Atualizado às 15h34 deste 05.02.2024. Prometi para hoje. Finalmente, quem levou a cidade ao atraso, diz que vai colocá-la nos trilhos para, desta vez, acreditem, ela avançar para além da falsa marquetagem que avalizaram por mais de sete anos no tal “Avança Gaspar”? O que avançou mesmo, foi o capim, mesmo diante de tantas reuniões de planejamento e ajustes que se publica diariamente em milhares de fotos do gabinete do prefeito neste tempo todo.
Até agora, só no fingido arrependimento e no espetáculo para se criar um fato novo – e se criou -, supostamente apartidário, como o de terça-feira da semana passada no Restaurante Questão de Gosto, na Associação da JBS, no Poço Grande. Se pegar, pegou. Se não pegar, tentou e se deu recados para todos os lados. A cidade que se lasque. Ela já está tomada pelo capim e falta de desenvolvimento sustentável – pois a prefeitura alega queda ou problema de arrecadação de tributos – na verdade, está embrulhada em antigas cabulosas conversas gravadas e montanhas de dúvidas, inclusive do presente.
Pior do que está, talvez não pode ficar, mesmo que ninguém faça mais nada por ela. Ou seja, esta gente do convescote de terça-feira passada, de verdade, está em dívida. E das grandes com os cidadãos e cidadãs moradores e eleitores e eleitoras de Gaspar.
E sem arrependimento, o grupo já escolheu o novo “capitão” para esta nova “viagem experimental”: o gasparense da gema, de família tradicional, e policial civil por quase 30 anos na corporação, tendo chegado ao topo dela no governo passado de Carlos Moisés da Silva, Republicanos, ao que equivale hoje no governo de Jorginho Melo, PL, a ser titular da secretaria de Segurança Pública. É Paulo Norberto Koerich, hoje com ficha assinada no PL, lá em setembro, quando esteve com o governador, mas ele se declara não estar filiado, fato que não pode ser confirmado, pois o sistema do Tribunal Superior Eleitoral não está disponível. Marcelo tinha o mesmo papelinho. Deu no que deu. Com uma diferença, Paulo Norberto Koerich é identificado, bem antes dessa onda toda, com o conservadorismo. Não exatamente com o bolsonarismo.
Foi um festão. Um PIB de dar inveja. Foi meio que suprapartidário. Emblemático. Folclórico. Necessário, mesmo que cheire a mofo e uma boia de salvação para quem se meteu neste mar de incertezas sem os devidos cuidados e EPIs os quais só os experientes na política usam. Explico isso mais adiante.
Convidado por vários, não fui lá para contar e testemunhar. Mas, gente que reputo ser séria, apostou em mais de 400 pessoas, todos pagando o que gastava do seu próprio bolso. Daqueles presentes, 60% vestiriam a camisa por Paulo Norberto Koerich, incluindo os que não votam em Gaspar e que estavam lá, alguns, inclusive, motores do movimento; 20% não vão votar nele; 10% por cento vão traí-lo e 10% são feitos de gente que era espia ou que, como sempre, vai esperar à hora certa para posar do lado de quem terá mais chances de vencer e assim, mais uma vez, construir vantagens para si e os seus.
Todos em Gaspar conhecem esses 10% de “espertos”. Conseguem até fazer discursos adaptados à moda, mas na semana decisiva da eleição viram e comandam bastidores, ou pior, ajudam a fechar a conta pendurada do vencedor. Conseguem ser Lula e Bolsonaro. E ao retirar a corda do pescoço do eleito, como seus salvadores, ficam com as chaves de acesso privilegiado deixando os burros de carga na fila de espera. Incrível, porque isto é repetitivo e bem conhecido entre nós.
Resumindo: o que estava lá, é uma “nata” de uma bolha conservadora. O que por si só é um perigo, mesmo sabendo que 70% possuem este viés em Gaspar se olharmos as votações de 2022. Qual é o problema então? Primeiro é o cheiro de vingança. Ela cega e não inspira. Segundo, é que a esmagadora maioria dos eleitores está fora desta bolha de influência e não é mais dominada por esta “nata” que controla a imprensa sem influência alguma e aplica castigos aos divergentes, ao invés de convencê-los, ou desmoralizá-los, com resultados. O que eles não dominam e é o que vale hoje: as redes sociais e principalmente, os aplicativos de mensagens.
Mais do que isso. Temos que olhar para a situação senador Jorge Seift Júnior, PL que vai a julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, esgotada a chicana no TRE-SC. Se ele for cassado e a eleição do seu substituto for marcada para o mesmo dia seis de outubro, aí as eleições municipais em Santa Catarina ganham contornos de estadualização. E Gaspar não fugirá à regra. Ela será influenciada e se alinhará a partidos – e coligações – que estarão nesta disputa para o Senado. O PT neste caso, penso, será o maior perdedor. E aí o jogo fica aberto para PL e PSD, nesta ordem, na estadualização conservadora e no ajuntamento de partidos contra um candidato petista.
RECADO E DESAGRAVO CONTRA KLEBER E OS QUE ADMINISTRAM GASPAR
O que não se pode negar? Que o convescote de terça-feira passada foi um tardio, e bota tardio nisso, no recado claro – se verdadeiro e não mais uma cortina de fumaça – de desagravo contra Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho – ex vice-prefeito e hoje presidente do PP, além de Chefe de Gabinete, além do vice atual vestido de pré-candidato numa perigosa gangorra, Marcelo de Souza Brick, PP, o poder de plantão de ontem – de gente que nem mais está nele, mas influencia – e de hoje. Esta foi a única parte coerente do convescote, repito, se não foi também outro fingimento. Mas, pouco, muito pouco diante do estrago o que está à vista de todos.
Então, por isso, não vou me repetir naquilo que a imprensa local – em peso lá – e a regional, já reportaram. A imprensa que opina, ficou, mais uma vez, em cima do muro. Omitiu importantes contradições, observou cuidadosamente, para não ferir tanto o poder de plantão bem como ainda os seus minguados patrocinadores que organizaram o convescote. São dependentes financeiramente. Entende-se. Eu não. E essa gente não entendeu ainda isso depois de tantos castigos que me infligiu e promete me infligir.
Por isso, vou me ater ao que vem sendo escondido, mas que se discute na cidade freneticamente em acertos, negação, disfarces e conversas de escritórios de advogados, de corretores de imóveis, de empreiteiros encalacrados, de investidores imobiliários, de padarias, de bares, de canchas de bochas, de campinhos de futebol, de gabinetes da prefeitura, de ambientes políticos decisórios em Gaspar, Florianópolis e Blumenau, nas redes sociais e principalmente, nos grupos e individualmente nos aplicativos de mensagens.
Esses empresários – e gente da política – que estão apadrinhando Paulo Norberto Koerich erraram pelo menos três ocasiões capitais – há muito mais – contra eles próprios e a cidade como um todo: 1) adotaram Kleber candidato a prefeito só para comemorar a vitória, mesmo que os votos tenham vindos dos templos e não de uma na ação partidária sólida; 2) para Kleber não perder à reeleição, casaram-no com Marcelo que estava no PSD, anulando-o como possível candidato viável a prefeito em 2020, ou seja, mais uma vez, só para comemorar e não exatamente mudar o que estava ruim com os avisos que já se tinham; 3) lançaram Kleber a deputado estadual em 2022 e ele mandou todos chuparem cana, porque ela é doce, apesar de dura, nos acordos entre eles mesmos previam à ascensão de Marcelo ao cargo de prefeito. Ficaram amuados. Tardiamente, como alertei aqui várias vezes, entenderam que eram fantoches desse jogo. Estou de alma lavada mais uma vez.
Teimosos, estão prestes a errar pela quarta vez. A não ser que além dos cuidados, verdadeiramente, queiram sair das sombras e se redimirem colocando a mão na massa. Isto já aconteceu pelo menos uma vez aqui com Francisco Hostins, PDC. E mesmo assim, os criadores foram engolidos pela criatura. Escrevo mais adiante.
Ouça Paulo Norberto Koerich, visível no vídeo ao lado de um dos seus padrinhos, Antônio Carlos Schmitt (o Calo Macuco). Aos presentes no convescote, o competente policial desfilou e impressionou as suas qualidades de policial e origem para que delas ninguém tivesse a menor dúvida. Eu por exemplo, não tenho.
SE A INTENÇÃO É VERDADEIRA PELA CIDADE, É TAMBÉM INGÊNUA, PRECIPITADA E PALANQUEIRA
Contudo, o discurso dele, obvia e claramente, não foi de candidato, para o evento da envergadura e do propósito para o qual foi mobilizado e articulado à “nata” conservadora da cidade.
Desculpem-me a sinceridade: o que Paulo Norberto Koerich disse com todas as letras foi um autêntico discurso de anticandidato, sem qualquer plágio de 50 anos atrás quando deputado Federal paulista Ulisses Guimarães, MDB, se lançou como o anticandidato para alertar a sociedade contra o Regime Militar e a favor das eleições livres e diretas. Orientado ou não, começou mal, ou deu sinais claros que precisam ser entendidos desde já pelo grupo, para mais tarde não se afirme por aí que foi, mais uma vez, traído.
Paulo Norberto Koerich apenas autorizou o grupo, traído, humilhado por Kleber, Luiz Carlos, Marcelo, MDB, PP, a igreja e outros, mas querendo voltar a ser dono do espetáculo – como aquele divorciado que arruma uma mulher mais bonita só para causar inveja a sua ex -, a usar o nome dele, para enfiá-lo em algum partido mesmo ele já estando num, numa daquelas fichinhas que não valeram nada, por exemplo, para o Marcelo no mesmo PL, em algum projeto e em alguma campanha que também não lhe deixe na rua da amargura, manche o seu belo currículo ao fim de uma vida profissional e o livre de uma vergonha nas urnas.
O que este grupo que quer apadrinhar do nada Paulo Norberto Koerich não entendeu até agora?
Primeiro que ele não é dono da cidade, apesar de estar nele gente que não gosta se ser contrariada e mesmo assim, tomou lomba nas costas de quem mais apostou e não deste espaço. Segundo que estão em dívida com a cidade. E em terceiro, não sabem exatamente a diferença entre política e poder, político e seus empregados, ou de liderança e desejos vaidosos de homens e poder.
A política possui uma desorganização toda própria que os que estão nela, teimam em chamá-la de “organização”.
Esta “organização” acomoda interesses deles próprios, quase sempre divergentes e fingindo que estão trabalhando em prol do bem comum, que não o deles próprios. É uma zoeira incontrolável, quando se conhece às entranhas dessa “organização”.
Esta “organização” possui um sistema próprio de poder, de produzir seus líderes visíveis, de proteger os verdadeiros líderes invisíveis. Tudo isso se faz dentro de partidos políticos, núcleos de interesses de poder, numa ética própria e bem duvidosa para os padrões da maioria do eleitorado que sustenta este poder e seus poderosos. Tudo está na nossa cara a partir de Brasília. Por que em Gaspar seria diferente?
Ou alguém dos que estavam na terça-feira lá no convescote – incluindo o delegado Paulo Norberto Koerich que está sendo incensado a ser candidato pelo grupo – desconhece à massaroca que é Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) na Câmara de vereadores de Gaspar feita para aplaudir, encobrir e enfrentar quem ouse cobrar explicações do governo, dos descasos, dos ralos de dinheiro público e dos políticos no poder de plantão?
É uma “organização” protetiva de si própria e contra a cidade. Isto é política. Isto é onde estão Kleber, Luiz Carlos, Marcelo e muitos outros, incluindo os travestidos de santos e conhecedores de bíblia, missas e cultos. É onde não está os que colocaram essa gente no poder. Ou desconhecem o papel de Jorge Luiz Prucino Pereira, ainda presidente do PSDB de Gaspar; do secretário de Educação, o jornalista Emerson Antunes, de Blumenau; do vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP; do deputado Federal Ismael dos Santos, PSD; ou a razão pela qual a cúpula das igrejas neopentecostais trocaram Kleber por Marcos Rosa, União Brasil, vereador de Blumenau, para ser o deputado estadual da “organização” calando à invencionice desse pessoal que liderou o convescote de terça-feira passada? Simples assim!
É, por exemplo, onde não estão, e se estão, foram feitos de bobos, os empresários líderes do convescote que estavam lá na terça-feira, além de alguns políticos providencialmente vestidos de freiras, talvez para não desagradar a autoridade policial. É nesta “organização” onde querem colocar Paulo Norberto Koerich. Dependerá dele e do tamanho do estômago dele.
Essa “organização” roda com o dinheiro dos outros via os pesados impostos, cada vez mais pesados, como por exemplo os quase R$5 bilhões do Fundo Eleitoral para a campanha deste ano que o Congresso Nacional já avisou que vai rejeitar o veto manhoso e mentiroso imposto no Orçamento pelo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, PT.
Ou então, como o desperdício de tempo e dinheiro dos políticos, os quais só se agravam como aconteceu nos governos de Lula, Dilma Vanna Rousseff e do PT. Modernizar, ajustar custos, diminuir o aparelhamento e à velha máquina de empregar ou reduzir despesas, soa como um palavrão de antidemocratas, a palavra da moda. Ou como na ocupação de cargos gestores na prefeitura de Gaspar de gente sem a mínima habilidade e preparo para tal.
Os empresários têm uma ação, normalmente distinta – e se não organizados, frágil -, dos políticos por pura questão de sobrevivência. E por quê? Trabalham com riscos e de curtíssimo prazo impelidos pelo mercado, inovação e tecnologia. Estão obrigados por profissão, orgulho e necessidade a resultados positivos. Nestes riscos de empreender, gerar riquezas, empregos e tributos na derrama para os políticos se esbaldarem, normalmente, só os empreendedores pagam a conta do seu próprio bolso se o resultado que projetaram não vier para os seus negócios.
Aparentemente, na maioria das vezes, interesses políticos e visão empresarial são incompatíveis. Na maioria dos casos, como se viu em Gaspar com Kleber, Luiz Carlos, Marcelo e outros, também são incontroláveis e sem transparência. Os empresários – e até políticos que estavam nos núcleos de decisão de seus partidos, mas foram transferidos para a periferia do jogo, e agora armam vinganças – padrinhos de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo foram usados e estão com o mico na mão. Simples assim, outra vez!
Incrivelmente, com o convescote de terça-feira estão, ao mesmo tempo, dizendo que não aprenderam nada com a passada de perna que levaram de jovens apostas e em interesses que não se explicam numa traição diante das imponderabilidades.
FALTAM REVISITAR OS FATOS E A HISTÓRIA DE GASPAR
Paulo Norberto Koerich, que já foi chefe de gabinete do ex-prefeito Francisco Hostins, PDC, (1989/92).
Então ele está advertido e está escaldado sobre o que escrevi acima. Eu mesmo sou testemunha disso. Já escrevi abundantemente sobre isto por várias vezes desde então. E se fosse vivo (07.05.2022, morreu num ambiente social), o ex-prefeito Osvaldo Schneider, MDB, o Paca (1973/77) e que faz falta em momentos como estes, poderia contar os detalhes dessa “virada”, do ponto-de-vista dele, é claro, e que é mais ou menos assim, ao grupo de síndicos bem intencionados daquela época: “não queiram tomar o lugar dos políticos, se não estão na política e não dominam ela“.
Hostins pegou uma cidade quebradíssima de Tarcísio Deschamps e Luiz Carlos Spengler (1983/88), ambos do PDS e que no que é o PP de hoje, de onde vinha também Hostins, mas não tinha chance alguma nele.
Com um grupo de técnicos “doado” por empresários que bancaram a campanha de Hostins – naquela época isso era possível -, num partido inventado para “abrigar” Hostins, o PDC do ex-deputado estadual Francisco Mastella, Hostins, reverteu, esplendorosamente, a situação caótica da cidade para os cidadãos e cidadãs, em dois anos. Tempo suficiente ficar com a fama até hoje de administrador público incomparável.
Entretanto, por outro lado, fortalecido pela dinâmica dos resultados em tão curto espaço de tempo, para se livrar da tutela de quem o levou ao poder e ainda cobrava mais pela cidade, Hostins deu o seu cavalo de pau nos não políticos da época. Falou mais alto a tal “organização” que me referi anteriormente.
Hostins preferiu voltar e se lançar aos braços dos políticos do atraso e ao mesmo tempo perder a chance se reeleger a prefeito exatamente pelos seus feitos com uma equipe competente, que teve, é bem verdade, seus pecados. Ao invés de expurgá-los, preferiu voltar à “organização” que não o queria prefeito. Vá entender. Paulo Norberto Koerich, diante das irrefutabilidades, sem estômago, já naquele tempo, pediu o boné da política e foi ser o policial de extenso currículo e reconhecimento. A máquina política da velha Gaspar, tinha, mais numa vez, vencido à razão. Perdeu a cidade. Venceu a política, os políticos e principalmente a politicagem. Entenderam?
Retomando.
Se Paulo Norberto Koerich, que é parte da história de Hostins, não está num partido político segundo ele próprio, mas, em teoria está, como querem achar um para colocá-lo lá como um ente estranho para ser fragilizado no primeiro embate, pois tudo se dá no ambiente do partido e da política partidária? Como ele vai lidar com isso no Legislativo se ele é um pragmático e não um bicho político, como bem mostrou o discurso dele? A Câmara não é uma Delegacia de Polícia que mete medo a quem aparece por lá.
Se Paulo Norberto Koerich não é uma liderança política como ele vai liderar este processo todo do qual já correu uma vez e o fez deixar, sem muitas explicações, o governo de Carlos Moisés da Silva, Republicanos, no auge profissional, por exatamente sofrer pressões partidárias antagônicas dentro da própria corporação onde ele é referência?
Ora, se o próprio Paulo Norberto Koerich diz que não é, por enquanto, candidato, o que mesmo ele está dizendo, não por linhas transversas, mas, sim, diretamente, ao grupo que o quer candidato? Que aceita ser manipulado por esse grupo, ou que eleito, vai deixar o grupo na rua da amargura como fez Kleber, Luiz Carlos, Marcelo e outros que enganou e substituiu o grupo que os levou ao poder em ampla articulação contra os interesses e que aparentemente compartilhavam?
COBRA, VENENO E LOBISOMEM
Com o agravante. No caso de Kleber, os empresários olharam o irmão de templo e a devoção dos votos caixão dos fiéis das igrejas neopentecostais, e não exatamente os partidos, como facilitadores contra um PT desgastado nacionalmente em 2016 e por aqui, igualmente, depois de dois mandatos consecutivos de Pedro Celso Zuchi, mesmo tendo uma ponte do Vale a custo zero aos cofres municipais para exibir como troféu.
Na hora do vem a nós o vosso reino, quem prevaleceu? A cidade? Não! Além de Kleber, um núcleo do qual se cercou e fechou, incluindo o novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado Federal Ismael dos Santos, PSD, de Blumenau. O que verdadeiramente ficou protegido? Os interesses e os de poder da Igreja, onde está, verdadeiramente, o curral de votos e parte ponderável do jogo de forças para uma eleição por aqui. Derrota dupla dos empresários.
Isto está na cara de todos, então qual a razão de não se discutir isso às claras? E se não se discute, não se modifica, não se esclarece à cidade, cidadãos e cidadãs. Resultado: os empresários ficam cada vez mais fragilizados e reféns desse conjunto de forças que mistura, lamentavelmente, política, a má política, interesseiros, incompetentes, frágeis, fé e a religião como algo puro e que não é. Restará, mais uma vez, aos empresários – e políticos traídos – apenas convescotes de ensaios exatamente porque não estão organizados e não estando organizados, não são reconhecidos como forças desse jogo político da “organização”, a dos políticos que só sabem fazer isso.
Paulo Norberto Koerich não disse até agora, a razão pela qual aceitará ser candidato desse grupo.
E isto é ruim para a cidade, para o grupo e ele próprio. Não se questiona ainda à possível capacidade Paulo Norberto Koerich de governar a sua cidade, mas a intenção dos padrinhos. A primeira coisa que eles deveriam ter feito era a de pedir desculpas à cidade e apontar os culpados pelo atraso em que eles meteram a cidade, antes de anunciar qualquer preferência de candidatura viável para fazer frente ao que eles não controlam mais e tiveram condições de arrumar, frear ou parar em 2020, mas não conseguiram. Evidências, repito, abundavam.
O que ninguém, além de mim escreve, é o que está no título: os empresários e um grupo de políticos suprapartidários escolheram Paulo Norberto Koerich por sua reputação ilibada, pois sabem que em Gaspar, a política que está no poder de plantão se tornou um caso de polícia. Então há, no mínimo, solidariedade.
Sem falar na obviedade dos empresários contra Zuchi a quem também já estiveram parcialmente alinhados no passado e usando pimenta nos meus olhos para salvar interesses deles, esse grupo quer se vingar de Kleber e Marcelo; não confiam no engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, que deu razões de sobras nestes três anos para isso; não querem nem ouvir falar de Ciro André Quintino, MDB; e também não simpatizam – por não ser do grupinho deles -, o resiliente nas pesquisas, por exatamente até agora, representar mudanças, o empresário Oberdan Barni, Republicanos. Nem mais, nem menos.
Entre os que coordenam no ambiente político para a candidatura de Paulo Norberto Koerich, está a velha guarda do PP de Gaspar.
Mas, perguntar não ofende: o PP já não tem o “importado” pré-candidato, Marcelo de Souza Brick, que já tinha assinado ficha no PL depois de passar pelo PSD e até o falecido Patriota? Marcelo não é apoiado por Kleber? Não há um acordo? Essa “organização”!
O que faziam no convescote os deputados estaduais de Blumenau, Ivan Naatz, PL, que não quer o ex-amigo dele de tempos difíceis do PV, Rodrigo Boeing Althoff candidato pelo PL e chegou a inventar o Marcelo para o lugar dele? O ex-delegado daqui deputado estadual Egídio Maciel Ferrari, PRD, e de muda para o MDB de Blumenau onde pode ser candidato a prefeito e ressuscitar o MDB de lá que nem mais vereador possui há legislaturas? E deputado estadual Napoleão Bernardes, PSD, de Blumenau? Prestígio? É pouco. Leiam o Trapiche.
BAGRES, TRAÍRAS E JUNDIÁS
Como se vê, a primeira e principal regra desse jogo os empresários de Gaspar já quebraram mais uma vez: o de respeitar a política, os políticos e as agremiações partidárias na tal “organização”. E isto é um indício que estão mal encobrindo os seus erros, salvando-se nas suas vaidades e não exatamente naquilo que a cidade precisa, ou seja, mudanças, choque de desenvolvimento com transparência para o que é público
Eles precisavam estar nestas agremiações para influenciá-las e até liderá-las. E tenho nos arquivos um artigo escrito para ser publicado sobre esse tal de Conselho da Cidade fake que esse mesmo grupo criou e até o prefeito Kleber fingiu ouvi-lo. Até nisso, os empresários foram enrolados, engolidos ou se auto enganaram, pois olharam para seus próprios umbigos e não exatamente para a cidade e sua projeção de futuro.
Se tivessem um olhar social, ético, cidadão e de planejamento, ao invés de propor gambiarras no ambiente de ocupação do solo e no meio ambiente, por exemplo, teriam defendido à atualização do Plano Diretor, como prevê o Estatuto das Cidades. Em Gaspar ele está defasado desde 2016. São oito anos. Ou seja, os dois mandatos de Kleber. Se fossem realmente gasparenses, teriam estancado minimamente os desastres na falta de vagas de creches, teriam rompido à educação à meia boca numa cidade de empregos de baixos salários, não teriam deixado o Hospital se tornar um ralo sem fim de dinheiro público e uma marca de desconfianças.
De verdade? Esses mesmos empresários – e políticos, pois Pedro Inácio Bornhausen, PP, por exemplo, era o chefe de gabinete de Kleber -, os que se dizem preocupados com a cidade, precisavam, antes de mais nada, serem fortalecidos nas suas próprias instituições representativas empresariais. Se permitem e comemoram a tal Capital Nacional da Moda Infantil como um grande feito para Gaspar, merecem os revezes que reclamam terem sofrido dos políticos no poder de plantão. Gostam de maquiagens.
Uma reflexão mais acurada, ao menos, eles teriam constituído autoridade, demarcado espaços de credibilidade e se posicionado por cobranças como parte da tal sociedade organizada via as suas entidades de classe. É lá que começa e está o problema para se inserir como parte dos destinos da sua cidade e os interesses deles.
Essas instituições ficaram omissas, medrosas para salvar seus pequenos, ou particulares, interesses. Estão, naturalmente, enfraquecidas. Com isso deixaram crescer o atraso, o aparelhamento e as dúvidas exatamente naquilo que avalizaram, apadrinharam e juram que agora querem se redimir. Os empresários de Gaspar, de verdade, não cuidaram do seu próprio quintal de representatividade e influência. Agora querem se meter, outra vez, num ambiente onde já foram humilhados?
Com o convescote de terça-feira passada, os empresários e os políticos que se juntaram a eles, abriram as portas do inferno pelo lado mais improvável para torná-lo um paraíso que dizem querer para todos nós. Desta vez, vão queimar um anjo depois de beatificar um infiel. Estas portas, pelo bem e pelo mal da cidade, dos de boas intenções e os que são lobos em pele de cordeiro, fecham-se no dia cinco de abril deste ano.
Até lá, muitas traíras, jundiás, cascudos e bagres vão passar sob as pontes Hercílio Deecke e do Vale, nas águas poluídas de uma cidade vergonhosamente sem saneamento básico, que se queria dar para uma empresa de amigos e a Justiça está dizendo que terá que ser outra. Como alertou um leitor do blog: o foguetório foi bom como sempre acontece na passagem de ano novo. O problema é que depois do espetáculo encantador, os presentes se dispersam se não houver causa, atração e coesão de propósitos. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
O PSD de Gaspar barrou, até agora, a intervenção branca que o diretório estadual queria impor ao diretório gasparense. Eron Giordani e Napoleão Bernardes recuaram. Com isso, a filiação de Paulo Norberto Koerich no PSD, ficou momentaneamente comprometida. Ao brecar a filiação oficial de Paulo, o presidente do PSD de Gaspar e vereador Giovano Borges, leu, por outro lado, que o seu amigo e vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, PP, está balançando no PP.
O destino de Paulo Norberto Koerich é mesmo o PL, onde tem ficha assinada. O governador Jorginho Melo, PL, o que é um erro, trabalha pessoalmente para isso. Tanto que o presidente do PL de Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho, não iria no convescote de terça-feira passada. Foi convencido em cima do laço pelo próprio governador. “Neste momento não se deve deixar espaços abertos“, teria aconselhado Jorginho.
O PP seria outra alternativa de Paulo Norberto Koerich. Esta opção, na atual situação, é muito desgastante e improvável. O presidente do partido, Luiz Carlos Spengler Filho, hoje chefe de gabinete, e orientado pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, ocupou este espaço com o vice-prefeito Marcelo de Souza Brick. A confusão está armada. E o possível desgaste contra Paulo, também.
Isto sem falar que no PP, Paulo Norberto Koerich estará ligado ao que quer se combater – ao menos no discurso para a distinta plateia que cheiraram sede de mudanças. Aliás, mudanças é o que estão nas pesquisas qualitativas. Sobra o Republicanos. E aí começa outra encrenca conciliatória e demarcações de espaços. Há o Novo e o União Brasil. Mas eles, mesmo nanicos, e talvez por causa disso, já avisaram que não querem ser cabrestados por este grupo de empresários. Então…
Se o destino de Paulo Norberto Koerich se afunila e é o PL, começa a busca do vice. E por quê? No PL está plantado o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff. Ele na eleição passada fez 22,21% válidos. Foi uma campanha curta e inesperada. Estranhamente, nem ele próprio acreditava e estava estimulado. Sou testemunha disso. Mas, ao invés de usar este ativo das urnas para apontar soluções aos erros do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PP, ele se escondeu por três anos.
E para piorar, na campanha de 2022 resolveu enfrentar o seu amigo de militância de tempos duros e minguados de votos no PV, tão teimoso e manhoso quanto ele: o deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau. Rodrigo já avisou que não quer ser vice. A conferir. Paulo igualmente. Então que projeto é este? Se os daqui não resolvem, talvez o governador Jorginho Melo, PL, tenha mesmo que meter a colher. Uma pena.
Ivan Naatz, PL, neste momento trabalha para retirar Rodrigo Boeing Althoff das paradas, inclusive numa vice. Ivan veio a Gaspar com um nome seu na manga para ser o candidato a vice do PL de Gaspar para chapa pura. Ivan acaba de ser desmoralizado em Blumenau, onde jurava publicamente até na semana passada, fazendo manchetes, que o prefeito Mario Hildebrandt não se filiaria ao PL. Está filiado. E pelas mãos do governador Jorginho Melo, PL
E por que? Ivan quer ser Desembargador no Tribunal de Justiça. E só será, se o governador indicar, então tem pouco espaço para esticar a corda. E Jorginho Melo, PL, só indicará se o nome do deputado Ivan Naatz, como advogado que foi e é, se ele estiver na lista sêxtupla da OAB. Então Ivan não deveria estar focado em outra campanha correndo o estado para ele não perder esta chance? Cada coisa.
Quem se filia na quarta-feira no PL é o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt (2005/09) com passagens pelo MDB – onde nasceu e foi eleito -, PSB, PPS e rifado no DEM em uma passagem de horas. Bem possivelmente, vai a vereador. Ele esteve no convescote de terça-feira passada. Era o único ex-prefeito presente. Ele mal enfrentou um outro grupo de empresários que mandava e desmandava no MDB. Contabilizou desde então processos, derrotas políticas e experimentou o ostracismo partidário.
Adilson Luiz Schmitt deveria ter discursado e contado sobre experiência dele em querer fazer tudo ao jeito dele, com gente traindo e fungando no seu cangote para os interesses diferentes do que queria e pensava o prefeito para a cidade. Uma pena.
Em um dos discursos, um empresário, citou vários municípios que são modelos de gestão. Entre eles, o de Barra Velha. Cuméqueé? Não está lendo o noticiário? Então em refresco no copia e cola que abundou por aí reproduzo: “Douglas Elias Costa, PL, prefeito de Barra Velha, foi suspenso do cargo por seis meses a partir de determinação do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Ele foi preso na última semana na Operação Travessia, que investiga um esquema de corrupção na cidade”
Não foram ao convescote os candidatos declarados a prefeito da suposta aliança conservadora que se organiza contra o PT e o que está aí com Kleber Edson Wan Dall, MDB, Marcelo de Souza Brick, PP, Ciro André Quintino, MDB e Giovano Borges, PSD: Rodrigo Boeing Althoff, PL, tinha um luto na família; Ednei de Souza, do partido Novo e que disse que os projetos não são coincidentes, bem com o Oberdan Barni, do Republicanos, o que está incomodando todos nas pesquisas até aqui. Também não estava lá os representantes do União Brasil. Sintomático.
A vida como ela é I. No convescote de terça-feira passada uma das conversas que mais circulava era sobre sucesso no crescimento patrimonial aqui, em outras cidades e supostamente, até no exterior, de políticos e gestores públicos. Quando se pediam provas, todos desconversavam. E quem falava isso? Adversários? Nada! Ex-integrantes do núcleo de poder político do poder de plantão. Então, se verdadeiro o que falam, são cúmplices e invejosos. Não denunciaram nada. E nem vão.
A vida como ela é II. Aliás, este tipo de papo só circula e se cria devido à falta de transparência dos envolvidos e diante de evidências visíveis em alguns casos. Em Gaspar que se exibe às claras – como nas redes sociais -, na verdade gosta de um escurinho, corpo fechado nas instituições e muita intimidação para não serem questionados. Às vezes, são gravados…
A vida como ela é III. No mesmo convescote, circulou a informação de que este grupo de empresários já teria me colocado no bolso e me amordaçado via o ex-executivo da Bunge Alimentos, Sérgio Roberto Waldrich, a quem tenho apreço. Isto eles tentam há anos, inclusive com prejuízos pessoais contra mim para benefício deles próprios. Antes da minha aposentadoria há uma longa e cara conta para se acertar. E ela é ética. E pelo jeito começaram errando novamente. E contra a cidade.
A vida como ela é IV. Ora, se não sou lido, não influencio, como todos, sem exceção, afirmam, qual a razão de me amordaçar, intimidar, desmoralizar, causar prejuízos e constrangimentos? Este papo se repetiu num evento privado no final de semana. Nele se mostrou que quase todos continuam misturados, mas que agora querem provar ao povo, separação. Gente incoerente!
O MDB está numa crise de identidade de dar dó. O secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, deputado Jerry Comper, não tem tinta na caneta. Em Itajaí, o MDB vai importar o deputado Federal e presidente do partido, Carlos Chiodini, de Jaraguá do Sul, para ser candidato a prefeito. Em Blumenau, a referência, sepultada a décadas, promete filiar o deputado estadual Egidio Maciel Ferrari, PRD, para ressurgir o partido por lá. Aqui falta nome viável. Em Ilhota, foram buscar o histórico do PP Joel Soares, que estava no União Brasil, para vesti-lo de candidato sucessor do prefeito Érico de Oliveira.
Os pré-candidatos a prefeito de Gaspar já começaram a ocupar seus lugares nos altares, púlpitos, festas de comunidades, rodas de orações e se esbaldando em compra pasteis, churrascos, bilhetes de rifas e rodas da fortuna. foi o que se viu na concorrida festa de São Braz, que abre o calendário deste ano, na pequena Lagoa. Estão em pecado, mais uma vez, como registram suas redes sociais.
O prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, não conseguiu até este dia cindo de fevereiro, retirar – das ruas centrais – e da frente da prefeitura, na praça Getúlio Vargas, a qual enxerga da janela do seu gabinete, a pobre árvore Natal, muito menos domar o capim que toma conta da cidade. De tão ruim, e pobrinha, esta árvore iluminada até ontem à noite será também uma fantasia de carnaval?
Mas, neste meio tempo, Kleber Edson Wan Dall, MDB, conseguiu se articular para ser o vice-presidente da Federação Catarinense dos Municípios e da Associação de Municípios do Vale Europeu, além de oferecer um caminhão pipa a Joinville, que por acidente, teve o tratamento de água interrompido por algumas horas por lá.
Impressionante à falta de prioridade e foco em algo tão banal para a cidade, cidadãos e cidadãs.
A Câmara de Vereadores de Gaspar começa a funcionar deliberativamente amanhã, depois de 45 dias de recesso. Parece mais uma sessão secreta do que uma assembleia dos representantes do povo. Começou bem e ao modo do seu presidente, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP. Nenhuma sinalização no site da Câmara que amanhã será dia de sessão ordinária. E olha que há assessoria, daquelas que vão sendo criadas aos poucos e se tornam uma montanha, para este tipo de transparência à cidade e à imprensa. Nenhuma pauta conhecida até esta manhã no mesmo ambiente do site oficial.
Por outro lado, na Câmara de Gaspar, já estão protocoladas quase 100 indicações só neste ano antes mesmo da primeira sessão ordinária. O que estão nestas indicações? O básico do básico como roçada, tapa buracos, macadamização, patrolamento, caminhão pipa, pintura de faixas, sinalização, recolhimento de lixo, desentupimento de bueiros etc e tal.
Ou seja, um retratado repetido da quase completa ausência da prefeitura na manutenção da cidade. E de onde vem a maioria dos pedidos suplicantes com ouvidos dos vereadores zunindo replicando às queixas povo que está sedento para votar este ano? Da própria Bancada do Amém onde estão onze (MDB, PP, PDT, PSD e PSDB) dos 13 vereadores da Câmara.
Nas diárias, nestas férias da Câmara de Gaspar elas já somam R$3.186,00. Ciro André Quintino, MDB, foi o que mais levou entre os vereadores: R$1.200,00. E entre os assessores, foi Ramires dos Santos, com R$693,00, o que mais precisou de diárias.
Se nada excepcional acontecer até lá, o próximo artigo será na quinta-feira. Acorda, Gaspar!
6 comentários em “MOVIMENTO DE EMPRESÁRIOS GASPARENSES NA TERÇA-FEIRA PASSADA FOI PARA SE VINGAR DE KLEBER E MARCELO; ISOLAR E DEFINHAR OBERDAN E ENCONTRAR UMA FORMA DE SE UNIR PARA ENFRENTAR ZUCHI. A CIDADE CONTINUOU DESPREZADA”
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TAÍ, UMA GUERRA TRANSPARENTE, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo
O ministro do STF Dias Toffoli deu de ombros para a repercussão fortemente negativa à suspensão do pagamento de multas bilionárias da J&F e da Novonor/Odebrecht por corrupção e dobrou a aposta com uma briga para lá de audaciosa: contra a Transparência Internacional (TI), ONG respeitada no mundo inteiro por seu monitoramento justamente da… corrupção. Um escândalo que parecia doméstico agora é internacional.
No Índice de Percepção da Corrupção de 2023, feito pela TI, o Brasil caiu dez posições, para o pior desempenho desde 1995, em 104º lugar entre 180 países. O relatório, que atribui a culpa ao governo Jair Bolsonaro e ao primeiro ano do terceiro mandato de Lula, cita Dias Toffoli nove vezes.
“Talvez os exemplos mais graves tenham sido as ações do ministro Dias Toffoli, que decidiu, monocraticamente e com fortes evidências de conflitos de interesses e outras heterodoxias processuais, sobre demandas que tiveram imenso impacto sobre a impunidade de casos de corrupção que figuram entre os maiores da história mundial”, acusa o documento. Os “conflitos de interesses” seriam porque o ministro foi citado nas delações premiadas de Marcelo Odebrecht, e sua mulher, advogada, atua na defesa do grupo J&F.
Toffoli reagiu usando a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar a TI por suposta apropriação de recursos recuperados pela Lava Jato.
“Ao invés da destinação dos recursos ser orientada pelas normas legais e orçamentárias, destinava-se a uma instituição privada, ainda mais alienígena e com sede em Berlim”, acusou, referindo-se à ONG.
Seguiu-se uma intensa troca de notas, enquanto vinha à tona uma informação constrangedora para Toffoli e importante para a Transparência Internacional: a PGR já tinha analisado as suspeitas de eventuais desvios da TI e concluído que não havia nada de errado. A ONG apenas teria dado consultoria sobre a destinação dos recursos da Lava Jato para projetos e entidades de combate à corrupção.
As decisões de Toffoli, escandalosas desde o início, só pioram. Têm reflexos nos acordos de leniência das duas empresas dentro e fora do Brasil, abriram a porteira para a OAS e outras empresas também pedirem anulação de multas e acabam de virar uma guerra com a Transparência Internacional, despertando a atenção da mídia mundial.
Além disso, o escândalo ocorre na volta do Congresso após o recesso, com as armas voltadas não só para o Executivo, mas principalmente para o Judiciário. E não é que um dos projetos prioritários é para limitar decisões monocráticas, como foram as de Toffoli? Lula e o governo estão calados. Até quando?
O SILÊNCIO DOS CONIVENTES, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo
Muito já se falou, em tom de discordância e espanto, sobre as decisões do ministro Dias Toffoli de anular provas e suspender multas decorrentes da corrupção assumida por empresas envolvidas em negócios escusos com políticos, partidos e governos. As razões alegadas pelo ministro de suspeição dos investigadores e supostos atos de constrangimento ilegal na obtenção das confissões são contestadas pelos fatos, mas as decisões estão tomadas e já produzem efeito cascata.
O que se há de fazer, além de apontar a discrepância entre a realidade dos atos que resultaram em acordos de leniência avalizados por poderosas bancas de advogados e a ficção criada por Dias Toffoli sobre os réus confessos terem sido coagidos? Um deles, aliás, aparece muito à vontade num depoimento, rindo, praticamente confraternizando com os interrogadores.
A sociedade pode pouco, além de se espantar. Mas Judiciário e Executivo podem muito e até agora, curiosamente, não se manifestaram como deveriam no exercício de suas funções. A Procuradoria-Geral da República pode recorrer. O Supremo Tribunal Federal pode submeter o tema ao colegiado. A Advocacia-Geral da União pode questionar o prejuízo ao erário dos bilhões em multas suspensas.
A rigor, as empresas contempladas com a benevolência suprema poderiam pedir a extinção dos acordos de leniência, mas não o fazem para não perder os benefícios dessa espécie de delação premiada para pessoas jurídicas. Conferem, assim, validade seletiva para o acerto firmado com as autoridades suspeitas de coagir inocentes. O pleno do STF tampouco indica disposição de se manifestar para confirmar ou rejeitar a decisão do colega.
E o Executivo? Este olha compassivo a cena sem se importar com a dinheirama perdida nestes tempos bicudos, a fim de não perder a condição de narrador de uma versão que considera inexistentes ilícitos dados como realmente acontecidos mediante excesso de provas.
BRASIL É UMA IMAGEM INVERTIDA DE SINGAPURA, por Marcus André de Mello, no jornal Folha de S. Paulo
No que se refere à corrupção e à democracia, o Brasil é uma imagem invertida de Singapura. À frente da Suécia e da Suíça, no ranking da Transparência Internacional (TI), Singapura é um dos países menos corruptos do mundo. Mas o país não é uma democracia; seu escore no Índice da Freedom House é idêntico ao de Moçambique e Gâmbia. O escore do Brasil é quase o dobro (44 vs 74, na média), mas a corrupção é alta.
A publicação do Relatório Geral da entidade gerou protestos. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, atacou-a: “de transparente só tem o nome”. O governo da Rússia também. O procurador-geral do país emitiu nota quando o relatório anual do ano passado foi divulgado: “a organização é uma ameaça à ordem constitucional e segurança da Federação Russa”. Também Maduro já disparou contra a TI e disse que nenhum outro governo fez mais no combate a corrupção que o seu ou o de Chávez. A Venezuela lidera o ranking da corrupção na América Latina há anos.
Este contraste entre os dois países é contraintuitivo: em geral, assume-se que democracia e percepção baixa da corrupção caminham juntos. Quando há um processo de democratização, há mais exposição da corrupção e, portanto, há um aumento na corrupção percebida, mesmo que a corrupção real aumente, diminua ou permaneça a mesma. (veja um estudo clássico aqui)
Entretanto, no médio ou longo prazo, esperamos que ocorra um efeito dissuasório, pois, com a democracia, há mais transparência, menos impunidade e menos aceitação da corrupção. Se a democracia implica o fortalecimento do Estado de direito, esse efeito levará a um declínio da corrupção, pois os controles eficazes inibem a prática da corrupção.
Mas sim, a democracia (regra da maioria) e governo limpo (onde não há uso de recursos públicos para ganhos privados) podem estar separados. É o que ocorre no Brasil: a intolerância em relação a abusos autoritários e violação de direitos aumentou, enquanto a intolerância com a corrupção diminuiu. O que se observa não é prática direta da corrupção mas o enfraquecimento brutal de seu combate. A OCDE expressou preocupação neste sentido nos últimos anos. O risco é a volta para o equilíbrio secular anterior de impunidade atávica. O futuro está aberto.
Os tribunais superiores refletem esta tensão. O STF enfrentou uma escolha entre controlar abusos de um líder iliberal e apoiar a Lava Jato, como vinha fazendo (como mostrei aqui). Optou pela primeira. A escolha implica a impunidade de malfeitos. Mas a defesa da democracia pode chegar ao ponto de se utilizar meios não democráticos para defender a própria democracia. Uma espécie de tiranofobia seletiva: autoritários serão punidos e democratas corruptos tolerados.
CUSTOS DOS TRIBUNAIS IMPÕE ADEQUAÇÃO À REALIDADE FISCAL, editorial de O Globo
Publicado no final do mês passado, o relatório do Tesouro Nacional classificando as despesas do governo confirma o que se sabe há tempos: o Brasil tem uma das Justiças mais caras do mundo, provavelmente a mais cara. Os tribunais e Ministérios Públicos (MPs) estaduais e federal custaram à sociedade 1,6% do PIB em 2022. Foi a proporção mais alta numa amostra de 53 países. O gasto brasileiro equivale ao quádruplo da média. Em termos absolutos, a Justiça custou perto de R$ 160 bilhões.
Para dar uma ideia da ordem de grandeza da cifra, basta lembrar que a despesa com todas as polícias foi de R$ 114 bilhões. Com serviços de proteção contra incêndios, R$ 8,8 bilhões. Com penitenciárias, R$ 26,3 bilhões. Em pesquisa e desenvolvimento sobre ordem pública e segurança, mirrados R$ 44 milhões. Quando são consideradas as despesas com “ordem pública e segurança” — incluindo a Justiça —, a despesa alcança R$ 311 bilhões, ou 3% do PIB, mais que na América Latina (2,6%) e nas economias emergentes (2,3%).
Associações de classe contestaram a metodologia usada pelo Tesouro para cotejar o gasto dos diversos países. Mas é a mesma adotada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para comparar gastos públicos. Ao mesmo tempo, tentaram justificar a despesa afirmando que o Judiciário brasileiro custa mais caro porque trabalha mais, tamanha a quantidade de temas que, pela Constituição, suscitam recurso aos tribunais. Pode até ser verdade. Há, porém, algo além do excesso de processos que distingue a Justiça brasileira.
Judiciário e MPs gastam sobretudo com salários, e a quantidade de benesses que usufruem juízes e procuradores brasileiros — como férias de dois meses, auxílios e verbas indenizatórias de todo tipo — é única no mundo. Tais “penduricalhos” inflam a remuneração, com frequência para além do teto constitucional, colocando as duas categorias da elite do funcionalismo no centésimo de maior renda no Brasil.
Não se trata de questionar a necessidade de remunerar de modo justo serviço tão essencial e relevante quanto a Justiça. Mas é preciso ter senso de medida. Apenas um exemplo de desconexão da realidade: em 2017, ficou decidido que as licenças-prêmio de 90 dias a que procuradores têm direito — em si um privilégio que deveria ser extinto — poderiam ser pagas em dinheiro. Só esse benefício custou quase meio bilhão de reais aos cofres públicos entre 2019 e 2022 . No ano passado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que juízes também poderiam reivindicar as mesmas benesses dos procuradores. Para não falar nas tentativas de restaurar promoções automáticas a cada cinco anos (quinquênio) e outras iniciativas do tipo.
Estudioso do assunto, o cientista político Luciano Da Ros, da Unicamp e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), creditou em análise de 2015 o “elevado grau” de independência — inclusive orçamentária — do Judiciário e dos MPs no Brasil ao esforço da sociedade na transição para a democracia. É verdade. Mas isso não justifica a profusão de benesses. Juízes e procuradores deveriam entender a realidade de um país com alta dívida pública e social, em que o Estado precisa promover o equilíbrio fiscal para o bem de todos. Os números do Tesouro revelam a urgência dessa discussão.