Alterado o título às 16h15min. Depois de jogar as cartas na mesa e blefar pedindo mais espaços para supostamente dar apoio ao governo de Jorginho Mello, PL, na Assembleia, o então todo poderoso MDB de Santa Catarina anunciou que o deputado estadual Jerry Comper, de Ibirama, aceitou e vai ser o novo secretário de Infraestrutura. A posse será na quinta-feira se até lá não houver qualquer reviravolta neste caso. E por quê? O MDB que fez a presidência da Alesc, com Mauro de Nadal, a contragosto de Jorginho, diz que vai dar apoio crítico ao governo. Pior. Não só aceitou este cargo vazio, como admitiu que não receberá o que inicialmente pediu – mais outra secretaria. Está claro que na Seinfra, Jerry será uma espécie de Rainha da Inglaterra.
E a reação veio logo e de dentro do próprio MDB. E a chapa esquentou. Ao colunista Upiara Boschi, o ex-governador Paulo Afonso Evangelista Vieira, MDB (1995/99) foi sarcástico e na veia.
“Ao longo dos anos, eu já vi partidos aderirem a governos em troca de secretaria de estado, diretoria de estatais, cargos comissionados e funções gratificadas. Mas, é a primeira vez que vejo um partido aderir a um governo em troca de uma sala”.
E qual a razão de tanta indignação?
É que antes de dizer que um deputado do MDB pode ir para lá, o governador Jorginho, ocupou a secretaria de Infraestrutura com a sua turma de muitos anos que estava no velho Dnit de Santa Catarina. Ela por deficiência nos resultados, foi expurgada pelos então Ministro da Infraestrutura do presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, e hoje governador de São Paulo pelo Republicanos, Tarcísio Gomes de Freitas, e provocou um mal-estar danado, até hoje não muito bem engolido por Jorginho.
Eleito governador, Jorginho resolveu premiar o pessoal dele que não passou no teste de Tarcísio. Já estão no Deinfra Ricardo Grando que é o secretário interino e guardando a vaga para Jerry; ele será o adjunto. E na ocupação de fato como braços direitos, de confiança e operacionais de Jorginho e daquilo que não produziram quando no Dnit de Santa Catarina, está Vissilar Preto e que está nomeado superintendente de Infraestrutura, bem como Ronaldo Carioni, nomeado como superintendente de Obras Civis e Hidráulicas.
Os históricos do MDB estão desesperados, não exatamente pela vagas que não vieram e que negociavam para nelas se pendurarem, mas pela forma como Jorginho os enquadrou e o partido e ele aceitou ser humilhado. No fundo também, é o preço pelo MDB hoje só possuir uma bancada com seis deputados. É humilhante, porque Jerry, que teve 64.145 votos, troca o protagonismo dele na Alesc por uma secretaria onde a caneta dele não terá tinta, o café será frio e amargo, e mais do que isso, Jerry terá opinião sobre os contratos e não poderá interferir nos editais. Se isto colar, vai colar na imagem contra ele em futuras eleições.
Quem também perde com esta troca em Gaspar é o presidente da Câmara de Vereadores, Ciro André Quintino, MDB, o cabo eleitoral de Jerry que fazia do gabinete dele em Florianópolis, um ponto de parada quase toda a semana. Ciro arrumou por aqui exatos 900 votos para a reeleição do deputado Jerry.
TRAPICHE
Mais uma vez o Hospital de Gaspar é parte de um inquérito para apurar a falta de transparência das suas contas e possíveis fraudes em contratos de prestadores de serviços e médicos além de obras superfaturadas. Quem está cuidando disso é a promotora da Comarca, Daniele Garcia Moritz. Fará falta, o falecido vereador Amauri Bornhausen, PDT, que não passou o pano para este assunto enquanto vereador, mesmo supostamente pertencendo à Bancada do Amém. Ela reúne onze dos 13 vereadores votos caixão para o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB.
À franquia do jornal “O Município”, de Blumenau foi o que “furou” o bloqueio neste assunto e que a prefeitura – interventora do Hospital desde 2014 – e o próprio Hospital, querem sepultos e longe da sociedade. E eles conseguem com facilidade o sumiço deste tipo de notícia nos veículos de comunicação da cidade diante das verbas públicas que gerenciam. Agora, sem alternativa, estão todos os veículos reproduzindo o que “O Município” publicou um ai a mais.
Este assunto, todavia, não é novo. Já tratei em detalhes aqui. E meus leitores e leitoras estavam sabendo há muito tempo. E por conta disso, a mesma imprensa que teve que ver confirmado em um veículo de Blumenau o que a cidade sabe, desconfia e por falta de transparência da prefeitura, deturpa-se, aumenta-se.
Em nota, sem ter como calar, a prefeitura e o Hospital informaram ao “O Município” que estão dando os esclarecimentos pedidos pelo MPSC. E que isto, segundo eles na nota, não é novidade. E que um outro inquérito anterior e no mesmo sentido já foi arquivado. Estou apenas olhando a maré. Porque quando se descobrir que este ar era contaminado…
O vereador Amauri expôs o dreno de verbas públicas e supostamente sem controle o Hospital de Gaspar. Pacientemente, ele esperava novas respostas que foram retardadas pela prefeitura e o Hospital. Ele morreu no final do ano passado. Mas, o assunto não se encerrou e dependendo como for conduzido, poderá ir além dos gastos supostamente excessivos que se noticiou como pano de fundo da investigação do Ministério Público.
O secretário da Saúde, o vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, e o presidente do Hospital de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, estão em Brasília acompanhando o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB.