Pesquisar
Close this search box.

FOI DINHEIRO AOS MONTES PARA O HOSPITAL DE GASPAR. FALTOU PRIORIDADE, GESTÃO E RESULTADOS À CIDADE

A maioria dos vereadores deu às costas para o caos a Saúde Pública de Gaspar

Vamos desvendar os discursos vazios dos nossos políticos e gestores públicos? Qual o teor do press release de dezembro de 2020 feito pela Câmara de Vereadores depois que ela aprovou o Orçamento de 2021?

Estima-se uma receita de R$ 307 milhões. A maior parte dos recursos deverá vir das transferências feitas pelos governos federal e estadual, totalizando R$ 173,5 milhões. A inflação projetada é de 3,75%.

No ranking dos três maiores gastos, em primeiro lugar, está Educação, com cerca de R$ 64 milhões. Em segundo, Urbanismo, com quase R$ 53,7 milhões. E por último, Saúde, atingindo a marca dos R$ 50,5 milhões.

Baseado na arrecadação dos impostos, o orçamento do município indica quanto e onde gastar o dinheiro público dentro de um ano“.

Pois bem. Eu não iria, mas repetindo o que sempre escrevi: o Orçamento Municipal trata-se de uma peça contábil de ficção do prefeito e assinada por TODOS os vereadores, assim como são as anulações e suplementações de dotações orçamentárias durante todo o ano, as quais passam a rodo pela Câmara.

E quando se questiona e se tem maioria folgada, o prefeito manda o vereador chupar o dedo e o deixa esperando para além da conta nos esclarecimentos que se pede, isso quando não explica nada.

Mas, vamos ao que interessa.

Não foram apenas R$50.592.619,24 que estavam rubricados na peça de ficção que Câmara aprovou para a Saúde pública para serem aplicados a favor dos gasparenses no ano passado.

Foram R$87.335.817,50, dos quais R$83.010.719,68 foram empenhados. Destes, a montanha de R$79.239,565,45 já foi liquidada e R$75.869.994,57 efetivamente pagos no ano passado.

De longe o maior consumo de recursos do Orçamento em Gaspar. Mas, para quê? Para esta exposição gratuita de falta de prioridade, gestão pífia, dor contra os mais vulneráveis e por políticos que prometeram há anos, eleição após eleição, dar um jeito nisso tudo? Impressionante!

Estes números estão lançados na peça orçamentária que a prefeitura de Gaspar mandará ao Tribunal de Contas para análise. Ninguém os inventou se não os administradores de Gaspar.

Conversando com quem é especializado em contas públicas, que entende dos meandros das contas de Saúde pública, fico cada vez mais convencido de que este desleixo contra a cidade, os cidadãos e cidadãs é algo proposital, ou advém de algum propósito que precisa ser investigado.

É impossível que técnicos no assunto apontem erros e soluções possíveis, que o vereador Amauri Bornhausen, PDT, supostamente da bancada de apoio ao governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PSD, aponte os erros e as desgraças, tudo baseado em números do próprio Hospital e os políticos, quando não calados por aqui, se dizem surpresos com a reação popular, em algo essencial para a vida, o dia-a-dia dos seus eleitores e eleitoras, a maioria feita de pobres e que não tem outra alternativa na busca do alívio.

Antes, deles se “surpreenderem” os políticos, prefeito, vice, vereadores, os “çabios” do poder de plantão, bem como gente que precisa do emprego político, praguejam-me por deixar tudo mais claro, naquilo que não querem transparência, ou se estabelecem na transparência translúcida.

ATÉ QUANDO?

Até quando vamos continuar assistindo cenas que chocaram e percorreram a internet esta semana?

Até quando vamos ouvir áudios de servidores culpando a população que é a que não está sendo respeitada e atendida naquilo que é direito dela?

Até quando vamos ver depoimentos de pacientes e seus aparentados sobre a espera de até 12 horas no Pronto Socorro do Hospital de Gaspar, feito para urgências e emergências, mas que virou no atual governo, o grande ambulatório da cidade, porque exatamente a prefeitura falha no sistema público de saúde nos bairros e no centro?

Para quem troca de secretário da Saúde e da gestão no Hospital de hora em hora, o resultado não poderia ser outro. São apenas consequências. Com essas frequentes trocas, não há planejamento ou recuperação que aguente. Nada pode ser devidamente avaliada.

Pior, quando a Secretaria é loteada para ajustes políticos, religiosos ou pessoais, em área tão técnica, essencial não só para a população, mas para a imagem do próprio governo que quer continuar político atrás de votos, tudo se torna ainda mais assombroso.

Ou não entenderam que estão atirando no próprio pé? E por que correm tanto risco e fazem isso?

Apesar de eu conhecer as agruras e entranhas do Hospital desde 1984 e ter sido o vice-presidente da comissão de reconstrução física liderada por Samir Buhatem, ex-presidente da Acig, com aportes generosos de muita gente e principalmente da Fundação Bunge, um consultor na área me ajudou a destrinchar parte deste problema.

A conclusão dele é simples, sintética e penso que o prefeito Kleber, a ainda secretária de Saúde Silvania Jonoelo dos Santos, uma curiosa na área, também tenham tido a mesma preocupação e leitura diante dos fatos e números que estão aí. Os números são imutáveis.

“Em resumo”, disse-me este consultor, a qual agradeço, “a Atenção Básica sem efetividade aniquila os cofres em R$35 milhões; a Atenção Hospitalar de Média e Alta Complexidade (MAC) sobrecarrega em R$ 19 milhões e para completar, o Diário Oficial dos Municípios de 2021 mostra que ocorreu 107 suplementações e nestas ocorrências estão os APORTES EXTRAS que ficaram em torno dos R$30 milhões para o Hospital de Gaspar“.

TRINTA MILHÕES para o Hospital a mais do que inicialmente estava previsto? Ulalá!

E dizer que tudo começou com Pedro Celso Zuchi, PT. Em 2005 ele achava muito repassar R$25 mil por mês naquele antigo prédio, cheio de problemas estruturais.

Quando o Hospital estava reformado, basicamente tudo pela iniciativa privada e a comunidade, e já segundo mandato depois de derrotar Adilson Luiz Schmitt que tentava a reeleição, Zuchi achava que repassar R$130mil por mês, ou algo em torno de R$2 milhões por ano com as suplementações, para pagar o uso do Ambulatório pela prefeitura, era demais.

Zuchi, sua vice Mariluce Deschamps Rosa, PT, e os que geriam os cofres municipais, até sugeriram de que havia mau uso daqueles recursos. E foi esta dúvida lançada à cidade, que prometeu apurar e nunca divulgou nada do que supostamente apurou, é que justificou a intervenção no Hospital e já na metade do seu terceiro mandato, em 2014.

O que era muito com algo em torno de R$2 milhões por ano, sete anos depois ultrapassa R$35 milhões.

NÃO FALTOU DINHEIRO

Dos R$87.335.817,50 o Hospital de Gaspar, sob intervenção municipal marota, sem transparência, sem o olho clínico obrigatório de instituições de controles como por exemplo o Tribunal de Contas do Estado, consumiu do Fundo Municipal de Saúde exatos R$35.883.358,38 que estão na rubrica de empenhados do Orçamento.

Ou seja, 41%.

E se hipoteticamente fosse sobre o Orçamento original da pasta de Saúde que estava fixado emR$50,5 milhões quando passou pela Câmara, o Hospital de Gaspar teria consumido 71% daquele Orçamento fictício.

Números assustadores, principalmente quando isso não retorna à população em transparência, fiscalização, serviços e atendimento, aos mais carente, os que maciçamente elegeram o atual governo.

E por quê não há retorno?

Porque pelos números fica bem claro que para “salvar” o Hospital – que ninguém sabe direito de quem é -, faliu-se os postinhos nos bairros e no Centro. E ainda se quer esconder essa mazela estrutural, confundindo-a com a conjuntura adversa provocada pela Covid e que teve amplo suporte Federal e Estadual.

E quando pegos de calças curtas naquilo que não dão conta, que está sobrecarregado, naquilo que se desumanizou, prometem chamar a polícia – que usam para intimidar e servir de meirinho – e processar, como se ouviu no vídeo desta semana no Pronto Socorro do Hospital e que está aqui ao fim do artigo.

O SISTEMA É O QUE ESTÁ COLAPSADO

Retomando. Como o Hospital não dá conta, está quebrado e mesmo com tanto dinheiro injetado nele, o que fica exposto é o SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICO DE GASPAR como um todo. Sobra para todos. Antes até sobrava para Blumenau. E lá eles cortaram o barato daqui. Agora, ficou tudo represado por aqui mesmo.

O absurdo disso tudo é que o político que depende de voto não consegue enxergar que isto está trabalhando contra ele próprio. Qual a razão para este suicídio? Aí tem!

Quanta gente “çabida”, a começar por este tal “Conselho da Cidade”. Será que ele não enxerga este desastre que está promovendo, ou avalizando contra os gasparenses?

Afeitos a números, bem sucedidos com eles são, por que os membros do tal “Conselho” não estão olhando os números da Saúde Pública? Afinal, quem o “Conselho” está protegendo? Por que promove quem de verdade, nem empregaria para cargos menores em suas empresas, quanto mais em de diretoria, gestão ou representação? E a Acig, o CDL, a Ampe e os sindicatos patronais? São seus empregados os mais prejudicados na falta de assistência na saúde pública.

Voltando com os números da Saúde em Gaspar.

Dos R$87.335.817,50, o segundo maior consumidor de recursos do Fundo foi a rubrica de pessoal: R$27.822.161,96 sendo que os efetivos levaram R$10.638.278,73 e os temporários um pouco mais: R$10.66.108,64.

Resumindo: por falta de profissionais na área TAMBÉM não foi esta a razão para a população não ser atendida no Hospital, nos postos de Saúde e nem na Policlínica. Novamente fica comprovado que é falta de prioridade política, gestão técnica, além das falhas administrativas. Os comissionados da Saúde levaram nesta rubrica no ano passado R$512.673,36.

Dos R$87.335.817,50, a terceira maior demanda e bem abaixo do Hospital e dos salários foi a Anjos da Vida (Samu) com R$3.815.348,25; a quarta, a Emissora de Cartões Brasil com R$2.005.740,33 e a quinta, o Consórcio Intermunicipal de Saúde, com R$1.176.335,06.

Concluindo.

Os políticos precisam se despir da arrogância, da esperteza, da ignorância e da incapacidade o quanto antes. O castigo vai chegar logo porque está difícil tapar o sol com a peneira por tanto tempo, mesmo sob ameaças, humilhações, intimidações e castigos aos que se queixam, ou aos que expõem em comentários nas redes sociais ou aqui este quadro dantesco.

Ninguém aguenta tantas perdas, contratempos, insegurança e dores no seio familiar quando se sabe que não foi por falta de dinheiro que isso aconteceu. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Estranho como os vereadores da base do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PSD, como representantes do povo, estão quietinhos neste caso grave do Hospital e do sistema público de Saúde de Gaspar. Exceção, saliente-se foi Amauri Bornhausen, PDT. O oposicionista, Dionísio Luiz Bertoldi, PT, entrou só agora.

Não tem jeito. Gaspar em chamas e o principal secretário de Kleber postando um vídeo descendo o Morro do Boi, em Itapema sob o título “Bela Santa Catarina”. E pelo código de transito, ao filmar com o celular, cometeu infração tipificada.

Perguntar não ofende: quando mesmo vão ser homologados para outras doenças e emergências os dez leitos restantes de UTI do Hospital de Gaspar (eram 20) para definitivo? Há meses estão vazios e comendo dinheiro federal, estadual e municipal.

Ontem os “çábios” do poder de plantão em Gaspar estavam convictos de que este blog era o culpado pelo estrago no caso do Hospital de Gaspar. Bobagem. Primeiro eles dizem que este espaço é lido só por mim; segundo que mesmo eventualmente lido por outros, não tem credibilidade; terceiro, é só consertar o que está defeituoso – e não é de hoje – que fico sem assunto.

Entre muitos dramas que estão, ou estavam nas redes sociais um dos que chamaram a atenção foi o de Gilliard Luiz da Silva. Escolhi ele, porque não é exatamente um adversário da atual administração, é comedido e bem conhecido.

“Estive no Hospital na segunda-feira. Fui convicto que iria me surpreender, pois as notícias e informações é de que o Hospital está indo de vento em popa. Mas confesso que só não desisti do atendimento por ser de suma importância”.

Entenderam a lavagem cerebral da marquetagem oficial? Ela trabalha contra os próprios políticos. Vende uma coisa e que na verdade é outra. Quando os políticos, os “çábios” e seus marqueteiros vão entender isto e deixar de fazer propaganda enganosa com dinheiro público?

Gilliard entrou no Pronto Socorro às13h e saiu às 21h30min. Isso, ele entendeu. Tinha muita gente por todos os cantos. Fez mais na sua postagem: livrou médicos, enfermeiros e atendentes. Não reclamou. Não acusou.

“Mas, o que me chamou a atenção e me deixou intrigado, primeiro foi a superlotação naquelas salas; gente gritando, espirrando, sangrando. Tudo junto um verdadeiro caos. Outra coisa era a sujeira. Tinha algodão e seringa com agulhas jogadas no chão, nas cadeiras de observações para receber soro estavam sujas de sangue. Dá nojo”, resumiu Gilliard.

Grave. Um retrato. E que os políticos e gestores não enxergam. Acham ser coisa da oposição que se finge de doente, vai para o Hospital só para tumultuar. Incrível. Mais incrível quando se sabe que de fato nem existe oposição estruturada em Gaspar.

“Eu diria: dá medo. Medo até de ser contaminado, principalmente como ele que foi lá para resolver um problema de coluna. “Há mais chance de sair doente do que bom de lá”, bem resumiu Gilliard.

Você leitor, leitora, eleitor, eleitora se acha que eu exagero? Que o Miro Sálvio da Rádio Comunitária Vila Nova exagera? Que depoimentos como o do Gilliard ou cenas de desespero são coisas arquitetadas, é porque de fato, você ainda não precisou do Hospital emergencialmente.

Ele está sobrecarregado neste final de ano com os postinhos fechados, o que já seria algo anormal. Somou-se o aumento dos casos gripais e de Covid. E os “çábios” não se prepararam para o que já era anormal, nem para o que surpreendeu.

Ah, mas a imprensa de um modo em geral está em silêncio. Está? Se está, a imprensa – por vários motivos – não está cumprindo a função social dela. É por isso, que em Gaspar, a imprensa está perdendo audiência para as redes sociais e este blog. Não se trata de sensacionalismo, mas de voz a quem não tem. E estas vozes querem apenas correção daquilo que não funciona.

E Gilliard concluiu naquilo que é óbvio a qualquer um que passa lá pelo Hospital, menos aos nossos políticos, aos responsáveis pela gestão pública de Saúde do município: “Ou passa por uma fiscalização, ou fecha, pois do jeito que está, impossível”.

E depois sou eu quem exagero? Não se trata disso. Ninguém quer o fechamento do Hospital de Gaspar. quer a sua melhoria. Daí as queixas.

Como provei hoje, não há falta de dinheiro. Ao contrário. Eu, desde 1984 sempre lutei para deixá-lo aberto.

Mas, os políticos que o tomaram, definitivamente estão zombando com gente humilde, doente, com dor, os números, a transparência, os resultados coletivos pífios e com a maior parte do Orçamento municipal. Acorda, Gaspar!

Compartilhe esse post:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não é permitido essa ação.