamento da candidatura, em agosto.

    Mesmo assim, o ex-presidente sumiu das propagandas, enquanto sua rival, Natália Bonavides, exaltou que é candidata de Lula.

    Em Teresina e São Luís, Sílvio Mendes (União Brasil) e Eduardo Braide (PSD), respectivamente, venceram as disputas sem apoio de PL ou PT.

    “O que vemos são elementos da política local, lideranças da política local que têm um peso maior. Não é o Bolsonaro que define uma eleição nesses lugares, são outros aspectos. Não necessariamente um único”. Luciana Santana, cientista política.

    “Eu acho que é bom não se enganar muito e achar que o eleitor do Nordeste é majoritariamente progressista. Eu acho que ele é lulista pela identificação com a pessoa do Lula, um nordestino que veio de uma família pobre e humilde, que trabalhou e chegou à Presidência pelas políticas que foram implementadas e atingiram diretamente a população”, Monalisa Torres, cientista política.

  9. A DIREITA É MAIOR QUE BOLSONARO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    A eleição de 2024 consolidou a inclinação do País à centro-direita e o enfraquecimento da esquerda. Eis o quadro mais amplo e nítido do que emergiu das urnas no dia 6 passado. Mas cabe refinar a análise. Essa direita que saiu fortalecida do pleito mostrou ser muito maior do que Jair Bolsonaro, alguém que até pouco tempo atrás era tratado como o líder incontornável de todo esse campo político. A esquerda, por outro lado, provou ser muito menor do que Lula da Silva. Há décadas, o petista é o centro de gravidade do chamado “campo progressista” e sufoca o surgimento de lideranças que ameacem seu protagonismo. Somado a isso, o apego a ideias emboloradas é tão ou mais responsável pela debacle da esquerda quanto a egolatria do presidente da República.

    Comecemos pela direita. O triunfo político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi determinante para a chegada de Ricardo Nunes (MDB) ao segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, é a evidência mais vistosa de que a direita não depende mais de uma associação explícita à figura de Jair Bolsonaro para conquistar votos. A bem da verdade, Nunes chegou ao segundo turno a despeito de Bolsonaro e da toxicidade que vem a reboque da aproximação com o ex-presidente. Mais bem dito: a dubiedade de Bolsonaro, que ora manifestava apoio mais direto a Ricardo Nunes, ora acenava para o delinquente Pablo Marçal (PRTB) ao longo da campanha, favoreceu o prefeito da capital paulista.

    Bolsonaro ainda é capaz de mobilizar milhões de eleitores e, sobretudo, obter sucesso em sua empreitada familiar de distribuir a prole por Parlamentos País afora, mantendo a política como o principal meio de enriquecimento de seu clã. Um movimento como o bolsonarismo, afinal, não acaba de um dia para o outro. Dito isso, Bolsonaro já não representa, nem remotamente, aquela onda avassaladora que tomou o País de assalto em 2018. A rigor, já na eleição de 2020, quando ele era o presidente da República, seu desempenho como cabo eleitoral já dava sinais de fraqueza. Basta dizer que, dos 13 candidatos a prefeito que foram apoiados explicitamente por Bolsonaro em suas lives naquele ano, 11 foram derrotados.

    O ex-presidente é incapaz de oferecer aquilo que em política é tratado como um ativo valiosíssimo: perspectiva de poder. Não há nada no horizonte conhecido que indique que Bolsonaro aparecerá na urna em 2026, por mais que ele acredite nisso, o que está mais para delírio do que para cenário. Bolsonaro, hoje, é só um retrato na parede. E essa é uma excelente notícia para a democracia brasileira. Afinal, com Bolsonaro fora do páreo eleitoral, a direita, enfim, pôde se livrar de seu sequestrador. Nesse sentido, não surpreende a vitória expressiva de candidatos a prefeito vinculados a uma direita mais civilizada e democrática, mais pragmática e menos ideológica, na primeira eleição após Bolsonaro ter sido condenado à inelegibilidade.

    No campo oposto, está claro que, à falta de Lula da Silva, o PT – que por seus próprios méritos é incontestavelmente o grande partido de esquerda do Brasil há bastante tempo – caminhará a passos largos para se tornar um partido de nicho, se tanto. A despeito do fato de Lula da Silva ter voltado à Presidência, o PT conseguiu a proeza de, dois anos depois, eleger menos prefeitos do que o PSDB, um partido que, como se vê, está em decomposição a céu aberto. A partir de 1.º de janeiro de 2025, 274 cidades do País serão governadas por tucanos, ante as 260 que serão administradas por petistas.

    A direita se diversificou nesta eleição e conquistou uma certa independência de Jair Bolsonaro. A esquerda encolheu e provou que segue totalmente dependente de Lula da Silva e nem assim consegue obter vitórias expressivas em disputas para cargos do Poder Executivo. A explicação para esse fenômeno, digamos assim, é muito simples: quem já foi governado pela esquerda, sobretudo pelo PT, quer distância de governos de esquerda.

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