Escrevi no título do artigo de sexta-feira e que circulou já na quinta, porque estou com dificuldades de produzir o mínimo de três artigos por semana até dez de junho, que a campanha eleitoral deste ano em Gaspar já tinha começado extraoficialmente e não era ética. Verdadeiramente, perguntar, não ofende: quando mesmo elas foram éticas entre nós?
E o grupo de empresários que elegeu Kleber Edson Wan Dall, MDB e até mesmo esteve nas coxias por várias vezes com Pedro Celso Zuchi, PT, sentiu o bafo do prefeito Kleber, dos que estão no poder de plantão se agarrando nele com a esperança de continuar na barrosa com Marcelo de Souza Brick, PP. E o torpedo contra a candidatura do novo queridinho da turma de empresários e parte do PP, o delegado Paulo Norberto Koerich, PL, veio carregado de segundas intenções e para gerar mais confusão entre os eleitores.
E por quê? Estão claras que embutem de questões de sobrevivência, autoproteção, recados, avisos de negociações e tréguas para o futuro de Kleber e sua gente se eles perderem a corrida pelo paço municipal. Nem mais, nem menos.
O “AMIGO” “DO EX-PRESIDENTE
Retomando.
E o que fez na semana passada o prefeito Kleber (como vice da Fecam – Federação Catarinense dos Municípios), ajudado, principlamente pelo prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira, PL (presidente da Fecam), seu cicerone no reduto bolsonarista da Capital Federal? Gravou um vídeo, onde o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, aparece todo pimpão, bem a vontade e até sorrindo. Kleber usou como bengala de aproximação, a Lei que Bolsonaro assinou – depois que o Congresso aprovou – e tornou Gaspar a “Capital Nacional da Moda Infantil”, uma invenção de políticos, aliás nada conservadores.
Esta “Capital Nacional da Moda Infantil” depois de quase três anos assinada por Bolsonaro ainda não se materializou por aqui. Já o vídeo de Bolsonaro e Kleber, todavia, inundou, imediatamente as redes sociais. Gol de Kleber para o seu vice Marcelo, desalojado do PSD e Patriota, recusado no PL abrigado emergencialmente no PP. Supondo que Bolsonaro não faz parte da trama, ele fou usado apenas causar confusão na cabeça do eleitor e eleitora. Bolsonaro, é disputado pelo PL, agora por Kleber para Marcelo e já era, no discurso por Ednei de Souza, no Novo.
Coincidentemente, todos sem planos claros prioridades e de mudanças para Gaspar. Então, eles emprestam a imagem de Bolsonaro como tábua de salvação para suas campanhas. O único que até agora desse meio conservador que disse publicamente – e vem até publicando a respeito disso na mída local – que fará diferente do que está aí, é Oberdan Barni
Vamos adiante.
O que irritou – ou magoou – os bolsonaristas do PL daqui? No vídeo da semana passada com Kleber, Bolsonaro estava solto, sorridente. Coisa que não aconteceu nas duas “sessões de fotos e filmagens” arrumadas com Bolsonaro em Balneário Camboriú e São José, pelos empresários gasparenses apoiadores da causa para a participação do delegado Paulo e o vice dele, Rodrigo Boeing Althoff, também PL. Nada interativo formal entre Bolsonaro e os pré-candidatos do PL de Gaspar. O que se pinçou da informalidade e rodou as redes sociais, foram reações xenofóbicas.
O presidente do diretório do PL de Gaspar, consultou Florianópolis sobre uma possível reação ao vídeo de Kleber. Aconselhado, Bernardo Leonardo Spengler Filho, enfiou a viola no saco. O revide virá ao que Kleber fez, mas com a escolha do próprio Bolsonaro pelos candidatos do PL de Gaspar em vídeos oficiais de campanha daqui a algumas semanas.
Retomando pela segunda vez.
AZEDUME, ESCARAMUÇAS E FREIOS
Definitivamente, a semana passada não foi boa para os conservadores aninhados no PL. E por quê? Uns dentro do PL dizem que é para se esquerecer. Não é. Se isso acontecer continuar sem uma amarra clara para marcar o eleitorado bolsonarista raiz, o PL de Gaspar vai ficar se explicando e corree o risco de ser engolido pelas manhas, artimanhas e jogo bruto dos adversários encastelados no poder de plantão. E quem os colocou lá? Os que querem Paulo hoje.
O líder do governo Kleber na Câmara de vereadores de Gaspar, Francisco Solado Anhaia, MDB, que já foi PP e PT, para intimidar, desqualificar e desancar à fiscalização nas ações da prefeitura do único vereador do PL em Gaspar, Alexsandro Burnier, não teve dúvidas em mandar recados para além do vereador. Tratei disso em UMA FISCALIZAÇÃO TARDIA E NAQUILO QUE É DIREITO DE UM VEREADOR, MOSTRA MAIS CEDO DO QUE SE ESPERAVA: A CAMPANHA DESTE ANO EM GASPAR NÃO VAI SER ÉTICA
E Anhaia, o impulsivo, não fez isso da própria cabeça. É guerra. Pensada. E por quem está em desvantagem e tem palco para fazer as suas próprias apresentações. E nem é, como haveria de se supor contra o PT e o ex-prefeito por três mandatos e que está vestido para a quinta tentativa, Pedro Celso Zuchi. Aliás, ele, segundo me informam os seus próximos, delicia-se com isto tudo entre os que dizem estar preparado para enfrentá-lo em seis de outubro, apesar dos erros sucessivos na área econômica e diplomática e por conta disso, cada vez mais, baixa a popularidade do melhor cabo eleitoral de Zuchi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Resumindo, Anhaia num mesmo discurso botou dois bodes numa mesma sala.
Um deles carregou para a mesma balaia de santos, um dos mais fiéis vereadores do atual poder de plantão: Francisco Hostins Júnior, MDB e que se mudou há poucos dias para o PL. Até então, Júnior Hostins ajudava Kleber colocar as dúvidas do governo para debaixo do tapete e que agora, traído, Júnior Hostins, ex-PDT, MDB e ex secretário de Saúde tanto de Zuchi e como de Kleber, mesmo sendo advogado, virou alvo para os do grupo de Kleber, Marcelo e da Bancada do Amém na Câmara.
E qual foi o bode maior que Anhaia intencionalmente colocou na sala e que irritou o PL? Chamou o pré-candidato do PL, o delegado Paulo, na condição de delegado, para dançar e absolver Kleber, Marcelo e suas turmas. Simples assim.
Anhaia não teve a menor dúvida – e receio.
Botou o PL na mesma rede de santos ou pecadores do MDB, Kleber, Marcelo PP, PSD e outros – como se fossem farinhas do mesmo saco. Para Anhaia, o líder de Kleber na Câmara, o delegado Paulo, o ex-membro do Gaeco, o ex-chefe geral de polícia e o ex-secretário de segurança pública, do governo de Carlos Moisés da Silva, Republicanos, agora pré-candidato a prefeito de Gaspar pelo PL, até então, não foi atrás de nada. E se não foi, não há nada materializado nos órgãos de investigação e na jurisdição que avalia os inquéritos e provas. E se não há nada que os desabone, haveria difamação, politicagem e dor de cotovelo.
“Nada foi apurado, por quem deveria apurar” insinuou Anhaia na Câmara. E para Anhaia, isso aconteceu porque não se há nada e o que se fala na cidade contra o governo Kleber é suposta maldade, ou então, o delegado falhou na função dele de ir atrás do que rola nos bares, esquinas, e aplicativos de mensagens. Anhaia blefou e pediu truco.
Esta fala e que parte dela a republiquei em vídeo aqui, na sexta-feira, incomodou, sobremaneira o delegado Paulo como profissional policial. Entretanto, no fundo, Kleber, Marcelo e Anhaia lançaram a isca e Paulo, talvez pela inexperiência política, ou mal orientado, se mostrou doido por engolir uma isca deste tipo. Tanto que, nos bastidores, cobrou de Kleber a postura bélica do seu líder de governo, o Anhaia.
AS CARTAS ESTÃO AINDA EMBARALHADAS NO PL
E por que esta é uma isca falsa?
Porque Paulo, como delegado, não apura nada, se nada chegar à delegacia. E se chegar – que não for por órgãos superiores como o Ministério Público – e envolver o prefeito, terá que abrir mão da investigação. Terá que mandar o assunto, por questões do foro de prerrogativa dos envolvidos e da Lei de Abuso de Autoridade, para outras instâncias. E é lá que tudo está parado e faz tempo. Não exatamente em Gaspar.
Ao ser cobrado pelas falas políticas do seu líder de governo, o prefeito Kleber saiu pela tangente, dizendo que não tinha autorizado Anhaia fazer tais conexões. Mas, foram feitas. E tudo ficar assim, virão mais. Pois este é o resultado da falta de enfrentamento que o PL não fez antes e não faz agora às dúvidas do governo de Kleber e Marcelo e os do Amém. Diante disso, o PL não ganhou experiência, não demarcou terreno e está fragilizado para fazê-lo quando mais precisa disso para se diferenciar na campanha eleitoral.
E as cartas chegaram à mesa do jogo das eleições mais cedo do que se esperava: o vídeo de Kleber com o Bolsonaro foi feito para confundir tudo em Gaspar. Ele é a amostra do vale tudo bem como dos ardis dos políticos que se valem de tudo para levar vantagens. No PL de Gaspar as cartas ainda estão embaralhadas e dependem muito da conexão delas com um coringa chamado Bolsonaro para dar jogo. O delegado Paulo está se explicando, naquilo que não deveria. Durma com um barulho desses. Ética? Nem nas páginas do livro sagrado serão respeitadas. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
O PL , União Brasil e o PRD estão juntos em Gaspar e acabam de requentar esta informação pore falta de outra melhor. Tudo para não deixar sobrar candidatos a vereador aos partidos conservadores, como o PP, Novo, PSD, MDB, Republicanos. E parece que o partido Novo, que até agora possui candidato próprio, também está incluído na futura coligação do PL. Ao menos do slogan de campanha do PL que se apresentou há dias estava: “Unidos por um novo tempo para Gaspar”.
Não convidem para a mesmo cafezinho, o ex-prefeito pelo MDB e candidato a vereador pelo PL, Adilson Luiz Schmitt, bem como o candidato a prefeito pelo Republicanos, Oberdan Barni. E olha que foi Adilson quem estimulou Oberdan nesta empreitada de candidato a prefeito. A coisa está ficando preta.
É para valer. O delegado geral de polícia de Santa Catarina publicou a portaria 1.249 na semana passada. O delegado de entrância especial Paulo Norberto Koerich, estará afastado das funções a partir do dia seis de junho até sete de outubro para concorrer a prefeitura de Gaspar. Por enquanto, ele está afastado devido as férias que pegou, exatamente para fazer a pré-campanha pelo PL.
Está provado. Os únicos eventos que funcionam em Gaspar são os privados. Foi o que aconteceu, mais uma vez, com a Caminatta e o Rodeio Internacional. O primeiro evento deste tipo a mostrar esta independência do poder público e atrair milhares, foi o Festival de Aeromodelismo e que começou lá no já inexistente, Paraíso dos Pôneis. Na esteira do esforço empreendedor, vieram as cascatas. Economizaria a prefeitura de Gaspar se na secretaria de Desenvolvimento Econômico desistisse da área de turismo.
Gaspar sendo a Gaspar de sempre. Criou-se a tal lei do silêncio contra fogos de artifícios com estrondos e estampidos. Uma papagaiada na Câmara pela lei. Tinha escrito isto. Torceram o bico. Bingo.
A abertura do Rodeio Crioulo Internacional, mais uma vez, a lei e diante de quem deveria exigi-la, virou fumaça. Faz poucos dias, outra lei do silêncio deu limites aos barulhos de escapamentos dos veículos motores, principalmente as motos. E elas estavam na cidade, mais uma vez neste final de semana, para desmoralizar os vereadores autores e aprovadores da Lei.
Aliás, os vereadores e parte da cidade já sabiam disso quando fizeram a proposta para encherem linguiça. Esta regulamentação é Federal. E só a Lei Federal pode ser aplicada neste caso. Também pré-anunciei isto. E torceram o bico. Há coisas que vão além da lei: consciência, cultura e educação.
Um leitor assíduo deste espaço me escreveu anexando o vídeo dos fogos para mim conferir: “a Lei do Silêncio não funciona aqui? Respondi: “funcionou; quem ficou em silêncio foram, mais uma vez, as nossas autoridades“.
Os empresários e outros que gravitam como donos da cidade, mandam-me avisar, por candidato, de que estão descontentes com as minhas observações e esclarecimentos. Eu não devo nada a eles. Eles sim. Faz tempo. E muito. Qual a razão que querem ficar escondidos naquilo que a cidade inteira sabe de que eles escolheram o seu candidato a prefeito, depois que perderam a confiança no queridinho deles que está no poder de plantão e tem sucessor vestido?
Esqueçam o ano de 2000, quando da eleição de Pedro Celso Zuchi, PT, e que parte dessa gente, conservadora, se bandeou oportunisticamente. A história é longa e já contei aqui várias vezes. Vamos ao ano de 2008 quando essa gente não pode mandar e desmandar no governo de Adilson Luiz Schmitt (2005/08), voltaram a Zuchi. Antes e depois daquelas eleições, sem muitas opções.
A Arena Multiuso é um dos muitos dessas trocas eleitoreiras. Os 436 mil metros quadrados foram desapropriados na marra em 2011 por indecorosos R$450 mil e por conta disso está na Justiça até hoje. Entre tantas prioridades, estava o Rodeio Crioulo que tinha que sair da Cancha particular de Engelbert Schramm, por necessidade dos proprietários, bem como por ser pequena demais pelo tamanho que tomou o evento.
Foi nesse ano, que nasceu, por coincidência, o início da migração para o projeto de Kleber Edson Wan Dall, MDB, que perdeu com Rodrigo Boeing Althoff, PV, em 2012. Venceu em 2016 com Luiz Carlos Spengler Filho, PP, de vice.
Esta desapropriação da Arena Multiuso é polêmica. mas, serve de comparação para um lado e para o outro, apesar do tempo de onze anos. Se 436 mil metros quadrados valeram R$456 mil, por que o terreno da Furb quase onze vezes menor e que Kleber Edson Wan Dall, MDB, comprou, valeram há dois anos, R$14 milhões sem choro e velas?
O ex- prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, em campanha está dizendo que vai construir uma cancha coberta no Arena Multiuso para as atividades do Rodeio de Gaspar. Bom. Mas perguntar não ofende, se ele não comprar ou regularizar isto antes, como poderá construir algo em terreno que não é do município? E não será com os R$450 mil que o desapropriou, mas com no mínimo mais de R$20 milhões se entrar num acordo com os donos desse terreno, a familia Fritsche, ex-próprietária da Fazenda Juçara. E de onde virá esta montanha de dinheiro? De Brasília? Do papai Lula?
Os donos da cidade nunca quiseram a revisão do Plano Diretor vencido em 2016. E este acordo de bastidores, o da esperteza que come o dono, foi o tiro saiu pela culatra. Estão encrencados nos seus negócios. Achavam mais fácil mudar e criar zoneamentos, como o que transformou uma área industrial em de Interesse Ambiental, para mais tarde, na bacia das almas, desvalorizada, voltar ao status anterior de industrial e servir para criar dinheiro aos inventores da ideia e dar lição ao crítico, dono dela. Essa gente reclama mesmo do que se as atitudes são as que eles condenam nos outros?
O problema dessa gente é o mundo da internet, conectividade em tempo real, redes sociais e aplicativos de mensagens que não pode controlar, comprar ou intimidar como se fazia no tempo em que não havia essa pluralidade de comunicação. Simples assim. Não eu.
O ex-prefeito por três mandatos Pedro Celso Zuchi, PT, e tentando mais outro, circula com o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, o que se vestia de candidato a prefeito pelo PT. Mas, ele diz para quem quer ouvir, que a vaga de vice será de uma mulher. Guarda a quatro chaves esta decisão que já está tomada. E por ele, será a ex-vice dele por dois mandatos, Mariluce Deschamps Rosa.
Um vídeo e uma reportagem do site Metrópoles, de Brasília, mostrou o que todos já sabem há décadas. Parte dos que estavam na tal Marcha dos Prefeitos, na madrugada de quarta-feira, terminou em boates e com muita putaria. Ou seja, fazia o que mais sabe fazer e bem longe dos seus eleitores e eleitores, onde se passa por santos e diz estar lá atrás de verbas e emendas parlamentares para as obras dos seus município.
Flagrados, agora, os políticos estão culpando a imprensa. É que eles, segundo alegam, estavam no “horário de folga” da marcha e ninguém é de ferro. Certo. Mas, estavam cobertos por diárias municipais e alguns, por pesados lobbies. Hum.
Vários vídeos com depoimentos de pregadores e frequentadores da Igreja Neopentecostal Bola de Neve, de Balneário Camboriu, rodaram e assustaram o Brasil na semana passada. De tudo que se ouve, pouco é de religião, mas de um submundo de poder, negócios e enriquecimento para poucos. Está judicializado e fora da paz do Senhor.
Quanto custou. A palestra de Guilherme Schelb, “A Prevenção do Abuso Sexual de Crianças”, custou R$19 mil. O aluguel do salão do Bela Vista Country Club, mais de R$23 mil. Os recursos vieram da rubrica Educação Criativa e da sub conta Escola em Tempo Integral, esta que Gaspar nem tem ainda.
A festa é de gaúcho. O povo gaúcho está atolado num desastre natural severo. Perguntar, não ofende, quanto do lucro do Rodeio de Gaspar vai para ajudar os verdadeiros gaúchos, numa festa que usou a imagem tradicionalista gaúcha?
Curiosidade. O governador Jorginho Melo vem a Blumenau conversar com os empresários. Mas, esta conversa será num jantar fechado no Clube Locomotivas. Ele fica na Vidal Flávio Dias, Belchior Baixo, distrito do Belchior, em Gaspar. Então…
O PSD de Blumenau tirou Denise, mulher do deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD, para ser a vice, do ex-promotor Odair Tramontin, Novo, pré-candidato a prefeito de lá. Ofereceu duas opções: Silmara Miguel, também ligada a Assembleia de Deus, origem do deputado, ou pelo vereador Carlos Cézar Wagner, o Alemão. A decisão sai no dia seis de junho.
Carlos Wagner é aquele empresário e vereador e voluntário insistente. Ele colocou a mão na massa e salvou a região do Médio Vale do Itajaí de uma enchente maior, meses atrás – pelo menos de dois metros a mais -, quando a Defesa Civil estadual, então comandada pelo Coronel Armando Schroeder, PL, de Joinville, dava como impossível o fechamento da barragem norte, em José Boiteaux.
Sob pressão lógica e técnica, uma intervenção pessoal do governador Jorginho Melo, PL, no assunto, deu razão a Carlos Wagner. Mesmo assim, depois do Coronel ter ido embora da Defesa Civil, o assunto continua pendurado na burocracia e a espera de um desastre ainda maior, mesmo com os avisos que o Rio Grande do Sul nos dão diariamente.
A escolha do Novo se for lógica e em busca de resultados, será por Carlos Wagner. Se for política, será Silmara. Logo se conhecerá o desfecho do dilema de lá.
12 comentários em “KLEBER FOI MARCHAR EM BRASÍLIA NA SEMANA PASSADA. CICERONADO PELO PREFEITO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ APROVEITOU PARA JOGAR ÁGUA NO CHOPE DOS BOLSONARISTAS DO PL DE GASPAR”
A SEGURANÇA NO PALANQUE DE 2026, por Vera Magalhães, no jornal O Globo
A segurança pública será um dos temas centrais da campanha presidencial de 2026, e Lula parece decidido a encarar a disputa com a direita bolsonarista por alguns aspectos espinhosos de um dos temas mais suscetíveis aos vieses ideológicos do eleitorado. Pisa em campo minado, portanto.
A sessão de votação dos vetos presidenciais pelo Congresso ontem escancarou a polarização em torno do assunto, e o placar evidenciou as dificuldades da esquerda para fazer seu discurso ganhar aderência entre os parlamentares — e, portanto, na sociedade, pois o Parlamento nada mais é que uma antena que capta movimentos com grande precisão.
O contraste entre a manutenção de um veto de Jair Bolsonaro à nova Lei de Segurança Nacional que considerava crime a disseminação em massa de notícias falsas em período eleitoral e a derrubada de outro veto, de Lula, à proibição da “saidinha” de presos para visitar familiares, ambos por placares para lá de dilatados, foi uma derrota acachapante para o governo.
Ficou claro que, até aqui, tem prevalecido a visão “linha dura” da segurança, que destoa fortemente do discurso que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, vem entoando e fez questão de reforçar no mesmo dia da votação dos vetos, com a divulgação da portaria que estabelece balizas para o uso de câmeras corporais pelos policiais.
Não foi aleatória a escolha desse assunto para marcar uma das primeiras iniciativas da gestão Lewandowski à frente da pasta que também comanda a segurança. Tem sido um tema em que um dos nomes mais citados como provável oponente de Lula em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem sido mais questionado por entidades ligadas à defesa dos direitos humanos e especialistas em segurança.
Depois de idas e vindas em relação às câmeras nos uniformes, estabelecidas na gestão João Doria, Tarcísio decidiu trocar os dispositivos atuais por outros, com a possibilidade de que os próprios policiais liguem ou desliguem os equipamentos.
Essa possibilidade não é de todo vedada pela norma do governo federal, que permite ao usuário desligar o dispositivo para preservar sua intimidade durante as pausas de trabalho. Esse item deu a Tarcísio a deixa para dizer que as diretrizes adotadas por São Paulo não contradizem em nada o que estipulou a portaria federal.
Como ela não obriga estados a adotar as câmeras, e ainda são poucos os que adotam, nem estabelece que elas passarão a ser obrigatórias na Polícia Federal, fica evidente que a entrada do governo Lula no assunto atende primordialmente ao objetivo de polarizar com Tarcísio, bolsonarista mais cotado para a disputa presidencial. O que torna a decisão um risco considerável, ainda mais num cenário de derrotas recentes nessa seara.
Até aqui, Lula vem demonstrando ter muitas dúvidas sobre até que ponto pretende assumir protagonismo num tema que a Constituição de 1988 definiu como prerrogativa dos governos estaduais, mas em que, cada vez mais, a União é foco de cobranças do público para uma atuação mais direta.
O limite entre liderar o debate e assumir pepinos que não são da alçada federal é quase imperceptível, e, num ambiente em que pesquisas mostram a guinada do eleitor em defesa do punitivismo mais radical, fazer disso uma pauta de disputa com o bolsonarismo tanto tempo antes da campanha eleitoral pode não ser muito inteligente ou frutífero.
A questão das câmeras é relevante, e as mudanças que Tarcísio quer fazer em seu uso são claramente um retrocesso em termos de transparência e combate à letalidade policial. Um modo mais eficaz de travar a discussão seria inserir o tema num conjunto mais amplo de iniciativas, que constitua um plano nacional para a segurança, com recursos, comandos e coordenação com os estados, em vez de chamar o provável opositor para dançar e para os holofotes com tanta antecedência.
JUSTIÇA TAMBÉM PRECISA APRENDER A CONTER GASTOS, editorial do jornal Folha de S. Paulo
As despesas do Brasil com o Poder Judiciário atingiram no ano passado a cifra exorbitante de R$ 132,8 bilhões, um recorde na série histórica documentada pelo Conselho Nacional de Justiça desde 2009.
Excessivo em si, o montante torna-se abusivo quando comparado aos R$ 84 bilhões registrados pelo CNJ no início da compilação —cujos valores anuais são corrigidos. Seria despiciendo pesquisar um ganho de eficiência que pudesse justificar essa expansão da ordem de 60% no orçamento do Judiciário.
Segundo o CNJ, 90% do custo se dá com pagamentos a funcionários, juízes, desembargadores e ministros de cortes superiores. Vale lembrar, os magistrados percebem a maior remuneração média entre 427 ocupações em um ranking publicado pela Folha em 2023.
Por mais que se possa —e se deva— questionar o salário elevado das carreiras judiciais, esse dado explica apenas a menor parte do problema. Enquanto a renda média considerada para a categoria nessa classificação ficou em R$ 24.732, o gasto efetivo com tais profissionais se aproxima dos R$ 70 mil.
Por trás da disparidade entre as duas cifras está o verdadeiro absurdo. São os abonos, auxílios, indenizações, diárias e demais manobras às quais os juízes recorrem para ultrapassar o teto salarial do serviço público, hoje de R$ 44 mil.
Dotado de enorme poder de barganha, o setor nunca dá por saciado o espírito perdulário e corporativista. Tome-se a atual discussão sobre a chamada PEC do Quinquênio, uma infame proposta de emenda à Constituição que estabelece acréscimos periódicos aos vencimentos de magistrados e integrantes do Ministério Público.
Ao que parece, o pouco caso com o dinheiro do contribuinte contamina os mais diversos funcionários que, de alguma forma, integram o sistema de Justiça. Em São Paulo, por exemplo, a Assembleia Legislativa acaba de aprovar projeto de lei apresentado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que turbina a remuneração dos procuradores do estado.
Em outras situações, a desfaçatez é tamanha que os envolvidos nem se dão o trabalho de prestar contas à sociedade. É o caso da Procuradoria-Geral da República (PGR), que omite informações de diárias e passagens do chefe do órgão, Paulo Gonet, de subprocuradores gerais e de seguranças.
Mesmo o Supremo Tribunal Federal, que sempre esteve na vanguarda da Lei de Acesso à Informação, tirou do ar neste mês seu portal de transparência. Por coincidência, a medida ocorreu após a Folha questionar pagamentos de diárias para viagens internacionais.
O órgão se justificou pela necessidade de atualizar a plataforma de dados. Pode ser. Mas, se a resposta soa a desculpa esfarrapada, isso é por culpa do próprio sistema de Justiça, que dilapida sua credibilidade junto com o dinheiro público.
Se há denúncias no MP de Gaspar e ninguém faz NADA, o certo não seria prestar denúncia no ministério Público estadual?
Se a culpa do caos instalado no nosso município é dos que NÃO DERAM ANDAMENTO AO PROCESSO aqui na nossa cidade, QUEM SERÁ PUNIDO???
FAZ DE CONTA, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo
Paulo Vanzolini conta em um de seus memoráveis sambas que, na praça Clóvis paulistana (posta abaixo nos idos dos anos 1970 para dar passagem ao metrô), um dia a carteira dele foi batida. “Tinha 25 cruzeiros e o teu retrato”, relata. E, em mágoa de amor, conclui: “25, francamente achei barato pra me livrar do meu atraso de vida”.
É o que ocorre com os infratores da regra da chamada pré-campanha eleitoral, cuja penalidade máxima é uma multa de R$ 25 mil para quem pedir votos para si ou para apadrinhados. Sai quase de graça a infração para quem deseja se livrar do atraso de vida que a lei impõe no período antecedente ao início oficial da corrida eleitoral, neste ano marcada para 16 de agosto.
Aconteceu outro dia com o presidente Lula por causa do pedido de votos ao pré-candidato a prefeito Guilherme Boulos (PSOL-SP) no palanque de uma comemoração do 1º de Maio. Incomparável o ganho presumido com o apelo explícito em relação aos danos da penalidade imposta.
Vale o risco, posto que irrisório, descontado o cunho imoral da infração legal para o qual não se dá importância —nem a Justiça Eleitoral, dona da norma feita letra morta na prática. Afinal, a própria legislação é frouxa na definição do que seria exatamente o conceito de pré-campanha. Ninguém sabe direito o que pode ou não pode.
Vimos isso no julgamento que absolveu o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por ausência de provas consistentes e provavelmente veremos no caso do senador Jorge Seif (PL-SC), também acusado de irregularidades antes do prazo regulamentar.
Ou bem se define o regramento com rigorosa clareza e são impostas punições efetivas —por exemplo, a possibilidade do risco ao registro de candidaturas— ou seguiremos no faz de conta.
Vale lembrar que campanha é campanha, antes ou depois do marco temporal hoje desrespeitado numa rotina de total desfaçatez.
SÃO PAULO MOSTRA A BRASÍLIA COMO FAZER AJUSTE DE GASTOS, por O Globo
O plano do governo de São Paulo ainda é incipiente, mas o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) já merece crédito pela determinação em buscar maior eficiência nos gastos e na gestão pública. O contraste com as ações do governo federal não poderia ser maior. Em Brasília, muito se fala sobre monitoramento e avaliação de políticas públicas. De concreto, porém, nada acontece. Em São Paulo, Tarcísio ordenou a revisão de incentivos fiscais, contratos, despesas correntes, políticas de pessoal e a reestruturação das agências reguladoras. Como o plano ainda está em estágio embrionário e depende do Legislativo, é impossível prever se terá sucesso. É inegável, de todo modo, que é uma decisão sensata.
A máquina estatal brasileira, nos três níveis de governo, é pródiga em ineficiência. Incentivos fiscais são concedidos sem nenhum acompanhamento dos resultados. Quando dão errado, o desperdício continua, com variações da justificativa “sempre fizemos assim”. Algumas áreas do governo têm mais funcionários que o necessário, enquanto outras sofrem com escassez crônica. Agências reguladoras são capturadas por interesses políticos ou pelas empresas que deveriam vigiar. O resultado é uma burocracia cara, que entrega pouco ao contribuinte.
Por ordem de Tarcísio, todos os órgãos da administração direta no Estado de São Paulo terão 90 dias para apresentar um plano de redução de despesas e revisão de contratos. Em 30 dias, a Casa Civil precisará elaborar um anteprojeto para reestruturar as agências reguladoras, reforçando sua autonomia. Até dezembro, serão avaliados perto de 250 benefícios, equivalentes a R$ 56 bilhões em incentivos fiscais de ICMS, resquícios da guerra fiscal. “Há benefícios dos anos 1990 que não fazem mais sentido, porque o mundo mudou, e a história industrial mudou”, diz o secretário da Fazenda e Planejamento, Samuel Kinoshita. “Há os que ficaram anacrônicos e há também os que não respondem ao melhor interesse de São Paulo.”
No início do ano, o governo estadual examinou 64 incentivos baseados em convênios do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que somavam R$ 4 bilhões em renúncia fiscal. Desses, 23 foram cortados e seis renovados por poucos meses para que se tenha mais tempo de análise. Noutra frente, o decreto assinado por Tarcísio prevê a renegociação da dívida do estado com a União. A expectativa é uma redução de R$ 4 bilhões na despesa anual, com a mudança do indexador. Pela regra atual, o montante é corrigido pela inflação mais 4%. Tarcísio defende inflação mais 2%. Pelas estimativas iniciais, a troca do indexador e as revisões dos incentivos poderão liberar algo em torno de R$ 20 bilhões anuais para investimento.
Por certo, a máquina estatal paulista tem muita despesa inútil a cortar. O foco de quem busca a eficiência da gestão pública, porém, não deve ser meramente arrecadatório. É preciso avaliar, de modo objetivo, a eficácia de cada política. Por isso causa preocupação a proposta do governo paulista que permite corte no repasse anual à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), um dos pilares de programas de ciência e inovação no país. Sem dúvida o Brasil precisa de um Estado de São Paulo com uma máquina pública mais eficaz. Nesse ímpeto, Tarcísio só não pode jogar fora políticas públicas de resultado comprovado.
DESAPRENDENDO A LER
Hoje descobri que há pessoas que não sabem o que significa o sinal de interrogação. Escrevi um artigo na @RevistaCrusoe cujo título era uma pergunta (“Alexandre de Moraes salvou a nossa democracia?”). Aí veio uma legião contestar. Sem ler o artigo, acharam que era uma afirmação (jornalista Augusto Franco, no “X”.
Boa noite. Post do amigo Odir Barni publicado hoje (27/05) abaixo:
MINHAS ANOLOGIAS SOBRE AS ELEIÇÕES EM GASPAR NESTE ANO.
Foi só uns nomes novos surgir como postulantes ao cargo de prefeito, as coisas retornam ao passado; fofocas e acusações. Pior quem critica já teve passagem pela a administração; nada mudaram , criaram problemas com os servidores efetivos para facilitar suas falcatruas. Estes conhecidos políticos são como aves de rapina, ficam no alto esperando a ingenuidade dos mais pequenos para fazê-los de vítimas.
Eu comparo estes oportunistas como um time de futebol em crise: Conta o tupiense, Acácio Schmitt: certa vez, o time do Tupi estava mal no campeonato da Liga Blumenauense não vencia, o treinador abandonou o time. O então presidente, Nadinho Spengler, foi ao ao vestiário e disse: hoje eu vou ser o treinador! Os jogadores se sentiram a vontade e perguntaram: como vamos jogar, Seu Nadinho? Ele como sempre muito franco disse: SÓ NO ATAQUE! DEIXARAM A DEFESA ABERTA, DAI TOMAM DE GOLEADA.
Arrogância e prepotência não são credencias para administrar um município; o povo clama por um governo popular que não tem vergonha de cumprimentar os pobres.
Ter formação universitária não é sinônimo de honestidade. A cadeia está cheia de políticos doutores.
Quem fica falando da vida alheia seria mais importante ir vacinar cachorros e gatos.
Ola, Herculano. Esclarecendo o trecho do artigo, o Partido Novo segue com seus pré-candidatos ao executivo e ao legislativo, não tendo nenhuma relação com o referido slogan. Abraço!
O artigo, em nenhum momento affirmou que o Novo estaria com o PL, União Brasil e o PRD, mas o suposto cochilo deles, em colocar a palavra novo no slogan de campanha que foi apresentado, sabendo que o partido Novo é um concorrente da coligação em Gaspar.
O texto foi muito claro, porém, achei prudente acrescentar o esclarecimento aos seus leitores nos comentários.
TRÊS OBJETIVOS DECORATIVOS, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo
Lula bateu Bolsonaro por margem mínima. O triunfo deveu-se às alianças com o centro democrático firmadas no início da corrida eleitoral (Geraldo Alckmin) e depois do primeiro turno (Simone Tebet e Marina Silva). As três lideranças ingressaram no governo carregando as expectativas do eleitorado que decidiu a disputa. O tempo mostrou, contudo, que elas não passam de objetos decorativos.
Marina figura como outdoor da vertente ambiental da política externa lulista. Seu ministério só consegue realizar um programa mínimo, expresso na redução do desflorestamento na Amazônia. Adaptação às mudanças climáticas? Transição energética? No primeiro item, a ministra oferece apenas diagnósticos acadêmicos. No segundo, um equívoco conceitual paralisante.
A tragédia no Rio Grande do Sul evidencia a urgência de reformar radicalmente nossos padrões de urbanização e ocupação do solo. Inexiste plano nacional nessa direção. Pior: no orçamento federal, engessado pelas despesas obrigatórias, não cabem nem mesmo os recursos básicos de prevenção de desastres e reconstrução de infraestruturas.
O Brasil oficial exibe-se lá fora como “vanguarda da transição energética”. Fake news: o plano de transição do governo concentra investimentos nos combustíveis fósseis. Marina aposta suas fichas, exclusivamente, na expansão da geração solar e eólica, fontes intermitentes, ignorando o imperativo de incorporação da fonte nuclear. Abraçada ao tabu ideológico dos verdes, assiste à carbonização crescente da matriz energética brasileira.
Tebet anunciou seu apoio a Lula enfatizando que divergia do núcleo de ideias econômicas petistas, mas aceitou aninhar-se na gaiola dourada do Planejamento. Nos meses iniciais, agradecida, peregrinou a Canossa, adicionando sua voz à campanha petista contra um Banco Central que cumpria a missão legal de limitar a inflação ao teto da meta. Depois, engajou-se na elaboração conceitual de um dique de contenção das despesas compulsórias — até ouvir uma sonora repreensão lulista.
A ministra nutria pretensões modestas. Não ousava sugerir uma revisão dos indexadores da educação e saúde, contestar a explosão dos gastos em emendas parlamentares ou colocar um freio nas rendas nababescas do alto funcionalismo. Queria, apenas, em nome de alguma sustentabilidade fiscal, descolar as despesas previdenciárias da trajetória de forte expansão do salário mínimo. Seu plano não era contracionista, prevendo crescimento real de 1% ao ano dos benefícios previdenciários. Mesmo assim, Haddad cortou-lhe as asas antes do voo:
— Não vejo espaço nessa seara para discussão.
Qual é, exatamente, a “seara” de uma titular do Planejamento proibida de se imiscuir no planejamento orçamentário? No dia em que Tebet formular a si mesma essa pergunta inconveniente, estará concluída sua participação no governo.
Alckmin não é um ministro comum, mas vice-presidente eleito por partido coligado ao de Lula. Tem, portanto, pleno direito à voz divergente em todos os temas, da economia à política externa. Sua subserviência perene reflete uma escolha — e uma abdicação política.
Ninguém escutou do vice uma única palavra de contestação à flexibilização do arcabouço fiscal. Ele ficou calado diante das interferências do Planalto na gestão de preços da Petrobras e permaneceu mudo quando Lula demitiu Jean Paul Prates para subordinar a estatal à dilmista Magda Chambriard. É uma opção por Lula, em detrimento de seus eleitores.
Meias divertidas — de bolinhas, carrinhos ou listras coloridas — tomaram o lugar da crítica ao apoio de Lula à guerra imperial russa na Ucrânia ou ao paralelo abjeto que traçou entre a guerra de Israel em Gaza e o Holocausto. Mas, sobretudo, o vice perdeu a ocasião de se reunir com a oposição venezuelana para marcar uma nítida posição por eleições livres no país vizinho.
Quando Lula nomeou o ministro da Secom, Paulo Pimenta, como autoridade federal no Rio Grande do Sul, cabia a Alckmin apresentar seu nome, explicando que a catástrofe não é um problema de “comunicação” — ou uma oportunidade eleitoral. Ele, porém, preferiu Brasília. Sua vocação, como a de Marina e Tebet, é decorativa.
UMA VERDADE INCONVENIENTE, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Em entrevista ao Estadão, o insuspeito ensaísta Francisco Bosco deu uma declaração que provocou a ira de muitos abutres da esquerda, adeptos do violento tribunal das redes sociais: reconheceu um acerto de Olavo de Carvalho, o ex-astrólogo convertido em guru de Jair Bolsonaro e da extrema direita brasileira. O acerto em questão, tratado pelos algozes do entrevistado com simplificações e clichês, parece inquestionável a Bosco, a este jornal e a qualquer pessoa que conheça o universo acadêmico do Brasil e preze a boa convivência democrática no debate público: nossas universidades concentram excessivamente uma perspectiva ideológica e política de esquerda e, mais do que isso, o ambiente acadêmico e intelectual tenta excluir grandes dissensos e reage violentamente a qualquer tentativa de ocupação de espaços por parte de pensadores conservadores.
Sem pluralidade e diversidade, um debate empobrecido emerge dos circuitos universitários e avança para todo o universo cultural do País, razão pela qual, como afirmou Bosco, a palavra “intelectual” é hoje “vista sob suspeita de elitismo e concentração ideológica”. Mas bastou o reconhecimento do ensaísta estar resumido no título da entrevista e nas postagens das redes sociais – Olavo de Carvalho tinha razão, alusão aos cartazes que manifestantes de direita conduziam nos protestos de 2013 – para que os vândalos da reputação alheia se ouriçassem. Não custa dizer: no conjunto da obra, sobretudo quando, mais recentemente, se tornou o sinônimo da desonestidade intelectual e da paranoia destrutiva que tão bem definem o bolsonarismo, Olavo está longe de ter razão. Mas não é preciso admirá-lo para reconhecer sua influência sobre um campo que nunca se viu representado na universidade e na política nem o acerto de suas reflexões sobre intelectuais acadêmicos. Foi o que Bosco fez na entrevista.
O mundo implacável, tóxico e superficial das redes, no entanto, costuma oferecer escasso espaço para reflexões complexas, invariavelmente substituídas por desqualificações grosseiras a partir do primeiro sinal de dissenso. Houve até quem levantasse a hipótese de que a entrevista publicada pelo Estadão fosse fake news. Não raro se ignorou o próprio conteúdo da entrevista, em que se vê uma tese cristalina, isto é, a de que o guru do bolsonarismo tinha razão num ponto: há concentração ideológica e elitização no debate intelectual nas universidades, sobretudo no campo das ciências humanas e particularmente na filosofia, nas letras e nas ciências sociais. E Bosco a demonstrou, não sem desconforto ante a natureza abominável de Olavo de Carvalho.
Assim resumiu o ensaísta ao Estadão: “Eu estudo (…) um autor de direita que fez uma verificação nos bancos do CNPq e mostrou que alguns dos autores conservadores mais importantes do mundo praticamente não são mencionados nas teses de ciências humanas do Brasil. A pessoa que talvez primeiro tenha falado sobre isso, e nem sempre da melhor maneira, foi o Olavo de Carvalho. Embora me custe dizer essa frase, eu a digo (…) sem problema algum: Olavo tinha razão nesse ponto”. Uma constatação que não é de hoje – nem restrita a um intelectual público independente como Bosco ou à extrema direita. Há mais de 50 anos, o professor da USP Roberto Schwarz, referência entre intelectuais de esquerda, já apontava isso num estudo sobre o período que antecedeu o golpe militar de 1964. Schwarz constatou então que nem mesmo a instauração da ditadura impedira a preservação do domínio cultural da esquerda.
O episódio ilustra o ar rarefeito sentido hoje no debate público brasileiro, no qual a lógica de grupo se sobrepõe à necessária liberdade de divergir e conviver. Um modo tribal de encarar o mundo, os valores e as ideias leva à sensação de ameaça permanente nos grupos e identidades que se enfrentam. Às tribos da esquerda que gritaram agora, resta o alerta: se prosseguir reagindo assim, obrigarão alguns a dizer que a esquerda é burra – e aí Olavo de Carvalho terá, infelizmente, acertado de novo.