O comentário abaixo já estava pronto e editado, quando chegou a informação de que o candidato a deputado estadual, Marcelo de Souza Brick, Patriota, vice-prefeito de Gaspar, tinha constituído Cláudia Bressan Brincas, como sua advogada para atuar no Tribunal Regional Eleitoral para enfrentar a tentativa de impugnação. Para quem desdenhava este assunto, Marcelo e sua turma resolveram apostar alto e encarar e, finalmente, levá-lo a sério. Cláudia é presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB SC e seu marido já foi presidente da mesma instituição. Ou seja, o caso em que Marcelo está metido é realmente grave.
A contratação da advogada foi no dia 18, quinta-feira passada, conforme procuração que o site do TRE disponibilizou ontem no final da tarde. A corrida por um advogado, todavia, começou antes: na terça-feira, dia 16. Ou seja, a movimentação e preocupação do candidato Marcelo não é tão recente assim. Vamos ao texto de hoje.
O PSD é um partido com algum passado em Gaspar, mas sem presente e provavelmente sem futuro também. O atual PSD de Gaspar possui donos: dois amigos causais eleitos vereadores em 2012, Marcelo de Souza Brick e Giovano Borges e outros que nem são do partido, mas estão refazendo um jogo particular de perpetuação de poder e escolheram Marcelo, o disponível, para fachada. O compadrio de Marcelo e Giovano é mais antigo. Agora há novos na parada e nada identificados com o PSD. Por isso, todos estão batendo a mesma bolinha quadrada e estão no centro de um furacão outra vez.
É que Marcelo viu a sua filiação em segredo e de última hora no Patriota questionada na Justiça Eleitoral no final desta semana. E no mesmo lado, Giovano, o presidente do PSD de Gaspar no lugar de Marcelo, “articulador” com gente oculta do candidato Marcelo, até ontem duvidava que Marcelo teria a candidatura impugnada como quer um advogado de Blumenau e que viu nessa troca, algo fora da ordem natural das coisas. Pela abertura do artigo, parece que a ficha caiu para todos: Giovano e os ocultos que nada tem a ver com o PSD de Gaspar, Blumenau e catarinense.
Talvez Giovano tenha razão naquilo que diz de que isso não vai dar em nada. Já escrevi e entendidos também confirmam: há uma brecha para que a trama fosse possível e certamente Marcelo não foi o único que a usou no Brasil. Vai depender de testemunhos. E você leitor e leitora acha que alguém supostamente envolvido nisso tudo ou que ingenuamente assinou aquela ata ou estava na reunião que relata a ata, vai abrir o bico? Esta é a vida e ela segue para os poderosos de plantão e os políticos.
Mais. Em defesa de ambos, das coisas mal explicadas na política, entre os políticos daqui e de outros lugares deste imenso Brazil varonil, o que Marcelo e Giovano já fizeram, não difere de outros arranjos e jogadas que apareceram por aqui a cada eleições. Escrito isso, vamos ao que interessa: o PSD de Gaspar é apenas uma fachada e a culpa é do próprio PSD estadual e regional.
O PSD de Gaspar cumpre o seu papel de se estabelecer no poder. E desta vez se deu mal. Ao invés de enfrentar uma eleição em 2018 onde poderia ter chances, preferiu se unir a Kleber Edson Wan Dall, MDB, com a promessa de Marcelo ser o prefeito neste ano sem ganhar um voto sequer e Kleber ser o candidato a deputado estadual apoiado por Marcelo. Nem uma, nem outra.
Essas súbitas trocas para partidos periféricos não é nova para o PSD de Gaspar atingir seus objetivos políticos. É uma prática. Os de boa memória recente hão de se lembrar.
Exemplo? O então promissor deputado Jean Jackson Kuhlmann, de Blumenau, patrão de Marcelo desempregado pelos votos – só se elegeu uma vez na vida como vereador e só foi presidente na Câmara num acordo com o PT de Pedro Celso Zuchi prefeito -, cabo dele por aqui, Kuhlmann não se reelegeu em 2018. E Ismael dos Santos, o prefeito de fato de Gaspar, reeleito, sem ajuda de Marcelo, só não naufragará neste ano, porque construiu uma base sólida nas igrejas neopetencostais catarinenses, principalmente as Assembleias de Deus, na briga interna que teve – e ganhou – com a deputada Federal Giovânia de Sá, PSDB.
O que aconteceu em 2016, quando Marcelo no PSD se aventurou, e quase levou a prefeitura de Gaspar 9.210 votos contra os 13.290 dados ao vencedor Kleber? Giovâno saiu do PSD, foi para o socialista PSB para ser o vice de Marcelo só para não dizer que havia uma chapa pura PSD. Então o que está se vendo com Marcelo não é novidade entre eles.
O que aconteceu agora? O Giovano que voltou ao PSD depois da derrota daquele pleito e se elegeu vereador em 2020, ficou com a chave do partido, guardando a vaga, e de mansinho, Marcelo saiu do PSD para o Patriota. Marcelo, como Giovano fez, voltará para o PSD, se não eleito. Se eleito, haverá a tal fidelidade partidária e aí será outra estória a ser armada.
Essa troca de partido, parece que tudo foi só no papel. É o que documenta uma a ata escrita de uma reunião formal, mensal, do PSD de Gaspar do dia 11 de agosto. Nela está claro que Marcelo ainda o presidia de fato o partido e dava orientações como presidente do partido fosse mesmo supostamente estando em outro partido, o Patriota. Nela, não um registro mínimo sequer de que ele tenha saído do partido.
Descortinada a sessão pastelão, e que pode dar impugnação – e eu tenho fundadas dúvidas -, depois de desdenhar, estão todos com a cola entre as pernas. Não se sabe realmente o clima que dominará os tribunais nestas eleições. Pelos discursos do presidente do TSE, Alexandre de Morais, a coisa vai ser mais rígida.
O que é estranho ainda? É ver gente ajudando a defendê-los na imprensa daqui exatamente naquilo que é mais caro para um político de hoje em dia: a falta de transparência e clareza com a cidade que o político jura, como candidato em busca dos votos, querer representá-la na Alesc, se eleito.
O impasse criado, mostra no mínimo, que Marcelo – um profissional da área – se iguala aos demais políticos. E ele diz ser diferente e até mostra as mãos na propaganda para assegurar que estão limpas. Não precisava nada disso. Bastava apresentar as suas propostas, que não se vê e não se meter em patuscadas como está metido. Agora, está na mídia se defendendo de problemas que estão à vista de todos no site do Tribunal Regional Eleitoral.
E para finalizar. Estou de alma lavada mais uma vez. E os poderosos de plantão dizem não saberem à razão pela qual ainda sobrevivo, com uma audiência alta: cre-de-bi-li-da-de, bem como a condição de não depender um pingo dessa gente. Estou pagando caro, mas eles, muito mais. E fingem não entender o que se passa contra eles.
Quando apareceu esta história, fui o primeiro publicamente a dar o sinal de alerta. O “Informe Blumenau”, foi o primeiro a dar os fatos com mais detalhes. E eu esperei por documentação. Tão logo elas chegaram aqui, relatei que tudo tinha parado no TRE com um pedido de impugnação. E todos aqui calados. Só depois que o meu artigo virou febre nos aplicativos de mensagens, permitidos abaixo, é que resolveram se coçar. E para defender a dúvida.
Ao mesmo tempo, para animar a sua galera, Marcelo insistia de que não sabia de nada. E soube da pior forma: teve que contratar um defensor de grosso calibre e de excelente trânsito na Capital.
Até nisso, não sabe mentir direito. Aos veículos de comunicação daqui atrasadíssimos na apuração, Marcelo se defendia. Estava se defendendo daquilo que não sabia? Hum! E houve até comunicador que considerou tudo isso um “pecado menor”. Como assim? Está tudo mal explicado ou mal conduzido. Se Marcelo não enganou a Justiça e seus adversários, fez de bobo os seus do diretório do PSD de Gaspar naquela reunião mensal. Simples assim. Está até numa ata. Ou seja, parece ser uma característica. Meu Deus!
No fundo, todos sabem o que fazem pois seus veículos dependem de verbas oficiais manobradas por políticos. Acorda, Gaspar!
Uma observação sobre a foto que mostra o candidato Marcelo depois de uma noite mal dormida devido o questionamento na Justiça. Nela, ele está com o parça Giovano adesivando carros de campanha. E Giovano, incomodado, nas redes sociais mandou dizer: “enquanto eles falam, a gente trabalha…”. Ninguém duvida.
TRAPICHE
Saiu a pesquisa Ipec NSC. Ilusão e chororô só para os que não tinham pesquisas internas. Ou então é jogo de cena. Os mais inconformados são os bolsonaristas raiz. Viram o governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, a quem tratam de traidor, na frente e do outro lado, o senador Esperidião Amim Helou Filho, PP, na cola do senador Jorginho Mello, PL.
Vou me abster de comentá-la neste momento. Há gente mais qualificada para isso e ávida para fazê-la. Então a minha será mais uma quando há muitas num mesmo dia. Farei isto mais tarde.
Uma coisa é certa, agora com essas pesquisas, as viradas ou solidificações se darão com os grandes cabos eleitorais regionais. Nem mais, nem menos. E conheceremos a força de determinados prefeitos e anemia de outros. Aos bolsonaristas, se quiserem estar no segundo turno, precisam fortalecer Jorginho e não tentar enfraquecer os adversários com as tais fake news.
Perguntar não ofende: a prefeitura de Gaspar liberou seus efetivos e comissionados para reuniões políticas no horário do expediente? Onde está regulamentado isso? Quem controla o tal de banco que horas que virou moda quando pegos de calças curtas? Não há punição contra este tipo de anomalia?
O Ministério Público do estado em Gaspar, finalmente, acordou e inusitadamente – o que é bom – pulou na frente. O Projeto de Lei Complementar nº 5 que vai regulamentar a ocupação imobiliária ao longo do Rio Itajaí, ribeirões e córregos na nossa cidade, seja ela em área consolidada ou não, vai ter acompanhamento do MP, como ele pediu em ofício à Câmara.
Este PLC está mais ou menos redondo e enquadrado na legislação geral. E o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, estão atrasados neste assunto. Até Guabiruba já resolveu isso. E faz tempo. O perigo mora nos detalhes. Eles surgem depois da audiência pública e nas emendas de última hora.
Se a promotora Lara Zapelini de Souza cuidar dessas manobras de comissões e no jogo de cena no plenário com ajuda dos técnicos da Câmara, ganhará tempo e não precisará agir depois da votação da matéria. Porque votos para fazer barba, cabelo, bigode, mas principalmente sovaco e virilha, o governo possui. E a pressão é muito grande neste ambiente imobiliário sobre o governo e os vereadores.
O vereador Alexandro Burnier, PL, quer saber quais são os imóveis que a prefeitura é dona dele. Quer descobrir quantos estão abandonados e não são usados para que outros sejam alugados e pagos com o dinheiro de todos nós. Vai se assustar. Acorda, Gaspar!
4 comentários em “MUDAR DE PARTIDO SEM SAIR DO PSD É UMA PRÁTICA DA DUPLA MARCELO E GIOVÂNIO. DESTA VEZ PODE DAR ZEBRA”
isso já reflete na rua.
Vi carros adesivados com fotos de Marcelo, apoiando Ismael que apoia Moisés para governo e boso para federal.
Ismael teoricamente por estar no PSD deveria apoiar Gean.
Marcelo deveria perder muito mais, mais do que só a dignidade, se apoiar Gean ficando no PSD, haveria uma saia muito justa na prefa, sendo que Kleber teoricamente seira oposição ao Gean kkkkkkkkk
E o PL cavalo manco que está afundando e tem tudo para o PP ir para um segundo turno, acho que o caldo vai entornar por aqui, já que o PP tem vida própria por aqui, partido que vem se recuperando muito bem, a aposta da Igreja será o vereador Kleverson.
Ao que se diz ser Maria Galvão
Quem verdadeiramente esta convicto na ideologia ou num projeto partidário aqui ou alhures. Há exceções. Mas, raras! Na verdade é um jogo de interesses de grupos e na maioria das vezes, de pessoas que querem se impor sobre outras ou grupos de interesses. Nada mais.
Então, esta combinações que você aponta ou condena, é fruto daquilo que somos e permitimos, ou até apoiamos.
No fundo está se defendendo ou se valorizando pessoas, grupos e projetos não coletivos da cidade ou da região, em detrimento das propostas partidárias, que quando existem, são frágeis.
Agora, numa observação você está certa. Esse pessoal do PL ou muda o comportamento, ou não estará no segundo turno em Santa Catarina.
BOLSONARO PASSOU PELO JN, por Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
A grande notícia saída da entrevista de Jair Bolsonaro a Renata Vasconcellos e William Bonner é que ele aguentou os 40 minutos de perguntas. Por muito menos ele já insultou jornalistas, mandou que se procurassem vacinas “na casa da tua mãe” e abandonou uma entrevista com André Marinho que lhe perguntava se “rachadinha” era crime. (Em 2002 Lula abandonou a mesa de almoço da Folha de S. Paulo diante de perguntas de Otávio Frias Filho.)
Bolsonaro deveria ter aceitado a sugestão de submeter-se a um treinamento com profissionais. Preferiu treinar com ministros. Disso resultou um candidato defensivo. Parecia um boxeador querendo apenas ficar de pé até o fim do certame. Faltou-lhe qualquer vestígio de senso de humor.
Ele saiu da armadilha que ele mesmo criou ao hostilizar o Supremo Tribunal Federal, com a frase mágica da “página virada”. Contudo o livro de Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral tem mais páginas.
Não conseguiu explicar o mau desempenho de seus ministros da Educação. (O segundo da série, Abraham Weintraub, endossou o ataque de Wilker Leão que chamou-o de “tchutchuca do Centrão”: “Verdades são difíceis de engolir”.) Bolsonaro entrou numa realidade paralela quando disse que, em 2018, “não tinha Centrão”. Tinha desde o século passado e continuará a existir no mandato do próximo presidente, sempre o apoiando.
Bolsonaro faz um má aposta quando acredita que poderá atravessar a campanha repetindo o bordão “Fizemos a nossa parte” em relação à pandemia. Disse-a quatro vezes durante a entrevista. Os mortos passaram de 680 mil e, pelo que se viu, ele continua acreditando no “tratamento precoce”.
Bolsonaro acha que fez a sua parte na pandemia, que a economia vai bem, que o Brasil é um exemplo no respeito ao meio ambiente – e quer ser reeleito. Gastou tempo na defensiva disparando números e em nenhum momento deu uma razão para que se vote nele. É verdade que se comprometeu a aceitar o resultado de outubro. Enfiou um “desde que” a apuração seja limpa e atribuiu às Forças Armadas um poder sancionador que não existe. Quem sanciona o resultado é a Justiça Eleitoral, em cuja comissão de transparência o Ministério da Defesa tem assento.
Um eleitor que já decidiu votar nele pode ter sido revigorado. Seu desempenho foi prejudicado pela pandemia e por uma guerra na Ucrânia. Juntar-se ao Centrão foi uma necessidade da vida, e o Auxílio Brasil beneficiará 20 milhões de pessoas.
Tudo bem, mas, pelas contas da semana passada, o Datafolha mostrava que Lula tem 47% das preferências, e ele 32%. Como observou Mauro Paulino, veterano mastigador de pesquisas, a entrevista ao Jornal Nacional não deve ter somado votos em seu benefício.
Se Bolsonaro sentou-se diante dos entrevistadores com o objetivo de aguentar a entrevista, ele foi bem-sucedido. O “desde que” continuará a persegui-lo, sobretudo nos debates.
Falta a Bolsonaro a sensibilidade de Juscelino Kubitschek. Quando confrontado com um recuo ou com uma má decisão, ele repetia: “Não tenho compromisso com o erro”.
Diante de Bonner e Renata, Bolsonaro sugere que entrará na campanha pela sua reeleição comprometido com os próprios erros.
O Poderoso Chefão, versão “Quebra tiGela”
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“O vereador Alexandro Burnier, PL, quer saber quais são os imóveis que a prefeitura é dona dele.”
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Será que:
1) a PMG possui:
1.1) tais dados cadastrados?
1.2) clandestinamente uma “Immobiliare” à la Michael Corleone”?
2) o vereador Burnier vai obter êxito neste seu pleito?
(tiGela, com G maiúsculo? Sim. Pois é a marca registrada de Gaspar! Ou não?)