A saída do prefeito de fato, presidente do MDB de Gaspar e ex-titular da secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, criada e talhada para ele na cara Reforma Administrativa aprovada na Câmara em 2017, Carlos Roberto Pereira, já começa a produzir efeitos. E bons para Gaspar, os gasparenses e para a transparência.
Mas, não totalmente. Explico aqui, e principalmente em outro artigo.
O interino da pasta, Jorge Luiz Prucínio Pereira, presidente do PSDB, e que é o titular da chefia de Gabinete do prefeito reeleito, Kleber Edson Wan Dall, MDB, deixou à papelada de lado, à arrogância impregnada no governo pelo estilo Carlos Roberto e ele próprio foi à Câmara. Fez bem!
Diante do prefeito que levou a tiracolo, deu explicações – estranhamente, como salientou, em nome na bancada do governo e não do próprio governo – sobre o “novo” empréstimo de R$30 milhões que se quer ver aprovado na Câmara.
Esse “novo” empréstimo começava a criar ruídos na cidade, inclusive na própria Bancada do Amém, a que em tese, tem onze dos 13 vereadores.
O que é bom e louvável? A mudança de comportamento.
O que é ruim e deplorável? A enrolação, e principalmente às queixas nas redes sociais do secretário interino de que ele tem que trabalhar para explicar aos fiscais do povo, o que faz e como faz o prefeito com o dinheiro do povo, em favor do povo. Cada coisa!
Jorge Luiz antecipou a resposta ao requerimento de esclarecimento de mais este empréstimo. O requerimento é dos vereadores Alexsandro Bunier, PL; Amauri Bornhausen, PDT e Dionísio Luiz Bertoldi, PT. Eles queriam saber onde estavam aplicados os R$206,600,00 de empréstimos já aprovados na Câmara e a razão destes mais outros R$30 milhões. Simples assim.
Primeiro, ficou claro que não se tratam de “novos” R$30 milhões, mas à substituição de R$30 milhões que ficaram inviabilizados pelo uso de R$60 milhões de mesma linha da Caixa Econômica. Ou seja, no fundo, conforme as explicações do secretário interino, continuarão o mesmo total de R$206,6 milhões autorizados.
Segundo: é preciso conferir tudo isso e colocar no texto da lei.
E por quê? No Projeto de Lei não está escrito, em nenhum lugar que se trata de uma substituição, seja no bojo da PL, seja nas suas justificativas. Ou seja, se não é um erro formal na proposta, faltou transparência mais uma vez. Cheira à uma tentativa de burlar o que não se quer explicitar na Lei.
Provou-se, mais uma vez que os vereadores fizeram a coisa certa e o prefeito Kleber, via o seu secretário interino, o presbítero Jorge, correram para esclarecer daquilo que o ex-titular não fez corretamente.
Outro ponto foi a enrolação que Jorge fez sobre o questionamento naquilo que Amauri Bornhausen, PDT, em tese da Bancada do Amém, pessoalmente quis ver esclarecido.
É que recentemente, os vereadores tiveram que passar a pedido do prefeito, R$300 mil do Orçamento destinados para a Educação Infantil à rubrica do Ensino Fundamental. No “novo” empréstimo, está lá que R$2,5 milhões vão para a Educação Infantil, que semanas antes, Kleber garantia aos vereadores tinha dinheiro sobrando e o transferiu para outra área.
O que de verdade a oposição, a qual, praticamente, restringe-se ao vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, é que o prefeito e sua turma, orientados pelos “çábios”, teme? Que se encham linguiça, dourando-a para discurso à população desinformada, constrangendo-os mais uma vez a votar favoravelmente ao projeto, sem explicações, e na hora da verdade, façam a dança dos números nos rotineiros remanejamentos de verbas.
O governo de Gaspar é bom na marquetagem, mas ruim na efetivação dela. Diz que a Receita está bombando. Entretanto, Jorge – sem máscara facial em lugar que se exige essa proteção a todos – se justificou que pode usar apenas de cinco a seis por cento das Receitas próprias para investimentos e que isto lhe dá apenas R$14 milhões. Ou seja, a Receita não está bombando tanto assim.
A outra “informação” é que só tiveram autorizados R$206,6 milhões num limite de R$321,2 milhões. Por outro lado, só conseguiram contratar R$72,6 milhões e efetivamente só usaram até agora R$69,3 milhões. É ou não muito número para pouco resultado efetivo?
Ou seja, tanto auê e desgastes que infligem aos vereadores que lhes questionam – e estão na função constitucional de fiscalização – para dizer que tudo isso aconteceu porque a Lei de Responsabilidade Fiscal não permite que se tome o montante de empréstimos que se aprovou.
A bem da verdade é: não há estrutura orgânica na prefeitura para elaborar projetos e executá-los na proporção que se propagandeia. Esta é a realidade. Gente boa, mas de bico.
E para encerrar este comentário, pois terá mais outro, o governo de Kleber e de Marcelo de Souza Brick, PSD, que vive em Brasília comendo diárias, é ruim de relacionamento e de se trazer verbas sem ônus para Gaspar. Orgulha-se de emendinhas parlamentares que em média giram em torno de R$300 mil.
E para isso, basta comparar com Pedro Celso Zuchi, PT. E só faço isso, porque foi o preposto de Kleber que provocou.
O primeiro número foi dado pelo próprio Jorge. Saiu da manga para dizer que não é só Kleber quem pega empréstimos: Zuchi tomou R$28 milhões. Kleber até agora R$72,6 milhões dos 206,6 milhões que já aprovou e pode ir até R$321,2 milhões. Até nisso, o governo marqueteiro dá tiros no próprio pé. E traz à tona realidades que lhe cria desvantagens.
O segundo, são as comparações. Elas mostram a fraqueza política e à falta de influência de Kleber no mundo político de Brasília para não endividar a cidade e os cidadãos, pagadores de pesados impostos.
O que já se autorizou de empréstimos é quase cinco vezes o que o ex-prefeito Zuchi conseguiu sem ter que devolver um tostão para Brasília para construir a Ponte do Vale dobre o Rio Itajaí Açú, com 360 metros de extensão e pista duplicada etc e tal. Ou, nove vezes a mais do que Zuchi tomou emprestado e que terá que ser pago até 2035.
E depois sou em quem exagero. Essa gente no governo entende de marketing eleitoral, e vive em campanha permanente. Quando confrontada com a realidade dos números, tem certeza que eu sou um problema e devo ser calado. Acorda, Gaspar!