Atualizada às 17h56min do dia 05.01.2022. Depois das cenas chocantes filmadas e fotografadas no Hospital de Gaspar que percorreram as redes sociais, apareceu nota, press release, prefeito para justificar e o único vereador da oposição para “fiscalizar” em nome do povo.
E os agentes do Hospital, ao invés de corrigir e dar conta do problema ameaçam chamar a polícia e processar quem registra e divulga o que acontece lá, inclusive com gente em agonia na sala de espera por horas.
A censura, a intimidação, a falta de transparência em algo público com dinheiro público são, exatamente, as causas para que nada se solucione em favor da população por lá.
Você gasparense, sabia que o postinho do Centro está funcionando das 7h30 às 12h e das 13h às 16h30? Se você é um dos que entope o Pronto Socorro do Hospital de Gaspar, se está incomodado, inconformado e desesperado com esta repetida situação, sinto muito em lhe dizer que faltou comunicação num governo que vive de marquetagem fantasiosa e gasta gorda conta dos pesados impostos de todos, com publicidade e propaganda.
Em tempo e antes de ir adiante esclareço mais uma vez: eu não sou patrocinado por nenhum político, repartição, empresa ou particular. Nem ganho nada quando você me acessa (aqui não tem sininho, joinha…). Também não gasto dinheiro impulsionando o blog. É líder de forma orgânica e pela independência que tenho dessa gente que vira e mexe me processa para acabar com a minha independência.
Volto.
Olha só o detalhe do horário de funcionamento do postinho do Centro, só permitido ao serviço público, mesmo ele sendo essencial à população, e neste caso, até uma emergência: fechado para o almoço como se a doença desse uma trégua no horário do almoço, ou para não perder um dia de serviço, o trabalhador não pode dessa forma, pedir no postinho uma consulta, um remédio, uma vacina no intervalo do almoço do seu trabalho. Meu Deus!
Para os burocratas e alguns políticos gasparenses, agem como se estivessem em algum grotão, ao invés de admitir as falhas que se retroalimentam quando tentam esconder os problemas, as fragilidades e os erros.
Para eles, que censuram, ameaçam, intimidam, humilham e até processam não apenas gente da imprensa, mas doentes e seus parentes, o que há, pasmem, é falta de conscientização da população. Cumuéqueé?
Talvez haja mesmo falta de conscientização do eleitor e da eleitora na hora do voto, para se chegar a este estado de coisas e diagnóstico. Escolheram gente errada e agora estão pagando um preço alto, com dor e sofrimento. Mas, este é assunto para outro artigo.
Você sabia que o Centro de Triagem para Covid-19, que atende pessoas com sintomas gripais, funciona na Arena Multiuso de segunda à sexta-feira das 8h às 16h30? Mas, perguntar não ofende: não era lá a vacinação contra a Covid? Aí não só falha a comunicação, como também é bem confusa a nova informação, pois a vacinação está na Policlínica, num lugar que não atende à demanda atual, somada a emergencial vacina contra a gripe.
Então.
Aonde todos vão, pois se nos bairros não há atendimento nos postinhos, aqui no Centro é uma confusão e até fecham para horário de almoço?
Bingo. Para o Pronto Socorro do Hospital. Sempre foi assim. E por que está esse bafafá todo agora? Porque o povo perdeu o medo de algo que se tornou insuportável para ele.
Porque com o silêncio da imprensa por preguiça, férias e para não se incomodar com o bafo dos políticos e gestores improvisados indicados por políticos em campanha, os doentes, seus parentes e amigos resolveram agir. Estão expondo as mazelas. E os políticos em campanha, arrepiados, indignados e culpando gente doente. Éprácaba!
E onde colocaram a boca no trombone? Nas redes sociais. E com coisa braba, deprimente, desumana, anti-cristã. É gente que diz que de agora em diante vai se conscientizar na hora do voto (eu duvido, mas…)
Ora, se estão culpando os doentes que procuram o Hospital por falta ou comunicação torta, por falta de postinhos abertos, por falta de uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento – é porque quem NÃO devia falhar, falhou. E mais uma vez!
E por isso, o Pronto Socorro do Hospital de Gaspar virou um Pronto Atendimento, uma UPA que Gaspar não tem, que o prefeito não buscou para a cidade. Simples assim. Transformou o Hospital, sem transparência em uma “UPA” que não é feito e não poderia atender ambulatorialmente, mas os casos de média e alta complexidade.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, teve cinco, repito, cinco anos para resolver esta situação que herdou do prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, o inventor da intervenção marota no Hospital.
Não resolveu, mesmo colocando milhões e milhões de Reais extras no Hospital que ninguém sabe quem é o dono, com dívida astronômica, e que o vereador Amauri Bornhausen, PDT, da base do governo, bem mostrou em outubro e novembro ser é improdutivo.
Você leu aqui. Você viu aqui os pronunciamentos dele, com dados do próprio Hospital.
Amauri antecipou e anunciou esse caos. Não exatamente ele: os números, a realidade da gestão do Hospital.
Os outros dez vereadores da base (MDB, PP, PSDB e PSD do vice Marcelo de Souza Brick e do novo prefeito de fato, Ismael dos Santos, quietinhos). Quieto também o ex-líder do governo, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, porque não tinha argumentos, sabia o tamanho do buraco. Disse que estava esperando Amauri “terminar o raciocínio”.
O ex-presidente da Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, sistemática e veemente condenava a atitude de alerta de Amauri em favor da cidade, da saúde pública mínima de qualidade aos mais vulneráveis. O resultado está aí.
E ele estava nos números, naquilo que se escondia, naquilo que era comprovadamente errado e improdutivo. Agora, resta, então, continuar a ameaçar e intimidar com processos os doentes que não se conformam com o atendimento que recebem no Hospital.
Diante de um quadro caótico, Kleber resolveu só ontem sair da toca, naquilo que só ele pode resolver e não resolveu até aqui.
Ele está pedindo um voto de confiança, dizendo-se “surpreendido”.
Surpreendido? Nem ele bem acredita nisso, quanto mais a cidade. Kleber pode nunca ter lido este espaço, mas não podia ter ignorado a realidade e muito menos o retrato profissional feito muito recentemente por Amauri, um vereador da sua própria base, um funcionário público municipal, uma pessoa que foi constrangida pela máquina política governo pela sinceridade em busca de solução para a sua cidade.
Por que mesmo Kleber e seus “çábios” pagam caro contra as suas imagens neste caso do Hospital? Porque são soberbos na sina de fazer da política uma profissão. Impressionante!
Kleber como candidato a qualquer coisa neste ano está dizendo na sua rede social “pessoal, o nosso hospital de Gaspar está com alta demanda por atendimento de sintomas respiratórios. O número praticamente dobrou. Nossos valorosos heróis da saúde seguem trabalhando e nós agradecemos cada um, Deus abençoe“.
Só heróis naquele Hospital para nos salvar. Só Deus para nos abençoar quando os que – eleitos, escolhidos ou pagos pelo povo – deviam fazer por nós, não o fazem naquilo que é mínimo e obrigatório.
Todos os anos é a mesma ladainha. A mesma desculpa, ou justificativa. Muda secretário e administrador do Hospital aos montes e até para atender a interesses políticos e familiares. Mas, o funcionamento do Hospital, da Saúde Pública em favor da cidade, dos cidadãos e cidadãs, não muda. Continua caótica.
Se fecharam os postinhos é natural que o pessoal corra para o Hospital. Se falharam na comunicação, é natural que o pessoal corra para o Hospital. Se aumentou o contágio pela Omicron, dispensou-se os cuidados com máscaras, houve aglomerações de final de ano, e se para complicar há um surto de gripe, então é natural que o pessoal corra para o Hospital.
Para onde você correria? Para um postinho que não está aberto? Para um postinho que fecha ao meio dia? Para um postinho que você sabe que está sem estrutura?
Não é preciso ser especialista para saber das consequências de tudo isso. O que prova isto? que o governo Kleber não é estratégico, não possui visão e não olha o futuro. Então vira e mexe, infelizmente, lava a minha alma.
Ou seja, os únicos que não conseguiram, mais uma vez, prever isso, foram os políticos, os gestores públicos, a secretária de Saúde, o próprio Hospital – que deve se reconhecer, apesar de tudo – que tem lá suas limitações. Incrível como se forma uma tempestade perfeita. E Gaspar teima em negar o que já aconteceu – e ensinou – nos anos anteriores.
“Entre 20 e 26 de dezembro, tivemos um total de 888 atendimentos no nosso PS. Isso dá uma média de diária de 126 atendimentos. Na semana seguinte já sentimos um aumento de quase 10%, com 953 atendimentos entre 27 de dezembro e dois de janeiro. E a previsão é que os atendimentos continuem crescendo, trazendo muita preocupação “, revela Fabiana Massari, Diretora Administrativa do Hospital de Gaspar, no press release que a prefeitura publicou ontem no seu site oficial.
Para um gestor – mesmo fora do ambiente da saúde -, isto não são números; são indicadores de uma situação atípica que exige uma reprogramação. É como um navio em alto mar que se depara com uma tempestade não prevista, mas detectada nos seus radares exige nova configuração para enfrentá-la.
Dependerá do comandante para sair da tempestade, ou ser dominado por ela.
Em Gaspar, a tempestade domina os nossos comandantes. Coitados dos tripulantes – que viram heróis – e dos passageiros, que precisam das bençãos de Deus para sair dessa enrascada criada pelo comandante. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Ontem o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, depois de ver tantas reclamações nas redes sociais foi ao Hospital ver o que estava acontecendo. Resta saber se ele vai tocar de verdade nesta ferida aberta.
E por que? Isto se iniciou com o prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, que achava que os R$200 mil que repassava para o Hospital para atender a prefeitura no Pronto Socorro o que a prefeitura devia atender nos postinhos, era muito e estava sendo roubado.
Até hoje não apontou os ladrões, e agora são milhões neste saco sem fundo. Mais, o atendimento piorou do seu tempo para cá. E quando vereador Amauri fez as denúncias, Dionísio se limitou a pífios comentários, quando deveria ter se juntado e ampliado o enfrentamento não exatamente ao governo, mas ao problema em favor dos mais fracos.
A situação do Hospital é grave, gravíssima. E passa pela sua municipalização para dar maior controle e transparência nisso tudo, além da escolha do foco para torná-lo uma referência complementar ao que está bem estruturado em Blumenau nessa área, ou então optar pela privatização dele, deixar de ser um cabide de empregos e sumidouro de dinheiro bom.
Por outro lado, olha só como atuou diferente outro comandante – que por enquanto não está vestido de candidato – quando viu a mesma tempestade no mesmo radar.
“Em reunião no gabinete nesta manhã, com a equipe de Saúde, determinei a abertura a abertura de 12 novas salas de vacina e ampliação no horário de atendimento vacinal nos sete AGs até às 20h”.
Quem assinou? Mário Hildebrandt, Podemos, prefeito de Blumenau e evangélico. Lá há oposição, há imprensa (principalmente rádios) atuantes, há Ministério Público atento, há sociedade organizada, há observatório social, entidades ativas todas fungando no cangote do prefeito.
Aqui, não há oposição, não há imprensa atuante, não há observatório social, nem sociedade e entidades organizadas, pois têm medo disso e das represálias aos interesses que se cruzam. Quem paga caro é o zé pequeno, aquele que vota e elege os que não se importam com ele.
O MDB catarinense colocou o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall na alça de mira. Foi quando numa visita à Assembleia Legislativa, Kleber trocou o almoço da bancada pelo encontro com o PSD. Candidato do partido, por enquanto ele não é.
Nas contas do MDB, na atual conjuntura, o partido projeta seis deputados estaduais seus eleitos em dois de outubro. Kleber não aparece em nenhuma das listas, mesmo numa suplência que possa abrir vaga para ele se alguém ir participar de algum governo, ou de uma indicação para o Tribunal de Contas.
Quem também está com o ovo virado com Kleber e seu “casamento” político com o deputado Ismael dos Santos são o deputado estadual Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro e hoje titular na secretaria da Educação, e o deputado Rogério Peninha Mendonça.
Como Ismael provavelmente vai a Federal, Vampiro ficou na estrada naquilo que apostou aqui via o vereador Francisco Solano Anhaia, bem como Rafael Penzeti, chefe de gabinete de Peninha e que foi escalado para ser o candidato no lugar do deputado.
Na política coçar e trair, é só começar. Até abril será só coceira, mas depois disso será traição. E terá revanche; já avisaram os traídos.