Desta vez não haverá voto no escurinho e muito menos virada de mesa em Gaspar. Quando muito poderá haver um ou outro voto de protesto; de descontentamento. Mesmo assim, será surpresa e mais do que isso, sinalizador.
Acabou o voto secreto para a eleição de presidente da Câmara de Gaspar e demais membros da Mesa, depois de sucessivas traições e chororô dos perdedores (no voto secreto).
Transparência é tudo. Eu sempre a defendi quando todos me acusavam de não entender nada de política. Entendo sim. Apenas não a pratico: olho a maré. E no novo modelo vale o que os caciques políticos acertarem entre eles no jogo e divisão e interesses do e para o poder, os quais não incluem os dos seus eleitores e eleitoras.
Se o que está acertado até há pouco – e há uma verdadeira guerra feita entre a majoritária banca de 11 de aliados dos 13 membros do Legislativo Municipal -, o vereador reeleito Francisco Solano Anhaia, MDB (933 votos), será o presidente.
É um prêmio ao canino embate que ele fez pelo governo Kleber de 2017 a 2020 e que lhe custou alguns muitos votos a menos do que ele próprio previu neste 15 de novembro.
Já o espaçoso, articulado e populista Ciro André Quintino, MDB (995 votos) – outro que desta vez viu os votos minguarem substancialmente e diz que “não consegue explicar” tal fenômeno – está que nem canarinho na muda: não canta.
Ele no voto secreto pela presidência da Câmara sempre levou vantagens e fez os poderosos ficarem anões, está devidamente isolado. Foi presidente em 2017, 2019 e 2020. Assim calado, ele um “perigo” lá na frente, mas…
Ciro é MDB do poder de plantão. Ele, entretanto, no MDB de Gaspar, nunca esteve verdadeiramente em nenhuma fila do partido. Se não se cuidar vai disputar a longevidade como José Hilário Melato, PP
Volto. Anhaia é tido como centralizador e autoritário. No próprio grupo de apoio a Kleber há quem argumente isso para não tê-lo na presidência. Aos que o defendem ele lá, dizem que Anhaia só foi centralizador e autoritário na Câmara a mando do grupo que apoia Kleber. E que por isso mesmo, Anhaia será o puxadinho da prefeitura na Câmara que os que mandam em Kleber querem para este primeiro ano do segundo mandato. Simples assim!
E quem chupou o dedo nesta armação? A mais votada Franciele Daiane Back, PSDB (1.568 votos). Ao comemorar a façanha disse que o número de votos dela lhe daria automaticamente a presidência da Casa, imitando um conhecido desastre chamado deputado Ricardo Alba, PSL (e que já está de muda de partido, novamente). Não deu! Mais uma vez, a se concretizar o que está alinhavado com Anhaia, a língua foi o chicote da dona.
Franciele, de verdade, perdeu para Anhaia no quesito fidelidade. Se tivesse ficado quieta não teria ao menos colhido esta derrota antes mesmo de assumir o segundo mandato. Será a vice. Vai ser avaliada. No ano que vem está mapeada.
Franciele é aquela que não pediu votos, chamou todos para a sua posse na presidência da Câmara em 2018 e viu um até então aliado de Kleber, o médico e agora ex-vereador Silvio Cleffi, então no PSC, hoje no PP, ser eleito no voto secreto o presidente da Câmara sob os olhares atônitos dos convidados de Franciele, como o próprio criador de Sílvio na política e padrinho da candidatura de Franciele, o irmão de templo Kleber.
Nos acertos preliminares, a lista da mesa da Câmara de Gaspar se completa com dois novatos.
Amauri Bornhausen, PDT (1.069 votos). Esta indicação, se concretizada, mostra a força do ex-vereador e que não conseguiu a reeleição Roberto Procópio de Souza. Ele aderiu a Kleber depois de ter sido o seu mais ferrenho adversário na Câmara e no voto secreto perdeu a prometida presidência da Casa exatamente para Ciro.
O outro ocupante da mesa é Cleverson Ferreira dos Santos, PP (783 votos), na proporcionalidade da bancada que fez três vereadores e na bandeira branca hasteada depois que o vice Luiz Carlos Spengler Filho, PP, foi rifado na parceria que tinha com Kleber. Ele cedeu o lugar de vice a Marcelo de Souza Brick, PSD.
As apostas é de quantos votos terá esta chapa na sessão especial e remota do dia primeiro de janeiro de 2021. Trabalhava-se pela unanimidade dos votos e para isso, os articuladores do governo Kleber ofereciam “canais de diálogo” com a inexpressiva oposição para fazer barba, cabelo e bigode. Acorda, Gaspar!