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GASPAR É UM TERRITÓRIO MINADO. AQUI QUASE 200 CANDIDATOS A DEPUTADO FEDERAL TIVERAM VOTOS E MAIS DE 300 DISPUTARAM COM OS TRÊS QUEBRA-TIJELAS. NADA PODERÁ DAR CERTO!

Esta sina de dar abrigo a candidatos não identificados com Gaspar, mas, ou ao menos com a nossa região – o que é o mais acertado -, agora chamada de Vale Europeu, é coisa antiga, muito antiga. Alguns falam em lenda.

Todavia, quando se olha para os números do Tribunal Regional Eleitoral de cada eleição geral, esta tal lenda usada como desculpa, retrata bem quem somos, como não possuímos liderança e principalmente, como somos egoisticamente divididos e por isso, tornamo-nos atrasados e vulneráveis pela vaidade de uns, à ignorância de outros, bem como aos negócios miúdos de muitos e definitivamente, para a permanente mendicância e desintegração regional.

Desde o início da década de 1980 observo isto na cidade e a partir dos anos 2000, nesta “Olhando a Maré”. Ou seja, está se martelando em ferro frio e não é de hoje. Minimamente se corregeria isso com o voto distrital puro, ou ao menos, o misto. Entretanto, os políticos em Brasília não querem. Sabem que suas eleições dependem da estadualização com cabos comprados ou por interesses nas tifas e grotões bem distantes de seus distritos.

Em 2024 será a vez da reciprocidade dos de Brasília e Florianópolis. Eles virão com as esmolas – muitas delas vindas do orçamento governamental, ou seja, dos nossos pesados impostos, para criar falsos discursos, expectativas e diferenças na corrida local.

E neste tempo de eleições gerais, raramente, ficamos unidos em torno da cidade, ou dela pela região. Gaspar está inserida numa macrorregião que vai da Foz do Vale do Itajaí ao agora dito como Vale Europeu (onde de um lado está o polo de Brusque e de outro, Blumenau).

Retomo.

Um deles desses momentos de lucidez para a união, aconteceu com Francisco Mastella, PDC. Em 1986 ele foi o deputado estadual mais votado no estado com 36.464 votos e falecido em pleno mandato em 1989. Outro momento, foi quando se chegou muito perto de uma vaga na Alesc foi com Pedro Inácio Bornhausen, PP. Ele não precisou mudar de partido em 2.002 para, na esperteza, tentar ganhar uma vaga na Assembleia. Não a conseguiu. Os 20.227 foram insuficientes, mas raspou no travessão. E daí, o ostracismo permanente até hoje. 

Aliás este número de 20 anos atrás obtido por Pedro, mostra bem, por outro lado, o desastre dos números de hoje de Marcelo de Souza Brick, Patriota; Pedro Celso Zuchi, PT e da Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, do mesmo PP de Pedro num colégio quase quadriplicado. O pior de tudo, é se constatar que quem sofreu na própria carne esse desprezo tático, não possuiu à grandeza que pediu naquela época para defender à cidade, à região. Impressionante!

Mais triste, todavia, foi ouvir os discursos dos perdedores na terça-feira passada na Câmara vereadores de Gaspar e que incluiu à parabenização entre eles. Isto já se completou nas entrevistas que deram na semana da derrota.

Perderam a grande chance de se colocar o dedo na ferida. Então, preparem-se: está se armando um novo desastre contra esses mesmos políticos, gente travestida de líder e no fundo, para salvar-se a si próprio, contra o futuro de quase todos. E a começar pela imprensa dependente de migalhas e por isso, omissa na discussão desse problema social e político. Ela não faz diagnóstico, não incentiva o debate, apenas, quando muito, abre espaços tímidos e para os mesmos de sempre.

Uma cidade que coloca os 35.048 dos seus votos válidos para deputado Federal em quase 200 nomes – mesmo que se use para isso como pano de fundo a democracia e a liberdade de escolhas -, está doente. Uma cidade que disponibiliza 36.371 dos seus votos válidos para 301 candidatos a deputados estaduais, mesmo tendo três deles da terrinha no páreo é porque não compreendeu o senso de cidadania comunitária. Então, não conseguiu convencer e se unir em torno de uma causa da cidade e da região. Não só está doente, mas em transe para abismo político e administrativo. Ou seja, mais uma vez não será protagonista, mas apenas uma assistente em um local desconfortável.

Estes números dispersos revelam, ao mesmo tempo, que abundam lideranças descomprometidas para com a cidade, se é que elas existem. Eles estão salvando projetos pessoais. Não a cidade. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Exemplos de como se colocaram os nossos votos fora dos interesses comunitários. O PP de Pedro Inácio Bornhausen que um dia já pediu união tinha candidato, a vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos. Mas, ele não saiu para a campanha. Lavou às mãos. Dos três candidatos de Gaspar, Mara é a que fez menos votos aqui para deputado estadual: 2.668.

Já o técnico agrícola José Milton Schaffer, da pequena Sombrio, no longínquo Sul de Santa Catarina, na sua cidade fez 6.967 votos, dos 17.010 válidos de lá. Ou seja, a cidade – ou ao menos o PP – encampou a ideia de um candidato de lá. E o reelegeu. E com os 459 votos dos gasparenses, trazidos pelo mais longevo dos vereadores da cidade, José Hilário Melato. 

Melato, o presidente do diretório do PP, Luiz Carlos Spengler Filho – que estava no mesmo evento de Melato por Zé Milton – e fingia defender à candidatura de Mara. E isso tinha uma razão para Melato: aumentar a dificuldades para ganhar mais suporte como cabo eleitoral e ter uma desculpa na ponta da língua para o eventual insucesso de votos de seus candidatos de fora.

Na bancada do PP na Câmara de Gaspar, só a Mara trabalhou pela Mara. Cleverson Ferreira dos Santos, por exemplo, pediu votos para o vereador de Blumenau, Marcos da Rosa, do União Brasil, 708 votos por aqui na mesma máquina que estava também o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. 

Mas, Herculano, Marcos é da região. Sim! Nenhum reparo quanto a isto. Cleverson não pensou nisto, nem no partido, nem no futuro dele dentro do PP, muito menos em Gaspar. Pensou na igreja dele. Só isso. E para completar, na sessão da Câmara, para espanto de ninguém, Cleverson ainda cumprimentou Mara pela “bela votação dela” em Gaspar.  Gente que nasceu para zombar. Meu Deus!

O presidente do diretório gasparense do PP -que já foi vereador, vice-prefeito e é atual secretário de Obras, Luiz Carlos Spengler Filho, trabalhou por João Amim, 33 votos e não se elegeu. Aliás, a não reeleição do jovem João, mostra bem à decadência da família Amim no estado. Pai e mãe perderam nas urnas. Mostra também como Spengler como ficou perigosamente a reboque de Melato. Pelos resultados, pela falta de união, pelas ações individuais, o secretário saiu bem enfraquecido desta campanha.

Quer mais exemplos dentro do PP de Gaspar? Como andaram os suplentes que estão, por acordo, com ou no governo Kleber e lotados em secretarias do governo?

O secretário de Agricultura e Aquicultura, André Pascoal Waltrick, trabalhou para Altair Silva, lá do Extremo Oeste e obteve aqui 133 votos; o secretário de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo para João Amim (33 votos) e o secretário de Assistência Social, Nei Antônio da Conceição foi o único suplente, ou com cargo comissionado do PP pedindo voto prioritário para a Mara. Como se vê, nem os familiares dos demais juntos foram capazes de impedir esse vexame que as urnas revelaram contra eles próprios.

Essa gente tenta salvar à própria pele. E agora quando, não dissimula para escapar da marca da derrota maior do que impôs à Mara – que cumpriu o papel de cotista dentro do partido – fica por aí encontrando desculpas esfarrapadas. Por enquanto, estes números mostram duas coisas: as feridas expostas e quanto elas estão comprometendo à outra parte do jogo que armaram para 2024. Essa gente vai ter que remar contra a maré para reverter o que criou.

Eu ainda vou continuar a tratar deste assunto nos próximos comentários. Até porque, isto está na cara de todos. A cidade inteira comenta. Está na estatística do TRE. Só não aparece na imprensa. E isto é, no fundo, o nosso Calcanhar de Aquiles. E José Hilário Melato saiu cedo da sessão de terça-feira da Câmara, para talvez não enfrentar à realidade.  Acorda, Gaspar!

Quem vai mais esta semana entrar na vala comum e declarar apoio a Jorginho Mello, PL. Se ele não coletar 85% dos votos válidos, terá sido traído. Tanto que se está fazendo uma campanha para não anular e se votar em branco no dia 30 de outubro.

Abra o olho. Quem pular de partido em Gaspar para o PL, aproveitando a onda para ficar de boa no trampolim para as eleições de 2024, mesmo que Jair Messias Bolsonaro venha perder, estará fazendo o jogo da esperteza. O PL que se cuide, para não virar um PSL decadente.

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2 comentários em “GASPAR É UM TERRITÓRIO MINADO. AQUI QUASE 200 CANDIDATOS A DEPUTADO FEDERAL TIVERAM VOTOS E MAIS DE 300 DISPUTARAM COM OS TRÊS QUEBRA-TIJELAS. NADA PODERÁ DAR CERTO!”

  1. UM SUPREMO PARA CHAMAR DE SEU, por Felipe Moura Brasil, no jornal O Estado de S. Paulo

    Em abril de 2018, após a prisão de Lula, o petista Wadih Damous declarou: “Tem que fechar o Supremo e criar uma Corte Constitucional, de guarda exclusiva da Constituição e com seus membros detentores de mandato”. Em setembro daquele ano, José Dirceu reforçou a posição do entorno de Lula: “Primeiro, deveria tirar todos os poderes do Supremo e ser só Corte Constitucional”.

    Cinco anos antes, a ex-prefeita de São Paulo pelo PT e então deputada federal pelo PSB Luiza Erundina havia apresentado a PEC 275/13, que transforma o STF em Corte Constitucional, reduz sua competência e amplia o número de ministros, de 11 para 15. Erundina acaba de ser reeleita pelo PSOL e apoia Lula contra Jair Bolsonaro.

    Desde a soltura do petista e a anulação de suas condenações, porém, o PT e suas linhas auxiliares têm deixado para o atual presidente a beligerância com o Supremo.

    Com 20 aliados eleitos para as 27 vagas em disputa no Senado (são 81 no total), Bolsonaro disse na sexta-feira passada que ficará para depois da eleição a discussão de um projeto para aumentar de 11 para 16 o número de ministros no STF. Foi o que fez o regime militar com o AI-2, decretado em 27 de outubro de 1965 para indicar nomes mais alinhados ao governo, sob o pretexto de melhorar a produtividade da Corte.

    Em junho de 2021, Bolsonaro já havia explicitado seu critério: “Eu vou indicar ao Supremo quem toma cerveja comigo. É o critério da confiança, da lealdade mútua. Não basta apenas um bom currículo; tem que falar a minha linguagem”.

    O vice Hamilton Mourão, senador eleito pelo Rio Grande do Sul, reforçou na última sexta a agenda bolsonarista, misturada a um ponto menos sensível de debate:

    “A gente tem que trabalhar em cima do que são as decisões monocráticas, do que vem a ser um mandato para os mandatários da Suprema Corte, eu acho que não pode ser algo até os 75 anos, né? Ou dez, ou 12, tem que ser discutido. E outra discussão é essa que o presidente Bolsonaro colocou que é a quantidade de magistrados”.

    No domingo, Bolsonaro disse que o aumento do número de ministros “pulveriza o poder deles”, mas que, se for reeleito, pode descartar “essa sugestão” se “o Supremo baixar um pouco a temperatura”; afinal “já temos duas pessoas garantidas lá” (Kássio Nunes Marques e André Mendonça), “tem mais gente que é simpática à gente” e “tem mais duas vagas para o ano que vem”.

    Na prática, lulistas e bolsonaristas querem um STF para chamar de seu. A diferença é que Lula já conseguiu a impunidade, enquanto Bolsonaro ainda teme a prisão.

  2. ESTAMOS PRESOS NA POLARIZAÇÃO, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo

    O segundo turno será entre Lula e Bolsonaro: um déjà vu da polarização de 2018. A esquerda refuta o termo “polarização”, alegando que Lula não é da esquerda radical como Bolsonaro é de extrema direita. O próprio Lula disse que sempre houve polarização no Brasil, lembrando o embate histórico entre PT e PSDB. Ora, se isso fosse verdade, o PT não teria feito uma campanha baixa e vil para tirar Marina Silva do páreo em 2014, por exemplo.

    Na verdade, o termo “polarização” se refere mais à ideia de magnetismo, como um ímã que possui dois polos sempre conectados (corte esse ímã ao meio e veja como os polos negativo e positivo se mantêm nas partes separadas). Ou seja, há uma interdependência entre PT e Bolsonaro, como atestou o jornalista militante do PT Breno Altman, em 2018: “Por que iríamos querer tirar Bolsonaro do segundo turno? Para perdemos as eleições?”. O PT precisa de Bolsonaro e vice-versa.

    Não é só o conservadorismo que explica o alto índice de votos em Bolsonaro e em parlamentares bolsonaristas. Desde 2018, o brasileiro vota mais contra do que a favor. O antipetismo não pode ser ignorado. Afinal, se o PT ganhou quatro eleições seguidas, a sociedade brasileira não é tão reacionária assim. Algo aconteceu nesse período, e o ex-candidato Eduardo Jorge constatou o que foi: “O Bolsonaro é obra do Lula”.

    Se o PT realmente quisesse acabar com o “fascismo” bolsonarista, deveria ter contido sua sede de poder e o narcisismo de Lula. Em 2018, pesquisas mostravam que Bolsonaro perderia para Marina, Alckmin ou Ciro no segundo turno, menos para Haddad, mas o PT manteve seu candidato. Sabe como é, democracia é bom, mas o poder é melhor.

    Proponho seguir o conselho de Millôr Fernandes e oficializar o “voto contra” de uma vez. Com o alto índice de rejeição dos dois candidatos (Bolsonaro com 51% e Lula com 46%), teríamos um segundo turno livre desses polos que transformam a política brasileira num campo de forças paralisante.

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