Hoje, eu saio um pouco da minha aldeia, mas o comentário tem tudo a ver com ela onde o partido se esfacela e tenta se justificar com recados não específicos enunciados filosofia de quem quando por cima da carne seca preferia a humilhação.
O espelho que está pendurado na sala de visitas do MDB de Gaspar já não reflete os que se olham nele. A verdade que tudo muito se parece com seu confuso e dramático entorno catarinense, onde as carpideiras fora do partido, partido que já estiveram, e usufruíram como poucos, até se plantam meme que se nega quando descoberto. Inacreditável molecagem.
E as mudanças primárias, parciais e atrasadas empreendidas no governo de Kleber Edson Wan Dall na segunda-feira – das quais ainda não vou escrever hoje – JÁ SÃO passos permitidos pela ausência da antiga referência do partido por aqui, o ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca. Quem tiver outra explicação, mente.
E as coincidências?
A novela nada romântica do MDB de Santa Catarina pode, repito, pode, ter um desfecho o na próxima segunda-feira, segundo o presidente estadual do partido, deputado Federal Celso Maldaner (foto acima). Coincidentemente, um dia antes é o Dia dos Namorados. Dia, 13, é dia de Santo Antônio; pela tradição da Igreja Católica, é o “santo casamenteiro”.
Maldaner, fez uma nota oficial no final de semana para acalmar alguns nervosinhos do partido, depois que dele próprio ter baixado à guarda, e admitido de que o partido caminhava para compor e apoiar à reeleição do governador, Carlos Moisés da Silva, Republicanos.
Esse ajuntamento de salvação – e é ainda – o desejo de uma maioria, principalmente a base parlamentar que quer preservar a força na Assembleia, seja qual governo for eleito neste outubro. Se expressiva -quer ser de seis a nove deputados -, terá papel de barganha decisiva. Esta é a especialidade do MDB nas últimas décadas, não só em Santa Catarina.
Mas, o MDB deixa escapar de que está em acelerada fraqueza. Maldaner teimou na nota em reafirmar que o “glorioso MDB” é “o maior partido de Santa Catarina”. Bobagem. E das grandes.
Ora, se o MDB realmente é o maior, tem mesmo que colocar o bloco na rua, ter candidatura própria e passar a vergonha que passou em 2018, quando nem chegou ao segundo turno com o presidente do partido de então e deputado Federal, Mauro Mariani. “Glorioso” de verdade, é o passado do partido em Santa Catarina. Isso sim é indiscutível. É história. É memória. Sem retoques.
Celso sabe que O MDB de hoje já não é o “maior partido”, muito menos, “glorioso”. E que essas qualificações que ele as usa reiteradamente, soam com o piada, até dentro do próprio MDB. E faz tempo.
É é por esse comportamento avestruz, que partidos, empresas, instituições, famílias, poderosos e tantos outros coletivos, acabam sendo engolidos pelo aquilo que não respeitaram no seu próprio darwinismo. O vencedor é aquele que se adapta, não quem gasta energia com aquilo que já não faz mais sentido, não é percebido e não mais sensibiliza.
O MDB foi, indiscutivelmente, um partido protagonista na vida política Barriga-verde e dos catarinenses. Mas, não é mais. Simples assim. Nem mesmo, a eleição de seu último grande ícone como governador, o blumenauense Luiz Henrique da Silveira e que fez toda a sua vida em Joinville, o MDB pode ir sozinho. Fez alianças. Cedeu. Perdeu anéis.
E as viúvas políticas de LHS não tomaram sequer isso como lição para se reagruparem, rejuvenescerem e se fortalecerem. Afinal um líder emociona, inspira, conquista e entrega comprometimentos. Os de hoje, querem apenas o trono, a coroa, o reinado e se vingam. Meu Deus!
Articulado e pragmático, o ex-presidente nacional do partido e no tempo em que o MDB ainda era uma referência nas decisões nacionais, ministro da Ciência e Tecnologia, deputado e senador, Luiz Henrique, sabia onde estava se metendo, agrupou forças do expecto conservador ao progressista. Tinha uma espada.
E para que todos tivessem chances, criou até as tais secretarias regionais para com o dinheiro de todos nós, empregar políticos decadentes e sem votos em todas as regiões do estado.
Essa nova geração de emebistas que está aí, não sabe nem o que é ser líder e nem consegue sequer colocar um laço de gravata na gola frouxa da camisa desengomada e mal passada que veste. Parecem Dâmocles.
O mundo político no Brasil mudou e por culpa dos próprios políticos que permitiram à multiplicidade insensata de partidos. Eles enfraqueceram, exatamente, os “gloriosos”, “os maiores”, naquilo que era essencial a eles como partidos: a convergência ideológica interna, a divergência necessária com adversários fortes e estruturados, o contraponto obrigatório, o exercício da articulação mínima e mitificação do seu líder natural.
Este processo de deterioração enfraqueceu os próprios partidos, seus líderes – que não lideram nada mais – e aumentou apenas a capacidade de negócios de curtíssimo prazo entre eles, sem que a sociedade, fosse a fiel, fiscal e real beneficiária disso tudo.
Os cidadãos e cidadãs só foram chamados a pagar a conta, a farra, como os bilhões de Reais que vão se gastar nas eleições deste ano.
Em Santa Catarina o único dinossauro vivo e filhote do bipartidarismo criado pela ditadura militar de 1964 é Esperidião Amim Helou Filho, PP, o nascido na política como prefeito biônico de Florianópolis em 1975. Ele estava na Arena.
E se ele ainda é uma, digamos, espécime rara, é muito por conta da sua coerência, e num partido que foi se auto-mutando até chegar ao PP de hoje e que também se desgringolou muito para ter figuras questionáveis do Centrão alojadas nele.
A fidelidade partidária de Esperidão e – pode-se afirmar ideológico pois seu pai foi vereador eleito pela UDN – é maior que a PP. E no dia em que Amim sair da cena política, o PP também irá embora em Santa Catarina – e quase já foi com João Alberto Pizzolatti Junior -, como foi, o icônico PFL quando Jorge Bornhausen preferiu “curtir a vida”.
Ah, e o PSDB. De verdade? Nem existiu por aqui. Mesmo nos tempos áureos de Fernando Henrique Cardoso.
E o que tem a ver Dâmocles e Dionísio?
Para os que não conhecem, Dâmocles, era um cortesão bastante bajulador na corte de Dionísio I de Siracusa – um tirano do século 4 A. C, na Sicília. Ele dizia que, como um grande homem de poder e autoridade, Dionísio era verdadeiramente afortunado. Então, Dionísio ofereceu-se para trocar de lugar com ele apenas por um dia, para que ele também pudesse sentir o gosto de toda esta sorte.
Assim, à noite, um banquete foi realizado onde Dâmocles adorou ser servido como um rei e não se deu conta do que se passava por cima de si. Somente no fim da refeição ele olhou para cima e viu uma espada afiada suspensa por um único fio de rabo de cavalo, diretamente sobre a sua cabeça.
Imediatamente perdeu o interesse pela excelente comida e pelas belas mulheres ou eunucos que o rodeavam e abdicou de seu lugar dizendo que não queria mais ser tão afortunado.
Encerrando: os partidos de hoje estão cheios de Dâmocles. Se fartam, mas até enxergar o fio da espada e saber que está suspensa por um fino fio de cabelo de rabo de cavalo.
TRAPICHE
Este escândalo envolvendo as milionárias diárias do pessoal de gabinete do deputado Jerry Comper, MDB, não nasceu de graça.
É uma advertência do que está por vir e poderá pegar outros graúdos da Alesc. E ela vem estranha e exatamente no ano e próximo as eleições.
Este caso – nascido no Ministério Público – é emblemático por dois aspectos. O primeiro é do deputado em si e vindo de Ibirama.
Jerry mais do que qualquer outro não pode dizer que foi envolvido por um chefe de gabinete esperto, ou desatento, ou por tramas das burocracias próprias da Alesc que engoliram seus assessores que diziam estar viajando e não estavam.
Jerry era um burocrata experimentado que conhecia – e deve ainda conhecer – bem a fundo esse meandro de oportunidades na Alesc.
Ele, simplesmente, foi o chefe de gabinete do deputado e ex-presidente da Assembleia, Aldo Schneider, MDB. Pegou – no voto – a vaga Aldo, morto por um câncer, com o tal “Jerry do deputado Aldo”. Será que Jerry assinava esses relatórios de viagem sem vê-los?
O segundo. Por aqui, soma-se uma outra coincidência nada agradável e de há muito tempo para o próprio Jerry, o que tem micro-ônibus para levar eleitores a Florianópolis, a pretexto de conhecer a Alesc e o gabinete do deputado.
Seu cabo eleitoral exclusivo em Gaspar é o vereador Ciro André Quintino, MDB, que se notabilizou por ser o campeão de diárias na Câmara. A maioria delas, exatamente para ir a Florianópolis falar pessoalmente com o deputado quase todas as semanas.
Aposentadoria? O deputado Federal, Rogério Peninha Mendonça, MDB, anunciou que não iria mais a reeleição. Deixou transparecer que ficaria descansando em Balneário Camboriú.
Parece que desistiu de descansar. É que está mandando recados de que quer uma vaga de senador nas composições do MDB com o governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos. O pessoal do MDB está entendo que ele aceita até a de suplente.
Canarinho na muda não canta. Leitores e leitoras atentos da coluna, observam-me que mulheres de políticos, parentes de políticos no poder de plantão que viviam nas redes sociais se exibindo na soberba, tomaram um chá de sumiço.
Hoje é dia de chororô, lágrimas de crocodilo, adoração e até indisfarçável alegria por parte de gente do próprio entorno nas despedidas na Câmara de Gaspar dos vereadores Franciscos (Hostins Júnior e Solano Anhaia), ambos do MDB. Acorda, Gaspar!