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GASPAR TEVE CARNAVAL. O BLOCO DOS POLÍTICOS E SERVIDORES SAIU NA AVENIDA. OS “PATROCINADORES” DELE NÃO GOSTARAM DO ENREDO E DA FANTASIA

Depois de seis anos sem feriadão, mas enfraquecido politicamente e às vésperas de uma nova eleição municipal, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, evangélico neopentecostal, cedeu neste ano e entrou na folia. Kleber botou o bloco na rua e fechou a prefeitura para os seus num feriadão pagão. E houve reações. Kleber e os seus não gostaram da reação dos que não tiveram feriadão. De um lado estavam os blocos dos políticos e servidores ocupando a avenida e do outro, os patrocinadores deles via os pesados impostos. Eles queriam a contraprestação dos serviços dos políticos, gestores públicos e servidores disponíveis. E a coisa pegou. É a tal Gaspar acordada e fazia muito tempo que não se via algo assim.

Antes de prosseguir duas observações.

A primeira é de que a Câmara de Vereadores sempre esteve neste baile de fantasias. É um reinado momesco todo próprio. Quando o ex-presidente dela, por acaso e sorte, o médico e também evangélico do mesmo templo de Kleber, Silvio Cleffi, hoje no PP onde é suplente, tentou cortar o barato do feriadão em 2018, recebeu uma invertida dos servidores da Câmara e voltou atrás. Ali os servidores são a máquina e os vereadores, os passageiros. E não é de agora.

A segunda foi o corajoso posicionamento público e contrário a este feriado por lá do vereador Alexsandro Burnier, PL, membro da Mesa Diretora. Ele mereceu uma reprimenda codificada do mais longevo dos vereadores e vice-presidente do parlamento, José Hilário Melato, PP e um direto puxão de orelhas do presidente, Ciro André Quintino, MDB. “Se o senhor quiser vir trabalhar, as portas da Câmara estarão ‘abertas’. Só não terá funcionários“, disse ele. “Há coisas que não podemos discutir publicamente“, emendou em tom professoral Melato para o Ciro, da Tribuna. “O senhor me entende, não é?”, dirigindo-se a Ciro. Na sequência, colocou Alexsandro em salmoura.

Retomo o feriadão na prefeitura, numa cidade que não possui nem tradição e nenhuma programação relacionada ao Carnaval.

O presidente da Acig, o empresário Edmar Ênio Wieser, em nota oficial reclamou. Afinal, as empresas sejam elas industriais, comerciais ou prestadoras de serviços estariam – pela sobrevivência e para manter os impostos em dia, os que sustentam o poder público – trabalhariam normalmente. E Ênio, ou Mano da Momil como é conhecido na cidade, foi no ponto crucial. Depois de mais de um mês parado e sem creches, os trabalhadores e trabalhadoras de Gaspar, seriam mais uma vez prejudicados sem ter creches públicas para colocar seus filhos ao menos meio período – que é para a expressiva maioria -, enquanto eles trabalhariam.

Já a Ampe de Gaspar e Ilhota – a amiga do poder de plantão em Gaspar, a que criou a Capital Nacional da Moda Infantil – não endossou o posicionamento da Acig. Ficou quietinha! Estranhamente são os micros e pequenos negócios, os mais prejudicados – pois é onde está concentrado a maior parte dos que precisam de creche e postinhos abertos – com este feriadão estabelecido pela prefeitura de Gaspar.

Não foi só o presidente da Acig que quebrou o gelo neste assunto. O tema se polemizou nas redes sociais. De um lado a maioria dos políticos e os servidores municipais e de outro os pagadores de pesados impostos e alguns políticos, e que por enquanto, não dependem crucialmente dos votos dos servidores. O debate envolveu a Saúde Pública com os fechamentos dos postinhos e Policlínica, mas efetivamente se estabeleceu na polêmica na área da Educação.

Para os professores, os pais e os que reclamam “estão mal-acostumados”.

Há postagens privadas, mas também públicas agressivas. Elas acusam os pais de estarem abdicando da educação e terceirizando aos professores esta tarefa. Outras, no anonimato, abordaram temas que já passaram por aqui na semana passada de que os professores estariam sobrecarregados; de que os pais não sabem o que acontece nas escolas e que por isso, os professores – e toda a turma em torno da escola – são merecedores de um feriadão logo no início de um ano letivo e justamente na volta das férias coletivas.

Se há pais que terceirizam a educação de seus filhos à escola e aos professores, isto só está acontecendo porque professores e escolas estão falhando. Deveriam depois de uma boa tentiva de contornar este problema sócio-familiar, denunciá-los ao Conselho Tutelar, ao Ministério Público, ao juizado da Infância e da Adolescência essa ausência ou anomalia da família naquilo que é família ou tutores a obrigação para com seus filhos. Ao professor, realmente, não cabe educar, mas contribuir na medida que transmite, estimula e afere conhecimentos aos seus alunos.

Relatam sobre o não cumprimento por parte da prefeitura de Kleber da Lei 14.254/21. Ela exige acompanhamento suplementar e integral aos com dislexia, TDAH e demais transtornos de aprendizagem; que faltam cuidadores, funcionários de suporte e professores nos CDIs e escolas, além da merenda incompleta, ou supostamente sem valor nutricional à prevista no cardápio original etecétera e tal numa ladainha sem fim.

É de se perguntar: os pais sabem disso? Não! E por que não sabem? Porque uma parte professores está numa zona de conforto, como me relatam, e outra amedrontada de que se isso chegar ao conhecimento da secretaria via a reclamação dos pais, eles vão ser punidos, pois é o que mais conhecem quando relatam sobre as condições de trabalho.

Bingo. E contra o sistema. Então não será um feriadão de dois dias, imediatamente na sequência das férias coletivas que vai resolver o que verdadeiramente aflige um setor, ocupado politicamente por um curioso na área e importado de Blumenau para satisfação político-partidária do poder de plantão, o jornalista Emerson Antunes.

Sobre o suposto estresse dos professores que estariam trabalhando mais do que o desejável por falta de estrutura e reconhecimento, também já escrevi sobre isto. 

São eles próprios culpados na medida que não procuram uma solução comum com a secretaria de Educação. Temem, mesmo no anonimato, como alegam, serem perseguidos. Resumindo tudo: feriadões não vão resolver nada dos problemas apontados como justificativas nas postagens e nas mensagens que trocam entre si ou comigo, e para quais sempre pedem o anonimato, alegando temer o pior, e eu os respeito.

Então a quem favorece estes tipos de feriadões, sendo claramente que é a população é quem perde?

 A uma minoria da cidade feita de servidores e seus familiares. Os políticos já perceberam que eles são determinantes nas eleições municipais não apenas como cabos eleitorais, mas como influenciadores em tempo de frenética mídia digital e o anonimato dos aplicativos de mensagens para se manterem nos privilégios. E as eleições municipais estão chegando. Então, também chegou o momento de não cutucar os servidores, terceiros e estagiários com a vara curta, plagiando o ditado popular.

Mas desta vez, o desfile de Carnaval em Gaspar não saiu como o programado. Os servidores e os mandatários políticos tiveram que se expor.

E isto é bom. Teve gente que saiu da proteção para dizer que prefere o ócio. Fez bem a Acig – que representa os pagadores de pesados impostos e às vezes de difícil mensuração de retorno – em quebrar o longo silêncio e se posicionar perante a comunidade. Neste caso, os patrões estão defendendo os trabalhadores e trabalhadoras sem creches, sem aulas, sem postinhos, sem serviços municipais… em dia normal de trabalho para os pagadores de pesados impostos. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

“O PT emendava todos os feriados”, esclareceu uma leitora, professora e servidora, indignada com a celeuma, bem como a forma como me interessei pelo tema. Não se discute o passado. “Esta é a primeira vez que o povo critica; não entendi”, ela me observou na repreensão. Pois então: há uma nova realidade e aviso. E é bom percebê-los se não quiserem ser tragados por eles.

Outra sobre a dualidade do povo de Gaspar. “Mas votaram nele [Kleber Edson Wan Dall, MDB], mesmo ele tirando o período integral das creches. Isto no primeiro mandato. Reelegeram-no e elegeram a Zilma [Mônica Sansão Benevenutti, ex-secretária da Educação e agora vereadora do MDB]”. Um erro coletivo não justifica as posteriores omissões de políticos e gestores públicos, penso, principalmente contra o futuro de crianças e jovens. Os professores não podem ser conviventes com erros e anomalias dos políticos.

Discriminação? Hum! “Muitos desses que reclamam nem daqui são. Vem de outros estados que não tem nada. Chegam aqui e querem direitos”

Retruco: “como assim? Se chegaram aqui, foram aceitos, ou seja, explicitamente são gasparenses e merecem, pela legislação, igualdade de condições!”. Há um erro básico de interpretação. Espero que isto não seja ensinado desta forma torta nas salas de aula.

“Concordo contigo”, reconhece a minha interlocutora. “Mas, eles sempre querem prioridade. Há uma fila de espera”. Se é assim, a minha interlocutora, neste ponto está certa. Há uma fila. Então precisa diminuir a fila. E aí, prova-se que os governantes e políticos erram.

No que arremato: “aliás, o que os atrai no Sul e no Vale do Itajaí é a possibilidade de acesso à saúde e educação, antes mesmo do emprego”. 

De verdade e aí concordo com os profissionais da área, está cada vez mais difícil ser um educador no sentido lato. A sociedade está em transformações (plural mesmo). Lares problemáticos, destruídos e insegurança contra os sonhos, além das concessões no ambiente escolar, estão perigosamente contribuindo para deteriorar as relações entre docentes e discentes. E, novamente, não vai ser um feriadão que vai resolver um problema claramente estrutural da sociedade e do ambiente educacional.

Quer ver como a secretaria de Educação de Gaspar erra? Um professor foi acusado e responde a um processo de assédio. Pois na volta as aulas neste ano, ele foi lotado para uma outra escola municipal. Do seu cantinho na sala dos professores, coordenada as suas aulas passadas presencialmente por outro profissional. Pais revoltados, estudantes ressabiados e professores constrangidos. Perguntar não ofende: precisava chegar a este ponto?

Está marcada para amanhã às 14h no Teatro Pedro Ivo Campos, no Centro Administrativo, em Florianópolis, a posse coletiva do deputado Jerry Comper, MDB, Ibirama, como secretário de Infraestrutura e Mobilidade; do ex-deputado Silvio Dreveck, PP, como secretário de Indústria, Comércio e Serviço, bem como a assinatura pelo governador Jorginho Mello, PL,  da MP Reforma Administrativa.

Os emedebistas ainda não engoliram a indicação de Jerry no governo de Jorginho. Para diminuir o constrangimento, costura-se a ida do presidente catarinense do MDB, deputado Federal Carlos Chiodini, de Jaraguá do Sul, para o governo de Jorginho Mello, PL.

Politicamente incorreto. Na sexta-feira passada, teve político que fez publicação comemorando o Dia Mundial do Gato (17/02). E o vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, Patriota, hoje uma figura decorativa no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, ocupou as redes sociais no final da semana passada e antes do feriadão de Carnaval, para dar “quatro dicas de rolê na cidade”. Apropriado.

No feriadão, a empresa contratada para assentar a rede de água do Centro ao Barracão, em Gaspar, estava trabalhando no sábado e no suposto feriadão. Quem passou por lá, bem como vizinhos da obra, dizem não terem visto ninguém do Samae acompanhado ela. Hum! Enquanto isso, conferindo o holerite que é publico, tem gente no Samae que ganha mais com horas extras do que o salário fixo.

Fedor do lixo. Esta “Operação Mensageiro” que já prendeu sete prefeitos, está deixando rastros. Nomeado para o cargo de diretor de Habitação, em Rio do Sul, no dia oito de fevereiro, no sábado, dia 18, Evandro Ramiro Roussenq Schaeffer, pediu demissão. Ele é marido da desembargadora Cintia Beatriz da silva Bettencourt Schaffer, relatora da “Operação” no Tribunal de Justiça. A imprensa levantou à suposta incompatibilidade ética.

Rapidamente foi-se ao conserto. “Foi para não levantar suspeitas infundadas a respeito da Operação em andamento”, justificou o demissionário ao colunista Claúdio Prisco Paraíso e que revelou o caso. Melhor assim!

Na semana passada houve dois acidentes com caminhões pranchas em Gaspar. Um na Avenida Francisco Mastella, no bairro Sete de Setembro. O veículo era da Planaterra. Houve uma morte de um homem de 78 anos, depois de dar entrada no Hospital. O acidente é um anúncio à Ditran, à secretaria de Planejamento Territorial e a secretaria de Educação, de que está se formando um problema – que já teve anúncio de consequências graves -, na entrada e saída das crianças do CDI Dorvalina Fachini, num atalho criado à beira da Avenida.

O outro acidente foi registrado na estrada Geral do Arraial do Ouro (Rua José Junkes). A prancha e a colheitadeira de arroz eram da secretaria de Agricultura e Aquicultura, de Gaspar. A notícia que circulou pela cidade não mencionou isto. Ambos derrubaram um poste depois de “pescarem” a fiação da Rua. Ninguém se feriu. Só houve falta de energia por horas. O que sugere isto? Ou a prancha e a máquina são mais altas do que permite a legislação, ou a fiação que atravessa a rua, está fora dos padrões e não foi devidamente fiscalizada. Acorda, Gaspar!

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9 comentários em “GASPAR TEVE CARNAVAL. O BLOCO DOS POLÍTICOS E SERVIDORES SAIU NA AVENIDA. OS “PATROCINADORES” DELE NÃO GOSTARAM DO ENREDO E DA FANTASIA”

  1. NOSSO MUNDO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Até aqui o governo Lula não parece ter entendido a natureza do conflito na Ucrânia. Ou pretende não entender.

    Não se trata de ação armada fruto de “um equívoco”, como o presidente descreve a invasão deflagrada por Putin. Na sua essência, é parte relevante da contestação da ordem que vigorou desde a 2.ª Guerra Mundial.

    A ascensão veloz da China ao papel de desafiadora do “hegemon” (os EUA), por si só, já seria o grande fator de contestação. É o que faz os clássicos do hiperrealismo duvidarem que NÃO venha a ocorrer grave conflito militar entre as superpotências.

    Mas tanto China como Rússia “aceleraram” o processo. Ambas enxergam o Ocidente como uma grandeza em declínio. Especialmente Putin juntou o velho imperialismo russo de mais de dois séculos com seu entendimento da “decadência moral” dos países ocidentais.

    O resultado é uma profunda transformação na qual o que parecia garantido – um regime internacional baseado em respeito a regras e integração cada vez maior de comércio e cadeias produtivas, a tal globalização – está recuando na própria substância.

    Nesse novo contexto, multilateralismo e “governança” global passaram a ser figuras de retórica, às quais o governo brasileiro parece abraçado. Assim, é difícil imaginar um eixo sul-sul, em oposição a um “norte”, quando se percebe que pelo menos dois integrantes dos Brics estão de um lado no conflito, e não apenas na Ucrânia.

    A guerra na Ucrânia não é um episódio isolado, diante do qual vamos é ficar quietinhos, aproveitar as oportunidades, tratar de não ofender ninguém e posar de bom moço repetindo platitudes inúteis sobre “paz” e oferecendo-se para negociar entre beligerantes – o caminho trilhado por Lula até aqui.

    São forças históricas de imensa amplitude em ação, e que conduzem países como o Brasil (potência média de influência regional) não propriamente a escolher um “lado”. Mas, sim, a optar por um “mundo”.

    A guerra em curso até aqui desmentiu os cálculos estratégicos de China e Rússia, que presumiam sobretudo incapacidade de ação conjunta e coesão por parte do adversário. O campo de batalha da Ucrânia demonstrou não só a atual superioridade tecnológica ocidental, que a autocracia chinesa é capaz de superar. A lição fundamental é a de que sociedades abertas no fundo mudam mais rápido, adaptam-se melhor (a Alemanha abandonou o pacifismo) e têm melhor desempenho na relação entre poder civil e operações militares.

    O que se explica pelos valores em torno dos quais essas sociedades se desenvolveram e prosperaram. O Brasil é parte do mundo ocidental.

  2. FASTASMAS NO CONRESSO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Deputados e senadores deveriam ser os maiores interessados em ver a imagem dos políticos melhorar no país, mas, em vez de se aplicarem para receber aplausos da população, eles parecem se esforçar para piorar sua situação diante dos olhos da sociedade.

    Não se trata somente de seus salários, generosos no contexto da realidade orçamentária nacional: são R$ 39,3 mil mensais, que em abril passarão a R$ 41,7 mil e chegarão a R$ 46,4 mil em 2025.

    Tampouco se trata apenas das inúmeras outras verbas a que têm direito. Deputados, por exemplo, recebem R$ 8.400 de auxílio-moradia, além de R$ 45 mil, em média, para reembolsar despesas com passagens aéreas, combustível, hospedagem e alimentação, entre outras.

    Insatisfeitos com tantos mimos e mordomias, os parlamentares ainda se consideram em posição de angariar um salário extra no começo e no final de seus mandatos.

    Neste ano, as duas Casas do Legislativo transferiram 1.080 dessas cotas, relativas a 513 deputados e 27 senadores eleitos, além de 513 deputados e 27 senadores em fim de mandato. Somados, esses regalos montam a mais de R$ 42 milhões.

    Tamanha gastança transcorre sem nenhuma explicação digna desse nome. Como se não precisassem justificar de forma adequada o destino dado aos impostos do contribuinte, os parlamentares se agarram a um óbvio ilusionismo.

    Dizem que a verba que cai nas suas contas representa uma ajuda de custo para que se mudem de seus estados para Brasília, quando são eleitos, e da capital federal de volta para casa, quando encerram seu trabalho representativo.

    Supondo que fosse verdade, seria o caso de perguntar por que o valor equivale a um salário extra, visto que nem todas as mudanças têm o mesmo orçamento. E seria o caso de questionar que mudança é essa, dado que muitos parlamentares não residem em Brasília e todos recebem reembolso de passagem aérea e hospedagem.

    A fantasmagoria, que já era evidente, revela-se por inteiro quando se dá conta de que até parlamentares reeleitos têm o privilégio da verba extra, embora não estejam se mudando para lugar nenhum. Pior: a mamata cai nos seus bolsos duas vezes, uma pelo mandato que termina, outra pelo que começa.

    Diante dessa desfaçatez, parlamentares devem saber que só há uma atitude a tomar: recusar o dinheiro e derrubar a lei que legitima esse absurdo.

  3. EDUCAÇÃO DE GASPAR

    Se o secretário é um estranho, mas ele deve ter assessoramento ou ele pensa a educação do município sozinho e o restante da secretária vai de arrasto, será que ele recebe idéias de outros e de outro lugar.
    Essa secretária da educação não tem diretores, por exemplo; primeira infância, séries iniciais e séries finais, não tem um diretor geral, porque olha, se ele pensa tudo sozinho “o miserável é um gênio”.
    Se ele pensa sozinho, o povo está sendo feito, de muito de otário, porque é pago salários para comissionados ou é o prefeito criando lideranças para próxima eleição, são todos indicados do Vice Marcelo, alguém tá pagando o pato.
    Pode ser também criando fatos para um palanque futuro.

    1. Um pouco confuso. Mas, vamos fazer assim: a educação pública municipal em Gaspar é uma maravilha. É uma pena que eles se pudessem – e muitos fazem isso – não colocam seus próprios filhos ou até netos, neste sistema exemplar

  4. ELEFANTE NA LOJA DE CRISTAIS, por Zeina Latif, no jornal O Globo

    Assim como médicos anseiam que o remédio prescrito seja bastante eficaz, curando a doença rapidamente, sem maiores dosagens e efeitos colaterais, os banqueiros centrais desejam que a política monetária restritiva combata tempestivamente a inflação com efeito moderado na atividade econômica.

    Para tanto, adotam estratégias para o melhor resultado de suas ações. Médicos alertam, com rigor, os pacientes sobre a necessidade de seguirem corretamente as recomendações. Banqueiros centrais adotam discurso conservador até que o combate à inflação esteja seguro, visando conter remarcações de preços. Essa tem sido a estratégia do presidente do Fed, Jerome Powell, bem como de Roberto Campos Neto ao sinalizar que não pretende cortar a Selic tão cedo.

    O discurso duro, pouco compreendido pelos críticos do BC, faz parte da estratégia para aumentar a eficácia da política monetária, algo particularmente importante no Brasil, dadas as evidências de ela não ser muito potente.

    Algumas razões para isso são o mercado de crédito segmentado, em que 40% da concessão provém de linhas menos sensíveis ao ciclo dos juros básicos (crédito direcionado); a elevada participação, de 40%, de títulos pós-fixados no total da dívida pública interna, o que significa que quando os juros sobem, o rendimento dos papéis sobe também, aumentando a renda dos investidores; e a indexação ainda presente nos contratos.

    Enquanto não tivermos um regime fiscal robusto, por período prolongado, de modo a promover um ambiente macroeconômico estável, é praticamente inviável remover essas proteções demandadas pela sociedade.

    Assim, é necessário cuidado extra do governo para não afetar negativamente as expectativas dos agentes econômicos, a ponto de aumentar o mal-estar na economia. Não é, porém, ao que se assiste.

    É compreensível a preocupação do governo com os juros altos. Seu impacto na economia já se faz sentir. Só não apareceu antes por conta, entre outros, do quadro internacional muito favorável (crescimento do comércio mundial e preços de commodities elevados), que camuflou seu efeito. Basta examinar a melhor performance relativa da atividade de estados exportadores de commodities – mesmo a indústria se beneficiou marginalmente, com aumento de volume e preços de exportação ao longo de 2022.

    A preocupação, no entanto, não se traduz em maior cautela do governo, que tem sido uma fábrica de ruídos e incertezas em relação à condução da economia. Assim, se obstruem os próprios canais da política monetária sensíveis às expectativas.

    O canal do câmbio é um deles. A alta dos juros deveria contribuir para o real mais valorizado no curto prazo, ajudando na luta contra a inflação. Não é o que ocorre por conta de tantos ventos contrários produzidos pelo governo. Considerando que o dólar tem se depreciado no mercado internacional, seria esperada uma taxa de câmbio em torno de R$4,70/US$, e não o R$ 5,20 atual. Assim, a tendência é de maior rigidez da inflação, sem necessariamente estimular o PIB pela eventual melhora da balança comercial, enquanto a elevada volatilidade do câmbio prejudica bastante o setor produtivo.

    O canal das expectativas inflacionárias também passou a jogar contra. Mesmo as projeções de longo prazo (2025-27), antes ancoradas, estão agora acima da meta (3,6% ante meta de 3%) – e não se resolve o problema aumentando a meta.

    A confiança de empresários também acende luz amarela. O índice de expectativas dos empresários já recuou 10 pontos desde outubro – está em 86 pontos em uma escala de 0 a 200, onde 100 significa neutralidade. As consequências do pessimismo podem ser a menor disposição para contratar mão de obra e investir.

    Outra manifestação de mal-estar é o encolhimento do prazo médio da dívida pública interna, que ficou em 3,76 anos em dezembro ante 3,88 em outubro. Esse movimento de busca por segurança dificulta a gestão da dívida pública, bem como o financiamento de longo prazo de investimentos do setor privado. Os eventos de crédito, como o da Americanas, são agravantes. O resultado da deterioração das expectativas é que a atividade econômica será mais impactada, mas sem se traduzir em uma queda mais rápida da inflação, uma vez que os ruídos causados alimentam a percepção de menor compromisso com a inflação baixa.

    E quando a fatura chegar, o BC ainda corre o risco de levar a culpa.

  5. JIMMY CARTER QUER MORRER EM CASA, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    Aos 98 anos, o ex-presidente americano Jimmy Carter (1977-1981) resolveu morrer no rancho onde sua família plantava amendoim. Deixou o hospital e recebe apenas cuidados paliativos. Como George Bush I (1989-1993) e Donald Trump (2017-2021), Carter perdeu a reeleição, e esse fracasso marcou-o. Apesar disso, foi um presidente que recolocou os valores democráticos na agenda da política externa americana. A redemocratização brasileira deve-lhe muito.

    Numa trapaça dos tempos, são muitas as cidades brasileiras com avenidas John Kennedy. Ele irradiava juventude, foi assassinado e tornou-se um ícone. Para o Brasil, foi um arquiteto subsidiário da deposição de João Goulart. Em março de 1964, quando o presidente Lyndon Johnson mobilizou uma força naval para eventual socorro aos militares revoltosos, ele apenas seguiu um roteiro deixado por Kennedy.

    A ditadura brasileira teve nos presidentes Johnson (1963-1969) e Richard Nixon (1969-1974) dois aliados de fé. Em dezembro de 1971, quando o general Emílio Garrastazu Médici foi a Washington, Nixon foi profético: “Nós sabemos que, para onde for o Brasil, irá o continente latino-americano”. Em 1973 foram à breca os regimes democráticos do Uruguai e do Chile. Em 1976 foi a vez da Argentina.

    Carter era um governador inexpressivo da Georgia. Elegeu-se defendendo os valores da democracia americana, abalada pelos escândalos de Nixon. Durante a campanha, com breve referência ao Brasil, ele anunciou que daria prioridade aos direitos humanos na sua diplomacia. Provocou algum nervosismo, mas parecia coisa de candidato. (Tomou uma carta desaforada do ex-adido militar americano em Brasília.)

    Eleito, encrencou com o Acordo Nuclear que o Brasil havia assinado com a Alemanha. Na sua delegação nas Nações Unidas foi incluído um professor que havia sido expulso do Brasil. Pior: um general brasileiro que servia em Washington informava que o novo embaixador na ONU era Andrew Young, “negro”. Outro general temia “uma infiltração de elementos comunistas, ou pelo menos esquerdistas, nas altas esferas do governo”.

    Estabeleceu-se um clima de cordial antipatia entre os governos de Carter e do general Ernesto Geisel. Um relatório sobre a violência política no Brasil abriu uma crise com os Estados Unidos, e Geisel rompeu o acordo de cooperação militar com Washington.

    Em 1977, Carter mandou sua mulher, Rosalynn, ao Brasil. Ela manteve dois encontros com Geisel (incluindo um breve bate-boca). Além disso, entrevistou-se publicamente com dois missionários americanos que viviam entre os pobres do Recife e haviam sido maltratados pela polícia.

    Carter nunca subiu o tom no clima de cordial antipatia. Veio ao Brasil como presidente, reuniu-se com Geisel e, no dia seguinte, encontrou-se no Rio com representantes da sociedade civil. Entre eles, o presidente da OAB, Raymundo Faoro, e o cardeal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Malandramente, pediu a Dom Paulo que o acompanhasse no carro até o aeroporto.

    (Geisel não perdoou Carter por ter mandado a mulher e, anos depois, quando ambos estavam fora do poder, recusou-se a recebê-lo e não atendeu o telefone quando ele ligou.)

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