O final de semana, os jornais impressos daqui estamparam a notícia – que se soube antes por óbvia especulação neste este blog – com páginas de cobertura do evento privado e restrito de pré-lançamento e entrevistas do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, a deputado estadual.
Primeiro está claro e é o próprio pré-candidato quem reafirma isso, de que se trata de um ensaio, quando ele mesmo diz que tem até abril para tomar “a decisão final”.
Segundo, e por isso mesmo, resolveu criar o climão, pois precisa e isso não existe de verdade na cidade para a sua candidatura. Faz isso para avaliar bem o passo que muitos querem que ele dê na sua carreira política de ex-vereador, ex-presidente da Câmara e prefeito reeleito de Gaspar que construiu até aqui, mas dentro de Gaspar. Agora precisa ir mais longe das nossas fronteiras.
Resumindo, Kleber colocou a sua barca no rio e não só vai testa-la, mas a tripulação e ver se consegue superar as correntezas e tranqueiras desse novo desafio.
Mas, este não é o ponto que gostaria de destacar, mas sim, o que se disse e se retransmitiu nas entrevistas. Ou seja: nada de novo. Nada que não se tenha passado por aqui como exagero, ou mesmice, ou erro que tenta esconder, ou corrigir, mas só com palavras. E pincei uma pergunta e um a resposta da longa entrevista que Kleber concedeu ao jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo em circulação em Gaspar e Ilhota.
A pergunta foi: Gaspar tem um histórico de não conseguir eleger um deputado estadual. Como o senhor buscará votos em outras cidades?
A pergunta está torta. E por quê?
A cidade já elegeu em 1986 um deputado com domicílio eleitoral em Gaspar, o executivo de finanças da então Ceval Agroindustrial SA, Francisco Mastella, pelo nanico PDC. Um estouro de votos pelo estado. Estava em coligação com o PFL e PTB. Mastella nasceu em Nova Veneza, foi líder estudantil em Florianópolis, presidente da Acig e por meio dela, presidente da Facisc antes de ser político.
Não completou o mandato. Suicidou-se em três de novembro de 1989 quando seu nome – devido ao trabalho e articulação ativa que fazia – já andava nas rodas até para governador, vice etc, fato que no mínimo favoreceria a sua reeleição.
O “histórico” a que se refere a pergunta do Cruzeiro é algo um tanto torto, é reiterado e revelador ao mesmo tempo: um colégio pequeno, sempre dividido, sem pautas, sem conteúdos, sem enfrentamentos, sem liderança em causas regionais. Ou alguém é capaz de contestar esta constatação?
Gaspar sempre preferiu temas menores, muito caseiros, briguinhas originárias. E Kleber não é diferente e é produto desse mundinho. Agora ele inventa um novo horizonte.
Gaspar teve a chance de fazer o seu deputado, nascido em Gaspar, com Pedro Inácio Bornhausen, PP. Faltou pouco. O PT de Gaspar e regional – com o casal Décio Neri e Ana Paula Lima ainda influente na época – não deixou que isso acontecesse. E Pedro teve chance exatamente na única vez que um gasparense era um influencer regional por ocupar a gerência regional da Celesc em Blumenau, solucionava, relacionava e se explicava quase diariamente nas rádios de lá.
Entenderam? Então Kleber com esse papinho de gestor e político gasparense não vai muito longe. Quem o salvará e o elegerá, será o grande esquema das igrejas. Popular ele não é. Influenciador e conhecido também não. Nem mesmo sendo presidente da AMMVI que quis para isso conseguiu aparecer por ideias inovadoras ou por alianças solidificadas.
Talvez e bem por isso, a resposta a esta pergunta do Cruzeiro tenha sido uma das mais curtas e vazias. Sintomático. E é aí que ele ainda precisa se descobrir para não ser um saco vazio, quando ter conteúdo.
“Gaspar é uma cidade em plena ascensão, conquistando e despertando os olhares de todos. Hoje somos referência no Estado e até no Brasil em diversas áreas”, abre a resposta.
Palavras, palavras, palavras.
O que é mesmo que faz de Gaspar uma cidade em plena ascensão, conquistando e despertando os olhares de todos? Onde mesmo somos referência? E se somos, o que efetivamente o governo Kleber contribuiu para isso? Inacreditável que alguém assessorado por “çábios” e marqueteiros seja capaz de produzir tantas palavras para uma resposta que nada responde.
Melhor teria sido se tivesse recitado um versículo bíblico. Falaria ao menos com o seu público a quem depende de votos.”Çábios”. Vou encurtar para não ser repetitivo quando se olha o restante da mesma resposta, onde se dobra a aposta do nada.
“Neste ano, estive a frente da AMVE e pude buscar conquistas importantes para a nossa região, que também é carente de representatividade. O trabalho que temos feito pela cidade e pela região acredito que credencia esta pré-canditatura. Aliado a isso, a dobradinha com o deputado Ismael será estrategicamente viável para o trabalho fora de Gaspar”.
Para encerrar vou fazer três perguntas. Elas desmontam todo esse palavreado de importância que Kleber se dá a sim mesmo.
Quantas vezes Kleber foi recebido por governador com pleitos locais e regionais e o que resultaram efetivamente em algo para Gaspar e a região? Nas suas idas surpresas mensais – as vezes mais que uma – a Brasília quantas reuniões fez nestes cinco anos com quantos ministros e quanto daquilo que tratou resultou em algo concreto para Gaspar e região?
O que se sabe por exemplo, e o secretário de Infraestrutura, Thiago Vieira, vestido de candidato, é testemunha, que Kleber é um dos que são contra a duplicação da Rodovia entre Brusque e Gaspar. E faz isso, para defender interesses de particulares e não exatamente do resultado coletivo. Kleber quando teve a oportunidade de fazer um caro e já problemático trechinho do Anel de Contorno de Gaspar com dinheiro próprio, preferiu um gargalo de pista simples. Kleber também ignorou completamente a ligação secundária entre Gaspar e Blumenau pelo Gaspar Alto, exatamente por ser uma ideia antiga de um adversário seu…. E assim vai.
Para ser atrativa, por exemplo, entre tantos consertos urgente e óbvios com a participação da comunidade, Gaspar precisava atualizar o seu Plano Diretor e o Conselho da Cidade – o mesmo que lançou Kleber -, finge que este não é uma das suas obrigações. O Plano Diretor defasado está engavetado. Ele só anda para atender interesses localizados e políticos.
Kleber precisava ter ao menos iniciado o esgotamento sanitário cujo projeto já existe há anos – e agora facilitado pelo marco legal. Mas, Kleber preferiu construir um ponto de contemplação do rio que ele polui ao não liderar este projeto pela saúde e de proteção meio ambiente.
E assim vai. Todas as suas secretarias são guetos de curiosos e políticas mancas. O Hospital de Gaspar um desastre sem controle e comedor de dinheiro público bom, não o integrou numa rede regional de saúde, não o vocacionou, é apenas um grande ambulatório pagado com dinheiro municipal. A lista é longa e dentro de casa e que se desconhece fora daqui.
Aliás, tudo isso desmancha à abertura da resposta motivo deste comentário: “Gaspar é uma cidade em plena ascensão, conquistando e despertando os olhares de todos. Hoje somos referência no Estado e até no Brasil em diversas áreas”. Parece até ser marketing reverso e mal feito por seus “çábios”. Se continuar assim, vai ser enfraquecido pelos fatos e resultados que não produziu. Um prato cheio para os adversários. Será que ele não enxerga isso? Acorda, Gaspar!