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NOVO ÁUDIO REVELA SUPOSTA CORRUPÇÃO NO NÚCLEO DE DECISÃO E PODER GOVERNO DE GASPAR. E PODE RESPINGAR EM BLUMENAU

Hoje é sábado. Era dia de descanso. Preferi não esperar a segunda-feira. Fiz horas extras. Outra vez, mesmo sendo o artigo de ontem de alto impacto e leitura. Uma coisa não exclui a outra. Completam-se. Bom final de semana a todos. Orem. Rezem. Divirtam-se. Eles estão zombando de nós.

E trouxe. E mais rápido do que se esperava.

Ontem, sexta-feira, à noite, após as rádios locais silenciarem sobre o assunto durante quase duas semanas, nada desste tipo de assunto ultrapassar à imprensa regional – a que já anda bisbilhotando o perigo daqui – e diante da publicação das edições dos jornais semanais locais, onde tudo foi mais uma vez devidamente abafado, substituindo-se, mais uma vez por comentários elogiosos à atual gestão, circulou freneticamente nos aplicativos de mensagens, mais um vídeo-áudio, com a voz do secretário e tratando, supostamente, da divisão de propina. E das grossas: metade do preço contrado das obras.

No áudio, didático, a voz identificada como a do secretário Jorge Pereira explicou – sem meias palavras e de certa forma não tão cifrado como no primeiro vídeo-áudio – a técnica, com o uso explícito chantagem para se conseguir tais feitos. Gangsterismo. Citou obras, nome a pessoas, empresas, valores e deu a entender que, o governo de Gaspar se beneficiava de tal prática por este meio e que se não aceito pela empreiteira – só aí tudo iria para a licitação normal.

Pior e perigosamente, a mesma voz atribuída a Jorge Pereira, afirmou também atuava em advocacia administrativa no governo de Blumenau, em favor de suas empreiteiras que as elegia como parceiras por aqui, ou seja, esquema que ao que parece nada tinha de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade (transparência) e eficiência.

É assustadora a conversa, bem como método. A revelação confirma o que se debate com medo nos bastidores da cidade: aos amigos tudo, aos inimigos, a morte. E eu, sou testemunha há muito deste ambiente que me persegue e prejudica intencionalmente, usando, inclusive, instituições de estado, para dar ar de oficialidade e provar a dominação deles, para me calar e punir. 

E Jorge Pereira, um evangélico neopetencostal, um faz de tudo do também evangélico de mesmo templo, o prefeito Kleber, não estava orando, nem lendo a bíblia, mas no vídeo-audio recitando algo que mais parecia um código de facção.

Este segundo vídeo-áudio só surgiu, e em tão popuco tempo após o primeiro e há mais, porque a esperteza, mais uma vez comeu o dono, como dizia o ex-primeiro ministro do Brasil, o Tancredo de Almeida Neves.

Este segundo vídeo-áudio só surgiu porque a Câmara não fez o papel dela, a de fiscalizar o poder Executivo, porque a ganância – com conivências diretas e transversas – chegou a um ponto sem volta e cada vez mais, com valores estratosféricos concentrados em poucos. Os vereadores que produzem centenas de indicações para simples manutenção da cidade como limpeza de bueiros e não são atendidos, não se deram conta, que com o silêncio, com o faz de conta, com a proteção que emprestam àuilo que não está claro, estão sendo tragados naquilo que é básico parta eles, o voto. O falecido vereador Amauri Bornhausen, PDT, mesmo sendo da Bancada do Amém, não passa\va este tipo de recibo. E foi perseguido.

Este segundo vídeo-áudio só circulou porque Kleber rompeu com quem lhe deu alma para ser político, alma ele não tinha e demonstrou claramente não ter quando não se viabilizou candidato a deputado estadual no ano passado.

Este segundo vídeo-áudio é fruto do tal corpo fechado, louvado pelos poderosos de plantão, que impediu que as denúncias avançassem por anos afio nas instituições de fiscalização – como a Câmara, Tribunal de Contas. Gaeco e Ministério Público – e da própria Justiça. Também é parte deste enredo, a imprensa. Ela foi calada por migalhas na sua sobrevivência, nas ameaças e até mesmo, para não se incomodar na convivência comunitária com gente cada vez mais sem escrúpulos nos objetivos que nada tem a ver com a política e o futuro da cidade para os seus cidadãos e cidadãs.

Por fim. É preciso ver desde logo, onde está metido nesta ou outras histórias o vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, sem partido ou no PL, como afirma o deputado Ivan Naatz, de Blumenau. O seu silêncio sobre tudo o que se passou e o que se divulga nestes vídeos-áudios, sugere, no mínimo, cumplicidade, conivência o que não é menor do que o que relata neles.

E mais. Quem também precisa vir a público agora dar explicações, é o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, Podemos. É para se establecer livre destas dúvidas ou partícipe deste eventos que foram mencionados no vídeo-áudio de sexta-feira à noite. 

A sorte que lá em blumenau, há imprensa, há fiscalização e há uma promotoria atuante. E este poderá ser até, o azar dos poderosos de Gaspar no poder de plantão desta vez. Talvez o secretário Jorge Pereira que se livrou das explicações à Câmara, num combinado entre eles, e que até aqui o que se conhece e se divulgou sensibilizaram os órgãos de fiscalização da Comarca, tenha que dar um pulo a Blumenau para se explicar.

Jorge Pereira, para o bem do esclarecimento, mesmo que não tenha nada a ver com isso, deveria desde ontem à noite, já que não fez há semanas quando do primeiro vídeo-áudio, estar fora do governo Kleber por iniciativa dele ou do próprio governo. Apura-se. Esclarecça-se. Urgente. Este espaço está aberto às explicações, mas convicentes. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O que faz um servidor público comissionado graduado de um município catarinense pegar um avião aqui. Baldear em São Paulo. Ir até o Rio de Janeiro, e dentro do próprio aeroporto trocar de mochila discretamente com um suposto desconhecido, numa conversa casual, num dos bancos do aeroporto e depois retornar a Santa Catarina?

A foto que abre este artigo, estranhamente, não saiu na transmissão da Câmara na terça-feira passada, como seria normal. Tudo combinado para falhar. E o que está falhando é outra coisa. Então, só quem estava em plenário pode ver e fotografar o painel. Acorda, Gaspar!

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9 comentários em “NOVO ÁUDIO REVELA SUPOSTA CORRUPÇÃO NO NÚCLEO DE DECISÃO E PODER GOVERNO DE GASPAR. E PODE RESPINGAR EM BLUMENAU”

  1. Pingback: KLEBER VAI ASSUMIR A FECAM E JÁ PLANTOU JORGE PEREIRA COMO SEU BRAÇO DIREITO OPERACIONAL NA ENTIDADE. PREMIDADO E RECONHECIDO PELO AMIGO, JORGE VAI EXPORTAR A EXPERIÊNCIA DA SUA GESTÃO EM GASPAR. MAS, DIANTE DA REPERCUSSÃO NEGATIVA, TUDO PODE MUDAR -

  2. O sr. falou Adilson eu vi certo?

    O cara é tão louco que foi expulso do parti do e tudo o que ele tem hoje ta nome da Mulher Jack ou de laranjas quem vai pagar a campanha dele

    1. Pelo que sei, o ex-prefeito foi saído do partido, exatamente, para por que não quis ser o Kleber de hoje; pelo que sei ele está separado da mulher Jaqueline, filha do ex-prefeito Osvaldo Schneider, o então do do MDB, e na separação, Adilson ficou com a roupa do corpo. Sobre os laranjas, coisa que você deve entender bem, gostaria de saber quem são eles e os respectivos bens, para assim desmascarar e desmoralizar o ex-prefeito

      Por enquanto, são narrativas decorrentes da resistência dele fazer acordos para beneficiar os de sempre, bem como, e aí sim, uma desastrada entrevistas, onde acusou gente poderosa sem provas. Foi processado e pagou por isso.

      1. Adilson Luis Schmitt

        Herculano, bom dia.
        Quero dizer que os Abutres e Chacais do Partido que atualmente administra Gaspar e seus associados.. tentam desde de 2007 colocar no meu Currículo alguma coisa de improbidade ou vantagens indevidas…. não conseguiram até hoje. Simplesmente porque não houve.

        A minha vida pessoal todos sabem, estou divorciado a 3 anos.

        A demais irei sim voltar a política…
        Mas a tal Maria Galvão, passe aqui no meu local de trabalho… estou aguardando…
        P.S. só lembrando a Receita de Gaspar era 60 milhões em 2007. Depois daquelae ntrevista saltou para mais de 400 milhões…

        Então o tempo é o Senhor da razão…

        Um grande abraço!!

        Adilson Luis Schmitt
        Ex Prefeito de Gaspar

  3. LULA ESTÁ ENCANTADO COM LULA, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    Com 187 mil carros nos pátios e grandes montadoras dando férias coletivas a milhares de trabalhadores, Lula deu uma entrevista de quase duas horas aos jornalistas Helena Chagas, Tereza Cruvinel, Luís Costa Pinto e Leonardo Attuch. Repetiu várias vezes que “este país vai voltar a crescer”. Quando surgiu o assunto da virtual paralisação da indústria automobilística, disse que “fiquei surpreso”, reclamou das empresas que importam veículos e, tratando do mundo real, prometeu: “Eu quero chamar a indústria automobilística para conversar, O que é que está acontecendo com vocês?”

    Ex-metalúrgico e sindicalista, Lula sabe o que está acontecendo: falta demanda. Foram poucos os minutos dedicados a esse assunto específico. Mais tempo foi dedicado às suas experiências com a Lava-Jato e a uma batalha inglória com o Banco Central por causa da taxa de juros.

    Por mais de uma hora Lula prometeu um Brasil que volte a sorrir. Como? Acreditando em Lula, como ele acredita. Chegando à marca dos cem dias de governo, ele tem um pé no passado e outro no futuro. Quanto ao presente, surpreendeu-se com as férias coletivas. Enquanto isso, seu chefe da Casa Civil dava um chá de cadeira de 45 minutos ao ministro da Fazenda.

    Por cá, a falta de demanda e o início de uma crise no crédito ameaça a saúde de grandes varejistas. Quando o problema aparecer, Lula não deverá dizer que foi surpreendido.

    COISA DOS AMERICANOS

    Na mesma entrevista, Lula voltou a culpar o governo americano pela operação Lava-Jato. Seria coisa para destruir as empreiteiras nacionais.

    Ele retomou um bordão de 2021, quando acabava de deixar a prisão. À época, elaborou a ideia:

    “É por isso que teve o golpe contra a Dilma, porque é preciso não ter petróleo aqui no Brasil na mão dos brasileiros. É preciso que esteja na mão dos americanos porque eles têm que ter o estoque para a guerra.

    Depois da 2ª Guerra Mundial, eles aprenderam que só ganha guerra quem tem muito estoque de combustível, porque eles sabem que a Alemanha perdeu a guerra porque não chegou em Baku, na Rússia, para ter acesso à gasolina.”

    Ganha um fim de semana num garimpo ilegal quem formular dois parágrafos com tantos enganos. A Alemanha não chegou aos campos de Baku porque foi detida em Stalingrado no início de 1943. A essa altura o Reich já havia sido barrado às portas de Moscou e os Estados Unidos já tinham quebrado a perna do Japão na batalha naval do Midway, em junho de 1942.

    Se os alemães chegassem a Baku, ainda assim teriam perdido a guerra.

    LULA NA CHINA

    Se Deus é brasileiro, quando Lula for à China, livrará a viagem da urucubaca que acompanha as relações com o Império do Meio.

    Em 2004, antes da chegada de Lula à China, saiu do governo a notícia de que o Brasil assinaria um acordo de cooperação nuclear. Os chineses assustaram-se.

    Meses depois o presidente Hu Jintao foi a Brasília e o intérprete contratado pelo Itamaraty traduziu-o, dizendo que ele prometia US$ 100 bilhões em investimentos na América Latina. Ele havia falado em fluxo comercial.

    Em 2011 Dilma Rousseff foi a Beijing e sua comitiva anunciou que uma empresa chinesa viria para o Brasil com um investimento de US$ 2 bilhões para fabricar produtos da Apple. Era lorota.

    Em 2015 o primeiro-ministro Li Keqiang foi a Brasília e o governo espalhou que ele entregaria um pacote de US$ 53 bilhões em investimentos. Nele, entraria o projeto de uma ferrovia do Atlântico ao Pacífico. Lorota, de novo.

    EREMILDO É UM IDIOTA

    Eremildo acreditava em tudo o que Bolsonaro dizia e agora acredita em Lula.

    O cretino confundiu-se quando Lula falou sobre a operação da Polícia Federal que desarmou um plano de sequestro do senador Sergio Moro e de seus familiares. Ele disse o seguinte:

    “Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro.”

    Se uma pessoa acha que uma coisa é visível, não precisa ser cautelosa, porque, nesse caso, já descobriu o que aconteceu.

    RUI COSTA E JOSÉ DIRCEU

    Depois de ter dado um chá de cadeira ao seu colega Fernando Haddad, Rui Costa deveria marcar um almoço com José Dirceu, o poderoso chefe da Casa Civil de Lula. Ele poderia lhe contar como os poderes do cargo são imensos e fugazes.

    Em outubro de 2003, Dirceu chamou o deputado Gabeira para uma reunião e não apareceu.

    Gabeira esperou por uma hora, disse que “deselegância tem limite”, saiu do PT e retomou com êxito sua carreira de jornalista.

    A VOLTA DE BOLSONARO

    Bolsonaro disse que voltará ao Brasil nesta semana. Descobrirá que ficou menor.

    Para que ele tenha mais espaço será preciso que Lula o mantenha na sua agenda.

    AMERICANAS CALOTEIRA

    Na crise da rede varejista Americanas há um grande litígio com os bancos, mas há também outra questão menos vistosa. É o processo de saque a que a empresa foi submetida pelos seus gestores. Nele, a joia da coroa foi a venda de R$ 244 milhões em ações da empresa por seus diretores no momento em que a rede começava a emborcar. Já foram abertos três inquéritos policiais relacionados com a crise.

    Na ponta do calote, em sua proposta aos fornecedores, a empresa aceita pagar o que deve, com alguns compromissos. Um deles é a manutenção do fornecimento, nas “condições acordadas”.

    Antes da quebra, a rede contratava compras com pagamento em cem dias e às vezes levava mais de 200 dias para quitar o negócio. O pior dos mundos para um fornecedor é tomar um calote, continuar operando com a empresa e ser submetido de novo ao antigo sistema de gestão.

    A FILHA DE VEMEER

    Com a exposição de 28 quadros do pintor Johannes Vermeer no Rijksmuseum de Amsterdam, a vida pouco conhecida desse artista fez renascer uma velha discussão.

    O jornalista americano Lawrence Weschler recuperou a teoria segundo a qual sua filha Maria, além de ser a menina retratada no quadro do brinco de pérola, seria também a autora de sete dos 35 quadros atribuídos ao pai.

    Entre eles, a “Jovem com chapéu vermelho”, da National Gallery de Washington.

    Maria teria trabalhado com o pai enquanto ele vivia. Depois, casou-se e não pintou mais.

    Wechsler é um jornalista competente e deve-se a ele a primeira grande reportagem sobre o projeto “Brasil Nunca Mais”, o inventário das violências da ditadura.

  4. DOIS PERDIDOS, por Merval Pereira, no jornal O Globo

    Desde a campanha presidencial ficou explícito que Lula e Bolsonaro queriam se enfrentar, cada qual considerando que o outro era o melhor adversário para derrotar. Ambos tinham razão, pois a polarização levou a um esvaziamento do centro político, e o país se dividiu. A vitória de Lula pela menor margem de diferença da historia recente do país deixou para trás uma oposição que, mesmo abandonada por Bolsonaro em seu exílio voluntário, tem força política no Congresso e nas redes sociais.

    Maior prova disso foi a reação das redes à estultícia de Lula insinuando uma farsa na operação da Polícia Federal que desmontou um esquema criminoso que visava o senador Sérgio Moro por suas ações contra o PCC quando ministro da Justiça, e outros membros do sistema judiciário. Moro cresceu e Lula murchou nas redes sociais, embora os petistas e seus satélites insistam em levantar falsas armações policiais para favorecer Moro.

    Lula não apenas ofendeu a Polícia Federal como seu ministro da Justiça Flávio Dino, que elogiou a ação e exaltou a atuação “republicana” em relação a um adversário do presidente Lula. Em vez de aproveitar a ocasião para exaltar as qualidades da Polícia Federal, órgão do Estado que atua acima dos governos da ocasião, Lula comportou-se como Bolsonaro, que via conspiração em todas as ações do governo que não lhe favoreciam, e queria que a Polícia Federal trabalhasse a seu favor.

    A atitude de Lula no episódio revela que ele continua ligado na disputa eleitoral que quase perdeu, e Bolsonaro também, por considerar que poderia ter ganhado a eleição. O ex-presidente, em seu exílio patético na terra do Mickey, relançou suspeitas sobre as relações do PT com o PCC, afirmando que ao desconsiderar a ação da Polícia Federal, Lula ajudava os criminosos, isentando-os de culpa. Também Moro conseguiu um argumento de peso contra seu adversário político, pois agora é um senador afrontado pelo crime organizado e atacado pelo presidente da República.

    A desastrada fala de Lula não apenas trouxe de volta ao centro do ringue o ex-juiz Sérgio Moro, mas libertou Bolsonaro de seus próprios problemas, como as joias das arábias, e colocou o ex-presidente no ataque. As velhas acusações de conluio do PT com o crime organizado, desde o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, voltou a rondar o partido governista. Com essas atitudes bélicas, Lula e Bolsonaro parecem ter chegado à conclusão de que o melhor é manter em fogo não tão brando a disputa entre os dois, não abrindo espaço para outros espectros políticos.

    Mesmo vencedor por poucos pontos, Lula está no comando do país, e já deveria ter entendido que governar bem é a melhor maneira de minar as bases do representante da direita raivosa. Trazendo-o de volta à cena, mesmo que venha a ser considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro continuará liderando a banda direitista, e apoiará um representante, seja Michele Bolsonaro, ou Tarcisio de Freitas, o governador de São Paulo que pode agregar o eleitor de centro.

    Lula não é mais aquele líder que comandava as massas, tornando párias aqueles que não gostavam dele. Do jeito que as coisas vão, com o país sem encontrar um rumo, escolhendo sempre um bode expiatório para seus erros, Lula abre espaço para seus adversários e para o surgimento de opções à esquerda e à direita. Moro volta a ser um símbolo que já teve o apoio da maioria dos brasileiros, quando colocou Lula na cadeia.

    Da tribuna do Senado, terá condições de retomar o protagonismo político. A sorte de Lula é que Moro não é um bom orador. A sorte de Moro e de outros adversários de Lula, é que o presidente não consegue, como no passado, vender a imagem de “paz e amor”, que na campanha ainda apareceu de vez em quando. Compará-lo a Mandela passou a ser ridículo, se lembramos que Mandela ficou preso por 30 anos e teve a grandeza de organizar o fim do apartheid negociando com seus algozes, sem ódio ou instinto de vingança.

  5. AQUI E AGORA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende reeditar feitos de seus dois primeiros mandatos. Até agora, contudo, nota-se ansiedade traduzida em discursos contraproducentes e manifestações de que a volta aos bons tempos depende da mão forte do governo.

    Nos mandatos anteriores, o ritmo de crescimento foi o maior em quatro décadas. A dívida pública diminuía, graças também a superávits fiscais. O problema histórico da dívida externa desapareceu. A inflação estava sob controle, a taxa básica de juros caía.

    Esquece-se, Lula inclusive, de que os progressos dependeram também de reformas realizadas.

    O cenário econômico, porém, ora está do avesso. O crescimento mundial deve ser no máximo medíocre no próximo biênio e, aqui, parece ser o de 1,5% ao ano. O Orçamento não dá conta nem das presentes despesas. A dívida pública aumentou sobremaneira e, assim, o dispêndio potencial com juros. Já o investimento estatal continua ineficiente e capturado por elites.

    A receita federal agora equivale ao dos anos finais de Lula, quando acomodava a despesa e ainda um superávit de 2% do PIB. No entanto os gastos aumentaram, em particular na Previdência e na assistência social. O déficit previsto para este ano é de 1% do PIB.

    Sem sinal de que o governo terá algum superávit, a conturbação econômica frustrará as boas intenções, a começar pelo desejo de juros menores. Nem um forte aumento de impostos bastaria para dar conta da quadratura do círculo.

    A receita como proporção do PIB é a mesma do final de Lula 2, mas o PIB está no mesmo nível faz uma década. Sem a aceleração do crescimento, pois, não há recursos. Ainda em caso de sucesso, será impossível incrementar a despesa social no ritmo da gestão anterior do petista ou o investimento público, como proporção do PIB.

    O progresso social depende do crescimento econômico. Para isso, é preciso fomentar o investimento privado por meio de reformas maiores ou menores. Trata-se de mudança tributária, no crédito, na garantia de investimentos, com remoção do entulho regulatório e revisão de despesas inúteis.

    Mesmo assim o governo ameaça rever, para pior, reformas nas estatais e no saneamento, intervir em preços e taxas de juros. Planeja incentivar tecnologias pautadas por preocupação ambiental, mas sugere intervenções caducas, desastrosas sob Dilma Rousseff (PT).

    Um bom programa de governo ainda pode ser implementado. Mas Lula precisa acordar do sonho de que está em 2005 ou 2010.

  6. O PIOR DA POLITICAGEM, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    A revelação de que a Polícia Federal investiga um plano de ataques do crime organizado a autoridades é fato grave, que merece resposta rigorosa das instituições. Na reação do mundo político, porém, prevaleceram o oportunismo rasteiro e afirmações levianas, encabeçadas por ninguém menos que o presidente da República.

    Na quarta-feira (22), a PF cumpriu 24 mandados de busca e apreensão, 7 de prisão preventiva e 4 de prisão temporária em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rondônia, tendo prendido ao menos nove pessoas. A operação, pelo que foi divulgado, mirava esquema articulado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

    De acordo com a apuração, estavam entre os alvos do PCC o promotor Lincoln Gakiya, que atua em investigações sobre a facção, e o ex-juiz da Lava Jato, ex-ministro da Justiça e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

    Para azar de Lula, a ação policial ocorreu logo depois de mais uma de suas declarações impensadas. Em entrevista na véspera ao site governista Brasil 247, o presidente usara uma palavra de baixo calão ao contar que quando estava preso falava em retaliar Moro, responsável por sua condenação, posteriormente anulada.

    De modo tão previsível como irresponsável, a coincidência foi explorada pela oposição bolsonarista. O próprio Jair Bolsonaro (PL), que nunca teve pudores em espalhar mentiras e teses estapafúrdias, tratou de estimular as hordas por meio das redes sociais.

    “É vil, é leviana, é descabida qualquer vinculação desses eventos com a política brasileira. Fico espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria”, declarou o ministro Flávio Dino, da Justiça, pasta que abriga a Polícia Federal.

    Dino estava coberto de razão, mas decerto não imaginava que seu chefe levaria a baixeza adiante. Na quinta-feira (23), questionado sobre a operação, Lula saiu-se com a afirmação de que tudo —a apuração da PF, as prisões e os riscos para um promotor, um senador e outros servidores— não passaria de “uma armação do Moro”.

    Difícil saber se o líder petista deixou-se tomar pelo ressentimento, se tenta explorar as vantagens que a polarização ideológica lhe proporciona ou alguma outra hipótese não abonadora. Fato é que se tornou protagonista de uma espiral de politicagem em torno de tema que deveria ser tratado com máximo cuidado e seriedade.

    Já Moro, assim que veio à tona a operação policial, tratou de reapresentar projeto de lei para tornar crime o planejamento de ataque a autoridades que atuam no combate ao crime organizado. Momentos de comoção não são os melhores conselheiros quando se debatem políticas de segurança.

  7. LIRA APERTARÁ O ARCABOUÇO FISCAL, por Adriana Fernandes, no jornal O Estado de S. Paulo

    Arthur Lira é hoje o principal aliado político do ministro Fernando Haddad para aprovar o projeto de uma nova regra de controle das contas públicas com maior aperto fiscal, sem exceções, e forte suficiente para apontar uma trajetória de reversão do déficit das contas públicas já em 2024.

    Enquanto Haddad sofre pressão de ministros do governo, do PT e dos partidos da base aliada para fazer uma regra mais flexível e com escapes que permitam mais gastos, Lira sai em defesa do ministro da Fazenda ao dizer que o seu projeto terá respaldo da Câmara e que com ele tem o melhor diálogo.

    É um recado bem claro ao governo Lula. Lira e o Centrão não deixarão que o novo arcabouço fiscal seja aprovado com grande liberdade para Lula gastar ao longo dos próximos quatro anos.

    Se o projeto chegar frouxo ao Congresso, Lira será o fiador do aperto da nova regra fiscal. Essa será a sua agenda econômica para 2023, o que deixou claro ao empurrar esta semana a reforma tributária para depois na lista de prioridades. O apoio de Lira vai muito além de uma preocupação puramente fiscalista com a saúde das contas públicas.

    Impossível esquecer que o Centrão no governo Bolsonaro jogou a responsabilidade fiscal para o alto e patrocinou uma escalada populista para buscar a reeleição do ex-presidente.

    Lula errou ao postergar o anúncio do arcabouço fiscal para depois da sua viagem para a China. Atropelou o compromisso do ministro Haddad de apresentar o projeto ainda em março, fomentou intrigas entre ministros, renovou a imprudente artilharia ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pavimentou a desconfiança com a nova âncora fiscal.

    O que ficar de fora e de dentro do projeto revelará os princípios e as prioridades do governo. O arcabouço vai revelar as contradições internas e de governabilidade do governo. As principais: ministério da Fazenda versus Casa Civil, ala política e BNDES. E as questões com a base do Congresso, ainda não testada e em atrito com a disputa entre os presidentes do Senado e da Câmara em torno da tramitação das medidas provisórias.

    Num ambiente tão tumultuado, o anúncio da nova regra pelo governo tende a acabar em anticlímax. Antes mesmo de o projeto ser enviado pelo governo, a atenção já está completamente voltada para os parlamentares e as negociações paralelas. Será tudo muito custoso.

    Se quiser ter protagonismo no debate da regra fiscal, Haddad deveria pensar melhor e desistir de acompanhar Lula na viagem à China. Os próximos dias serão decisivos para o seu plano econômico.

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