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JOÃO PEDRO VAI A BRASÍLIA E MOSTRA QUE POSSUI RELAÇÕES NA CÚPULA DO “NOVO” PODER. FALTA TRANSFORMAR ISTO EM RESULTADO PARA A SUA COMUNIDADE E PARA ALÉM DO MARKETING PESSOAL E POLÍTICO

Há quem diga que eu jogo milho aos pombos. Eu apenas olho a maré. E por quê? Sou marinheiro. A maré uma repetição. Mesmo previsível, na baixa ou na alta, esses movimentos não são exatamente iguais e sempre com resultados variáveis. E, devem ser respeitados em qualquer navegação ou ancoragem.

O jovem petista João Pedro Sansão – o que já tentou ser vereador, até vice-prefeito e alimenta sonhos de ser prefeito de Gaspar – mas, ainda está em dúvida se continua sendo um promissor advogado com representação na Capital Federal para os casos daqui que aportam por lá nos tribunais superiores, ou se tenta a vida de político na sua terrinha, foi sucesso de audiência nesta semana nas suas redes sociais. Ele mostrou, que no ambiente do poder recém-instalado em Brasília, possui acesso, relacionamento e circula com desenvoltura. Toquei rapidamente neste assunto na seção “Trapiche” de quarta-feira passada.

Abriu até portas de um Café da Manhã na Secretaria Nacional da Juventude – como mostra a foto de abertura – para gente como o presidente da Câmara de Florianópolis, João Cobalchini, União Brasil, e o vereador de Caçador, Jonhy Marcos, MDB. Os de Gaspar assistiram tudo nas postagem de João Pedro.

É algo que se deve respeitar esta habilidade de João Pedro, tanto que é com ela que ele vem emplacando aqui. Comparando-o, em artigo anterior, mostrei que este é o ponto preocupantemente fraco do prefeito reeleito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, cuja rede de apoio, amparo e influência político-administrativa não passa sequer das divisas do município. E quando passa, está escorada na Igreja Evangélica onde ele está instalado e é refém para votos. 

Antes de prosseguir um parêntese ilustrativo para entende o tamanho do desafio e dos erros:

Na quarta-feira, por exemplo, dia de posse na Assembleia, Kleber sumiu do sempre ao vivo das suas redes sociais. Não disse onde estava. Publicou fotos antigas com o presidente eleito da Assembleia, Mauro de Nadal, MDB, e com o deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD, e parabenizando-os pela eleição e a posse, respectivamente. Para Brasília, despachou a secretária de imprensa – com R$2.752,00 em diárias – para representar Gaspar na posse deputados e senadores.

Retomando.

A prova disso, e na repetição do mesmo tema, é que no ano passado, lançado a deputado estadual, Kleber teve que correr do pau para não atestar esta fraqueza nas urnas e se tornar um vexame político contra um possível futuro que ainda cultiva ou um emprego público, enquanto hibernará a esperava de uma janela de oportunidades.

Aliás, nem Kleber – e em defesa dele -, nem ninguém em Gaspar – em qualquer outro partido – possui mais caminhos em Brasília do que João Pedro. E foi ele quem quis e quer até hoje., Começou em 2017 quando fez um estágio político na Câmara Federal. Prosseguiu depois quando fez estágio profissional no escritório do badalado jurista paulistano José Eduardo Martins Cardozo, ex-ministro da Justiça da impichada presidente, Dilma Vana Rousseff, PT.

Contudo, o ponto não é este. Ser um hábil “public relations”, “influencer” nas redes, ou lobista em ambiente que possui certo acesso e mostrar isto com estardalhaço nas mídias sociais é uma coisa. Mas, transformar isto tudo em capital de resultado para si e sua comunidade, é outra coisa bem diferente. Trata-se de se construir caminhos viáveis ao candidato e perceptíveis aos eleitores. E esta é a questão central que se coloca e João Pedro sabe o que penso sobre isto, até porque não sou nenhum neófito no ambiente de se relacionar com resultados em áreas competitivas, seja no passado e no presente.

Resumindo, o João Pedro político está com a faca na mão. Entretanto, falha-lhe, na minha avaliação, ainda, saber se ele vai conseguir o queijo para fatiar, distribuir e fartar os seus interesses comunitários que ele diz defender. Por outro lado, João Pedro não deve esquecer de que o sucesso dele anima algumas vezes mais à inveja de seus próprios pares e naturalmente, dos adversários. Tudo para deixá-lo sem luz ou brilho. Eles esforçar-se-ão pelo seu tropeço, mesmo que isto custe sacrifícios ou falta de melhorias coletivas na comunidade. É o jogo do poder com e pelo poder. Sempre foi assim. 

João Pedro já possui esta experiência bem aqui em Gaspar. Lembrei-o, em artigo neste blog, no ano passado quando me deu a informação, de que a ideia não vingaria. Bingo. João Pedro tentou articular uma tal “Conecta Gaspar”, com jovens políticos e supostamente promissores, “pensando” segundo ele, na política dos jovens em relação ao futuro da sua cidade. Pois é. Os donos do poder e do atraso no MDB, PP e PSDB de Gaspar, incluindo o próprio PT de João Pedro, trataram de minguar a ideia em seus próprios partidos. Há donos. Há fila.

E é aí, que a cidade, os cidadãos e cidadãs pagam duplamente contra o futuro de todos. 

Quem será a “dona” do velho PT do Vale do Itajaí, em Brasília, vestido de novo devido a um naco de sorte criado pelo radicalismo dos bolsonaristas? A deputada Federal Ana Paula Lima, cujo marido, Décio Neri é nada mais, nada menos, do que o presidente do partido em Santa Catarina. E se isso fosse pouco, com ligações intimas e antigas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT. E quem é o velho parceiro de Ana Paula e Décio Neri daqueles tempos em que o PT era o que João Pedro é hoje? O ex-prefeito de Gaspar por três mandatos, Pedro Celso Zuchi.

Resumindo e encerrando. 

João Pedro precisa resolver o nó da sua exposição e do seu futuro dentro do seu próprio PT. Não adianta fazer vídeos, fotos, selfies e lives com os poderosos em ambientes de poder, se ele não transformar tudo isto em resultado para ser admirado e respeitado aqui e na região. João Pedro precisa usar a sua habilidade ímpar – e que repito, foi construída por ele e na maior parte dos casos em dinheiro público – e combinar tudo isso com os gregos do seu PT. Espaços há. 

Até porque Gaspar, o Vale do Itajaí e sua gente, precisam,  no mínimo, da reciprocidade ao que geram de tributos para o governo Federal, sustentar seus devaneios e poder.

TRAPICHE

Inverdades I. Pois é. A trama da mesa diretora da Câmara para inchar os gabinetes e alugar carros de luxo, terma do artigo de abertura aqui na quarta-feira, pegou. E quem comeu a isca, foi o novato Alexsandro Burnier, PL, que tentou logo cedo – e a caminho de Florianópolis – se explicar aos seus em grupos de aplicativos de mensagens. “São tudo inverdades do Herculano”, disse ele se explicando.

Inverdades II. Os experientes Ciro André Quintino, MDB, presidente da Casa, José Hilário Melato, PP e Giovano Borges, PSD (ex-presidentes e que verdadeiramente mandam na mesa da Câmara) quietinhos. Falou mais alto a experiência. Eles sabiam que a repercussão seria negativa na comunidade quando inventaram entre quatro paredes tudo isso. E sabem que explicar tudo isso os leva para o buraco.

Inverdades III. Para Alexsandro, não serão 13 os carros alugados e não serão, só porque pegou mal. Por outro lado, o próprio Alexsandro não sabe dizer a quantidade. Resumindo, onde está a inverdade de fato? De que não está se pensando alugar carros para os vereadores andarem para cima e para baixo em Gaspar? Não! Talvez na imprecisão do número deles, que está sendo revista. Aliás, o presidente da Câmara teve oportunidade de esclarecer isto e não esclareceu. Ou seja, se há alguma inverdade, ela tem origem.

Inverdades IV. Sobre serem os carros alugados de luxo, disse que é contra. Ou seja, confirmou que, de verdade, se discute essas mordomias às vossas excelências. Como bem lembrou Miguel Teixeira, depois de vir de Brasília e excursionar pelo nosso interior: “seguramente o Corolla não é o carro adequado para ir a determinadas regiões ouvir os eleitores”.

Inverdades V. Para a articulação que vai inchar os gabinetes, nem um pio. Sobre o uso de diárias para assistir à posse do seu deputado, Ivan Naatz, PL, diz que foi convidado e é preciso, mas com dinheiro dos eleitores. Sobre o telefone celular, ele usa o dele. Todos usam, a exceção de assessores, principalmente da desastrosa área de comunicação.

Inverdades VI. Se o vereador Alexsandro – o que quer ser político profissional – não tomar tento e perceber que está sendo usado pelos macacos velhos na política de Gaspar – e arredores – nunca ele será o novo como diz querer ser. Porque ser for o “novo” de verdade, baterá a velharia estabelecida na esperteza. Como ela não vai mudar, está tratando de expô-lo como mais um jovem velho na política.

Inverdades V. Alexsandro vira e mexe, mesmo em primeiro mandato, está no time que quer ver as mordomias da Câmara aumentarem para si e os servidores. Esta história dos carros alugados começou com ele querendo “vale combustível”. A eleitora, Odete Fantoni, que é leitora assídua aqui, o questionou fortemente na época. O vereador alegou que “era necessário para os vereadores conhecerem a realidade do povo e de Gaspar.”

Inverdades VI. Alexsandro tomou uma invertida, como ela revelou ontem numa intervenção na área de comentários. “Perguntei por que eles não usam o transporte coletivo [pra conhecerem a realidade de Gaspar]. Se querem fazer bonito para aparecerem nas redes sociais, que vivenciem a rotina da cidade ao pé da letra. Sem resposta, mudou de assunto“, lembrou Odete na postagem. Ou seja, Alexsandro está aprendendo direitinho com seus “mestres”. Se argumentos contra o aluguel de carros e o inchaço dos gabinetes, preferiu espalhar aos seus que eu escrevi inverdades.

Ivan Naatz, PL, na composição da nova mesa diretora da Assembleia, ficou de fora. Iniciou coordenando à composição da mesa. Ele foi engolido pelas circunstâncias como já escrevi anteriormente. Os novatos de Blumenau, Marcos da Rosa, União Brasil, e Egídio Ferrari, PTB, por sua vez, ganharam respectivamente a terceira e a quarta secretarias, com a eleição de Mauro de Nadal, MDB, a presidente da Alesc.

O que está claro nesta eleição? Que o PL bolsonarista radical será um problema dentro de Alesc para o governador Jorginho Mello. Está se repetindo a história que infernizou a vida do ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, a então sua vice e hoje deputada federal, Daniela Cristina Reinehr, PL. Ana Campagnolo, Sargento Lima e Jessé Lopes seguem isolados e barulhentos.

Mais do que isso. Por tudo que aconteceu na quarta-feira, o maior perdedor na eleição de Nadal, foi o experimentado Jorginho, ex-presidente da própria Alesc e que encurralava o Executivo. Jogou errado. Tentou isolar o MDB e jogar com o PP. Apostou errado e contra Júlio Garcia, PSD, que nem precisava conhecer como conhece, mas apenas olhar a fama dele de articulação nos bastidores.

Esta Alesc “independente”, no fundo, poderá ser benéfica para o próprio Jorginho que caminhava para ser um dos piores governadores de Santa Catarina. Agora, terá que negociar o seu viés autocrático num ambiente que ele já chegou a ser o manda chuva e lá deixava atordoado o Executivo. Nada como um dia após o outro.

O fedor do lixo. Mais dois prefeitos catarinenses foram presos. Tem gente se dedsnfetando e faz tempo.

Um retrato da educação e do amparo social de Gaspar. As creches de Gaspar – que atendem os comuns em meio período e os filhos de políticos em período integral, como denunciou faz tempo o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e mesmo assim não se corrigiu – fecharam no dia nove de dezembro do ano passado. E vão reabrir, pasmem, só na quarta-feira dia oito de janeiro, como se aqui não houvesse trabalhadoras e mães a procura de emprego. Neste ano, nem plantão houve.

Há oito meses – repito oito meses – que este espaço mostra com fotos, os desbarrancamentos contínuos da lateral da rua José Rafael Schmitt na esquina com a Barão do Rio Branco ao lado da ponte sobre o ribeirão Gaspar Grande. Ou seja, não foi um acidente da última ou penúltima enxurrada.

Por outro lado, estranhamente aqui em Gaspar nos meios de comunicação, ninguém enxergou neste tempo todo algo como notícia. E devido a isso, na segunda-feira à noite, a precariedade e o perigo foram notícias em sites de Blumenau. A rua Rafael Schmitt está parcialmente interditada. Isto está complicando ainda mais o trânsito complicado pela região central da cidade – e será por longo tempo. E uma das passarelas da ponte feita para ciclistas e pedestres, já foi fechada.

A permissão ao agravamento progressivo parece proposital devido à negativa, por tanto tempo, à uma solução de contenção ou definitiva.

O problema é notoriamente da qualidade do terreno – que se pode ser testemunhado por qualquer leigo e técnico no no local – e super agravado pelas infiltrações por redes de despejo pluvial.

Não foi exatamente à força das águas do Ribeirão nas enxurradas que causou o problema, mas apenas agravou por falta de ação anterior de contenção e de solução. Agora, a prefeitura, espera fazer um projeto – quanto tempo isso vai demorar? -, para que a Defesa Civil leve a Brasília e Florianópolis para custeá-lo, ao menos para cobrir parte daquilo que a falta de manutenção ou ação preventiva só piorou. Acorda, Gaspar!

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9 comentários em “JOÃO PEDRO VAI A BRASÍLIA E MOSTRA QUE POSSUI RELAÇÕES NA CÚPULA DO “NOVO” PODER. FALTA TRANSFORMAR ISTO EM RESULTADO PARA A SUA COMUNIDADE E PARA ALÉM DO MARKETING PESSOAL E POLÍTICO”

  1. GILMAR MIRA NA TURMA DO PORÃO E ATIRA EM SI MESMO, por Josias de Souza, o Uol

    O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes foi na mosca: “A gente estava sendo governado por uma gente do porão, isso é um dado da realidade. Pessoas da milícia do Rio de Janeiro, com protagonismo na política nacional. […] A gente tem que ter preocupação até com a preservação da nossa integridade física. Estávamos lidando com gente do porão. Como descemos na escala das degradações! Como a política desceu!”

    O decano do Supremo referia-se à trama urdida por Bolsonaro com o ex-deputado Daniel Silveira para grampear seu colega Alexandre de Moraes por meio de uma escuta implantada no senador Marcos do Val. Gilmar não se deu conta, suprema ironia, de que apontava para o próprio pé ao levar essa “gente do porão” à alça de mira. Na véspera, Flávio Bolsonaro, cujas conexões com o porão são conhecidas de Gilmar, tratara o caso com hedionda naturalidade.

    No plenário do Senado, o filho número um de Bolsonaro afirmara não ver indícios de crime nos relatos de Marcos do Val sobre a suposta conspiração trançada em reunião com seu pai. “Peço que todos os esclarecimentos sejam feitos. E eu não digo nem abertura de inquérito, porque a situação que foi narrada não configura nenhuma espécie de crime, mas para que não fiquem narrativas em cima de narrativas no intuito de superar os fatos.”

    Com atraso, Alexandre de Moraes abriu na última sexta-feira inquérito sobre a emboscada que lhe foi relatada pelo próprio Do Val, há quase dois meses. Como o processo envolve personagem com prerrogativa de foro no Supremo, Gilmar terá a oportunidade de expressar no seu voto a aversão à turma do subsolo. Uma repulsa que não conseguiu demonstrar em julgamentos sobre a rachadinha do primogênito.

    Na época em que dava expediente como deputado estadual no Rio de Janeiro, Flávio confiou a gerência da folha do seu gabinete a Fabrício Queiroz, um ex-PM como Daniel Silveira. Como já confessou o próprio Queiroz, Flávio se apropriava de parte dos salários de seus assessores. Entre eles a mãe e a ex-mulher do finado capitão Adriano da Nóbrega. Miliciano de estimação de Flávio e do seu pai, Adriano chefiou um temido “Escritório do Crime”.

    A despeito de todas as evidências reunidas em contrário, Flávio sempre se declarou inocente no caso da rachadinha. Entretanto, jamais fez questão de obter uma sentença absolutória. Operou para matar as provas, não para ser absolvido. Obteve notável sucesso. O réu requereu à Suprema Corte sucessivos trancamentos do processo. Gilmar Mendes e Dias Toffoli concederam-lhe um congelamento processual de mais de um ano.

    Nesse período, o Superior Tribunal de Justiça empurrou parte das evidências colecionadas contra Flávio para a cova. Em dezembro de 2021, a Segunda Turma do Supremo jogou terra em cima. O relator da encrenca foi Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin divergiu do relator. Ficou isolado. Votaram com Gilmar Ricardo Lewandowski e Nunes Marques.

    Tratado por Bolsonaro como uma espécie de gorjeta togada, o ministro Nunes Marques -“10% de mim no Supremo” – foi alçado ao topo do Judiciário com o aval de Gilmar e Toffolli. A dupla endossou a escolha num jantar com o então presidente da República.

    Hoje, Gilmar fala sobre essa “gente do porão” com o distanciamento um scholar entretido com os paradoxos que levaram pessoas vinculadas à milícia do Rio de Janeiro a ganhar protagonismo na vida nacional. Desconsidera sua contribuição pessoal para que um personagem como Flávio Bolsonaro continue desfilando sua “inocência” pelos salões de Brasília como se nada tivesse sido descoberto sobre ele e suas conexões milicianas.

    No campo jurídico, assim como na política, o autoengano é o perigo por excelência. O enganador autoenganado perde todos os contatos, não só com suas falas e decisões, mas com o mundo real.

  2. SEM PLANO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    De modo vago e grosseiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou em entrevista que pode rever a autonomia formal do Banco Central. Pouco se entendeu do que disse, além de um desejo de interferir nos juros. Esse tem sido o padrão das declarações econômicas do mandatário, que revelam, mais do que ideias erradas, a falta de planos.

    Além de confusas, as declarações carecem de caráter programático e institucional. A crítica de políticas públicas e a proposta de mudanças são parte do debate democrático e decorrências da alternância de poder. Lula, porém, não apresenta uma agenda organizada.

    Seus discursos sugerem que a mudança está associada apenas à vontade ou ao capricho do líder. São imprudentes e contraproducentes —elevam a taxa de juros e provocam mais deterioração das condições financeiras em geral.

    Tem sido assim desde o desfecho das eleições, quando o petista passou a criticar a ideia de conter o aumento da dívida pública. O presidente e integrantes do seu governo também pregam a expansão do BNDES (para também se contrapor ao BC, como disse Lula), criticam a Lei das Estatais e a política de preços da Petrobras.

    Pretendem ressuscitar, sem mais, programas como o PAC, de escasso ou desastroso resultado, ou o Minha Casa, Minha Vida.

    É como se bastasse reviver uma mítica era dourada, interrompida apenas pela deposição de Dilma Rousseff (PT) e pela dita ascensão do neoliberalismo. Tudo se passa como se não tivesse havido erros graves de política econômica, como se certos programas não tivessem envelhecido desde os primeiros governos petistas.

    Na vida real, o que se consegue com essa retórica palanqueira é tumulto e incerteza.

    A respeito do BC, Lula pretende encerrar a autonomia formal ou nomear dirigentes heterodoxos? Propõe um novo modo de definir metas de inflação ou políticas monetárias diferentes?

    Pretende replicar a gestão voluntarista do BNDES sob Dilma Rousseff, que não resultou em aumento de investimento e transtornou as contas públicas? Vale a mesma pergunta para a Petrobras, outro fracasso desastroso.

    É obviamente compreensível que um novo governo pretenda dar rumo diferente à administração, talvez com mudanças profundas. Tem mandato obtido nas urnas para tanto. No entanto a saraivada de declarações autolaudatórias, confusas, saudosistas e desprovidas de argumentos só causa insegurança política e econômica.

    Além do mais, não demonstra o devido apreço pela seriedade e pelo caráter institucional do governo e de sua agenda, algo que o país tanto precisa recuperar.

  3. A REDE AMERICANAS FOI DEPENADA, por Elio Gaspari nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    Com todo mundo brigando com todo mundo, é possível que a encrenca da rede varejista Americanas caminhe para uma falsa trégua. Seguiria o ensinamento do grande sambista Morengueira em seu “Piston de Gafieira”:

    “Quem está fora não entra

    Quem está dentro não sai.”

    Apareceu um rombo estimado em mais de R$ 40 bilhões e, salvo o executivo Sérgio Rial, que ficou alguns dias à frente da empresa, tocou o alarme e afastou-se do cargo, ninguém sabia de nada.

    O trio de grandes acionistas (Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles) informaram que “jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia”. A auditora PwC e os bancos que davam crédito à rede nunca tocaram o sino. Os responsáveis diretos pela administração da empresa ao longo dos últimos anos estão calados. Ninguém sabia de nada, mas o espeto vai também para fornecedores de mercadorias.

    A discussão de sabia-não-sabia irá para os tribunais e lá poderá ser esclarecida com o exame das mensagens trocadas pelos doutores. Contudo, versões implausíveis raramente resistem a uma cronologia, e ela indica que a rede Americanas sofreu um golpe. Em português do varejo, foi depenada. A empresa mimava acionistas e diretores como se fosse um porta-aviões e era um casco condenado. Pelo menos as pessoas que mostraram os números a Rial sabiam disso.

    No ano passado, o conselho da empresa orgulhava-se de “promover uma cultura de superação de resultados através da contratação e retenção das melhores pessoas, alinhadas com os interesses dos acionistas”.

    A Americanas remunerava muito bem seus diretores. Nos últimos dez anos eles receberam R$ 505,4 milhões, o dobro do que pagaram redes concorrentes como a Magalu e a Renner. Entre 2013 e o terceiro trimestre de 2022 a Americanas pagou R$ 2,1 bilhões aos seus acionistas. Até aí, seria o jogo jogado.

    O processo de escolha de um novo executivo para a Americanas começou em março do ano passado. Em agosto a rede anunciou que o veterano Miguel Gutierrez, com 30 anos de casa e 20 como seu principal executivo, seria substituído por Sérgio Rial, vindo do banco Santander. O repórter Nicola Pamplona revelou que durante o segundo semestre de 2022, diretores estatutários da Americanas venderam R$ 244,3 milhões de ações da empresa. O pico das vendas ocorreu entre agosto e setembro.

    Em novembro a rede revelou um prejuízo de R$ 211,5 milhões para o trimestre. (No ano anterior ela havia lucrado R$ 240 milhões no mesmo período.)

    A luz do Sol é o melhor detergente

    Sérgio Rial assumiu a direção da Americanas no dia 2 de janeiro. Nesses dias obteve detalhes do que mais tarde chamaria de “inconsistências contábeis”. No dia 6, representantes dos acionistas reuniram-se com diretores da empresa e funcionários da área financeira. Daí até o dia 11, Rial viveu o que chamou de “escolha de Sofia”: “Falo ou não falo?” Falou. No dia seguinte as ações da empresa perderam 80% do seu valor e logo depois a Americanas entrou em processo de recuperação judicial.

    O litígio da Americanas poderá vir a ser um dos maiores de todos os tempos, a menos que nas próximas semanas ocorra uma trégua simulada. Afinal, Morengueira cantava:

    “A orquestra sempre toma providência

    Tocando alto pra polícia não manjar

    E nessa altura

    Como parte da rotina

    O piston tira a surdina

    E põe as coisas no lugar.”

    A luz do Sol é o melhor detergente. Há abundantes sinais de que houve uma fraude na Americanas e que ela só durou anos porque foi encoberta.

    Os bancos pedem à Justiça acesso às comunicações internas da empresa. Esse acervo poderá levar a novas pistas para se saber o que aconteceu. Além disso, outra boa questão está no tabuleiro, para ser esclarecida com a Comissão de Valores Mobiliários:

    Quais foram os diretores da Americanas que venderam R$ 244,3 milhões no segundo semestre do ano passado, quando a Americanas foram do lucro ao prejuízo e sabia-se que Gutierrez seria substituído por Rial? Por quê?

    A ESTATAL DO TREM BALA É IMORTAL

    Marcelo Guerreiro Caldas, ex-diretor da Infra S.A., foi afastado do conselho de administração da estatal, acusado de ter apresentado um diploma falso para assumir o cargo.

    Maganos com diplomas esquisitos fazem parte da vida, mas o doutor Marcelo jogou luz sobre a existência da empresa. Em burocratês, ela é uma “empresa pública que nasce da junção da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e é responsável por obras ferroviárias, planejamento e estruturação de projetos para o setor de infraestrutura de transportes.”

    Traduzindo, a Infra é um avatar do Trem Bala que ligaria o Rio a São Paulo em poucas horas. A ideia do trem surgiu em 1996 e encorpou dez anos depois e, aos poucos, foi virando poeira. O presidente da Valec, estatal que cuidaria de sua construção, passou algum tempo na cadeia por outros malfeitos. Morto o projeto do trem, seus interesses burocráticos reencarnaram-se na EPL. Do seu casamento com a Valec, surgiu a Infra.

    Em quase 30 anos o Brasil teve governos de centro, de esquerda e de direita. Durante quatro anos, o ministro Tarcísio de Freitas ficou na pasta da Infraestrutura e elegeu-se governador de São Paulo. Só não conseguiu acabar com a estatal do Trem Bala.

    LULA 2026

    Lula anunciou que, se tiver saúde, poderá disputar a reeleição em 2026. Ele já havia condenado o instituto da reeleição e, na campanha, disse que seria “um presidente de um mandato só.”

    Pena, porque jogou fora a oportunidade de extirpar a busca pela reeleição da lista de malignidades da política brasileira.

    Hoje, a reeleição é a fonte dos piores males nacionais. Os planos golpistas de Bolsonaro estão aí para mostrar isso.

    EREMILDO, O IDIOTA

    Eremildo acreditou que Lula seria presidente de um mandato só. Ele também acredita que o ex-ministro Anderson Torres perdeu o celular e que foi a funcionária de sua casa quem guardou a minuta do golpe na estante. O cretino acha que a declaração de Valdemar Costa Neto de que todo mundo tinha cópias de minutas golpistas era apenas uma metáfora.

    Acima de tudo, Eremildo acredita que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) jamais se meteria numa operação para grampear o ministro Alexandre de Moraes. O general Augusto Heleno nunca concordaria com uma coisa dessas.

    GRAMPOS, HOJE E ONTEM

    Daniel Silveira, que teria planejado grampear uma conversa do senador Marcos do Val com o ministro Alexandre de Moraes, foi candidato a senador pelo PTB e não se elegeu. Fez campanha ao lado do ex-deputado Eduardo Cunha, que elegeu a filha, Danielle Dytz da Cunha.

    Em junho de 1974 o ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto desceu em Brasília para uma conversa com o general Golbery do Couto e Silva. Delfim havia sido o todo poderoso ministro da Fazenda, tentou ser governador de São Paulo, mas foi vetado. Da conversa, resultou que Delfim foi para a embaixada em Paris.

    Delfim achou estranho que Golbery lhe apontasse onde sentar. Claro, era para deixá-lo perto do microfone que transmitia a conversa para um gravador instalado na cozinha.

    Quem montou o grampo foi o coronel Edson Dytz, do Serviço Nacional de Informações. À época ele era sogro de Eduardo Cunha.

  4. LULA NÃO MEDE PALAVRAS, MAS DEVERIA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Sem incorrer em crime, um cidadão comum pode falar o que bem entender sobre o que bem entender, um militante pode lançar acusações hiperbólicas, um político de oposição pode propor medidas das mais extravagantes. Já um chefe de Estado precisa medir suas palavras, sob o risco de precipitar agitações no mínimo contraproducentes nos mercados, nas arenas políticas e no debate público. Mas o presidente Lula não tem pruridos em colocar seu ego acima do cargo que ocupa. Em entrevista à RedeTV!, Lula especulou sobre política como se estivesse numa bancada de oposição; sobre economia como se estivesse numa assembleia sindical; sobre geopolítica como se estivesse numa conversa de bar; e, claro, sobre eleições como se estivesse no palanque.

    Para não perder a viagem, começou repetindo vacuidades sobre a “paz” na Ucrânia, insinuando mais uma vez uma equiparação torpe entre a vítima e seu algoz. Sobre Cuba e Venezuela, tudo se passa como se a única causa da miséria e da opressão que fustigam seus povos fossem os embargos dos EUA. Não é que Lula critique esses bloqueios por serem ineficazes para debilitar ditaduras. Para ele, simplesmente não há ditaduras: “O Fidel Castro já morreu, Raúl Castro já fez a transição tranquilamente para o civil”.

    A propósito, Lula desmereceu, como ignorância ou má-fé, a desconfiança em relação à retomada dos empréstimos do BNDES para obras em países companheiros. Recentemente, a propaganda governista veio a público dizer que o BNDES não financia outros países e que não há risco de prejuízo. De fato, os contratos são celebrados com empresas brasileiras e o banco tem garantias. Mas, como os produtos são entregues a outros países e as garantias, ao menos nos projetos encampados pela gestão petista, ficaram todas na conta do Tesouro, quando há calote, como houve de Cuba ou Venezuela, o banco é ressarcido com dinheiro do contribuinte.

    Lula não só voltou a falar em termos maniqueístas da relação entre Estado e mercado, como usou o caso das Americanas para maldizer investidores que, com razão, manifestam apreensão com o futuro ante a perspectiva de gastança lulopetista. Depois de acusar um dos sócios das Americanas de fraude, algo que ainda é objeto de investigação, Lula disse que esse empresário “jogou fora R$ 40 bilhões de uma empresa” ao mesmo tempo que o mercado “fica muito nervoso” quando se fala em “melhorar a vida dos pobres”. É impressionante a capacidade de Lula de juntar alhos e bugalhos para justificar sua demagogia.

    Como se suas palavras não afetassem as expectativas de todo o País, Lula voltou a atacar o Banco Central por ter mantido a taxa de juros em 13,75% e, cúmulo da irresponsabilidade, tornou a questionar a autonomia do BC. Disse que vai esperar o fim do mandato “desse cidadão”, referindo-se ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, para “fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente”.

    Antes Lula tivesse se limitado a reiterar que o impeachment constitucional de Dilma Rousseff foi um “golpe”, pois, a esta altura, os brasileiros já se acostumaram à tentativa lulopetista de reescrever a história, agora que Lula voltou ao poder. Mas Lula não resistiu, na entrevista, a flertar com a heterodoxia econômica em nome da salvação nacional – e isso sim preocupa.

    Primeiro, Lula afetou escândalo com o fato de que um país que já foi a sexta economia do mundo tenha despencado para fora do grupo das dez, como se as políticas econômicas gestadas em seu governo e consumadas por sua criatura Dilma Rousseff não tivessem nada a ver com a pior recessão da história recente do Brasil. Depois, voltou a recorrer, sem matizes, ao expediente da herança maldita do governo anterior, apesar dos indicadores razoáveis.

    Por fim, mas não menos significativo, Lula da Silva foi imprudente a ponto de, com menos de um mês no cargo, admitir que é candidato à reeleição. Lula parece gostar de ouvir a própria voz falando sobre sua suposta indispensabilidade e sugeriu que pode concorrer se a situação estiver “delicada”. Ou seja, Lula já se apresenta como salvador da pátria. Ora, se depois de quatro anos de Lula a pátria precisar ser salva, não será por Lula.

  5. CONTRAPONTO A LULA, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Do presidente Lula, em entrevista à Rede TV!:

    – Qualquer palavra que você fale na área social, “Vou aumentar o salário mínimo em R$ 0,10”, “Vamos corrigir o Imposto de Renda”, “Precisamos melhorar (a vida dos pobres)”, o mercado fica muito irritado.

    E mais:

    – Agora, um deles (Jorge Paulo Lemann, acionista principal das Lojas Americanas) joga fora R$ 40 bilhões de uma empresa que parecia ser a mais saudável do planeta Terra, e esse mercado não fala nada, ele fica em silêncio.

    O mercado falou, presidente. E protestou do modo mais firme que conhece: derrubou o preço da ação de R$ 12 para perto de zero, o que impõe perda enorme aos acionistas, inclusive Lemann. Além disso, todos os grandes bancos privados, credores das Americanas, manifestaram claramente seu desagrado, acionando na Justiça a empresa e seus acionistas principais. Claro que há, digamos, acionistas inocentes – aqueles que não exercem controle sobre a empresa e compram o papel para poupança. Esses minoritários, parte do mercado, também estão na Justiça cobrando atitudes mais responsáveis dos controladores, inclusive aporte substancial de capital.

    Lula também atacou no pessoal:

    – Esse Lemann era vendido como o suprassumo do empresário bem-sucedido no planeta Terra, que financiava jovens para estudar em Harvard para formar um novo governo e falava contra a corrupção todo dia.

    Presidente, é uma pena que o senhor não conheça o trabalho da Fundação Lemann. Aplica bastante dinheiro para financiar o desenvolvimento de projetos pedagógicos e de gestão no ensino público. Toma também iniciativas para instalar internet de alta velocidade nas escolas públicas. E, sim, manda estudantes para Harvard. O bilionário poderia abrir uma escola privada e se aproveitar dos financiamentos do governo, mas, em vez disso, coloca seu dinheiro para apoiar o ensino público. Ajuda a reduzir a desigualdade.

    O cientista político Fernando Schüler escreveu um excelente artigo na revista Veja, “A lição de Tocqueville”, mostrando a importância das iniciativas dos ricos muito ricos. Certamente, o dinheiro que Lemann gasta na fundação rende mais benefícios à sociedade do que se todos esses recursos fossem para o governo na forma de impostos. Também duvido que o setor público fosse mais eficiente. Como mostra Schüler, o segundo maior orçamento do governo federal é da educação. E nossos alunos das escolas públicas vão para os últimos lugares nos testes internacionais. O fato de Lemann cometer um enorme erro na Americanas não tira o mérito de outras coisas que faz.

    Lula também investiu contra a independência do Banco Central (BC), atacou a recente decisão do Copom – “não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%” – e pediu meta de inflação maior. Também voltou a dizer que o teto de gastos é contra o povo e que não funciona. Na mesma semana, quando o dólar caiu abaixo de R$ 5, o Instituto Lula disse que isso resultava da confiança no governo.

    É o contrário, presidente. A moeda americana desvalorizou praticamente no mundo todo porque o mercado – sim, o mercado – entendeu que a taxa de juros nos Estados Unidos subirá menos do que se pensava. Com juros menores lá, investidores internacionais procuram mercados que oferecem taxas maiores. Vai daí que entram dólares aqui, são trocados por reais, isso provocando a valorização de nossa moeda. Na verdade, presidente, o dólar cairia mais se o senhor e seu pessoal deixassem esse tema por conta do BC.

    E o teto de gastos, adotado no governo Temer, funcionou, sim. No seu período, a taxa de juros (Selic) caiu de 14,25% ao ano (herança Dilma) para 6,40%. O PIB voltou a crescer, depois de dois anos de recessão. E a inflação caiu de 9,3% para 2,7%. Hoje, o dólar continua caro, e os juros seguem elevados por causa da lambança anunciada nas contas públicas e pelo festival de declarações equivocadas. Como esta, presidente: primeiro ataca a independência do BC, depois diz que o “seu” BC foi bem porque atuou com… independência.

    Pô, presidente!

  6. A INTENÇÃO SUBJETIVA DE SANSÃO

    A intenção subjetiva não cria uma relação, como o jovem é advogado, por isso o vocabulário jurídico, na fila tem muita gente que podem fazer LOBY em Brasilia,
    Tem PP
    Tem o próprio MDB
    Tem o próprio PL do Jorginho
    Tem o PSD que já está todo de mãos dadas com o poder e ai o Padrinho do Kleber.
    Acho que os 2 foram promotores de um assodamento gasparense (açodamento)

    1. Na fila há muita gente e continua na fila, porque fazer alguma coisa de concreto, até agora, só as polpudas diárias para falar com assessores de quinta não só nos ministérios, mas até nos gabinetes dos nossos parlamentares. As fotos e os fatos não deixam nenhuma dúvida. Resumindo, os incompetentes estão “defendendo supostos direitos adquiridos”, mesmo que eles não tenham produzidos efeitos alguns para eles próprios e a sociedade da qual dizem serem porta-vozes

  7. COLHENDO JUROS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Se era esperada a decisão do Banco Central de manter sua taxa de juros em elevadíssimos 13,75% ao ano, o alerta quanto aos impactos inflacionários do aumento dos gastos públicos foi reação proporcional às indicações temerárias do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    “A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, disse o comunicado da instituição, lido como uma indicação de que os juros podem ficar onde estão até o final do ano.

    Eis o resultado, nada surpreendente, da aprovação da PEC da Gastança e do falatório de Lula contra a responsabilidade fiscal, a autonomia do BC e as metas de inflação, a seu ver muito baixas.

    As projeções de mercado para o IPCA deste ano e dos próximos vêm subindo desde novembro. Na última coleta, o ponto médio das expectativas foi de 5,74% em 2023, bem acima da meta de 3,25%. Para 2024, o quadro também se agrava com variação esperada de 3,9%, ante a meta oficial de 3%.

    Se há poucos meses havia um claro caminho para cortes da Selic (a taxa do BC) para até 11% ainda neste ano, a perspectiva agora é de permanência do arrocho.

    Em nada ajuda, ademais, o questionamento pueril de Lula a respeito da autonomia legal da instituição. A cultura de gestão monetária foi assentada na prática seguida por sucessivos governos, incluindo os do próprio petista, culminando na sua formalização em 2021.

    Retroceder nesse quesito abalaria a credibilidade da política econômica, com a consequência óbvia de mais inflação, que penaliza sobretudo os mais pobres.

    Tampouco convém mexer nas metas anuais já definidas até 2025. A tese dos defensores dessa intervenção é a de que desequilíbrios econômicos do país, inclusive o do próprio Orçamento federal, tornam as metas irrealistas.

    Sua elevação, por esse argumento, permitiria queda mais rápida dos juros e melhor desempenho da atividade econômica no curto prazo. A tese é questionável teoricamente, porque subir a meta pioraria ainda mais as expectativas, e o momento seria péssimo.

    O temor de descompromisso com as contas públicas e a adoção de velhas fórmulas intervencionistas ameaçam a evolução da economia e do emprego. A boa notícia é a aparente disposição dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento, para desfazer o estrago.

    Será imperativo fazer escolhas sensatas nos próximos meses, em especial com a apresentação de uma regra rígida e crível para o controle das despesas.

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