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O DESENHO DAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO EM GASPAR NÃO ESTÁ NEM NO ESBOÇO. HÁBEIS PINTORES ESTÃO ESPERANDO A HORA CERTA PARA ESCOLHER AS CORES I

Este assunto é complexo e não é definitivo. Ele muda a cada hora diante das circunstâncias. Vou dividi-lo em quatro artigos. E mesmo assim, a exposição deles continuarão a ser textões.

O certo, é que Gaspar não possui mais nenhum hábil, inteligente e discreto articulador político. Os últimos vivos, o ex-prefeito e empresário Osvaldo Schneider, MDB, bem como o médico João Leopoldino Spengler, PP, morreram muito recentemente. Ponto final. Gostem ou não. É só ver que em tão pouco tempo da ausência deles, o alho em que virou a política em Gaspar para os partidos protoginistas de sempre. Ela não só está tão desarticulada quanto manchada por dúvidas cruéis – é só escutar os áudios que se vazaram nos últimos tempos nos aplicativos de mensagens. Eles podem custar caro aos que prometeram ser poder, minimamente, por 30 anos e precisam dele – e da politicalha – como sobrevivência, pois não sabem fazer outra coisa na vida.

A outra certeza é de quem entrou no jogo para fazer esta transição e se dizendo renovação, ou novo na política, infelizmente, exagerou, mas, contraditoriamente, nas velhas práticas. Ou teve que correr para se proteger, ou então, está exposto e pode, com o tempo, ter que pagar parte desta conta. Aliás, a pergunta certa é: o que realmente é a “nova política” em Gaspar?

Entretanto, há outros ingredientes neste jogo na nossa aldeia: o movimento em si da política e o comportamento dos políticos. A soma deles, traz diferentes resultados e percepções dos eleitores e eleitoras nos cenários nacional e estadual.

O excelente trabalho, por exemplo, que faz o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT – o qual jura não ser mais candidato à reeleição, mas está na boca do partido para ser candidato a prefeito, isso e se a turma de ex-prefeito Pedro Celso Zuchi deixar – no desmascaramento das dúvidas da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, será frustrado, não exatamente pelas qualidades dele, e sim, notoriamente pelo governo próprio do PT e a figura emblemática de Luiz Inácio Lula da Silva, seu ídolo nos palanques. Nem mais, nem menos. PT e Lula atrapalham, visivelmente, Dionísio.

Antes, porém, um parêntesis, necessário: o que Dionísio faz, o falecido vereador Amauri Bornhausen, PDT, funcionário público municipal, da Bancada do Amém, fazia e com rara propriedade. Ou seja, não se trata, como se quer vender, falsamente, os defensores de Kleber e Marcelo aos incautos, analfabetos, ignorantes, desinformados e à tropa de mamadores das tetas do governo, como algo de oposição – esta quase inexistente em Gaspar ou precisamente, na Câmara. Dionísio faz o obrigatório exercício funcional e constitucional do vereador Dionísio, como era com Amauri – em esclarecer o que está escancarado e quer se esconder a qualquer preço da cidade, a que paga esta alta conta.

Voltando. 

Dionísio, o microempreendedor de sucesso, o coerente na fiscalização, o religioso, na verdade, está perigosamente agarrado à uma tranqueira, tão semelhante a que questiona: Lula não foi inocentado como diz, e está no poder – sem falar na sede de vingança – se achando uma unanimidade, impondo o atraso, o inchamento do estado, o empreguismo desmedido, errando e escondendo fatos, estabelecendo-se em incoerências sucessivas: as últimas foi esta de defensor-mor mundial do meio ambiente, mas quer explorar petróleo em área sensível como a Foz do Rio Amazonas, ou outro fiasco mundial de mediador de paz para a Ucrânia, mas renegando o encontro com a vítima do ataque russo no encontro do G-7 neste final de semana no Japão.

No fundo, Lula quer ser um falso presidente do mundo, contudo não consegue sequer presidir o Brasil. Mente, divide mais do que dividido está, radicaliza, incompetente na articulação de maioria congressual, e para que nada se questione sobre seus tropeços, perigosamente tenta impor censuras enviesadas, as quais vão custar caro ao Brasil no necessário e fundamental contraditório.

E se isto não fosse pouco, é sabido que o PT e a esquerda do atraso em Santa Catarina já tiveram o seu tempo de oportunidade. Eles não só a perdeu, como Blumenau, Joinville, Brusque, Chapecó e Gaspar, por exemplo, provaram quando no poder, que não o merecia. O desenvolvimento que ainda faz parte do DNA da nossa gente, foi substituído por narrativas, ou então por picuinhas, discursos ideológicos. Se Dionísio – que não nasceu PT, mas do que é hoje PP – quiser mesmo ser candidato a prefeito de Gaspar – ou qualquer outro pelo PT -, terá, obrigatoriamente, que fazer escolhas, distanciar-se do partido, de Brasília e focar no conserto das mazelas da sua aldeia, esta que Dionísio tão bem expõe e que parte delas é decorrente, do próprio governo do PT.

Mais do que isso. Dionísio para além das fundadas denúncias que faz – diga-se, praticamente sozinho – contra a máquina de dúvidas que se tornou o mecanismo do MDB, PP, PSD, PDT e PSDB em Gaspar liderado por Kleber, Marcelo e não nos esqueçamos de Luiz Carlos Spengler Filho, PP, o ex-vice-prefeito de Kleber, terá que dizer, claramente, o que fará para a cidade, os cidadãos e cidadãs e o que não repetirá dos equívocos dos três mandatos de Zuchi.

Afinal, não estamos mais em 2000, na onda amarela de Blumenau, na surpresa, e diante de uma máquina sindical que redesenhou a geografia produtiva têxtil na região – e desempregou em massa também -, cujas cicatrizes até agora não estão bem curadas, mesmo nós tendo hoje, o “título” recém arrumado pelos políticos, de Capital Nacional da Moda Infantil, que de tão invisível que é, acabou ganhando um totem na semana passada, só para lembrar não apenas aos visitantes, mas, principalmente, aos próprios gasparenses o que não é percebido entre nós. Faz tempo que Gaspar disse não ao PT. Não exatamente ao de Zuchi, mas ao de Luiz Inácio Lula da Silva, Décio Neri de Lima, de Ana Paula de Souza Lima, Paulo Roberto Eccel, de …

No próximo artigo, escreverei sobre os conservadores. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Quase todas as coisas não funcionam no governo de Jorginho Mello, PL, a não ser o emprego às viúvas do bolsonarismo. O mais estranho disso tudo, é o teimoso apoio do que sobrou do MDB catarinense ao governo estadual. Na sexta-feira, quase escondido, esteve em Gaspar, o deputado Jerry Comper, MDB, de Ibirama, agora investido de secretário de Infraestrutura e Mobilidade. Na Acig “revelou”, a novidade zero para qualquer um, que a pasta não tem dinheiro para fazer o asfaltamento total do restante da Rua Leonardo Pedro Schmitt, no Macucos, até a Ivo Silveira. Talvez, faça-se parte.

Também não há dinheiro para a duplicação da ligação Brusque a Gaspar – fato que, impressionantemente, foi comemorado inclusive no meio empresarial para a satisfação de políticos -, não há dinheiro para sequer a revitalização da rodovia – onde o acostamento é patrolado como foi nesta semana na entrada do Alto Gasparinho-, não há dinheiro para a duplicação da Avenida Francisco Mastella. E assim vai. Não seria o caso de fechar este boteco, ou dá-lo a outro que queira passar tanta vergonha e desgaste?

Este pedido de duplicação da Francisco Mastella – nome do ex-executivo de finanças da antiga Ceval, ex-presidente da Acig, de saudosa efetiva representatividade, integração regional e até estadual -, ex-presidente da Facisc e ex-deputado Estadual pelo PDC – é necessário. Não se discute. Todavia, é cercado de incoerências as quais insistem em habitar Gaspar, tanto por parte da classe empresarial quanto dos políticos que governam a cidade e marolam num slogan para lá de artificial: “avança, Gaspar”. 

E por quê? A ponte do Vale feita ao tempo do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, basicamente só com recursos federais, possui quatro pistas. Ou seja, olhou-se para a frente. Avançou-se, realmente – não na propaganda no fato concreto. Quando ela chega a Francisco Mastella, a saída da ponte afunila para duas pistas em um trevo enjambrado e perigoso. E para quem quiser ir para a parte Sul da cidade ou Brusque, terá que pegar o “novo” Anel de Contorno no Pasto do Jacaré, cujo quilômetro beirou a R$12 milhões, em algo mais estreito do que a própria Avenida Francisco Mastella. É ou não coisa de doido?

O que demonstra isto? A visão torta de futuro do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, de Luiz Carlos Spengler Filho, PP, na época vice-prefeito e parte do tempo em que a obra estava sendo feita era secretário de Obras e Serviços Urbanos – hoje ele está congelado na Chefia de Gabinete -, bem como do atual vice-prefeito, Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá. Este trecho do Anel, onde um circo em 2020 lançou Kleber à frustrada e inviável candidatura de deputado estadual, deveria ter nascido e concluído em quatro pistas, como fizeram particulares por onde passa o Anel em seus loteamentos lá no bairro Santa Terezinha.

Mas, não. Enquanto os particulares enxergaram o óbvio, o prefeito e sua turma de “çábios” olharam pelo retrovisor e não para frente. Apenas o custo deste trecho se assemelhou ao de quatro pistas. E agora, quando a Acig pede ao estado a duplicação da Avenida Francisco Mastella – que na verdade é a continuação urbana da Jorge Lacerda e o prolongamento das quatro pistas da ponte do Vale-, mostra ao mesmo tempo, o tamanho do erro que cometeu – e ela assentiu com o silêncio para o atraso – ao permitir que um Anel de Contorno se tornasse mais parecido com uma picada – para cortar o caminho – no meio do pasto de gado.

Outra bola fora. Se o secretário Jerry não consegue nem fazer o que é da sua alçada na secretaria estadual onde é titular, que influência ele terá para pedir ao governo Federal, via o Dnit, as marginais da duplicada BR 470 no trecho urbano de Gaspar? Talvez, Jerry voltando a ser um deputado, como político, possa se juntar a outros entes políticos, associativos e comunitários para mexer alguns pauzinhos por tal necessidade. Nesta questão, a Acig deveria bater em duas outras portas, prioritariamente.

A primeira delas é em lideranças comprometidas com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, para a qual está afeta momentânea e circunstancialmente à solução deste problema via o Dnit, a segunda, na própria prefeitura de Gaspar. É que o Dnit já se comprometeu e “deu” autorização para que o município de Gaspar, no interesse dos empresários e moradores que fazem limites com a rodovia duplicada e que precisam andar por longos quilômetros para simples retorno, faça as vias marginais. A prefeitura de Gaspar finge que não é com ela. As entidades, também. Não será por falta de memória e registros.

O cancelamento da ExpoGaspar deixa também a Acig e a Ampe sem vitrines. Primeiro, com um orçamento de R$200 mil não é possível fazer – em qualquer lugar – a ExpoGaspar, a Expofeira (animais) e o Festival da Tilápia. Se era uma intenção séria, as entidades já devia ter combatido lá em outubro quando começou a ser elaborado este Orçamento, a minguada rubrica. Segundo, para quem é a Capital Nacional da Moda Infantil não ter capacidade para montar uma exposição multisetorial é assinar o atestado de que tudo por aqui é marketing e narrativa. Nada como um dia após o outro.

Registro. O gasparense Thiago Beduschi, formado na renomada Universidade de Havard, de Cambridge, no estado do Massachusettes, nos Estados Unidos, com apenas 43 anos, é considerado um dos maiores especialistas em transplantes de órgãos abdominais por lá. Desde 2020 ele é diretor de Transplante Abdominal do Hospital da Universidade da Flórida, onde impulsionou o número de transplantes de fígado, a sua especialidade. Só para situar os leitores e leitoras. Thiago, é filho o ex-delegado de polícia Augusto Beduschi Neto. É Gaspar pelo mundo.

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9 comentários em “O DESENHO DAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO EM GASPAR NÃO ESTÁ NEM NO ESBOÇO. HÁBEIS PINTORES ESTÃO ESPERANDO A HORA CERTA PARA ESCOLHER AS CORES I”

  1. REUNIÃO DO G-7 TROUXE REVÉS PARA DIPLOMACIA LULISTA, editorial do jornal O Globo

    A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão para participar como convidado do encontro do G7, grupo que reúne as sete maiores economias democráticas, foi um exemplo pedagógico das limitações da política externa brasileira. A presença surpresa do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, concentrou as atenções. Lula, que meses atrás acalentava o plano de negociar a paz entre Rússia e Ucrânia, nem conseguiu uma reunião bilateral com Zelensky. Até o presidente americano, Joe Biden, evitou um encontro a dois com Lula.

    Lula declarou não ter ido a Hiroshima para “discutir a guerra da Ucrânia”. Ele pode participar de reuniões internacionais com os objetivos que julgar melhor para defender os interesses brasileiros, mas não pode ignorar a realidade. As potências ocidentais que saudaram sua chegada ao poder como um vento benfazejo depois do furacão Jair Bolsonaro já não parecem encará-lo com a mesma deferência.

    O G7 voltou a ganhar relevo depois da invasão da Ucrânia pela Rússia. Foi o fórum em que as potências ocidentais formularam respostas coordenadas de apoio aos agredidos e de sanção aos agressores. Chegar ao encontro sem querer discutir a guerra na Ucrânia é, no mínimo, ingenuidade.

    Um dos objetivos de Zelensky ao viajar de surpresa para Hiroshima era conversar com o líder indiano Narendra Modi e com Lula. Índia e Brasil têm dado ouvidos à Rússia, seguindo a lógica de uma política externa sem alinhamento automático com Estados Unidos (pró-Ucrânia) ou China (pró-Rússia). Para os ucranianos, a aproximação dos dois países era uma tentativa de ganhar apoio entre os emergentes.

    No final, Zelensky encontrou Modi, mas não Lula. De acordo como o Itamaraty, por horários incompatíveis. É natural que o governo brasileiro tenha feito pouco esforço para viabilizar a reunião. E o fato de Zelensky não ter mudado sua programação demonstra que, embora desejável, o apoio do Brasil é dispensável. Tudo somado, fica evidente que os planos de Lula para assumir papel de destaque numa eventual negociação de paz são pura fantasia. Lula volta de Hiroshima menor do que chegou. Não é visto mais como “o cara”, na expressão usada pelo ex-presidente Barack Obama para definir sua importância nas reuniões internacionais.

    É uma pena, pois o Brasil dispõe de uma agenda produtiva, capaz de aumentar seu protagonismo global. Na sessão de trabalho do G7, quando falou de mudanças climáticas, Lula provocou reações positivas. A proteção ao meio ambiente foi tema central de pelo menos três encontros bilaterais: com o australiano Anthony Albanese, o indonésio Joko Widodo e o canadense Justin Trudeau. Lula também tentou manter vivo um dos temas prediletos da diplomacia brasileira: a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU. Como em todas as outras vezes em que o assunto foi levantado, o resultado foi inócuo.

    É evidente que o mundo viu com alívio a vitória de Lula sobre Bolsonaro. Sua diplomacia não alinhada pode fazer sentido para uma potência regional como o Brasil. A melhor forma de pô-la em prática, contudo, não é repetir os erros de Bolsonaro em relação à guerra na Ucrânia ou dar declarações sobre extração de petróleo na foz do Amazonas em desafio a sua própria agência ambiental. Desse jeito, os líderes globais questionarão se a Presidência brasileira mudou tanto assim.

  2. CODEVASFIZAÇÃO, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

    Loja de políticos — assim reportagem da Folha se referiu à Codevasf. Poderia ser “loja para políticos”, vitrine em que parlamentares escolhem os produtos que mandarão a suas bases. Há até catálogo com equipamentos que podem ser remetidos por meio da companhia. A própria estatal, originalmente dedicada à irrigação, criou o mostruário. Além dos mais frequentes tratores, já distribuiu freezers, batedeiras, notebooks e máquinas de costura.

    A Codevasf se tornou, a partir do governo Bolsonaro, superfície essencial para o deságue de bilhões em emendas parlamentares. Num milagre de proporções alcolúmbricas, os vales do São Francisco e do Parnaíba chegaram ao Amapá. Multiplicação de alcances que não mudou com o governo Lula. Nem poderia, já que o sistema do orçamento secreto — deslocando-se para enganar — continua em operação.

    Se o motor do orçamento secreto permanece acelerado, constante será a necessidade de a Codevasf ampliar a variedade de suas irrigações. Orçamento secreto e Codevasf são corda e caçamba. Evoluem — modernizam-se para continuar sob perversão — em dupla.

    Relembro o artigo 4º da Lei Orçamentária Anual de 2023, cuja redação formalizou a manutenção dos dinheiros da finada emenda do relator sob propriedade dos parlamentares. A segunda complementação de voto do senador Marcelo Castro vedou o cancelamento, sem o seu aval, de dotações de despesas discricionárias que decorram de indicações do relator (ele); e definiu que a destinação dos recursos — os quase R$ 10 bilhões que migraram para os cuidados dos ministérios (RP2) — persistiria sujeita a indicações apresentadas pelo relator-geral do Orçamento (ele, Castro, em nome dos parlamentares).

    A grana moveu-se, no papel, para RP2, mas, na prática, ficou com os parlamentares. A grana é dos parlamentares. Essa solução compôs o acordo pela aprovação da PEC da Transição.

    Se a dinâmica do orçamento secreto perseverou, necessária e próspera será a Codevasf; que, para se adaptar à natureza do petismo, também se transformaria.

    Sob Lula, a companhia manteve o ritmo de distribuição de equipamentos conforme tocado com Bolsonaro, mas acrescentou um modelo de beneficiários para além das prefeituras: associações comunitárias, cooperativas e sindicatos, agradados de igreja evangélica a entidade de garimpeiros. Espécies de organização particular para as quais a fiscalização é ainda mais precária do que a já parca aos municípios.

    Sob Lula, a Codevasf tem planos de expansão. Se há bola dividida entre aliados pelo controle de uma superintendência estadual, por que não criar segunda sede? Mais superintendências, mais cargos. Mais superintendências, maior a superfície a encharcar. Se há disputa pela estatal em Pernambuco, ora, deixa-se Petrolina como está — e inaugura-se Codevasf em Recife. Se a estatal em Minas Gerais, situada em Montes Claros, está com o grupo de Rodrigo Pacheco, abra-se uma sede em Belo Horizonte — e se acomode outra turma.

    A evolução da Codevasf, em volume e opacidade, é a prova de como marcha a institucionalização do orçamento secreto. A codevasfização do Orçamento da União. Elmar Nascimento materializa o processo. Sua entrevista ao GLOBO, aquela do dia 11 de maio, ainda merece exame.

    Ele é o líder da federação lirista no União Brasil e, mesmo aborrecido com as dificuldades impostas pelo Planalto ao cumprimento automático do acordo que deveria dar fluência ao pagamento das emendas, manteve o senhorio da Codevasf. Isso não ajudaria na relação com o governo?

    — Não tenho dúvida que melhora. Mas também há alguns ruídos, já que a Codevasf, desde setembro, não recebia um centavo. Recebeu agora 30% do total que tem de restos a pagar. Se reparar, quase todos os líderes partidários são do Nordeste. Pela capilaridade da Codevasf, é um órgão que tem atuação muito forte na região, com muitos recursos que vêm do Congresso. Quando o atual presidente da Codevasf assumiu, o orçamento era de R$ 300 milhões, e a empresa só tem receita oriunda de recursos de emenda. Hoje, passa dos R$ 4 bilhões, porque ele começou a fazer as coisas funcionarem. A manutenção dele na presidência foi originalmente uma indicação minha, mas passou a ser defendida por todos, pela forma equilibrada e diligente com que ele trata todos os partidos.

    A capilaridade aumenta. Os restos a pagar — de emendas do relator — umedecem esse alcance. A água pra valer ainda virá, afogando os ruídos. O governo, que estica a corda para tentar influir no destino dos fundos, tende a ceder. Os dinheiros têm donos, e os parlamentares sabem que “as coisas” agora funcionam na companhia, instituição suprapartidária, cujo presidente é de todos.

    A Codevasf é país pacificado. Que inveja.

  3. CASO DELTAN REFORÇA O PROJETO DE BENEDITO, por Felipe Moura Brasil, no jornal O Estado de S. Paulo

    O desejo confesso de Lula de se vingar de Deltan Dallagnol e o voto do relator Benedito Gonçalves pela cassação de seu mandato de deputado federal, contornando a lei que não prevê inelegibilidade em caso de pedido de exoneração do Ministério Público sem processo administrativo disciplinar aberto, formam uma coincidência e tanto.

    Lula indicou Benedito Gonçalves para o Superior Tribunal de Justiça em 1.º de agosto de 2008 e foi representado na cerimônia de posse, em 17 de setembro, pelo então advogado-geral da União, Dias Toffoli. Um ano depois, Lula indicou Toffoli para a vaga do Supremo Tribunal Federal deixada pela morte de seu também escolhido Menezes Direito. O petista já havia indicado Joaquim Barbosa, Cezar Peluso, Ayres Britto e Ricardo Lewandowski, hoje aposentados; além de Cármen Lúcia.

    Eleita em 2010, Dilma Rousseff indicou Luiz Fux e Rosa Weber em 2011; Teori Zavascki em 2012 (ele morreu em acidente de avião em 2017, quando então Michel Temer escolheu Alexandre de Moraes); e Luís Roberto Barroso em 2013. Em 27 de outubro de 2014, dia seguinte da reeleição da petista, Benedito Gonçalves enviou a seguinte mensagem a Léo Pinheiro, empreiteiro da OAS e amigo de Lula:

    “Meu amigo, parabéns, o ano 2015 começou ontem. Agora preciso da sua ajuda valiosa para meu projeto.”

    Naquele tempo, Benedito já tinha o “projeto” de ser indicado ao STF no governo do PT, como entenderam os agentes da Polícia Federal que investigavam Pinheiro no âmbito da Operação Lava Jato, coordenada por Deltan.

    Antes de ser ele próprio alvo de delação do empreiteiro e de procedimento no Conselho Nacional de Justiça, o ministro foi cotado em 2015 para a vaga de Barbosa, mas Dilma acabou escolhendo Luiz Edson Fachin, que já havia disputado a anterior com Barroso e fora portavoz de um manifesto de juristas a favor da eleição da petista. Teria Benedito entendido que manter o nome cotado em sucessivas disputas e tomar atitudes que agradam ao presidente de turno aumenta as chances de vitória?

    A derrota de Jair Bolsonaro estragou o projeto de Augusto Aras, João Otávio de Noronha e outras autoridades, que contribuíram para a blindagem da família do ex-presidente, de chegar ao Supremo, mas reacendeu a esperança dos antigos indicados por Lula. Ninguém acredita que ele vá abrir mão de escolher seu advogado Cristiano Zanin para a vaga de Lewandowski, mas, para a de Rosa Weber, os créditos de quem faz contorcionismo para se “vingar dessa gente”, e ainda atrai os coleguinhas, já estão contando.

  4. Miguel José Teixeira

    Cumpanhêrus! Premeru nóis deixa us gringus depositá nu Fundu Amazônia. Depois nóis fica com a grana e entrega a exploração para quem entendi du assuntu! Ganhemu duas veiz. . .

  5. Bom dia.
    O mal do Vereador Dionísio, na maioria das vezes, é o PT e o Lula sim.
    Também acredito que ele terá mais sucesso no pleito de outubro se descolar de Brasília.

    Mas independente da sigla partidária do candidato ao Executivo e Legislativo municipal em outubro de 2024, o mais IMPORTANTE é OBSERVAR se ele é COMPROMETIDO com as demandas da nossa comunidade
    ou se é só 171 tentando DESCOLAR mais QUATRO ANOS de MORDOMIAS PALACIANAS nas nossas COSTAS.👀💪

    Outra QUALIDADE a se observar no candidato ao Executivo Municipal é se ele terá HABILIDADE política pra MONTAR uma equipe QUALIFICADA pra TIRAR o nosso município do rodapé do caos.

    Se conseguirmos SEPARAR O JOIO DO TRIGO, teremos enfim, elegido POLÍTICOS a altura da nossa GENTE.

    1. Miguel José Teixeira

      Para quem conhece o “modus operandi” da quadrilha PeTralha, entende que, caso o Dionísio seja eleito prefeito, periga aportar aí “especialistas” de CUba, Venezuela e outros ParasiTões mais. . .Lembrem-se do desastre do “decinho” na Prefa de Blu. Primeiro veio a filha do lula e o marido. . .

      1. Bem lembrado

        E fez escola. Renan Bolsonaro quer ser vereador em Balneário Camboriú. Vereador? Sim, trampolim para ser deputado Federal, anulando dessa forma uma das 16 vagas catarinenses ao senso e necessidades do estado

  6. POLÍTICA AMBIENTAL DE LULA É POSTA EM XEQUE NA AMAZÔNIA, editorial do jornal Valor Econômico

    A prioridade do governo Lula para a agenda ambiental será testada em breve depois que eclodiu uma divergência previsível entre a Petrobras, o Ministério das Minas e Energia, e Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, sobre a possibilidade de explorar petróleo na Margem Equatorial – faixa da bacia da foz do rio Amazonas que abarca do litoral do Amapá ao do Rio Grande do Norte, com 2.200 km de extensão. Se, por um lado, a margem é apontada como o novo Eldorado do petróleo, equivalente ao pré-sal – com estimativa de 10 a 14 bilhões de barris -, de outro leva o risco de desastres ambientais para perto da região amazônica, com sua comunidades indígenas, exuberante biodiversidade marinha e os maiores manguezais do mundo. Não é um conflito fácil de resolver. Ele exigirá a definição não apenas do que se quer da Petrobras na transição energética, mas também até aonde o país quer se comprometer com a proteção ambiental e sua determinação para fazê-lo.

    Na quarta-feira, o Ibama negou autorização para que a Petrobras fizesse perfurações de pesquisa na área, apontando “graves inconsistências” que põem em dúvida a segurança de operações em “nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental”. A Petrobras vai recorrer da decisão. O Ibama já havia negado licença para a BP e a Total Energies iniciarem exploração de blocos na região há quase 10 anos. As empresas desistiram e os repassaram para a Petrobras. O órgão analisa licenças para 21 blocos por ali (O Globo, 19 de maio), que foram licitados em 2013, no governo de Dilma Rousseff.

    Os combustíveis fósseis estão condenados, se os governos quiserem deter o aquecimento global a menos de 2 C até o fim do século – a fronteira segura dos 1,5 C está em vias de ser transposta. A matriz brasileira, por seu lado, é limpa, especialmente no fornecimento de eletricidade, com 80% dela gerada por hidrelétricas. Haverá petróleo suficiente no Brasil para se chegar ao fim de uma era? E a que custo? A proteção do ambiente ganhou primazia ante as chances sempre existentes de se obter bilhões de dólares a mais arrancando petróleo de algum lugar.

    As discussões no país já tomaram a senda imediatista, como sempre com os interesses voltados para o curto prazo. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) deixará o partido de Marina Silva, indignado com a decisão do Ibama por, entre outros motivos, não ter consultado a população do Estado a respeito. Tomado de brios, o senador David Alcolumbre (UB-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, padrinho de três ministros da legenda no governo e um dos principais beneficiários do orçamento secreto, disse que lutará até o fim contra a determinação do órgão. No mesmo diapasão desses políticos, mas com outro argumento, o Ministério de Minas e Energia divulgou cálculos de que, na Margem Equatorial, poderão ser investidos US$ 56 bilhões, com perspectiva de arrecadação de US$ 200 bilhões, algo além de tudo necessário porque o pico de produção de petróleo no país será alcançado no último ano da década.

    Não há dúvida de que o petróleo traz bilhões de royalties para um pequeno número de municípios e jorra recursos para os Estados, dinheiro que não promoveu distribuição equitativa de renda e desenvolvimento sustentável às cidades e regiões que beneficia. Há pouca dúvida também que com ele saem ganhando os políticos mais influentes – os que já existem e os que se criam – nesses currais eleitorais.

    A União Brasil é o elo menos confiável da base governista e Marina terá agora contra si, além do influente Alcolumbre, Randolfe, que é o líder do governo no Congresso. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), se aliam a eles nessa empreitada. Forma-se um arco de forças que pode forçar um desfecho semelhante ao que levou Marina Silva a deixar o governo em maio de 2008, quando Lula e sua chefe da Casa Civil, a desenvolvimentista Dilma Rousseff, aprovaram o início das obras de grandes hidrelétricas no rio Madeira, na Amazônia.

    A situação agora, porém, é outra, bem diferente. O presidente Lula faz propaganda mundo afora como defensor intransigente da proteção da Amazônia e das causas ecológicas. A volta de Marina a seu lado foi um pacto selado em prol dessas causas e da urgência de reconstruir as instituições de fiscalização, regulação e vigilância, destruídas pelo governo de Jair Bolsonaro. Explorar ou não a Margem Equatorial é uma questão com peso suficiente para definir rumos vitais do governo. Não é pouca coisa que está em jogo.

    A Amazônia é peça chave para deter o aquecimento global. Isso por si só endossaria a possibilidade, nada radical (já tomada, por exemplo, pelos EUA em algumas regiões), de proibir toda e qualquer atividade extrativista que a pudesse prejudicar. A solução intermediária seria possibilitar à Petrobras, desde que cumprisse todas as exigências técnicas do Ibama, examinar o potencial petrolífero da região – a Guiana nada em petróleo, mas o Suriname ao lado, não. Há um marco divisório a ser desenhado a partir da questão. A fragilidade do governo no Congresso não traz bons augúrios.

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