Atualizado as 12h50min. Morreu o vereador de Gaspar Bornhausen, PDT, aos 53 anos e sem cumprir dois anos do seu primeiro mandato. Entretanto, pelo estrago que fez, parecem que foram anos, de tão forte que foi à sua atuação na Câmara de Gaspar. Parecia um opositor – e de verdade não era – do governo de Kleber Edson Wan Dall,MDB, e de Marcelo de Souza Brick, Patriota -, tanto que, foi o primeiro secretário da mesa diretora da Câmara no ano passado. E não teria sido, se Kleber e seus “çábios – teriam antevistos de que ele não seria exatamente um dos que se ajoelhariam incondicionalmente na Bancada do Amém (onze governistas dos 13 vereadores que incluía o MDB, PP, PSD, PDT e o PSDB).
Amauri NÃO se ajoelhou – mas também nunca foi um crítico oportunista, ou da crítica pela crítica para fazer se aparecer e dar manchetes, até porque a imprensa daqui atrelada às migalhas controladas do governo jamais deu atenção ao Amauri, mesmo sabendo que ele tinha razão e principalmente, provas. Este é o nosso mundo real.
Amauri, não exatamente por falta anatômica de joelhos, que ele não se ajoelhou a Kleber, Marcelo e ao grande esquema de poder, mas por exatamente possui opinião, colocar os interesses da cidade, dos seus eleitores em primeiro ligar ao invés passar a mão e se compor com o governo, no delicioso compadrio político entre os políticos no poder de plantão. Amauri, foi mais oposição – sem sê-la – do que, – sem desmerecê-los – propriamente os de oposição, o escolado Dionísio Luiz Bertoldi, PT, bem como o novato, Alexandro Burnier, PL. Amauri foi autêntico e corajoso. Sabia que – e foi chantageado – de que perderia as suas indicações na estrutura de poder comprometidas. E teve
Há quem esteja chorando e se lamentando. A priori é falso. Principalmente se este “choro”, estas “condolências”, for alguém ligado no governo de Kleber e até mesmo no partido de Amauri, o PDT, onde a primeira preocupação, foi dar posse ao suplente. Não vou escrever sobre a família e religiosidade (católico, ex-catequista pois são coisas dele e de legado), nem sobre o empenhado funcionário público de carreira que foi, reconhecidamente, na secretaria de Obras e Serviços Urbanos, muito menos sobre a progressiva doença de Amauri.
Os valores e a vontade não impediram de ele ser um combatente – contra moinhos de ventos – a favor da cidade, dos cidadãos e cidadãs, mesmo diante da diabetes progressiva, da perda das duas perdas, da falta de vigor físico, de ser cadeirante com restrições de mobilidade, dos problemas coronarianos sérios – e que se agravaram com os incômodos do mandato bem diante da impiedosa pressão dos políticos ligados ao governo – e até a depressão decorrente de tão má sorte. Vou escrever sobre o vereador. E que se dizia ter um papel a cumprir para com a sua cidade.
E por isso, a cada sessão, comprou brigas a favor da cidade e da transparência. Expôs feridas, incoerências e dúvidas do poder de plantão. Enfrentou seus próprios pares. Todos, no fundo, tinham medo, quando ele subia às terças-feiras à tribuna da Câmara para seus discursos e exposições estruturadas, normalmente lastreados de fotos, documentos e quadros comparativos. Tinha uma assessoria engajada, não paga que o assistia além do gabinete. Tinha gente que o alimentava de forma sólida para não o deixar com o “pincel” na mão, e abalar o que ele o mais prezava: a sua credibilidade.
Na minha vida, feita em parte em acompanhar os políticos gasparenses e isso desde o início dos anos de 1980, nunca, repito, nunca vi um vereador com tanta autenticidade e tenacidade como Amauri Bornhausen.
Algo parecido tinha Andreia Simone Zimmermann Nagel, sem partido, ao tempo de Pedro Celso Zuchi, PT. Mas, ali ela era provocada e aflorava não só os erros administrativos, mas o instinto ideológico. com Amauri, o ideológico não fazia parte do seus discurso e das suas queixas
Amauri surpreendeu a cidade em outubro de 2020 . Recebeu 1.059 votos. Foi o terceiro mais votado. Só Franciele Daiane Back, PSD, conseguiu 1.568 e Francisco Hostins Júnior com 1.070 e o superaram. Os demais dez, e até famosos como Ciro André Quintino, Francisco Solano Anhaia, ambos do MDB e José Hilário Melato, PP, atrás dele. Para se ter ideia, dos 2.537 votos dados ao PDT naquela eleição, e sendo 62 em legenda, 42% foram em Amauri. Um parêntesis: Amauri em 2016 já tinha concorrido a vereador pelo PP, onde foi abafado: conseguiu então, 459 votos.
Retomando.
O primeiro suplente, que agora assume no lugar de Amauri, o que era afamado na cidade e sempre empregado em cargos comissionados, Roberto Procópio de Souza (é hoje o coordenador do Procon em Gaspar), fez 585 na reeleição e o terceiro suplente, Jader Pereira, 247. Resumindo: se o PDT possui uma cadeira na Câmara de Gaspar, é foi pela votação dada à votação ao Amauri. E o PDT não entendia isso. Boicotava e praguejava Amauri, conforme me confidenciava o vereador rotineiramente, pedindo-me off não só nisso, mas principalmente nas mazelas que comprovava e que fundamentava no enfrentamento a Kleber, Marcelo e o governo do qual, no fundo, era parte. Queriam-no um boneco, um calado, um sem vida sempre dizendo Amém aos erros do governo de Kleber, ou pasmem, queriam-no até mesmo fora da Câmara exatamente por ter voz. Esta é a real política em Gaspar.
E por quê?
Como cidadão, como vereador, como representante do povo da sua cidade, Amauri não entendia a razão pela qual o governo Kleber fingia fazer drenagens e deixava, por exemplo, bairro Sete de Setembro debaixo de água, numa lagoa que se forma, permitindo-se aterro ao redor do bairro para milionários interesses imobiliários e de gente que influi, manda e desmanda no governo Kleber.
Amauri não entendia por que se tampava cursos de água que afetava bairros como o Santa Terezinha e Bela Vista, não entendia como escolas precisavam de lonas para tampar os telhados e tudo isso nas fuças de vereador do bairro que está obrigado a defender e proteger o governo de Kleber e Marcelo e não exatamente os filhos dos cidadãs e cidadãos; não entendia a falta de vagas de creches com tantos equipamentos disponíveis ou facilmente adaptáveis (lembre-se que ele trabalhou na secretaria de Obras)
Amauri não entendia por que com tantos prédios públicos municipais abandonados, o governo insiste em pagar aluguéis em outros; não entendia como um curioso na área de educação vindo de Blumenau para se empregar aqui em vaga meramente política, para aparecer, resolveu achincalhar o mais antigo e exemplar educandário público dos gasparenses, o Honório Miranda – onde estudo e a maioria dos gasparenses -, e principalmente, nunca entendeu a razão de tanta gastança e a rodo, sem transparência alguma, do Hospital de Gaspar, não se transformava em atendimento e salvamento de vidas de pessoas daqui, e principalmente, mais uma vez, para as que mais precisavam sejam na dor, na emergência ou na vulnerabilidade social.
Aliás, este – e o do secretário de Educação, indicação do deputado Ismael dos Santos e da igreja neopetencostal – foi o principal ponto de atrito dele com o grupo que Kleber domina ou que é dominado, somados aos secretários de Saúde.
Eles tinham Amauri como um demônio a ser parado, exorcizado. A doença e o coração de Amauri pararam primeiro. A documentação que Amauri deixou, e espalhou, que relatam uma espantosa manipulação de números e narrativas, se as autoridades tiverem o mesmo espírito de Amauri, os demônios continuarão habitando as mentes dos envolvidos, o imaginário dos políticos e a curiosidade da cidade.
Entre a multidão que foi se despedir de Amauri sob calor além da conta de segunda e terça-feira, nem todos que transpiravam, lamentavam e choravam faziam isso de verdade. Impressionante. Apesar da dureza nas cobranças contra o mau uso do dinheiro público, o cidadão, era uma pessoa alegre, comunicativa e contagiosa como mostra o vídeo. Nem parecia doente e limitado na mobilidade. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
A última do Amauri Bornhausen, PDT, acamado, mas mesmo consultado, não assinou o documento que vai aumentar de um para dois assessores permanente nos gabinetes dos vereadores de Gaspar, que já contam com estagiários. Outro que não assinou ainda, foi Dionisio Luiz Bertoldi, PT.
A coleta de assinaturas é do mais longevo dos vereadores José Hilário Melato, PP, o que ampliou o número de vereadores de onze para o atuais 13 e o que criou os assessores dos vereadores.
4 comentários em “MORRE AMAURI BORNHAUSEN. SILENCIA-SE UMA VOZ DO MAIS LEGÍTIMO REPRESENTANTE DO POVO E QUE O GOVERNO KLEBER ODIAVA. A BANCADA DO AMÉM SE FORTALACEU”
SURURU NA ECONOMIA, ROLO NA POLÍTICA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo
Luiz Inácio Lula da Silva pode até conseguir aprovar o aumento de gastos previsto no pacotão da PEC. A votação ficou para terça-feira que vem e ainda não há acordo sobre como vai ficar a emenda. Se aprovada a PEC, mesmo aos trancos e barrancos, seria uma demonstração de força política. Mas força muito provisória. Além do mau começo econômico, há desarranjo político.
Diz-se que a PEC enroscou porque Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, estaria cobrando muito caro pela aprovação da emenda, em termos de cargos para si e seu grupo. Pode ser. Mas se ouve de muito mais gente o ranger de dentes pela falta de promessas firmes de lugar rendoso no governo Lula 3
Talvez mais importante, causa problema a indefinição de quais serão as regras de distribuição de emendas de relator, o dito orçamento secreto, e do dinheiro que de fato haverá para distribuir por estes escaninhos em 2023.
Não há cargos bastantes e talvez nem dinheiro, mesmo com o pacotão de pelo menos R$ 145 bilhões da PEC. Tem deputado que diz ser “inacreditável” a história de que pode não haver Orçamento suficiente para pagar emendas —história que diz ter ouvido de lulistas.
Para piorar, reclama-se da falta de um “ministro político”.
“Tem o Lula e muita gente falando, mas ninguém sabe qual é a decisão, quem fecha acordo e fica responsável por pagar a conta”, diz um deputado relevante. A queixa vai do aliado MDB a parte de partidos da coalizão bolsonarista que quer vaga no novo governo, passando pelo União Brasil.
O sururu vai além, pois até cacique partidário vaza por aí que, se Lira quer reeleição, precisa partilhar parte do butim que o presidente da Câmara levaria com a aprovação da PEC.
Sem acordo sólido, aliás muito difícil antes da posse do novo Congresso, de algumas nomeações para o ministério e de arranjos de poder no comando do Congresso (comissões principais etc.), é fácil ouvir de parlamentares que não vale a pena dar a Lula dois anos de “licença para gastar”. Ainda que se aprovem PEC e Orçamento neste ano, “a luta continua” e, pior, pode haver tensão até na reeleição de Lira. Curiosamente, faz duas semanas, não era esse o clima em relação a PEC. Agora, até a vergonha da mexida na Lei das Estatais, de interesse de Lula e do Congresso quase inteiro, está na dança.
As dificuldades com a PEC eram tamanhas que, nesta quinta-feira, discutia-se até qual gambiarra legal inventar para garantir, ao menos, o pagamento do Bolsa Família de R$ 600, o que é pouco, pois há outras emergências. Não é dinheiro que justificasse gasto extra de R$ 145 bilhões ou até quase R$ 169 bilhões, como está na PEC, mas o governo, dadas as despesas obrigatórias, está no osso e parte da administração federal pode emperrar sem algum alívio orçamentário.
Em resumo, os problemas se embaraçaram: cargos, indefinição sobre emendas de relator, reeleição de Lira, falta de clareza de onde virão os fundos para as emendas, montagem de coalizão e o fato de o comando político de Lula 3 apenas ter sido quase oficializado agora. Alexandre Padilha deve ir para a Secretaria de Governo, sendo o negociador oficial do Planalto, com Jacques Wagner (PT-BA) na liderança do Senado e José Guimarães (PT-CE) na Câmara.
Quanto às emendas de relator, afora falta de entendimento da divisão do butim pelo Congresso, com porcentagens estritas, vai ser preciso esperar a decisão do Supremo sobre o assunto. Ficou para a semana que vem, até porque ainda vai haver essa coisa esdrúxula de negociação de ministros do STF com líderes do Legislativo.
RETROCESSO COM A MARCA DO PT, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
O PT não entendeu nada quando o governo de Fernando Henrique Cardoso propôs a criação das agências reguladoras. Fez ferrenha oposição. O partido de Lula via nessas autarquias apenas uma diminuição do poder do Executivo, sem compreender que elas fortalecem a capacidade do Estado de assegurar serviços públicos de qualidade à população. Se alguém tinha alguma dúvida sobre isso, a pandemia de covid-19 sob a gestão de Jair Bolsonaro escancarou a importância de ter, por exemplo, uma Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) forte e independente.
Agora, Lula e o seu partido dão mostras de que também não entenderam nada a respeito da Lei das Estatais. Veem as restrições fixadas pela Lei 13.303/2016 como meros mecanismos de criminalização da política. Na terçafeira, a bancada do PT na Câmara apoiou em peso a flexibilização da Lei das Estatais, que altera, entre outros pontos, a quarentena de quem tenha atuado em campanha eleitoral para assumir cargo de administrador ou conselheiro de empresa pública ou sociedade de economia mista. O prazo atual é de três anos. A proposta reduz a quarentena para 30 dias.
Pelo visto, Lula, que se considera tão hábil articulador político, não se deu conta de que as flexibilizações aprovadas de supetão na Câmara não fortalecem seu governo. Elas fazem precisamente o contrário, abrindo espaço para o apetite do Centrão, que terá mais postos a exigir na estrutura da administração federal. Na votação de terça-feira, a Câmara dos Deputados também reduziu de 3 anos para 30 dias a quarentena para indicações a agências reguladoras.
De fato, a Lei das Estatais foi aprovada num cenário político específico, após os escândalos revelados pela Lava Jato. O País estava enojado com o que o PT e outros partidos tinham feito com as estatais e as empresas de capital misto. Era preciso dar um basta àquela farra envolvendo loteamento político de cargos nessas empresas. O remédio foi ampliar a distância entre a política e esses cargos, estabelecendo, entre outros pontos, quarentenas e requisitos mínimos de experiência e de competência.
No entanto, a Lei 13.303/2016 não é mero fruto da Lava Jato, como se, transformadas as circunstâncias políticas, fosse necessário também, imediatamente e sem maiores reflexões, mudar a Lei das Estatais. Ela é um marco jurídico importante, que protege a missão e o bom funcionamento das empresas públicas e de capital misto. Não foi uma resposta imediatista a pressões da opinião pública, mas resultado de amplo estudo sobre a realidade brasileira e as melhores práticas internacionais. Nesse sentido, a flexibilização da lei aprovada na Câmara é diametralmente oposta ao discurso petista de valorização das estatais.
Relator do projeto que deu origem à Lei das Estatais, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) qualificou a mudança em curso no Congresso de “retrocesso histórico na vida das estatais brasileiras rumo à República das Bananas”. Alertou ainda para o fato de que a flexibilização deixa a “porta aberta para todo tipo de coisas não republicanas”. Certamente, uma vez aprovada a alteração, o Centrão terá muito mais a pedir ao presidente eleito, por exemplo, na negociação da PEC da Transição. A estimativa é de que, com a mudança da Lei 13.303/2016, duas centenas de cargos em estatais e agências reguladoras estarão disponíveis a políticos.
A confirmar que a flexibilização almejada está longe de representar um aperfeiçoamento da lei – é escancarado desmantelamento de sua finalidade –, o texto aprovado pelos deputados também aumenta de 0,5% para 2% da receita operacional o limite das despesas com publicidade e patrocínio de empresas públicas e de capital misto. Essa liberação de publicidade “não é um jabuti”, e sim “um elefante colocado e pendurado na árvore”, como disse Tasso Jereissati. “Estranhíssimo ter entrado neste momento.”
Loteamento político não fortalece nenhum governo. Antes, deixa-o refém moral e politicamente. Pelo visto, Lula não se importa de ter isso desde o início do seu terceiro mandato. Não é um bom começo.
A semana começou muito mal para a sociedade gasparense, não a da elite, mas a do POVO.
Perdemos o nosso grande ALIADO na busca de SOLUÇÕES para os problemas da gente mais humilde da nossa cidade e eu me incluo nessa faixa.
Eu via no Vereador Amauri um guardião, um anjo bom em defesa da nossa gente tão sofrida e maltrata pelos gaviões OMISSOS dos podres poderes.
A única coisa que me conforta é saber que ele foi pra junto de Deus com muitos créditos e que não tardará o dia da sua volta.
Que a vida conforte a família e os amigos verdadeiros nessa hora tão difícil.
Até breve meu querido amigo 🙌🌈🌟
O GRANDE DIA DO MINISTRO, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
A cerimônia de diplomação de Lula, na segunda-feira, foi o grande dia do ministro Alexandre de Moraes. À sua firme presidência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o país deve a preservação da ordem democrática e da dignidade do Poder Judiciário. Tanto ele como Lula rememoraram a agressividade criminosa que acompanhou a campanha. Ambos sabem muito e usaram adjetivos fortes para deixar em segundo plano revelações constrangedoras. Um dia se conhecerá o diálogo que manteve com o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal na tarde do segundo turno, quando bloqueios dificultavam o deslocamento de eleitores no Nordeste. Dele, até agora, só se ouviu que não lhe ofereceu café.
Ficando num só episódio, visto na noite de 30 de outubro: anunciado o desfecho, a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), comemorou a lisura do processo. Era um recado para quem queria manter as falsas polêmicas dentro dos limites do TSE. Falava a presidente do STF. O Poder Judiciário garantiu o processo eleitoral de 2022 com uma conduta que, como lembrou o ministro, poderá impedir futuras investidas golpistas.
Jair Bolsonaro tem razão quando diz que governou dentro das quatro linhas da Constituição. Falta-lhe dizer que isso se deveu à firmeza do Judiciário, a quem deliberadamente insultava.
Além de ser um magistrado de grande coragem pessoal, Moraes é um servidor formado no Ministério Público com experiência no aparelho policial. Ele foi secretário de Segurança de São Paulo e gostou da função. Conhece as pressões dos inquéritos e o desconforto das camas nas carceragens. Essa característica habilitou-o para apertar com sincronismo os botões da coerção e da jurisprudência.
Nomeado por Michel Temer, Moraes caiu na presidência do TSE por um afortunado rodízio. Se no seu lugar estivesse um dos ministros nomeados por Lula ou Dilma Rousseff, a batalha teria sido mais áspera. Antes dele, a cadeira era ocupada por seu colega Edson Fachin, um juiz severo, com mais gosto pelas doutrinas que pelos camburões. Deve-se a Fachin o traçado da linha de defesa das urnas eletrônicas. Como Moraes, um dia ele contará o trabalho que essa defesa lhe deu.
Moraes combateu em várias frentes. Defendeu as urnas eletrônicas, enquadrou plataformas disseminadoras de mentiras e, depois do resultado, dissolveu bloqueios de caminhoneiros estimulados por empresários. Nenhum desses embates foi simples. Os gestores das grandes plataformas entravam no seu gabinete com a pompa dos balanços de suas empresas e saíam preocupados com o tamanho do bônus no fim do ano. A qualquer momento ele poderia ficar na posição do magistrado que fala da lei, enquanto seu interlocutor acredita que é fácil fechar um tribunal. Esse tipo de personagem viu-se obrigado a lidar com um magistrado que sacode códigos com uma das mãos e chaves (de celas) com a outra.
Falta aplicar os rigores da lei aos irresponsáveis que se barricaram, bloquearam estradas em diversos estados e incendiaram ônibus em Brasília, bem como aos senhores que os incentivam no conforto de suas salas.
Alexandre de Moraes foi a pessoa certa no lugar certo, na hora necessária.