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JÁ TEMOS GOVERNADOR. E ADESISTAS AOS MONTES. ESTE É O GRANDE PROBLEMA

Não há dúvidas de que em nove dias teremos Jorginho Mello, PL, como novo governador de Santa Catarina. É uma afirmação que beira à arrogância e à precipitação, mas em outra ponta, nada diz que Décio Nery de Lima, PT, poderá mudar o que está posto: a sua derrota. 

Décio já teve uma vitória: levar o seu PT catarinense pela primeira vez ao segundo turno e fazer disso, uma batalha perdida. Pior: toda ela armada pelos seus adversários. Esperidião Amim Filho, PP, Gean Loureiro, União Brasil, e principalmente o governador Carlos Moisés da Silva, Republicamos, todos o queriam como adversário no segundo turno. Jorginho, ao final, ganhou o bilhete premiado.

O PT em Santa Catarina ainda é um fantasma. Causa medo. E tudo está relacionado as suas administrações municipais que teve nas mãos e não conseguiram mantê-las. E por resultados obviamente nefastos com o futuro destas cidades.

Jorginho, oestino de Herval d’Oeste, já trabalhou e morou aqui em Gaspar como gerente do finado BESC. É um experimentado político como deputado estadual, federal e agora senador. Ele sempre surfou ondas e bastidores. E para isso mudou várias vezes de partidos. Sempre se agarrou ao tronco da correnteza do momento. Nunca administrou nada. Suas falas como candidato, mostram bem isso. Nunca foi um político de direita ou conservador. Nem era, por isso, o candidato preferencial de Jair Messias Bolsonaro, PL, que até poderá fazer mais votos do que ele em Santa Catarina. Pela ordem era Amim e Loureiro, este, por causa de João Rodrigues, PSD, prefeito de Chapecó E é esta batalha dele neste momento. E por isso, não está rejeitando os adesistas de sempre e que olham para as barbadas.

Jorginho está pisando sobre ovos. É um especialista, reconheça-se. Ele promete coisas que sabidamente não poderá cumpri-la, nem com Bolsonaro eleito, e até com Luiz Inácio Lula da Silva, PT, com que tende ter mais afinidade na eleição de ambos. Jorginho não inspira confiança naquilo que diz nas suas entrevistas e debates. Impressionante. Inclusive na leitura corporal. Mas, está aí. E vai vencer. O seu terno está pronto. 

E os bolsononaristas, direitistas e conservadores farão a parte deles. Por outro lado, sabem que podem estar convalidando um erro. O MDB já pulou a cerca e está com Jorginho. Outros farão isso. E é isto que está incomodando os bolsonaristas, direitistas e conservadores: os adesistas de última hora, como é o caso do prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB. Até a pouco tempo era Carlos Moisés camuflado. Estava esperando o segundo turno. Ao menos dessa vez, Gaspar parece que não estará na contramão da história. Resta saber qual será a história de Jorginho com Gaspar.

Jorginho eleito, a pauta bolsonarista ficará comprometida como ficou com o Comandante Moisés, o que se elegeu com os votos bolsonaristas. E os bolsonaristas não perdoaram Carlos Moisés desde os primeiros dias de governo. A vice, hoje deputada federal, Daniela Cristina Reinehr, PL, foi o inferno do governador. O certo é: Jorginho não é Carlos Moisés – o avesso a política, relacionamentos e politicagem. Mesmo assim, os bolsonaristas – como é do perfil deles – não terão paciência e prometem danos. Eles conhecem Jorginho. Sabem que ele não é um deles. E o enquadrarão.

Jorginho antes de tudo é Valdemar da Costa Neto, o dono do PL, o da maior bancada de parlamentares na Câmara. Não é pouco. Jorginho era o dono do Dnit em Santa Catarina, o que não conseguiu dar andamento às obras federais de melhoria e duplicação. O ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Republicanos, que o diga. Demitiu o indicado e protegido de Jorginho, por incompetência

Por outro lado, Jorginho, deva-se ressaltar, por fidelidade de oportunidade ao bolsonarismo e contra Carlos Moisés, chegou ao cúmulo de vir ao Vale do Itajaí convencer associações e empresários para não aceitar o dinheiro do governo do estado, criado pela maioria de deputado na Assembleia – terminar a duplicação da BR-470 no trecho mais adiantado entre o porto (e aeroporto) de Navegantes e Blumenau. 

Este é o Jorginho. O que joga duplamente. O que promete um asfaltaço e rodovias por todo o canto de Santa Catarina, mas quando teve a oportunidade de se alinhar ao mínimo de mobilidade, logística, competitividade e vidas, preferiu o apagão para atender ao apelo de vingança partidária do bolsonarismo que via no gesto de Carlos Moisés um problema que poderia lhe dar a reeleição.

Quanto a Décio? Seria um desastre ao modelo econômico, competitivo, produção, riqueza e diversidade setorial catarinense. Basta ver o que ele fez quando chegou ao poder em Blumenau. Não teve a menor dúvida em destruir um dos maiores polos têxtis do Brasil, no uso da máquina sindical – de onde é originário – a favor da sua causa política e de poder. 

A resiliência de Blumenau foi maior do que a efêmera vida política de Décio de dois mandatos de prefeito e deputado federal, o que parece saber da derrota e estar acentuando o palanque e as qualidades de Lula e que nesta reta final de campanha está vendo as coisas se complicando. Em Gaspar, por exemplo, investidores tiveram patrimônios “confiscados”, como é o caso da Fazenda Juçara, que está embrulhada numa longa discussão judicial como Arena Multiuso Francisco Hostins. Vingança. Tem outros casos. Um deles, o meu. Só porque não me dobrei às ameaças e calei a escrita. É assim que vivem os políticos: pressão, chantagem, vingança e trocas.

E agora, Décio está falando em amor. Ai, ai, ai. E quer dar, se eleito, o maior alto salário-mínimo regional do Brasil, numa prova cabal pela demagogia barata de quem não conhece a realidade do mercado formal de empregos daqui.

TRAPICHE

Definitivamente, para alguns vereadores, as sessões curtíssimas da Câmara de Gaspar, viraram um pesadelo. É um tal de sair cedo, a tal ponto do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, observar da tribuna na última sessão, em tom de ironia, se ainda havia quorum.

Havia. Fez o discurso e se mandou também. Nem a presidente que brigou como doida para ser eleita, resistiu: também saiu cedo. Não seria o caso de mudar o regimento interno da Casa – que ainda é um puxadinho da prefeitura – para se fazer uma sessão uma vez por mês, ou a cada seis meses, já que é cansativo estar lá em média uma hora uma vez por semana?

E por falar em gestão. Não é que a mesa diretora da Câmara de Gaspar tirou R$150 da rubrica fake para a construção da sede própria para cobrir o rombo das despesas administrativas? Algo muito incomum.

O prefeito de fato de Gaspar, deputado estadual e agora eleito federal, Ismael dos Santos, PSD, foi a Câmara e da tribuna “agradeceu os votos recebidos por aqui e se largou a alguns elogios. Estava acompanhado do irmão de templo, o prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall, MDB.

Até aí, nada demais. É do ofício. O detalhe é que ambos deixaram o plenário, justamente no momento em que o vereador Amauri Bornhausen, PDT, que em tese é da Bancada do Amém, mas não refresca para o governo, ocupou a tribuna. Recados de quem vive com bíblia na mão.

Espera-se que Amauri tenha entendido o gesto intencional. Está mais do que na hora dele revelar o que sabe sobre a administração do Hospital e da Saúde em Gaspar, ou então ficar quieto de vez. Se não fizer isso, continuará sofrendo constrangimentos provocativos. Acorda, Gaspar!

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7 comentários em “JÁ TEMOS GOVERNADOR. E ADESISTAS AOS MONTES. ESTE É O GRANDE PROBLEMA”

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  3. ONDE BUSCAR VOTOS QUE FALTAM, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Então somos quase todos democratas, pelo Datafolha. Nada menos que 79% dos brasileiros, nível recorde, se declaram pela democracia. Mas certamente não se entendem na questão essencial: de que regime mesmo estamos falando?

    Ocorre que 80% dos eleitores de Bolsonaro dizem apoiar a democracia. Considerando os votos do primeiro turno, isso dá quase 42 milhões. É claro que não todos, mas muitos desse grupo, a começar pelo próprio presidente Bolsonaro, acham que já existe uma quase ditadura no Brasil, a do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente quando se trata do ministro Alexandre de Moraes.

    Portanto, para essa turma, fechar o Supremo ou afastar juízes dessa Corte seria defender a liberdade e, pois, a democracia.

    Se alguém acha que isso faz sentido, pode se incluir naquele grupo.

    Entre os eleitores de Lula, 78% manifestam preferência pela democracia. Também pela votação do primeiro turno, são quase 45 milhões de eleitores. Em números absolutos, mais que entre os bolsonaristas. Em proporção, menos, mas está, digamos, na margem de erro. É claro que não todos, mas muitos do grupo lulista acham que quem vota no Bolsonaro é fascista.

    Se alguém acha que isso faz sentido, tem uma visão bem estreita de democracia.

    Claro que estamos querendo criar confusão, mas com um propósito. Se o pessoal não se entende nem sobre as bases da democracia, não é de estranhar que o quadro esteja tão polarizado e tão quente. Nem que grande parte dos votos não seja a favor de nada nem de ninguém, mas contra muita coisa… dos outros.

    Não é a melhor situação, mas no segundo turno faz sentido votar contra. No primeiro, deve-se votar com o coração e as convicções. Se no segundo turno nenhum candidato dá match com o eleitor, este terá de decidir na base da exclusão.

    Simples assim.

    Quando há um candidato à reeleição, fica até mais fácil. Há uma gestão em andamento que pode ser avaliada em tempo real. Isso explica o comportamento recente do governo Bolsonaro. Não está preocupado em fazer uma boa administração para o país. Bem ao contrário. Atropelando a lei eleitoral e as regras básicas de uma eleição limpa, o presidente despeja dinheiro público — de todos os eleitores, portanto — para beneficiar sua clientela ou para pescar votos nos setores em que Lula tem maioria.

    Há mesmo algumas barbaridades, como essa de levar a Caixa a fornecer empréstimos a beneficiários do Auxílio Brasil. Acrescente aí as ameaças ostensivas de golpe e resulta uma obra que não é liberal, não é legítima, nem republicana, muito menos democrática.

    Mas não é possível que todos os eleitores de Bolsonaro sejam do mal, pró-torturadores e membros de uma sinistra conspiração direitista. Muitos nem são bolsonaristas. São, na verdade, anti-Lula. Sim, em muitos setores da sociedade, pessoas acham que um governo petista seria pior que o atual.

    O pessoal do agronegócio é em grande parte moderno, civilizado, globalizado, importante para o futuro do país. No seu primeiro governo, Lula contou com a colaboração de líderes empresariais do agro. Possivelmente, perdeu parte desse grupo. Pode recuperá-los? Pode, apresentando propostas e garantias para a continuidade do negócio: garantia contra invasão de propriedade; garantia de herança, com impostos, claro, e vai por aí.

    Petistas de raiz dizem que querem lhes impingir um programa das elites. Quer dizer que não é possível combinar desenvolvimento capitalista com benefícios sociais e melhor distribuição de renda e oportunidades? É possível. Se não quiserem olhar para os Estados Unidos, então pensem na Europa desenvolvida e democrática.

    Resumo: Bolsonaro está jogando seu arsenal. Lula, que esperava um jogo mais fácil, pode fazer mais. Depende dele ir em busca dos que não são bolsonaristas, mas pretendem votar no presidente por exclusão. Com sua capacidade de persuasão, e considerando os flancos que Bolsonaro deixa abertos, Lula pode ir atrás de votos fora de sua turma.

  4. Miguel José Teixeira

    Ade$iSta$ ao$ borbotõe$

    Alguém aí tem alguma dúvida para onde irá o PL do valdemar costa neto e o PP do ciro nogueira caso o ex presidiário lula seja eleito?

    Lembrem-se que ambos (partidos e indivíduos) já integraram a quadrilha PeTralha. Tanto no “mensalão” quanto no “PeTrolão”!

  5. MAIS IGREJAS, MENOS ECONOMIA, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

    Um dos principais estrategistas da candidatura de Jair Bolsonaro, o ministro Ciro Nogueira revelou como o comitê da reeleição encara o segundo turno. “O tema dessa campanha não é economia”, disse, em entrevista à Folha. “São os temas propostos por Bolsonaro, defendidos por ele.”

    Segundo o chefe da Casa Civil, o presidente já teve sucesso em levar a disputa para um terreno mais favorável. A exploração da agenda conservadora e os ataques de Bolsonaro à esquerda ganharam força no eleitorado, diz Nogueira, porque a economia não está “em ruínas”.

    A avaliação feita pelo ministro mostra como o governo planejou usar a máquina oficial e torrar dinheiro público com o claro objetivo de mudar o foco da corrida. A ideia era criar uma sensação passageira de bem-estar, anabolizada por benefícios temporários, e desviar a atenção do eleitor para falsas polêmicas e tópicos da agenda do presidente.

    O comportamento de Bolsonaro reflete essa estratégia. Na campanha, o capitão fala muito de igrejas e pouco de economia. Quando toca no assunto, prioriza medidas como a redução do preço dos combustíveis ou a promessa de manter o valor do Auxílio Brasil —o que é necessário para reduzir a desconfiança em relação às bondades eleitorais.

    Abastecido por novos empréstimos e benefícios antecipados para coincidir com o calendário da campanha, o eleitor sente algum certo alívio na economia e liga seu radar para outras preocupações (verdadeiras, como a segurança, ou falsas, como a liberação das drogas).

    Nenhum auxiliar de Bolsonaro vai admitir que, para isso, ele pratica abuso de poder de forma contínua. Nogueira, por exemplo, diz que o eleitor está tranquilo com a economia porque “o Brasil é uma locomotiva”. O presidente poderia até tentar emplacar a imagem na campanha, mas provavelmente pouca gente acreditaria, e ele perderia votos.

    O pacote eleitoreiro e a aposta conservadora são a maneira que Bolsonaro encontrou para não ser julgado pelo governo que cometeu.

  6. O PESO DAS MEMÓRIAS, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Na fase final da corrida eleitoral as campanhas se dedicam também à supressão de duas memórias coletivas. Ambas de altíssimo conteúdo emocional.

    Por parte de Lula, é a tentativa de apagar da recente memória coletiva os enormes escândalos de corrupção do período petista. Esforço até aqui malsucedido: a rejeição de Lula subiu nas últimas semanas.

    Por parte de Bolsonaro, é a tentativa de apagar da recente memória coletiva a dor e o sofrimento trazidos pela pandemia. São sentimentos de forte impacto sobretudo no eleitorado feminino. Esforço também malsucedido: a rejeição de Bolsonaro “melhorou”, mas continua superior à de Lula.

    O que explica o empenho de duas campanhas profissionais em tentar relativizar acontecimentos bastante recentes de tamanhas amplitude e relevância?

    Provavelmente o apego à convicção, nos operadores políticos profissionais, de que a essência da política é fazer a própria narrativa prevalecer, impedindo que a do adversário se sobreponha. Isso é tão velho quanto a política, mas parece ter assumido significância ainda maior no atual “espírito de nossa época”, que é o da criação de “fatos alternativos”.

    O problema é o choque dessas táticas político-eleitorais com a realidade, pois parecem ter apostado numa monumental dissonância cognitiva coletiva. As duas campanhas aparentemente menosprezaram o peso de acontecimentos históricos cujo alcance se mostrou bem superior à capacidade de gerar “fatos alternativos”, mesmo com a predominância de redes sociais.

    No caso de Lula, é o fato de que uma enorme parcela da população enxerga a corrupção como o pior problema do País e viu na Lava Jato uma resposta aos poderosos que sempre escapavam da Justiça. Ela não é vista como simplesmente uma operação policial ou vingança contra Lula: é encarada como evento a ser celebrado, não importa que erros possa ter cometido.

    No caso de Bolsonaro, os mortos da pandemia pesam não só pelos números horríveis, mas, sobretudo, pela gritante falta de empatia frente ao sofrimento de centenas de milhares de famílias. É algo tão profundo, esse tipo de sentimento, que mal se consegue expressar em palavras – mas a rejeição é o sintoma. Ela traduz a falta do gesto de carinho, do abraço, da lágrima dividida com quem perdeu alguém.

    É claro que na decisão do eleitor impactam fatores comuns a qualquer eleição em qualquer lugar, tais como economia, ideologias, valores, religião. E tudo se funde num tipo de emoção, em geral de esperança. No caso do Brasil, prevalece o medo. Nenhuma das duas campanhas conseguiu escapar da frase “teu passado te condena”.

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