Na segunda-feira, o prefeito de Gaspar, Paulo Norberto Koerich, PL, reuniu-se pela primeira vez o seu primeiro escalão – ainda incompleto formalmente, sem a designação do secretário de Planejamento Territorial – e parte das esferas inferiores das secretarias, Samae e Fundação Municipal de Esporte e Lazer para dar as diretrizes. Ufa! foto acima.
Vídeos oficiais, espalhados pelas contas dos políticos e não da prefeitura – que voltou a ser atualizada no noticiário oficial apenas na tarde de terça-feira, dia sete de janeiro -, mostram o clima de velório deste encontro. Não é para menos. Todos estão pisando em ovos e descobrindo que a mudança sugerida na campanha eleitoral, se vier, não será para agora. Há muitos e velhos interesses intocáveis em jogo. Além do que, sem disfarces, há gente querendo mostrar que manda mais que o próprio prefeito, o verdadeiro dono dos votos.
Este não é o tema para este comentário, mas virá.
Na mídia, enrolado pelo marasmo e desconfiança, o novo governo mandou publicar na segunda-feira, à tarde – depois de ver aqui, um quadro nada favorável -, de que vai atacar uma doença quase incurável: a insustentabilidade econômica – cada vez mais agravada -, de propósitos, bem como na falta de domínio deste ambiente na secretaria de Saúde, o Hospital de Gaspar. Foto abaixo.
O site oficial da prefeitura parecia que continuava sob a batuta do ex-prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ele, até então a tarde desta terça-feira era apresentado ainda como prefeito da hora. Isto mudou mais tarde. Afinal, como diz o slogan maroto criado pela marquetagem de Kleber e que faz festa no site oficial: “ser feliz é morar aqui“. A alegação para absurdo atraso é de que o pessoal está ou estava de férias. Sério? Com o xerife da comunicação indicado há meses – e não importa se ele é ou não daqui -, experiente, e não sabia que estava numa transição – para fazer o óbvio – e no meio de uma guerra – para mostrar ao chefe que é do ramo? Caracas!
ESPETO DE PAU
Retomo.
Está certo o prefeito Paulo na iniciativa – e diga-se, antecipadamente, óbvia quanto necessária -, mas pelo que se publicou na imprensa – e um dia depois no site -, tem-se a nítida impressão de que a tal equipe de transição não fez a lição de casa. Tanto que a “nova” comissão interventora do Hospital vai atrás de números, de contratos e dúvidas. E olha que o governo nomeou como seu secretário da Saúde, Arnaldo Gonçalvez Munhoz Júnior – e que está nesta “nova” comissão -, que sempre esteve lá no Hospital e na secretaria da Saúde em funções de controles, fiscalização e executiva, chegando, inclusive, ser um entre uma dezena de secretário de Saúde no governo Kleber.
E se não é isto falha, mais uma vez a comunicação e a transparência em algo tão crucial, não apenas para a cidade, cidadãos e cidadãs, mas para o novo governo pifaram em esclarecer o distinto público. Esta lição de casa já deveria estar adiantada. Paulo já deveria estar anunciando as decisões para se não estancar, mitigar e repassar confiança do seu governo neste assunto à cidade. Quer um exemplo do que se escondeu em todos neste blá-blá-blá que se publicou ao final da segunda-feira nas edições on line dos informativos gasparenses?
O Hospital é dependente de repasses de verbas, não só as que a prefeitura, a qual manda para lá montanhas de dinheiro sem olhar a qualidade financeira do tomador (o Hospital), mas também as estaduais e as federais, que olham e exigem as negativas de débitos do tomador dos nossos pesados impostos (o Hospital). Por isso, há poucos dias o Hospital perdeu dinheiro desses canais. Não possuía as negativas para receber estes recursos. E foi isso, que motivou a pressa do novo governo em encontrar culpados e soluções. Nada mais.
O DINHEIRO JÁ ESTÁ SAINDO
É preciso correr. Já escrevi aqui no TRAPICHE do artigo desta segunda-feira, de que num orçamento de R$508 milhões, a Saúde, inicialmente tinha R$95,8 milhões rubricados em 2024. Entretato, extraordinariamente, foi bombado – e bota bomba nisso – para R$124,7 milhões.
Neste ano, o orçamento de Gaspar é R$510 milhões, por outro lado, é extraordinariamente baixo, pois nem a inflação aceitou como correção. Quem propôs foi Kleber e a Câmara – com maioria dele – aprovou, inclusive os que se elegeram e sabiam que se vencesse teria que ficar com este mico na mão para gastar tempo e ampliar trocas em negociações. Um dos que botou a bola no peito e disse “deixa que eu chuto”, foi o campeão de votos, Alexsandro Burnier, PL. Ele bravatamente, chegou a dizer que podiam aprovar assim, que segundo a equipe de transição, este ano se mexeria nos rubricas do Orçamento via as suplementações ou mexidas globais, que demanda votos e negociações.
No Orçamento da Saúde para este ano a rubrica é de R$102,7 milhões. Nesta terça, nesta conta já estavam empenhados R$15,1 milhões sendo que R$2 milhões já constavam como liquidados e era a única movimentação de todo o Orçamento deste 2025 da prefeitura de Gaspar. Incrível. Sintomático. Bingo.
Simples. Começou cedo demais a puxada de cobertor que vai deixar pernas de fora. E esta conta não vai fechar e vai sufocar o novo governo que, presumo, pois o seu entorno nega, optou por não fechar a prefeitura no primeiro dia da posse para balanço e chamar todos os credores – de todos os setores, não só da Saúde -para entender o tamanho da brincadeira. A prefeitura não é delegacia. Prefeitura recebe pressão – inclusive e principalmente de quem se diz aliado. Delegacia faz pressão, bota para correr… Esta é a diferença monumental que precisa ser entendida.
Se preferiu fazer “novas” comissões, terá que aguardar desfecho enquanto o doente moribundo pede mais sangue, soro e remédios via os que entende do riscado e os que querem que a doença se alastre par se garantir, egoisticvamente, no emprego e na venda de insumos.
Por que é prioritário – mas o novo governo com sua comunicação manca, ou sem canais de crédito não explica á cidade e então eu explico, ao meu modo como faço desde há vários governos – dar uma solução urgente para a situação econômica e jurídica do Hospital? Porque se ficar como está, não haverá dinheiro para suportar á demanda crescente por recursos – seja de que origem for. Se ficar como está, a doença se agrava. Se ficar como está, esse vírus – que parece desconhecido e alguns deconfiam qual seja – se estabelece para enfraquecer o governo de Paulo como um todo, não apenas a imagem dele.
E dessa forma, esta demanda continuada e cada vez mais alta na conta financeira, inviabilizará outras iniciativas e promessas do governo que precisam dessa grana que está indo para um único poço sem fundo. Ao final, Paulo ficará mal na fita. É importante, pois com tudo sob controle e domínio, o governo de Paulo ao menos negociar parcerias técnicas-operacionais, como a aventada com o Hospital Santo Antônio e que foi boicotada por Kleber e seus “çábios”. Antes, a chance é zero. E tem gente que torce por isso.
Paulo foi chefe de gabinete em parte do governo do ex-prefeito Francisco Hostins, PDC (1989/92). Naquele tempo, o Hospital também já era um problema – e mesmo na proporção, bem menor ao imbróglio de hoje. E se tornou algo perto da insolubilidade, porque vários governos levaram de barriga e agravaram o que deveria ter solucionado. Pois é. Por isso, ele está na pauta outra vez. E de gente que não deu soluções no passado. Simples assim! Muda, Gaspar!
TRAPICHE
O feitiço e o feiticeiro. Aos poucos os vitoriosos vão tomando consciência do ônus disso. O vereador Alexsandro Burnier, PL, sentiu o bafo de ser governo no cangote. Por conta disso, gravou um vídeo nas suas redes sociais pedindo para a turma da bolha espalhar a mensagem dele. Segundo a lei de Alexandro, o capim em Gaspar cresce por culpa do outro governo e que o prefeito, que não cita o nome, “mas o Rodrigo”, está tentando resolver.
Tentando? Como assim? Outro governo? Já saiu. Agora, é para quem disse que resolveria e teve tempo para se preparar para isso. Qualquer entendido em política, ganhar é fácil, difícil é entender de imediato que ganhou também uma canga para carregar.
Primeiro, está aí no vídeo do vereador, mais um exemplo da falha de comunicação do governo. Segundo, um ruído repetido e que se não corrigido vai custar caro. Terceiro, que a conta chegou e é preciso criar soluções. O tempo do palanque já passou. E a vida é dura mesmo, só para quem ganha uma eleição. Com ela vem a obrigação de quatro anos de resultados e não de passar a culpa para os outros.
Ou o vereador Alexsandro Burnier, PL, já esqueceu que ele era o da arquibancada, disse que jogava e levado ao campo de jogo, agora está obrigado dizer a que veio?A arquibancada continua lá no mesmo lugar. Todos os vidros, mesmos os mais resistentes, não conseguem resistirem a tantas pedras por tanto tempo. E quem venceu, sabia que viria cobrança e seria vidraça. E jurou que tinha soluções.
Quer um exemplo? Ontem, dia sete, o caçamba de entulhos transbordando – com uma urna funerária de esfacelada dentro dela – continuava lá exposta para quem ia ao cemitério. E os novos “çábios”, fazendo filminho de uma roçada incompleta no campo santo. Sabem a razão disso? A diretoria é a que mandava no tempo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e agora, é de confiança de Paulo Norberto Koerich, PL, ou daquilo que se mistura com o passado que criou todos esses problemas. Então, o que vai mudar?
O advogado gasparense João Pedro Sansão, estrela do PT, vai assessorar o vereador de Blumenau, Jean Volpato, PT. Hum!
Perguntar não ofende I – O convênio da CDL de Gaspar para vender e arrecadar para a Ditran – Diretoria de Trânsito – o estacionamento rotativo chamado de Área Azul acaba de se encerrar. Vai ser renovado, ou Gaspar ficará a mercê de estacionamentos continuados de quem chegar primeiro para trabalhar no centro da cidade?
Perguntar não ofende II – A primeira batata quente que o prefeito de Blumenau, Egídio Maciel Ferrari, PL, pegou foi o aumento das passagens do transporte coletivo sugerido, numa planilha técnica, pela agência reguladora, a Agir. O prefeito de lá, pode seguir a sugestão técnica ou não. Mas, a diferença se transforma em subsídio, que hoje come em torno de R$50 milhões para a Blumob. Afinal, em Gaspar, quanto é dado dos pesados impostos dos gasparenses para a Expresso Presidente? Muda, Gaspar!
5 comentários em “GOVERNO NOVO. PROBLEMAS ANTIGOS. SEM TRANSPARÊNCIA E COMUNICAÇÃO, SEIS DIAS DEPOIS DA POSSE, PAULO MANDA ATACAR O SUGADOURO DE DINHEIRO BOM DOS GASPARENSES E SEM RETORNO À SOCIEDADE: O HOSPITAL DE GASPAR”
O STF está com medo da ouvidoria externa, depois que a ouvidoria interna e eles próprios, com métodos inexplicáveis, passaram a régua na corrupção sem limites contra os pesados impostos de todos nós em nome da democracia?
STF CONTRA O IMPÉRIO, por Vera Magalhães, no jornal O Globo
Mark Zuckerberg não fez questão de ser sutil em nada em seu vídeo de capitulação completa aos desígnios do governo Donald Trump 2.0. Assim, a menção “indireta” ao Supremo Tribunal Federal brasileiro não poderia ser mais explícita e já inaugurando a fase do descompromisso total da empresa que comanda com qualquer rigor factual ou disposição de moderar o debate público.
Pelo contrário: ao replicar as acusações sem fundamento do até aqui concorrente, e agora aparentemente guru Elon Musk, de que o STF mandaria retirar conteúdos do ar por meio de decisões secretas ou clandestinas, o magnata da Meta deixa claro que, de agora em diante, vale tudo em nome do conceito deturpado de liberdade de expressão.
E como reagirá o Supremo diante da mudança de vento nos Estados Unidos que, pelo visto, pode levar outros gigantes da tecnologia e das mídias digitais a fazer guinadas em suas políticas de conteúdos em nome de uma boa convivência com a gestão Trump-Musk, quando não atendendo a ameaças feitas à luz do dia pelo futuro presidente americano?
— Nós faremos o nosso trabalho — me disse, em inglês, um dos magistrados da Corte.
Antes mesmo do anúncio em que um Zuckerberg em tudo repaginado anunciou que decidiu mandar às favas os escrúpulos, eu vinha recolhendo impressões dos ministros a respeito do seguimento do julgamento a respeito da constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet.
Depois que o Congresso recuou, na cara do gol, da disposição de aprovar um projeto de regulamentação das redes sociais, que ficou conhecido como PL das Fake News, o julgamento em curso no Supremo virou, na prática, o plano B para tentar chegar a uma forma mais efetiva de responsabilização das big techs pelo conteúdo propagado por meio delas.
A discussão veio na esteira da guerra aberta pelo ministro Alexandre de Moraes, com aval pleno da Corte e dos pares, com o X, que insistia em descumprir decisões judiciais no Brasil. Musk recuou, mas isso foi antes da vitória de Trump e de sua ascensão à condição de eminência parda do futuro governo, sem nenhuma preocupação com a separação entre os interesses de Estado e das corporações do bilionário — e menos ainda qualquer compromisso com o mínimo de isenção política na plataforma digital que ele transformou numa arma de difusão de propaganda ideológica.
Os próprios integrantes do STF preveem que Musk e Trump voltarão sua metralhadora giratória na direção de Moraes e do tribunal, o que também fica evidente diante do afã do adulador Zuckerberg em mostrar de que lado está na nova ordem.
Ainda assim, a maioria dos ministros está convencida de que lhes caberá estabelecer responsabilidades mais claras das empresas na remoção de conteúdos com incitação ou propagação de crimes. A divergência está na necessidade ou não de decisão judicial para que se exija essa ação das gigantes de tecnologia. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, abriu uma sutil divergência em relação ao relator, ministro Dias Toffoli, ao pontuar que, naquilo que se refere a possíveis crimes contra a honra, se faz necessária decisão da Justiça para evitar que se abra muito espaço para subjetivismo na mediação de conteúdos que poderiam ou não ser removidos.
A mudança de política da Meta e os torpedos verbais de Trump e Musk em direção a governos e sistemas de Justiça que tentam conter a transformação do ambiente digital em terra sem lei expõem não apenas o Brasil, mas também países da Europa que caminham no mesmo sentido.
Será preciso que, por aqui, o Judiciário não fique isolado numa “batalha contra o Império”, conforme ironizava ontem uma autoridade. Como no Congresso o ímpeto de regulamentar as redes passou, cabe ao governo ser mais proativo no debate — superando um silêncio com viés de omissão do qual, aliás, os próprios ministros do STF se queixam.
O PODER DA PALAVRA, por João Pereira Coutinho, escritor português, doutor em ciência política pela Universidade Católica Portuguesa no jornal Folha de S.Paulo
Flanando pelas ruas de Edimburgo, leio nesta Folha o artigo de Deirdre McCloskey sobre os verdadeiros liberais.
Sorrio. Estou no lugar certo: foi aqui, na Escócia, em pleno século 18, que a palavra “liberal” surgiu pela primeira vez em inglês com conotação abertamente política.
Um pormenor, porém, merece ser realçado: “liberal” nasceu como adjetivo antes de se tornar substantivo. Como explica o economista Daniel Klein, que tem estudado essas arqueologias conceituais, foram iluministas escoceses, como Adam Smith, que definiram como liberal um sistema de governo que permite a cada um procurar os seus interesses e fins de vida, desde que respeitando a lei geral.
A palavra acabaria por evoluir até se cristalizar numa ideologia política —o liberalismo— e num substantivo —o liberal. E, como normalmente acontece com ideologias, surgiram escolas, subescolas, sub-subescolas, que se guerreiam e se excomungam.
Mas haverá alguma vantagem em retornar ao adjetivo? E, em caso afirmativo, será possível encontrar espíritos liberais nos lugares mais inusitados?
O filósofo Michael Walzer, em ensaio testamentário, se ocupa dessas questões todas citadas.
O título e o subtítulo resumem o espírito da sua obra: “The Struggle for a Decent Politics: On ‘Liberal’ as an Adjective” (ou em português, a luta por uma sociedade decente: sobre ‘liberal’ como adjetivo, Yale, 184 págs).
Eis a proposta de Walzer: hoje, a palavra liberal deveria ter uma dimensão essencialmente moral. Ser uma pessoa liberal significa, em traços gerais, ter uma mente aberta, ser generoso, ser capaz de aceitar a ambiguidade, condenar o fanatismo e não tolerar a crueldade.
Como escreve o filósofo, “liberal” não define o que se é, mas como se é. É uma forma de estar na vida, de agir em sociedade, de nos relacionarmos com os outros. Com liberalidade.
Isso significa que o número de liberais pode ser bem maior do que Deirdre McCloskey imagina. No seu artigo, McCloskey fala em progressistas, libertários —e liberais “suficientes”, como ela.
Mas Walzer é mais generoso (mais liberal?) com a fauna humana. Conservadores liberais, nacionalistas liberais, democratas liberais, até socialistas liberais têm espaço nessa arca de Noé. “Liberal”, quando aplicado a cada um desses nomes, é uma forma de evitar que as ideologias degenerem nas suas piores versões, mantendo ainda um respeito primordial pela liberdade e dignidade humanas.
Usando os exemplos de Walzer, um democrata liberal respeita a vontade da maioria. Mas também entende que as maiorias necessitam de limites constitucionais que muitas vezes frustram as pulsões da multidão.
Há quem discorde. Há quem prefira uma democracia “iliberal”, como acontece na Hungria de Viktor Orbán. É um desejo arriscado: quando tudo depende da maioria, é melhor você ter a certeza de que nunca estará entre a minoria que participa.
E que dizer de socialistas liberais, esse supremo paradoxo?
Walzer não fala, obviamente, de ideologias totalitárias, como o comunismo. Fala da tradição social-democrata que aceita a “liberdade civil burguesa” como forma de atingir uma sociedade menos desigual.
Um socialista liberal não abandona o seu desejo de igualdade; mas entende que esse destino deve ser trilhado por via democrática, sem atropelo de direitos fundamentais e fazendo uma distinção entre desigualdades toleráveis e intoleráveis.
Ou, como escreve Walzer, é tudo uma questão de convertibilidade: há coisas que o dinheiro pode comprar e outras que não pode. É indiferente se os mais ricos compram artigos de luxo que estão inteiramente vedados à restante população.
Não é indiferente se apenas os mais ricos têm acesso a saúde, justiça ou influência política.
Por último, Walzer dedica algumas linhas aos “professores liberais”, esse artigo cada vez mais raro nos departamentos de humanidades. Como reconhecer um?
Muito fácil: um professor liberal é aquele que, apesar das suas convicções mais firmes, não as impinge aos alunos como a última verdade revelada. Ou, então, é aquele que apresenta visões contrárias à dele com a honestidade intelectual possível.
Imagine um professor progressista que apresenta argumentos conservadores sem hostilidade ou caricatura. Ou vice-versa.
Eu não disse que este era um artigo para lá de raro?
Sim, os liberais podem ser divididos em vertentes clássicas, modernas, ordoliberais, libertárias, neoliberais, o diabo.
Mas a questão decisiva é saber primeiro se estamos na presença de liberais liberais.
O OITO DE JANEIRO DOS FANÁTICOS
Hoje, nas redes sociais, há um grande e verdadeiro debate sobre o que foi, o que representou (no erro e acerto) o Oito de Janeiro do ano passado. A imprensa perde de goleada, infelizmente.
A imprensa possui uma visão, a falsa salvação da “democracia”, na qual ela mesma percebe, mas finge que não seria bem com ela, mas só com as redes sociais – e por enquanto é – que neste modelo de democracia já experimentado por outros autoritários – ela é que vai ser engolida na liberdade de expressão, a responsável, a do contraditório, a da versão oposta a oficial dos poderosos de plantão.
Como no romance distópico de 1949 – guardem bem esta data – do escritor inglês George Orwell (1903/50), onde ele trabalhou centralmente nas consequências do totalitarismo, da vigilância em massa e da lavagem cerebral na sociedade, parece que somos parte dele em algum momento.
Orwell usou a antiga União Soviética totalitária e a Alemanha nazista como modelos da sua ficção, que com o passar do tempo, parece-se tão real e atual com algumas situações em pleno anos 20 do século 21, inclusive no Brasil.
A nossa democracia continua relativa, tanto que se armou a bandalheira com fanáticos e induzidos, como fachada de golpe, que se soube mais tarde, armava-se, sem armas, mas em bravatas de gabinete, emails e trocas de mensagens de aplicativos. O aparelho que combate essa anarquia, possui ares totalitários – e até fanatismo, também – para punir e inocentar. E os que estão comemorando simbolicamente hoje a derrota dessa molecagem mal feita, por exemplo, acham que o ditador sanguinário venezuelano Nicolás Maduro é um democrata e que Vlademir Putin, o conquistador de terras dos outros, um estadista.
A coerência dos salvadores da democracia brasileira – incluindo a Associação Brasileira de Imprensa e o PT – não começaria por aí?
Estranha democracia, não acham?
a polarização mata todas as formas de diálogo, comunicação, expressão, democracia etc..até porque o resultado dela está diretamente ligada ao fanatismo, que é pior meio de encontrar qualquer tipo de solução inteligente para resolver algo..agora soma tudo isso com o meio político, já polarizado, e suas esferas, instituições, mais a ignorância, poder, soberba, ambição, ganância….a lista é longa…e o resultado está aí..sem qualquer perspectiva de mudança, infelizmente..terra de ninguém..#forcabrasil…
ponderada observação