Pesquisar
Close this search box.

NESTA ELEIÇÃO FICOU CLARA A DIFERENÇA ENTRE ILHOTA E GASPAR. ELA ESTÁ NA ORGANIZAÇÃO, FIDELIDADE, COERÊNCIA, LIDERANÇA E RESULTADOS

A morte do ex-prefeito e ex-presidente de honra do MDB de Gaspar, Osvaldo Schneider, mostrou, claramente, nestas eleições que, a política gasparense perdeu, para o bem, e para o mal também, uma referência, ou freio de arrumação de bastidores – inclusive entre os riquinhos e conselhos fakes da cidade que querem esta fatia do poder. Sem oposição organizada e propositiva, inclusive nos sonhos, a cidade está entregue perigosamente às baratas, espertos e oportunistas como nunca antes se teve notícia por aqui. O primeiro recado das urnas essa gente já recebeu.

Impressionante como o MDB de Gaspar está se esfacelando tão rapidamente. Também pudera, inspirado naquilo que já está sepultado, o MDB de Blumenau, só podia dar no que deu. Sem comando, quem ainda diz possuir a caneta partidária, e não a larga, está escondido e segura o osso roído. 

Impressionante como o PP foi capaz de lançar uma candidata e deixá-la na rua da amargura porque seus caciques possuem compromissos com forasteiros e com um jovem candidato que nem engajado nesta campanha da sua cidade estava. Espera que o sobrenome dele e o papai resolvam o que ele, por enquanto, não busca construir para si dentro do grupo partidário.

Impressionante como os riquinhos arrumaram uma testa de ferro – que vai lhes trair na primeira esquina – para exatamente se aboletarem no poder sem dar a cara à tapa. Mostraram-se como são primários. Alguns deles, não aprenderam com a pernada que levaram. Estão com o pincel na mão, diante do que está posto pelo atual poder de plantão onde ainda estão parte das fichas que gastaram em 2012, 2016 e 2020.

Impressionante como o PL, o partido da vez, em Gaspar conseguiu se fragmentar e o presidente Rodrigo Boeing Althoff não possui méritos naquilo que se fez por aqui. Agora tenta reaglutinar para também não perder a oportunidade que viu passar no trem da história. Além de Rodrigo estão disputando o PL de Gaspar o Márcio Cézar e principalmente, os vencedores do deputado Ivan Naatz.

Impressionante como o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o que correu da candidatura, o que não conseguiu apoiar um candidato da sua própria cidade e ou da sua base, o que não teve um candidato a deputado estadual declarado como seu, o que deixou o de lado preferiu os da Igreja se diminuiu nesta eleição. Nem a prometida reforma administrativa para acomodação de forças, conseguiu realizar até esta manhã. Uma pintura surrealista por demais para ir adiante.

Na pequena e vizinha Ilhota, por exemplo, quase tudo foi diferente. 

O prefeito Érico de Oliveira, MDB, demarcou o seu terreno e correu riscos. A oposição também demarcou e escolheu, concentrou, não pulverizou. E isto está refletido claramente nos números dos votos coletados no domingo passado. Dê uma passada no boletim do Tribunal Regional Eleitoral. Aqueles números não é nenhuma invenção de comentarista.

Os paraquedistas lá não foram às centenas como aqui onde havia três candidatos locais, inclusive. Lá todos os candidatos eram de fora da cidade. Entretanto, estavam todos bem apadrinhados pelas lideranças políticas locais. Esta foi a marca de Blumenau, Brusque, Itajaí, Timbó, Indaial, Timbó, Pomerode para não se ampliar na lista. Gaspar, mais uma vez, foi o ponto fora da curva.

O risco de Erico foi à fidelidade que declarou ao governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, exatamente pela parceria que teve proporcionalmente bem melhor durante o governo dele do que conseguiu Kleber, o que vivia de marquetagem nas redes sociais e pouca ação efetiva para a sua cidade. 

O risco que Érico correu estava no seu próprio MDB. Como outros, foi ver o conservadorismo via o PL, minar de um lado e os progressistas pelo PT na onda Lula de outro na polarização, diante de um MDB nacional amorfo e um MDB catarinense em desmanche, desde a aventura do deputado Federal, Mauro Mariani ao governo do estado em 2018 bem como o desaparecimento da liderança algutinativa de Luiz Henrique da Silveira.

Mas, a liderança de Érico, com os seus, conteve a maior parte dos danos de suas escolhas arriscadas. Saiu-se, por exemplo, bem melhor do que Kleber, o que lavava as mãos e nem MDB de verdade é mais.

No âmbito estadual cravou 1.606 votos dos 8.350 válidos de lá para a reeleição de Jerry Comper, MDB. Queria e prometia mais. Se comparado ao que Jerry fez em Gaspar e em números absolutos onde havia 36.371 votos válidos disponíveis, trata-se de porteira fechada. Se a conta for da proporcionalidade dos colégios, Gaspar ofereceu merreca num governo do MDB para um deputado do MDB. Como escrevi no início: Érico conteve os danos e por única e exclusiva condução política dele sobre o seu partido, seu grupo de apoiadores e sua estrutura de governo. 

Para se ter uma ideia de como Ilhota se protegeu basta dizer que os três candidatos de Gaspar e que tinham forte influência por lá não conseguiram o mínimo que projetavam: Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, fez 722 votos; Marcelo de Souza Brick, Patriota, 408 votos e Pedro Celso Zuchi, PT, 352 votos. 

Afora esses vizinhos gasparenses, outros com campos bem demarcados como os 518 votos para Osmar Aníbal Teixeira Júnior, do Solidariedade; 333 votos para a campeã estadual Ana Carolina Campagnollo, PL; 232 votos para José Milton Schaffer, PP; 195 votos para Fernando Krelling, MDB; 191 votos para Ivan Naatz, PL; 189 votos para Ana Paula da Silva, Podemos; 171 votos para Egídio Ferrari, PTB; 164 votos para Maurício Eskuderlark, PL e assim vai. Tudo muito concentrado e uma alta taxa de eleitos. 

Na corrida à Câmara Federal, outra aposta de risco do prefeito Érico de Oliveira, MDB: deixou o terreno meio que aberto, pois sentiu que teria dificuldades para encampar um como fazia com Jerry a estadual ou como o MDB já fez a João de Mattos, ou um Rogério Peninha Mendonça no passado. Resultado disso? Ricardo Alba, União Brasil, levou os 1.138 votos dos 8.212 válidos. Lá Ismael dos Santos, PSD, sufragou para si 931 votos; Ana Paula Lima, PT, 610 votos; Luiz Fernando Cardoso, MDB, 601; Jorge Goetten, PL, 523 e Carolina de Toni, PL, 278. O resto, foi resto.

Resumindo: Gaspar está perigosamente no ambiente político à deriva. E os sucessivos erros deste ano de eleições e seus números provaram isso. Não se trata de ilação. É matemática. E é com ela que se chega ao poder. Porque essa conta é a única que se traduz em votos. E para isso é preciso liderança. E ela não vem da noite para o dia. É construída, inclusive e principalmente com derrotas. Ou seja, está a verdadeira chance da reversão. Mas será preciso trabalhar. E esse pessoal de hoje não é muito chegado a isso.  Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O MDB é o partido da boquinha. Em Santa Catarina salvou Carlos Moisés da Silva, Republicanos da degola e se aproveito partilhando um poder que não tinha até então. Fingiu estar com ele na campanha. Agora, jurou que é Jorginho Mello, PL, desde criancinha. É a vingança de Antídio Aleixo Lunelli, eleito deputado, mas que queria ser governador e o próprio MDB não o deixou na rua da amargura.

Como Jorginho é uma cobra política super experimentada, o MDB terá que se enrolar diferente do que fez com Carlos Moisés. E o MDB sabe disso. Conviveram na Assembleia

Assustador. Ontem pela manhã os canais abertos para a entrevista do presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, recebendo o apoio explícito e esperado de Ratinho Júnior, PSD, reeleito governador do Paraná. Ficou claríssimo como Santa Catarina – o estado mais bolsonarista do país – foi maltratada por Bolsonaro no governo dele e pelo então ex-ministro da Pesca, Jorge Seif, PL.

Ratinho desfilou as obras que o governo Federal fez por lá. Inveja. Bilhões de reais. E Bolsonaro, citou várias vezes Jorge como o que mais ajudou o Paraná, que possui um litoral várias vezes menor do que Santa Catarina, sem falar que aqui está um dos maiores portos pesqueiros, além de centro construção naval pesqueira, bem como um polo de industrialização pesqueira de país. Duvidam? Assistam a entrevista. Mau sinal!

Ontem, o ex-prefeito por três mandatos em Gaspar e candidato derrotado mais uma vez a deputado estadual, Pedro Celso Zuchi, PT, foi chorar as pitangas em entrevistas. Chamou várias vezes o vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, Patriota, e também outro candidato a deputado estadual derrotado, de mentiroso.

Fez isso, tardiamente. Teve chance na campanha de assim proceder. Ou não teve competência ou coragem. O único que não concorria a nada, nunca concorri, e nunca concorrerei, é quem fez isso, fui eu. Zuchi apenas reagiu e muito tardiamente. Antes, pela manhã cedo mostrei que ele está em decadência. E a culpa é dele próprio. Se continuar nesta toada, vai tirar votos de Lula e de Décio no segundo turno que aqui fizeram mais do que ele.

Zuchi também ensaiou de que Gaspar deveria se unir por Gaspar neste ambiente político na busca de representatividade na Assembleia. Sempre defendi isso. Mas, o PT e Zuchi possuem passado onde sempre boicotaram essa ideia egoisticamente. E isso incluiu o de lançar a própria mulher Liliane em 2002, candidata a deputada só para atrapalhar esta ideia de quando Gaspar ainda tinha liderança de políticos que olhavam para além dos seus próprios umbigos.

Então. Zuchi está arrumando culpados que não ele próprio. Está sentindo na carne aquilo que já fez contra a cidade. Nem mais, nem menos. Esperou sentado os votos com o nome dele e da nova onda do partido. Faltou militar, bater pernas, renovar e ampliar o partido por aqui. E para encerrar, é risível ele argumentar que fez uma campanha franciscana enquanto os outros ricas. A desculpa do amarelo é que tem essa cor porque dorme com os pés descobertos. Acorda, Gaspar!

Compartilhe esse post:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Email

2 comentários em “NESTA ELEIÇÃO FICOU CLARA A DIFERENÇA ENTRE ILHOTA E GASPAR. ELA ESTÁ NA ORGANIZAÇÃO, FIDELIDADE, COERÊNCIA, LIDERANÇA E RESULTADOS”

  1. 2002 NÃO É 2018 E PODE SER 1974, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Quem viu o último grande evento da campanha de Lula, no dia 26 de setembro, podia achar que estava na cerimônia de entrega do Oscar, com um só vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva. Sentia-se no ar uma opção preferencial pelas celebridades. O evento destinava-se mais a deificar Lula que a permitir uma coligação de vontades que derrotasse Bolsonaro.

    Contados os votos, Lula prevaleceu, mas não conseguiu fechar a eleição no primeiro turno. Olhando para o mapa, vê-se que os candidatos apoiados por Bolsonaro ficaram na frente em todos os estados do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo. O mapa de 2022 guarda semelhanças com o do vendaval de 1974, quando o MDB elegeu todos os senadores do Rio Grande do Sul até a muralha da Bahia. (A semelhança é grosseira por parcial, porque desta vez as eleições no Rio Grande do Sul e em São Paulo decidem-se no segundo turno.)

    Em 1974, o favoritismo dos candidatos da ditadura era tamanho que Ulysses Guimarães em São Paulo e Tancredo Neves em Minas Gerais preferiram ficar no conforto de sua cadeiras de deputado. Elegeram-se os pouco conhecidos prefeitos de Campinas e Juiz de Fora, Orestes Quércia e Itamar Franco.

    Em 1974, dizia-se no Palácio do Planalto que Nestor Jost, candidato do governo no Rio Grande do Sul, devia ficar quieto, pois ganharia uma cadeira de senador. Ilusão, ela foi para o emedebista Paulo Brossard. Em 2022, o comissariado petista selou sua aliança com o ex-governador Márcio França dando-lhe a cadeira de senador e entregando à sua mulher a vice na chapa de Fernando Haddad. Contados os votos, França foi para casa, o astronauta de Bolsonaro elegeu-se senador, e Haddad lutará no segundo turno.

    A eleição do astronauta Marcos Pontes em São Paulo traz outro sinal: 2022 não é um replay de 2018, porque ele não é o Major Olímpio, que tomou a cadeira de Eduardo Suplicy. É verdade que, em 2022, o boiadeiro Ricardo Salles conseguiu se eleger para a Câmara, mas seu bolsonarismo, mesmo sendo radical, é recente. Quem o trouxe para a política de São Paulo foi Geraldo Alckmin. Entre 2018 e 2022, o deputado federal Eduardo Bolsonaro perdeu 1 milhão de votos.

    Alguns ventos de 2018 fizeram-se sentir, mas a força que os move está, de certa forma, ligada ao antipetismo. O ex-juiz Sergio Moro elegeu-se senador pelo Paraná, e sua mulher deputada por São Paulo.

    O comissariado e, sobretudo, Lula subestimaram o vigor desse sentimento. São muitos os eleitores que apreciaram a entrada de Geraldo Alckmin na chapa de Lula, mas não o acompanharam no mea-culpa de dizer-se iludido por ter condenado práticas dos governos petistas. Juscelino Kubitschek, um político que amava a vida, ensinava que não tinha compromisso com o erro. Errou bastante, mas acertou muito mais. Lula e seus comissários, com um notável acervo de acertos, tropeçam nas bolas de ferro dos próprios erros. A eleição de domingo mostrou que a tentativa de deificação de Lula pode ter um preço: a reeleição de Jair Bolsonaro.

    Quando Lula diz que o segundo turno é uma simples prorrogação de um jogo ganho, ele pode estar cometendo o último erro de uma campanha que começou bem e se perde num terrível instante, parecido com aquele em que a defesa da seleção brasileira de 1950 achou que o ponta-direita uruguaio Alcides Ghiggia recebeu a bola e centraria. Ele avançou e fez 2 x 1.

  2. O IRREVERSÍVEL, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Confirmou-se no domingo que Lula é maior que a esquerda e Bolsonaro, menor que a direita. Tanto nas eleições proporcionais quanto nas diretas o avanço de nomes ligados à “esquerda” foi menor do que Lula conseguiu para si mesmo. Da mesma maneira, Bolsonaro ficou menor no primeiro turno do que a projeção alcançada pela “centro-direita”.

    Claro que isso tem a ver diretamente com os dois personagens. Lula continua sendo para uma expressiva camada do eleitorado o “pai dos pobres” – algo só comparável ao que foi o getulismo, e igualmente irreversível como fenômeno de massas.

    Bolsonaro é considerado um “mito” por outro fenômeno também irreversível, o bolsonarismo. Ocorre que dentro da demanda geral do eleitorado, que é claramente de centro-direita, Bolsonaro não é unanimidade e angariou forte rejeição mesmo entre os que detestam Lula.

    Caso se confirme seu favoritismo atual, Lula terá de lidar com dois amplos problemas políticos que, se não forem resolvidos, tornam o País inviável. O primeiro é a herança da Lava Jato. Ao contrário do que diz Lula, parcela significativa do eleitorado não acha que a operação anticorrupção foi um erro, e o enxerga apenas como um ladrão.

    O segundo é a amplitude eleitoral da demanda de “centro-direita”, que não pode ser igualada a “bolsonarismo” (entendido como adesão cega ao líder populista). Mas é o que fez a estratégia petista quando buscou o voto útil dizendo que ajuda o fascismo e a barbárie quem não vota no Lula. O Congresso eleito é um banho de realidade (e uma dura resposta) para a campanha petista.

    É uma espécie de “Brasil profundo” que saiu rugindo das urnas, e que dificilmente se enquadra nas convenções da Ciência Política sobre o que seja direita ou esquerda. Talvez a antropologia cultural seja a melhor disciplina para se tentar entender. Há nessa ampla corrente traços de arraigada boçalidade política (incluindo todo tipo de preconceito), aversão às elites e à ciência, aos princípios democráticos e instituições em geral (Judiciário e imprensa, entre outros).

    Mas também apego à liberdade do indivíduo, disposição de empreender, necessidade de segurança jurídica, simplificação de regras, solidariedade com os mais vulneráveis, valores religiosos e de família. E uma forte identificação com a difusa ideia (que a figura de Bolsonaro capturou lá atrás) de que os sistemas político, eleitoral e de governo atuam contra o Brasil “que trabalha e produz”.

    Lula não indicou claramente como pretende superar o quadro acima caso volte ao Planalto. Bolsonaro, se reeleito, não poderá contar com o apelo que já representou. Não serão tempos fáceis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não é permitido essa ação.