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KLEBER EM CAMPANHA E SEM OBRAS FÍSICAS RELEVANTES, ESTÁ “MOSTRANDO” O QUE NINGUÉM PODE VER. É ELE PRÓPRIO QUEM DIZ ISSO EM VÍDEO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS

Os políticos de Gaspar – tanto os que estão no poder de plantão, como boa parte dos que querem ir para lá pela primeira vez, ou então, repetir a dose – não diferem da média brasileira. E eles estão na praça com falatório como se fossem os donos de coisas que não podem mais controlar: a propaganda enganosa para a falta de resultados transformadores e que os tornariam referência como gestores públicos em sua comunidade.

Antes havia duas rádios e dois jornais e tudo sob controle… Agora, há milhares de pessoas monitorando esta gente pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. E o bicho pegou. E tudo fugiu do controle. E mesmo assim, tem gente que não aprendeu a lição e teima em fazer de bobo o eleitor e a eleitora, mais uma vez, de um passado que não dominou e de um presente que o descredencia, exatamente pela falta de resultados naquilo que prometeu entregar e não entregou.

Acuado, o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, iniciaram uma série de filmetes de final-de-semana de prestação de contas. Já falei disso. Mas, o desta semana, foi algo surreal e uma aposta de que todos os gasparenses não possuem memória e não são capazes do discernimento.

Este é o vídeo do prefeito Kleber:

Kleber fala em planejamento. Nestes quase oito anos de mandato, Kleber com Luiz Carlos Spengler o guarda da Ditran que se tornou o seu ex-vice, ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos e atual chefe de Gabinete, bem como o seu atual vice, Marcelo, publicaram centenas de notas e fotos de reuniões do primeiro escalão no gabinete “debruçados” em planejamento. Não vou ser repetitivo, até porque quem ensina isso é o próprio Kleber no vídeo: “para buscar resultados, antes se faz o planejamento”.

E cadê os resultados? Kleber, em fim de mandato de oito anos e querendo eleger o seu sucessor, deveria estar falando de resultados e não de planejamento. O tempo do planejamento já passou em faz muito tempo. É hora da colheita. É hora de alimentar os seus eleitores e eleitoras com resultados e correr para o abraço da glória. 

Era hora, também, de pegar as suas duas propostas que governo que colocou na Justiça Eleitoral em 2016 e 2020 e mostrar que entregou o que prometeu no palanque eleitoral, ou justificar o que ou a quem entravou os seus planos. Entretanto, agora, Kleber prefere esconder estes documentos, gastar saliva e tergiversa como se tivesse pregando aos seus próprios convertidos que o rodeiam este tempo todo. Alguns já se desfez.

Kleber, mais uma vez, insiste em ser ilusionista e há quem bata palmas para este tipo de espetáculo.

Na lição de Kleber no vídeo acima – e ele está certo -, uma parte desse planejamento é para não colocar as finanças de casa e da família, o exemplo que ele próprio fez na gravação e para os mais incultos entenderem – e que são a maioria dos eleitores e eleitoras que esta gente lida na comunicação intencionalmente torta.

Não vou entrar em detalhes técnicos como eu os descrevi em outros artigos, e muito recentemente em PORTAL TRANSPARÊNCIA DA PREFEITURA DE GASPAR ESCONDE OS NÚMEROS DA CIDADE E DOS CIDADÃOS. MAS, AUDÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA SEM QUESTIONAMENTOS, REVELA QUE CONTAS E INVESTIMENTOS ESTÃO COMPROMETIDOS, até porque é o próprio prefeito Kleber que fica reclamando por aí que está sem caixa na prefeitura, como quando pediu autorização na Câmara – e ganhou da Bancada do Amém feita pelo seu MDB, PSD e PP – para vender imóveis no leilão que só não foi um total, por causa da venda da cereja do bolo -o prédio da sede do antigo BESC. Coisas da falta ou do mal planejamento.

A TRANSPARÊNCIA TRANSLÚCIDA NÃO SE EXPLICA COMO SE INSISTE. ELA É PERCEBIDA

Mas, quem não fez a lição de casa foi o próprio governo de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo.

Não pode alguém que se diz tão eficaz em planejamento, deixar, por exemplo a cidade entregue ao capim por seis meses e a empresa corrida daqui sob graves dúvidas. Ou comprar na marra, sob desgastes, um terreno por miliários R$14 milhões sem ter depois de dois anos ainda um mínimo projeto real de ocupação dele. A lista é longa e não é o foco deste artigo.

E por isso que o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, está se justificando no gogó. É uma atrás da outra. Só gente sem memória pode aguentar e fingir que entende este discurso de gestão, planejamento e transparência.

Kleber diz que nestes quase oito anos de governo, ele e sua equipe, que ele muda a cada hora, ou seja, nada é levado adiante por conta desta interrupção que se dá com essas trocas políticas e que são contra qualquer planejamento sério. E se dá, principalmente, em áreas fundamentais como Saúde, Fazenda e Gestão Administrativa, Obras e Serviços Urbanos e Planejamento Territorial. E isso trabalha contra a gestão e resultados.

Então, desta vez, vou deixar a gestão de lado. Seria repetitivo naquilo que está à vista de todos e pior, no que é óbvio, que é a simples manutenção da cidade. Focarei, também por repetição, diante da provocação do prefeito, na transparência. 

E não vou longe. Se a transparência fosse o forte de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo, eles não estariam no nó que eles próprio se amarraram. Duas desgastantes CPI tiveram que colocar para debaixo do tapete, sem falar nas dezenas de requerimentos de uma oposição limitada praticamente um vereador nesta última legislatura, depois da morte do vereador de situação, diga-se, mas que não dava moleza para o governo que serviu como honrado servidor público, Amauri Bornhausen, PDT, requerimentos estes que tiveram que ser respondidos na marra via mandado de segurança judicial.

Se transparência fosse o ponto central do governo, não estaria ameaçando e até chantageando um vereador do PL, que nunca foi tão oposição assim, com processo de punição ou até cassação por falta de suposto decoro parlamentar.

De que transparência, afinal, Kleber está falando neste vídeo que publicou no domingo passado?

OUVIDOS DE MOUCOS INCLUSIVE NA OUVIDORIA

De que criaram o  “escritório de projetos”. Há dúvidas, mas, outra vez, não entrarei no mérito. Por que a pergunta que não quer calar é: qual o resultado prático disso para a cidade? Como isso chegou na ponta para o cidadão e a cidadã? Quanto isso agilizou e quanto se economizou, incluindo o empreguismo de gente que está no sistema como compensação eleitoral? Transparência disso: zero. Tente descobrir, incluindo no “Projeta Gaspar” o caminho da captação e alocação do recurso até a execução do benefício para a cidade.

De verdade? este tal de “Projeta Gaspar”, é uma ferramenta marqueteira. É a cara da “dona prefa”. É propaganda velha na veia. Não dá transparência em nada. Pelo contrário: o velho portal da transparência foi ocultado e acessando ele pelas beiradas, que ainda se permite incluindo os cachês, você não consegue mais chegar ao detalhamento de onde foi o dinheiro dos pesados impostos dos gasparenses e dos brasileiros. Nem hacker, que na prefeitura é compensado com cargos, consegue navegar e descobrir o que se oculta na ferramenta feita para “esclarecer” os cidadãos e cidadãs gasparenses.

Veja o exemplo, que abre a página deste artigo. No “Projeta Gaspar” só números macros. No que restou do velho portal da transparência, para quem ainda se consegue acessá-lo, transita-se por duas páginas, por exemplo, do Fundo Municipal de Saúde. Quando em uma das rubricas, a de R$44 milhões se tenta detalhar, vem a informação que “deu erro”. Ou seja, é o fim da linha da transparência. Então nada foi modernizado. Ao contrário: fechou-se ainda mais a informação que já era tão aberta assim. Não é qualquer pessoa que consegue acessar ao portal. E a maioria, sejamos sinceros, nem tempo e interesse possuem.

Quer mais? A Ouvidoria, a empregadora, é outra piada do sistema de transparência do governo Kleber e Marcelo.  Por que falo dela neste parêntesis ilustrativo. Porque é cara do governo de Kleber e Marcelo. Ainda bem que Kleber não falou dela no videozinho que fez sobre este tipo de assunto. Mas, mesmo assim, a uso a Ouvidoria como exemplo da falta de transparência do governo naquilo que foi criado para ser um canal para ouvir e responder o cidadão e a cidadã sobre as dúvidas deles sobre o governo.

Desrespeito à transparência é continuidade e um método. O ex-prefeito (2005/2009) Adilson Luiz Schmitt, PL, está há meses sendo enrolado pela equipe da Ouvidoria de Kleber e Marcelo, em explicações simples e óbvias que pediu da secretaria de Agricultura e Aquicultura. Em ambiente transparente, tudo o que ele pediu estaria no portal. Não está lá e nem o governo quer esclarecer. E mandou recados claros disso para ele por vários emissários. Isto é uma prática de governo. O resto é discurso fajuto e que não se sustenta.

Voltando à página incompleta do Fundo Municipal de Saúde que ainda pode ser acessada por modo transverso no site da prefeitura de Gaspar.

Nele há dicas que a coisa está preta. O orçado nesta conta para este ano era R$95,8 milhões. Contudo, no dia 12 de junho, ou seja, antes da metade do ano, quando printei a tela do velho Portal da Transparência da Prefeitura de Gaspar para abrir esta página, o empenhado já era de R$64,6 milhões. E se nada falhar, o que já está ajustado para R$104 milhões, irá facilmente para R$130 milhões até o fim do ano, ou depois das eleições, a Saúde em Gaspar entra em colapso.

Detalhe: como é o último ano de governo de Kleber e Marcelo, nada disso, em tese, poderá ir para restos a pagar no ano que vem, primeiro do novo prefeito.

Retomando. Quanto dessa rubrica do Fundo Municipal de Saúde é para o Hospital? Por que tantos recursos são usados nesta área da saúde, superando largamente a obrigação constitucional, se há uma reclamação geral de problemas reiterados nos postinhos, farmácias, policlínica, filas para exames especializados e de laboratório, bem como contra o próprio Hospital?

Afinal, que transparência o governo de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo tanto falam e Kleber ressalta no vídeo acima? Qual a razão de insistir neste tema? Só se, tardiamente, começaram ler as pesquisas e elas mostram que, as dúvidas é um dos calos dessa gente. A melhor transparência que o governo Kleber e Marcelo ensaiou foram os trechos chantagens das conversas entre o ex-faz tudo de Kleber, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, e o atual presidente do Samae, Jean Alexandre dos Santos, PSD. Até isso, que mais parecia um caso policial o que político, planejamento e gestão, deram um jeito de esconder dos gasparenses.

Quando Kleber fala que Gaspar é referência nacional em gestão administrativa do portal “gestão gov”, ele quer dizer ao povo de Gaspar que os burocratas de Brasília inventaram uma premiação de reconhecimento a servidores municipais que fazem direito a alimentação de dados de verbas obrigatórias transferidas da União para os municípios. Nada mais. Nada excepcional. Ou excepcional agora para Kleber é fazer o que é certo?

Sobre as contas aprovadas é algo na mesma linha. Pois se não fizer, pode ser punido no bolso e até politicamente no mandato ou nos direitos políticos. Simples assim.

Era só o que estava faltando, mas mesmo assim, estão lá estão escritas uma série de ressalvas do Tribunal de Contas. Estas ressalvas, mostram que a gestão de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo passou no teste, mas bateu na trave. Tudo conversa mole de quem não tem muito o que dizer depois de oito anos de governo e pode ser reprovado nas urnas em seis de outubro. Estão enchendo a linguiça, e ninguém sabe muito bem o que tem dentro dela. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Falta liderança e comando no PL de Gaspar. Bernardo Leonardo Spengler Filho, PL, está na presidência pela proximidade que possui desde a infância com um dos filhos – Bruno – do governador Jorginho Melo, PL. Jorginho morou em Gaspar quando foi gerente da agência do BESC. O tom conciliador de Bernardo, bem diferente do que era o pai como político ou dirigente partidário, o ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, MDB (1997/99, saiu antes de completar o mandato) é algo elogiável, mas está fora do ponto.

Ainda mais, para quem não possui experiência nesse ninho de raposas e em tempo de campanha para lá estranha. Falta-lhe articulação. E vem “tropicando” uma atrás da outra. E ainda acha que não pode ser cobrado.

O que aconteceu? Na quarta-feira esteve no Distrito do Belchior, a subsecretária estadual de Educação, líder política em Blumenau – onde já foi uma eficaz secretária de Educação. Ela estava cotada para ser a vice pelo PL de lá até semana passada. Agora, no acerto, Patrícia Luerdes e vestida como pré-candidata a deputada estadual em 2026 no lugar do deputado Ivan Naatz, se ele se tornar desembargador no quinto constitucional.

Patrícia Luerdes, como subsecretária de Educação do governo de Jorginho Melo, PL, que controla o partido e o diretório de Gaspar, foi a escola estadual Frei Policarpo, no Belchior Alto. Lá com toda a pompa, anunciou que o governador estava liberando R$5 milhões para melhorias físicas da escola estadual, repito estadual. Legal.

Quem estava lá fazendo a festa, campanha, discurso e espalhando a notícia pelas redes sociais como sócio do anúncio de Jorginho Melo, PL, para Gaspar e o Belchior? O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o secretário de Educação de Gaspar, o curioso na área, o jornalista de Blumenau, Emerson Antunes, PSD, a vereadora do distrito, Franciele Daiane Back, MDB e o candidato a vereador do grupo pelo Distrito, todos concorrentes do PL de Gaspar. A escola municipal da mesma localidade está um desastre fisicamente. Mas…

O presidente do PL de Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho nem avisado foi. Nem os candidatos do PL como o delegado Paulo Norberto Koerich, Rodrigo Boeing Althoff, ou o vereador do partido, Alexsandro Burnier, ou os pré candidatos da possível aliança PL, União Brasil e PRD do distrito, ou de Gaspar. Nadinha, de nada. Espantoso.

Consultei Bernardo Leonardo Spengler Filho. Ele se justificou, mas pediu para não escrever nada sobre o que ele me enrolava. O que prova isso? Se a justificativa dele não é mais uma patacoada, o presidente do PL perdeu mais uma oportunidade pública para falar com a sua turma e dizer que já estava consertando o que estava e está torto. Nem isso. Preferiu curtir a fossa e a passada de perna dos políticos manhosos criados em Florianópolis, Blumenau e Gaspar. Nem mais, nem menos.

Como não se posicionou, quem veio na sequência e no dia seguinte, esta quinta-feira, a Gaspar “conhecer” os projetos do governo e posar com o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, bem como com o vice, que é candidato adversário do PL de Gaspar, Marcelo de Souza Brick? Maria Helena Zimmermann, secretária de Assistência Social, Mulher e da Família (à esquerda na foto ao lado).

Mais uma que o PL de Gaspar e os seus candidatos levaram pelas costas em menos de 24 horas. Só falta culpar a imprensa, os adversários e este espaço. Ensaiar, até ensaiaram. Ninguém do PL de Gaspar acompanhando a secretária da Educação e a da Assistência Social, que se vendeu como visita oficial.

Bernardo Leonardo Spengler Filho é insinua que é fogo amigo e pede para não levar isto adiante. E deve ser mesmo. Então, vai zendo cozinhado em forno brando enquanto vende o seu negócio ao partido. Eu, por exemplo, tenho certeza que este fogo amigo só está se criando porque as oportunidades estão caindo de maduro em espaço não ocupado pelo Bernardo, diretório, candidatos e outras lideranças. Acham que o bolsonarismo e os bolsonaristas vão lhes salvar. Até agora, o PL de Gaspar, o que possui voz e autoridade, não foi capaz de apontar um só errinho do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP. Sintomático quanto impressionante.

E talvez o PL não possa fazer isso, afinal os que apoiaram Kleber e Marcelo – e que antes já fizeram isso com Pedro Celso Zuchi, PT – agora dizem apoiar os candidatos do PL. Mas quem está se mexendo e se relacionando são os que estão no poder de plantão. Essa gente, que vive nas sombras para salvar seus interesses, vaidade e negócios, sente cheiro de enxofre e não é de hoje. As fotos em duas ocasiões forçadas dos candidaros do PL de Gaspar com o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro saíram sem leveza, aquela que transmite apoio. Estão aí nas redes sociais para serem avaliadas e até melhoradas com filtros e inteligência artificial.

Agora o recente vídeo com o suposto adversário Kleber Edson Wan Dall, MDB, não. Jair Messias Bolsonaro, PL estava solto. Com o recém chegado ao PL, o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, nesta semana, igualmente. Uma festa só. E quem está metendo o pau em Luiz Inácio Lula da Silva, PT, como se Gaspar estivesse um brinco? O candidato de Kleber, Marcelo de Souza Brick, PP. Incrível como o PL de Gaspar perdeu a mão e o controle da candidatura pura e própria com Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff. Quem do governo estadual virá nesta sexta-feira a Gaspar para humilhar o PL daqui? A não ser que o PL ensaia uma união com o MDB, PSD e PP.

Em entrevista, a Adelor Lessa, da Rádio Som Maior, de Criciúma, o deputado Federal por Rio do Sul, Jorge Goetten de Lima, PL, mas de muda para ser o “dono” do Republicanos, em Santa Catarina, no lugar do ex-governador Carlos Moises da Silva e por manobra do governador Jorginho Melo e do PL, garantiu que o que foi acertado para a campanha deste ano no diretório estadual, será mantido. Se esta declaração prevalecer, o candidato Oberdan Barni (o primeiro a direita na foto ao lado) continuará pré-candidato a prefeito em Gaspar. Ele reuniu a turma de vereadores para dizer isso, antes mesmo desta entrevista acontecer.

Diferente de muitos que estão esperando milagres e tramando à minha derrubada, eu estou fazendo campanha“, argumentou Oberdan, sob a possibilidade do PL de Gaspar engolir, no tapetão, a sua candidatura em Gaspar. “Eles mesmos falam por aí que não tenho votos, então não somaria nada se isto é verdade. Não é o que vejo por aí e nas pesquisas. E eles sabem disso. Por isso, ficam espalhando confusão. Nós temos um inimigo comum: a má administração da cidade de Gaspar. Ou o PL não enxerga isso? Eu não os vejo apontarem os erros e a correção para não se continuar assim como está. Eu quero mudar. E eles?“, desabafa Oberdan.

A Rua Eurico Fontes, no Centro de Gaspar, teve a sua improvisada camada de macadame retirada pelo Samae, depois de semanas e muitas reclamações. Colocaram uma base para receber o asfalto e que já está esfarelando. Como há longo tempo não há chuva, esta desculpa que estava na ponta da língua, não pode ser usada.

Enfeite. A prefeitura depois do quiprocó das floreiras compradas e armazenadas por meses, denunciada pelo vereador Alexsandro Burnier, PL, a prefeitura de Gaspar finalmente está colocando parte delas naquele trecho do pasto do Jacaré, que ligas as Avenidas Frei Godofredo e Francisco Mastella e que por um quilômetro se pagou mais de R$12 milhões. A prefeitura preferiu enfeitá-la do que consertá-la. Tudo que o governo mais entende é de maquiagem. Muda, Gaspar!

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11 comentários em “KLEBER EM CAMPANHA E SEM OBRAS FÍSICAS RELEVANTES, ESTÁ “MOSTRANDO” O QUE NINGUÉM PODE VER. É ELE PRÓPRIO QUEM DIZ ISSO EM VÍDEO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS”

  1. IMAGEM CONGELADA, por Merval Pereira, no jornal O Globo

    O sucesso que o presidente Lula faz no exterior justifica suas viagens internacionais, polindo a própria imagem e a do país, que passou quatro anos sendo enxovalhada pelas atitudes radicais e retrógradas do seu antecessor. Mas não tem consequências para as crises de seu governo, onde se vê a cada dia mais impotentes diante do avanço da oposição.

    Agora mesmo, na reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, Lula foi aplaudido de pé ao defender a democracia, e emitiu conceitos estimulantes a seus correligionários de esquerda no mundo, como a direta afirmação contra Elon Musk, ao afirmar que não precisamos buscar em Marte a solução de nossos problemas, é a Terra que precisa de cuidados.

    Outras críticas a Musk, que assumiu recentemente um apoio ao bolsonarismo e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF), foram infantis ou/e equivocadas, como estranhar que quem nunca plantou “um pé de alface” no Brasil pudesse criticar os ministros do Supremo. O fato é que a platéia internacional continua sendo a melhor audiência para Lula, como sempre foi antes de estourar o escândalo do mensalão.

    O ex-presidente dos Estados Unidos Barak Obama foi o primeiro a destacá-lo, chamando-o de “o cara” e dizendo que Lula era “o político mais popular do mundo”. O mensalão não apenas tirou de Lula o Prêmio Nobel da Paz, como o colocou no ostracismo internacional, com exceção de núcleos esquerdistas. Seu retorno à presidência, depois de ter sido liberado pelo Supremo, deu-lhe condições de retornar ao palco internacional, e ele tem recuperado o tempo perdido, cometendo os mesmos erros de supervalorização de sua persona, tentando um lugar de destaque no mundo multipolar de mediador das crises internacionais, que não corresponde à sua atuação internamente.

    Lula já não consegue nem mesmo liderar nossa região em que o Brasil sempre foi destaque inconteste. O mundo mudou, e Lula não mudou com ele na prática, embora na retórica pareça ter mudado. Agora mesmo, ao citar a crise climática e a necessidade de resolver os problemas de nosso planeta, Lula não teve um só exemplo do que o Brasil está fazendo para ajudar nessa equação. Se no plano interno tivesse colocado em prática as promessas de campanha, a esta altura já poderíamos ter ações para dar exemplo, e exigir dos países ricos uma ação mais consequente.

    Estamos, no entanto, nos debatendo sobre exploração de petróleo em áreas de proteção ambiental, sem um programa sério de combustíveis alternativos como o etanol, do qual fomos pioneiros, e abandonamos prematuramente como política de Estado para ganhar dinheiro com açúcar. Há projetos de retomada, mas nada que aponte para um programa estável a longo prazo.

    O petróleo continua sendo prioridade na política energética brasileira, e a intervenção do governo no comando da Petrobras mostra como nosso projeto de futuro se baseia no passado de políticas populistas de controle de preço e intervenções estatais. Mas a imagem de Lula no exterior continua congelada no seu passado político. Ele mesmo faz questão de alimentar esse mito, pois, como fez agora no mesmo discurso da OIT, para defender a democracia, frisa que somente nesse regime um operário poderia chegar à presidência da República.

    O que se aplaude nesses encontros internacionais são as teorias de Lula, não sua ação na atualidade. No exterior, essa postura de líder do mundo em desenvolvimento tem sua validade, ainda mais quando Lula defende pontos importantes, como acabar com a desigualdade. Mas, se o governo Lula não consegue levar adiante uma negociação no seu próprio país, como vai liderar uma ação global nesse sentido?

  2. A SUPER CASA CIVIL É UMA ILUSÃO, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Lula e a torcida do Flamengo sempre souberam que a eleição de 2022 produziu um Congresso conservador. Com quase dois anos de governo, entrou no inferno astral das derrotas parlamentares e cada hierarca aponta para um responsável. A raiz dos erros vem de Lula e tem data. Em março de 2023, ele reuniu o Ministério e disse o seguinte:

    “É importante que toda e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República, para que a gente possa chamar o autor da genialidade e possa anunciar publicamente como se fosse uma coisa do governo.”

    Lula achava que esse modelo de administração poderia funcionar e Rui Costa, seu chefe da Casa Civil, acreditou. Pensou até mesmo que poderia filtrar o acesso de ministros ao presidente.

    Essa Super Casa Civil só funcionou no governo do general Emílio Médici (1969-1974). Ele não queria ser presidente e não gostava de política. Assim, a administração da quitanda ficou com o professor João Leitão de Abreu, a economia com Antonio Delfim Netto e a área militar com o general Orlando Geisel. Feita essa partilha, não queria que lhe levassem problemas.

    Muitos outros presidentes sonharam com essa Casa Civil poderosa. Nunca deu certo, pois um cidadão que chega ao Ministério não está disposto a passar pelo crivo de um de seus pares, elevado à condição de bedel. Pena que Rui Costa tenha acreditado nessa fantasia, tornando-se o principal suspeito em quase tudo que dá errado.

    Lula subiu a rampa achando que foi eleito por uma frente ampla de partidos quando ele foi eleito (com uma diferença de 1,8 pontos percentuais) por um arco democrático. A diferença entre o arco e a frente pode ser fulanizada na pessoa do ex-ministro Pedro Malan. Ele fez parte do arco, mas nada tem a ver com a frente. Malan vem alertando para os riscos dos gastos, mas só é ouvido por seus leitores.

    A Super Casa Civil daria a Lula liberdade de ação para exercer um protagonismo internacional. Ele tentou, sem sucesso nem mesmo na América Larina.

    O problema e sua solução estão onde foram deixados por Carlos Lyra:

    “Vou pedir ao meu Babalorixá

    Pra fazer uma oração pra Xangô

    Pra por pra trabalhar gente que nunca trabalhou.”

    Em tempo: Lula com agenda sideral e paralela é novidade. Nas suas versões 1.0 e 2.0 ele corria atrás da bola.

    ESCALADO PARA BODE

    O PT está fazendo uma tempestade num copo d’água com a revelação de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ao governador Tarcísio de Freitas que aceitaria ser seu ministro da Fazenda.

    A inconfidência veio num contexto em que Campos defendia a candidatura do governador de São Paulo na eleição de 2026. Ele não é conhecido pela sua habilidade política fora do mundo dos números. A oferta, portanto, seria para um governo a ser formado depois da eleição de 2030. Até lá, muita água passará debaixo da ponte.

    A indignação petista tem outro aspecto. Com a economia andando de lado e o cancelamento de várias promessas, convém que apareça um bode expiatório e Roberto Campos Neto é a figura ideal para esse papel.

    EREMILDO, O IDIOTA

    Eremildo é um idiota mas nunca acreditou na conversa de que se chegaria a um ajuste fiscal por meio de um aumento da receita. Lula, por exemplo, nunca disse que acreditava nisso.

    Para alegria do cretino, a Faria Lima começa a expor publicamente seu ceticismo, porque no escurinho da avenida, ninguém acreditava no cumprimento de promessa.

    O cretino sabe que a turma do papelório solidariza-se com quaisquer iniciativas de Brasília, até a hora em que a casa cai.

    A ELEIÇÃO DE SÃO PAULO

    As eleições municipais não são prévias das disputas presidenciais, mas o pleito de 2020 na cidade de São Paulo indicou que o bolsonarismo havia perdido o vigor de 2018. Em 2022, Lula e Fernando Haddad, seu candidato ao governo, ganharam no município de São Paulo, com alguma folga.

    Sabe-se lá o que virá das urnas em outubro, mas é possível colocar um palpite na mesa.

    Se Guilherme Boulos (PSOL-PT) levar a prefeitura, a reeleição de Lula será provável. Se Ricardo Nunes (MDB) for reeleito, ela se tornará improvável

    Se a deputada Tabata Amaral chegar ao segundo turno, ela poderá se tornar a favorita. Neste caso, a reeleição de Lula dependerá muito de quem será o seu adversário.

    BANCADAS DO CRIME

    Em silêncio, a Polícia Federal está mapeando os candidatos a vereador e até a prefeito apoiados direta ou indiretamente pelo crime organizado.

    Contam-se às centenas.

    GUERRA DE EGOS

    Há alguns meses a PUC do Rio reuniu sete economistas responsáveis pela formulação e a aplicação do Plano Real, que devolveu o valor à moeda nacional. É um bom documento, mas tudo indica que é o último.

    Trinta anos mais velhos, alguns dos doutores cultivaram tanto seus egos que produzem saias-justas do tipo: “Se ele for convidado eu não vou e rompo relações contigo”.

    RISCO BRASIL

    Desde maio o indicador da percepção do Risco Brasil vem subindo. O suspeito de sempre é o mau estado das contas públicas, mas não deve ser desprezado o funeral da Operação Lava-Jato, com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) segurando as alças do caixão.

    Para um investidor tradicional, um governo gastador é uma forte gripe, mas insegurança jurídica, aliviando-se larápios, é pneumonia.

    LUZ NO FIM DO TÚNEL

    O repórter José Marques revelou que cinco ministros do Supremo Tribunal não comparecerão ao próximo evento a ser celebrado em Lisboa, sob a batuta do ministro Gilmar Mendes e de seu Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa.

    São eles: Cármen Lúcia, Luiz Fux, Edson Fachin, Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

    ORDEM NOS QUARTÉIS

    Para quem viveu quatro anos de sobressaltos com o ex-capitão falando no “meu Exército” uma das melhores coisas que aconteceu foi a costura do ministro da Defesa, José Múcio, com os três comandantes das Forças, sobretudo com o general Tomás Paixa, do Exército.

    Os dois tocam de ouvido e falam pouco. Quando falam não põem bravatas na mesa.

    Pode parecer exagero, mas essa paz dos quartéis é a melhor conquista do Lula 3.0.

  3. UM CENÁRIO BEM MAIS DIFÍCIL, por José Roberto Mendonça de Barros, no jornal O Estado de S. Paulo

    Na edição de 19 de maio, escrevi neste espaço que o cenário econômico estava mais difícil, pois, desde a divulgação da inflação americana de março, uma sucessão de eventos reforçou uma perceptível piora das contas fiscais do ano corrente. Isso devido ao início das transferências para o Rio Grande do Sul e à necessidade de cobrir a perda de receita decorrente de duas pautas-bomba nascidas no Congresso: a renovação dos subsídios a 17 setores e a redução das contribuições previdenciárias dos pequenos municípios.

    Nesse contexto, foi editada a MP 1.227, que limitava o volume de créditos de PIS/Cofins que as empresas poderiam utilizar, então enviada ao Congresso sem discussão prévia em nenhum fórum.

    A reação entre empresas foi tão forte que o senador Rodrigo Pacheco devolveu parte da medida, fato raríssimo. Isso causou um enorme choque nos mercados, pois ficou claro que o ajuste via arrecadação encontrou seu limite e que não há alternativas para atingir as metas que não passem pela redução de despesas.

    Ora, não há o menor sinal de que o presidente Lula irá dar algum apoio ao corte de gastos, o que deixa Haddad numa posição enfraquecida.

    Com isso, as dúvidas sobre o rumo da política fiscal levarão o Banco Central a dar uma pausa na redução de juros, elevando a incerteza e pressionando ainda mais a posição do real e as projeções de inflação para o próximo ano. Tudo isso envolto num ambiente tremendamente pessimista.

    Vivemos mais um exemplo da resistência de nosso precário sistema político a mudanças. Em nosso país, os problemas vão sendo empurrados para frente até ficarem insuportáveis para a opinião pública e a população. Só, então, certos consensos são atingidos na sociedade civil, o que pressiona o Congresso a aceitar, relutantemente, novas soluções. Historicamente, o caso mais relevante foi o da inflação, apenas enfrentado com sucesso com o Plano Real.

    Agora, é a vez do equilíbrio fiscal, pré-condição para reduzir juros a níveis compatíveis com um crescimento mais sustentado.

    O controle das despesas públicas entrou definitivamente na discussão, e esse é o ganho da atual confusão. Mais ainda, algumas ações imediatas terão de ser propostas por Fazenda e Planejamento e aceitas pelo Planalto.

    Embora, no meu entendimento, o grau de pessimismo esteja acima do tom, parece inequívoco que o governo diminuiu um pouco de tamanho.

  4. POLÍTICA E BUROCRACIA ERRÁTICAS ATRASAM O PAÍS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    As nações democráticas que atingiram estágios avançados de desenvolvimento conciliaram, ao longo desse percurso, oposições políticas ferozes com grandes consensos sobre o que não está em disputa.

    O embate partidário jamais deveria ameaçar as garantias individuais, o acesso ao governo e demais cargos representativos por eleições limpas e os controles institucionais que evitam o abuso do poder.

    Acordos tácitos, mas não menos respeitados por todos os contendores, também se decantaram no terreno econômico e no social.

    A disputa nos mercados deve ser tão limpa e justa quanto na política, ao Estado cabendo perseguir a equidade de instrução e saúde dos cidadãos. Seguros solidários, como a Previdência e os programas assistenciais, sustentam níveis mínimos de consumo de todos.

    A solvência das contas públicas, a estabilidade de preços, a eficiência e a probidade no emprego do dinheiro dos impostos, bem como a previsibilidade das regras do jogo, são valores que tampouco costumam ser desafiados nas experiências bem-sucedidas de desenvolvimento democrático.

    Dentro do campo delimitado por esses marcos, há margem para divergências acentuadas. Há visões antagônicas e legítimas sobre o nível da tributação, as prioridades do gasto público, a liberalização de condutas, de costumes ou de armas de fogo, entre tantos outros temas divisivos.

    Comparado a esse modelo que preserva grandes consensos da disputa política, o Brasil revela o seu índice de subdesenvolvimento.

    Aqui o presidente da República se sente autorizado a manipular preços de energia e a partidarizar a gestão de uma empresa de vocação monopolista como a Petrobras.

    Executivo e Legislativo não têm pruridos de comprometer pontos percentuais do PIB com despesas a descoberto, que vão pesar nos ombros das gerações futuras.

    O Poder Judiciário e o fisco promovem alterações constantes, inadvertidas e custosas nas regras civis, penais e tributárias. Nessas convulsões normativas, nem sequer o passado é previsível, conforme o chiste didático.

    Um sem-número de exceções, privilégios e vantagens obtidas pela proximidade com o poder distorce a competição econômica.

    Os programas de educação e saúde distanciam-se das boas práticas locais e internacionais e são facilmente capturados seja por ideologias obscurantistas, seja por lobbies corporativistas.

    Políticos e burocratas no Brasil ignoram que nem tudo deveria estar em jogo numa democracia que aspira ao desenvolvimento. Enquanto não se emanciparem dessa mentalidade primitiva, o país não terá chances de superar o atraso.

  5. TÁTICA DE ISOLAR A EXTREMA DIREITA DÁ SINAIS DE FADIGA NA EUROPA, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

    Por muito tempo, a Europa confiou que um apelo às forças políticas moderadas seria suficiente para isolar a extrema direita. A coalizão entre esquerda e centro-direita para bloquear o Chega em Portugal, a reprovação multipartidária à AfD na Alemanha e a união contra os Le Pen na França são exemplos desse caminho.

    A consolidação da ultradireita na paisagem partidária, os ajustes cosméticos feitos por algumas legendas, a simpatia crescente do eleitores e o acovardamento de representantes da direita tradicional, porém, abrem buracos nesse cordão sanitário.

    Na França, um flerte com Marine Le Pen rachou a legenda conservadora Republicanos. O líder do partido, Éric Ciotti, disse que topava uma aliança com a ultradireitista Reunião Nacional para evitar a vitória da esquerda na próxima eleição. Acusado por colegas de “vender a alma”, o político acabou expulso do partido.

    A boa vontade com plataformas de extrema direita já provocou terremotos em países como Brasil e EUA. Na Europa, esse processo se desenha de maneira gradual, refletindo transformações políticas e sociais que ajudam a explicar o enraizamento desses partidos no eleitorado.

    Analistas apontam que alguns grupos de ultradireita fizeram mudanças internas depois que se cansaram da rejeição que sofriam nas elites políticas e em fatias da população cruciais para a conquista de maiorias eleitorais. Em cálculos pragmáticos ou puramente ardilosos, certos partidos suavizaram discursos e buscaram se diferenciar de antigos parceiros considerados mais radicais.

    Logo ao lado, políticos da direita tradicional ensaiam alianças oportunistas para evitar o que muitos identificam como uma ameaça de extinção. Essas legendas perderam mercado nos últimos tempos para uma ultradireita que passou a oferecer uma alternativa sedutora aos velhos eleitores daquele campo.

    Hoje, a tática do isolamento parece mais frágil tanto do ponto de vista da coordenação dos atores políticos como por consequência de mudanças nas preferências do eleitor.

  6. LULA QUER OS R$29 BI, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Então ficamos assim: os empresários e o Congresso que se virem para arrumar R$ 29 bilhões de receita extra para o governo federal. Esse foi o recado do presidente Lula, dado na última quinta-feira. É tipo ameaça: se não aparecer esse dinheiro novo, cai a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia.

    O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, acolheu. Disse que procurará a receita extra.

    Incertezas na praça. Os empresários daqueles 17 setores — que não recolhem 20% da folha de salários para a Previdência — não sabem até quando contarão com o benefício, que reduz o custo de contratação de mão de obra.

    No setor produtivo, sobra risco: onde e como o Congresso pretende recolher aquele dinheiro? Segundo Pacheco, haverá aumento de arrecadação sem a cobrança de novos impostos. Mesmo assim, serão R$ 29 bilhões que sairão dos negócios das empresas para o caixa do governo federal. Que gastará tudo. Onde o dinheiro seria mais eficientemente utilizado? Muitas empresas fazem maus negócios. Mas o setor privado gera, sim, emprego e renda. O governo é exemplo de mau gastador. Não é possível que a receita aumente tanto sem o proporcional ganho nos serviços prestados pelo governo federal.

    Há aqui duas histórias em paralelo. A primeira, mais imediata, começa com uma MP do governo, bolada pelo ministro Fernando Haddad, que cancelou a desoneração da folha. Por esse sistema, a empresa, em vez de pagar 20% sobre os salários, recolhia um imposto, menor, sobre o faturamento. O benefício estava em vigor desde 2011, promoção da dupla Dilma Rousseff, presidente, e Guido Mantega, então ministro da Fazenda. Eis o PT de Haddad/Lula desfazendo a lei dos companheiros. O Congresso derrubou a medida, manteve a desoneração e ainda estendeu o benefício a municípios menores. Lula vetou. O Congresso derrubou o veto. O caso foi parar no Supremo. Em vez de decidir, o STF mandou a bola de volta ao governo e ao Congresso: que encontrassem, em conjunto, um meio de compensar a receita perdida com a desoneração.

    O ministro Haddad propôs — e o presidente Lula assinou — uma nova MP, sem negociação. Essa medida reduzia ou eliminava a possibilidade de empresas usarem o crédito obtido com o pagamento de PIS/Cofins. Atingiu em cheio diversos setores produtivos, que perderiam R$ 29 bilhões, o tanto que Haddad calculava receber. Protestos generalizados, Rodrigo Pacheco, sensibilizado, digamos assim, devolveu a MP, tornada sem efeito.

    Mas para além dessa história inacabada, há outra, de fundo: o equívoco de origem do arcabouço fiscal. O programa foi lançado com um objetivo básico: garantir a expansão de despesas do governo federal. Promessa de Lula: o Estado gastará para fazer a economia andar. Segundo o presidente, é investimento. Pouco importa, o dinheiro é o mesmo e sai do mesmo caixa. Ora, onde arranjá-lo? Tomando mais impostos.

    No começo, o ministro dizia que se tratava de cobrar imposto que os ricos não pagavam. O Congresso aprovou algumas medidas, mas a conta não fechou. Aí começaram a pescar o dinheiro no consumidor — impostos sobre combustíveis — e nos setores produtivos. Contando dois anos, seria uma derrama, algo perto de 2% do PIB (R$ 200 bilhões) saindo do setor privado para financiar os gastos do governo.

    Passou uma medida, passou outra, mas a coisa encrencou quando chegou às MPs da desoneração e do PIS/Cofins. Caiu a ficha. O déficit zero, supostamente objetivo do governo, só se alcança com forte aumento de carga tributária. Carga já elevada que passa por uma reforma. Não vai dar. O clima azedou. Dólar para cima, Bolsa para baixo. Não é má vontade do mercado. É a compreensão de que o país não crescerá assim.

    O forte aumento de despesa será pago com endividamento. Dívida pública elevada puxa juros para cima. Custos mais altos para empresas batem na inflação. Por isso Haddad e Simone Tebet começaram a falar em segurar a despesa. Até aqui, sem combinar com Lula, que continua cobrando os R$ 29 bi.

  7. TRAGÉDIA SEM FIM, por Demétrio Magnóli, no jornal Folha de S. Paulo

    “É melhor um fim trágico que uma tragédia sem fim”, decretou Jaques Wagner diante da devolução da MP do PIS/Cofins pelo presidente do Senado. Ao que parece, Lula aplaudiu o gesto de Rodrigo Pacheco, ralhando com seu círculo mais próximo por um erro político crasso cometido com seu aval. O evento rocambolesco assinala o encerramento da primeira etapa de Lula 3. Começa, agora, Lula 3.2.

    Não foi um equívoco circunstancial, mas o fruto de uma estratégia geral. Lula vive no passado: o mundo do dinheiro farto de seus mandatos anteriores. Ancorado nas suas memórias e hipnotizado pela crença arrogante de que sua genialidade pariu aquele mundo, o candidato Lula pregou a restauração da política econômica exercitada numa era de ilusões. A dura prova da realidade tardou meros 18 meses.

    Na campanha, o candidato entregou-se à quadratura do círculo. De um lado, praticando a sabedoria, firmou uma aliança com o centro político, expressa na cooptação de Alckmin, Tebet e Marina Silva. De outro, praticando uma teimosia que reflete suas convicções profundas, prometeu repetir a orientação econômica sintetizada por Dilma Rousseff pelo refrão “gasto é vida”. Não funcionou: o presidente perdeu a confiança dos eleitores de centro, mesmo conservando, como enfeites natalinos, os três representantes desse setor do eleitorado.

    Mas, sobretudo, a nau encheu-se de água nos porões da economia. O “gasto é vida” foi adotado tanto pelo Executivo quanto por um Congresso com poderes típicos do parlamentarismo mas sem as responsabilidades correspondentes. O ministro Haddad, um santo com vaga garantida no paraíso, tentou o impossível para conciliar os impulsos de gastança com a meta elusiva do equilíbrio fiscal. Seu dom de iludir chegou ao limite, algo que ele mesmo admitiu ao declarar, resignado, após a devolução da MP, não dispor de Plano B para compensar as perdas arrecadatórias.

    “Gasto é vida” só sobrevive em céu sem nuvens. A conjuntura internacional marcada pelo desmoronamento da ordem do pós-Guerra Fria não entrou no cálculo lulista. A trajetória inclemente dos juros nos EUA e o desastre climático no RS, com suas implicações inflacionárias, formaram uma sucessão de cumulonimbus no horizonte. Os truques de prestidigitação fiscal do Ministério da Fazenda já não conseguem ocultar a curva de longo prazo. Não sem motivos, o Copom suspendeu as rodadas de corte da taxa Selic.

    Qualquer governo eleito pelo povo beneficia-se de um período de graça. O arcabouço fiscal do ministro santificado, junto com a ortodoxia monetária do BC, propiciou uma lua de mel entre o governo e os agentes econômicos. O afeto, porém, encerrou-se. Como de hábito, os economistas heterodoxos, Gleisi Hoffmann e o “gabinete do ódio” petista culparão os suspeitos de sempre, agravando a crise de comunicação do governo. Não se superam impasses políticos de fundo por meio de retórica balofa.

    Há tênues sinais de vida inteligente oriundos da Fazenda e do Planejamento. Haddad anunciou uma revisão “ampla, geral e irrestrita” das despesas públicas. Falta combinar com Lula e com o centrão. A noção de que o gasto estatal impulsiona o consumo e, por essa via, provoca crescimento econômico figura na mente presidencial, como tabu. O centrão, por sua vez, não cultiva tabus, mas apenas seus interesses imediatos –e, precisamente por isso, associou-se ao manual lulista de teoria econômica.

    Lula 3 foi inaugurado à sombra gloriosa do fracasso do golpismo bolsonarista. “Nós” contra “eles”: o antibolsonarismo sedimentou-se como ferramenta propagandística crucial do lulismo. Entretanto, por sua própria natureza, a polarização funciona melhor para a oposição que para o governo. Se Lula 3.2 revelar-se incapaz de romper o tabu econômico presidencial, será sucedido por um bolsonarismo 2.0. Ou seja, pela proverbial “tragédia sem fim”.

  8. LULA, HADDAD E A SONEGAÇÃO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S.Paulo

    Fernando Haddad disse nesta semana que empresas estão pagando menos impostos por meio do “uso indevido” de créditos do PIS/Cofins. Esses créditos são imposto pago ou presumidamente pago a mais e que as empresas podem receber de volta ou abater do pagamento de outros tributos.

    O assunto ficou meio esquecido porque a medida provisória que pretendia limitar o uso desses créditos foi recusada pelo Senado, entre outros motivos porque houve revolta de empresas, o que deu no tumulto sabido.

    Quando tentou acabar de vez com os benefícios tributários para o setor de eventos (Perse), no início do ano, o ministro da Fazenda também falou em “irregularidades”.

    Se há rolo da ordem de dezenas de bilhões de reais, é preciso fazer um estardalhaço com isso. Como o próprio governo diz, trata-se também de fraude contra a concorrência, de esteio de atividade criminosa, de motivo indevido para aumento de carta tributária sobre empresa honesta etc.

    Daria até para apostar que há fraudes, malandragens de planejamento tributário e interpretações erradas da lei etc.

    Quando toma posse, muito governo (federal, estadual, municipal) diz que vai arrumar dinheiro relevante combatendo rolos e “renegociando contratos”. Jamais rende grande coisa. Ou as fraudes não são tão grandes, ou é difícil de prová-las, ou de ganhar os casos na Justiça.

    Seja como for, seria preciso apresentar um balanço disso tudo, por justiça e para entendermos a possibilidade de recuperação de dinheiros.

    O Perse é o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, criado na epidemia para socorrer empresas de turismo, cultura, feiras, esporte etc. As firmas pagariam menos imposto, por certo tempo, prazo que em 2023 já se alongava demais.

    No final de 2023, o governo deu cabo do programa, por medida provisória. Teve de recuar, dada a revolta de empresas e parlamentares. Em versão menor, o Perse foi renovado pelo Congresso em abril.

    Em fevereiro, Haddad dissera que as irregularidades talvez explicassem por que a conta do Perse teria ficado tão maior e pesada para o governo. Empresas teriam fingido ser do setor de eventos a fim de receber o benefício; haveria lavagem de dinheiro. Além do mais, houve enorme controvérsia entre governo e setores beneficiados sobre o custo do Perse.

    Houve investigações. A Receita mandou comunicados com orientação para a autorregularização das empresas. Mas não foi divulgado o balanço do caso. Quanto custou, enfim, o Perse? Quanto do custo era rolo?

    No caso das compensações do PIS/Cofins, o ministro chegou a falar de “fraude”, na terça (11), mas em seguida atenuou a acusação: “Estou chamando de fraude, mas poderia estar chamando não necessariamente de fraude, mas de uso indevido da compensação” (isto é, declarar créditos ilegítimos, não reconhecidos pela Receita). Tudo bem.

    Haddad disse também, entretanto, que o “uso indevido” teria tirado até R$ 25 bilhões da receita do governo. Não ficou muito claro em quanto tempo teria sido acumulada tamanha perda, se em um ano ou mais. É dinheiro grosso.

    O ministro não pode sair por aí quebrando o sigilo fiscal de empresas, claro. Menos ainda pode acusar alguém fora do protocolo. Disse, porém, que apresentaria a parlamentares dados sobre o crédito do PIS/Cofins. Logo, já pode publicar algum balanço mais organizado dessas contas.

    Na parte que restou da medida provisória do PIS/Cofins, determina-se que as empresas declarem quanto recebem de benefícios tributários. Bom. O governo tem dado mais publicidade sobre quem leva o quê. Fica assim menos difícil de saber de privilégios e ineficiências das isenções de impostos. Mas conviria que o ministro deixasse claro se há roubança e outros rolos nos impostos. E de quanto.

  9. UM ALIMENTA O OUTRO, por Augusto Franco, no “X”

    O bolsonarismo alimenta continuamente o lulopetismo. De todas as desgraças de nossa política, não vejo uma pior do que essa. Os populistas reacionários de direita dão um pretexto atrás do outro (praias, estupro, delação) para a mobilização do populismo de esquerda. Quam stultus!

  10. ATRASO, por Gilberto Natalino, ex-vereador de S. Paulo por oito legislaturas

    O fundamentalismo religioso, em particular o evangélico no Brasil, é um atraso de vida para a humanidade. São hipócritas, violentos, preconceituosos, falsos moralistas. Puxam a sociedade para trás.

  11. LULA DE MÃOS ATADAS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, atolado por suspeitas de malversação de recursos públicos no Maranhão, diz mais sobre o governo Lula da Silva do que sobre seu auxiliar. E não são poucas as enrascadas em que o político do União Brasil se meteu.

    Após reportagens em série do Estadão revelarem uma farra no uso do orçamento secreto na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) – a estatal do Centrão –, o leitor deste jornal já conhece bem o histórico do sr. Juscelino.

    Vale a pena lembrar alguns episódios nada abonadores. Quando deputado, Juscelino destinou verba milionária para asfaltar uma estrada que passa na frente de uma fazenda sua, em Vitorino Freire (MA). Ele ainda omitiu do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) parte de seu patrimônio e, já como ministro, recebeu diárias – ou seja, dinheiro público – para ir a um leilão de cavalos de raça. Sua cidade natal, administrada pela irmã, firmou contratos com empresas de amigos.

    A lista é longa. Mas nada disso foi suficiente para sacá-lo do cargo.

    Diante de tantos indícios de irregularidades no repasse de emendas parlamentares, a Polícia Federal (PF) deu início a uma investigação. Segundo o indiciamento, o ministro é suspeito de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Nada menos. O Estadão apurou que o relatório final cita também falsidade ideológica, frustração de caráter competitivo de licitação e violação de sigilo em licitação.

    Tudo isso, porém, não parece grave o bastante para Lula demitir sumariamente Juscelino Filho tão logo a PF o indiciou.

    Alçado do baixo clero da Câmara, o ministro representa um problema para o governo, não por sua notória desqualificação como gestor público, mas por uma potencial rebelião no União Brasil em razão de sua queda. O indiciamento ainda veio a calhar em uma semana em que o Congresso andou bastante indócil com o governo Lula da Silva.

    Segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), o desfecho depende do presidente, o que é óbvio, e de um posicionamento do União Brasil. Por ora, a legenda não soltou a mão do correligionário, a quem manifestou “total apoio” alegando “uma possível atuação direcionada e parcial na apuração”. Para o terceiro maior partido da Câmara, investigações semelhantes no passado levaram a “condenações injustas”.

    Em Genebra, onde participa de um evento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Lula disse que “o fato de o cara ser indiciado não significa que o cara cometeu um erro”. “Agora, eu preciso que as pessoas provem que são inocentes”, afirmou.

    O presidente até pode vir a demitir Juscelino Filho – hoje, amanhã ou sabe-se lá quando. Porém, esse imbróglio já se arrasta desde janeiro de 2023, logo após a posse para seu terceiro mandato. Seja qual for a decisão de Lula da Silva, o episódio só reforça que um governo fraco como o dele não pode se dar ao luxo de indispor qualquer partido de sua base rarefeita.

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